segunda-feira, 22 de junho de 2009

Confissão de Fé contra o ecumenismo



Confissão de Fé contra o ecumenismo


Emitida pela convenção dos clérigos e monges Ortodoxos da

Grécia, abril de 2009

Tradução por Ricardo Williams / Revisão por Fábio L. Lins

Original em grego

Versão em inglês

Nós que, pela Graça de Deus, recebemos os dogmas da compaixão, e que em tudo seguimos a Igreja Uma, Santa, Católica e Apostólica, cremos que:


O único caminho para a salvação da humanidade [i] é a fé na Santíssima Trindade, a obra e os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e seu seguimento dentro de Seu Corpo, a Santa Igreja.


Cristo é a única luz verdadeira [ii]; não há outras luzes que nos iluminem, ou outros nomes pelos quais somos salvos: “E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.” [iii].


Todas as outras crenças ou religiões que ignoram e não confessam “que Jesus Cristo veio em carne” [iv] são criações humanas e obras do diabo [v], que não trazem o verdadeiro conhecimento de Deus, nem o renascimento através do santo Batismo – ao contrário, enganam os homens e os levam à perdição.


Como cristãos, professamos nossa fé na Santíssima Trindade e afirmamos que nosso Deus não é o mesmo de outras religiões – nem mesmo das outras supostas religiões monoteístas, como o judaísmo e o maometanismo, que não crêem na Santíssima Trindade.


Por dois mil anos, a Igreja, fundada por Cristo e guiada pelo Espírito Santo, permaneceu firme e inabalável na verdade salvífica que nos foi ensinada por Cristo, legada aos Apostólos e preservada pelos seus Santos Pais. Durante seus três primeiros séculos, ela não cedeu sob as perseguições dos judeus ou dos pagãos; pelo contrário, ela nos deixou uma multidão de mártires e se fez vitoriosa, provando assim sua origem divina.


Conforme nos ensinou São João Crisóstomo, de maneira tão bela: “Nada é mais forte que a Igreja... se lutares contra um homem, irás conquistá-lo ou serdes conquistado. Mas se tu lutares contra a Igreja, não será possível sair-se vitorioso, pois mais forte é Deus”. [vi]


Após o fim das perseguições e seu triunfo sobre seus inimigos externos – isto é, judeus e pagãos – os inimigos internos da Igreja multiplicaram-se e fortaleceram-se. Surgiram diversas heresias, mas com um só objetivo: usurpar ou adulterar a fé que nos foi legada, a fim de confundir os fiéis e abalar sua confiança no Evangelho e na Tradição Apostólica.


Quando São Basílio Magno descreveu a situação eclesiástica contemporânea criada pela heresia de Ário, inclusive no âmbito administrativo, ele disse: “Os dogmas dos Pais da Igreja são ignorados, a tradição apostólica fenece, observam-se nas igrejas as invenções dos mancebos; as pessoas buscam inovações ao invés de buscarem a teologia; a sabedoria do mundo parece superar a glória da Cruz. Os pastores são expulsos, e em seu lugar são colocados lobos que dispersam o rebanho de Cristo”. [vii]


O que ocorreu com os inimigos externos – as religiões – também ocorreu com os internos – as heresias. Através de suas grandes luminárias, os Pais da Igreja, ela afirmou e solidificou a fé ortodoxa através das decisões de sínodos locais e concílios ecumênicos, visando esclarecer certos ensinamentos dúbios, mas sempre pelo consenso de todos os Pais, em todas as questões de fé.


Portanto, temos plena segurança ao seguir os Santos Pais e respeitarmos os limites por eles traçados. As expressões “seguir nossos Santos Pais” e “respeitar os limites que eles traçaram” são um caminho seguro e reto, e uma “válvula de segurança” para a fé e o modo de vida ortodoxos. Assim sendo, demonstramos as posições básicas de nossa Confissão:



1) Nós afirmamos, integralmente e sem alteração, tudo aquilo que os santos sínodos e os pais da Igreja proclamaram. Aceitamos tudo aquilo que eles aceitaram, e condenamos tudo aquilo que eles condenaram; e também cessamos relações com aqueles que inovam em matéria de fé.


Não adicionamos, removamos ou alteramos ensinamento algum. Pois o teóforo Santo Inácio de Antioquia já havia escrito que: “aquele que afirma algo em contrário ao que foi proclamado – mesmo que seja confiável, mesmo que pratique o jejum, mesmo que seja celibatário, mesmo que faça milagres – é um lobo em pele de cordeiro, que visa corromper o rebanho”.


São João Crisóstomo, ao interpretar as palavras de São Paulo em Gálatas I : “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema”, ele observa que o Apóstolo “não disse ‘se tentarem proclamar algo contrário’ ou ‘se tentarem mudar tudo’, mas que se alguém pregar outro evangelho, por menor que seja a diferença, mesmo que meramente sugerido, seja anátema”. [viii]


Ao anunciar suas resoluções contra os iconoclastas ao clero de Constantinopla, o VII Concílio Ecumênico afirmou: “seguimos as tradições da igreja católica, e não omitimos ou nos repetimos mas, sendo educados à moda dos Apóstolos, guardamos as tradições que nos foram dadas, aceitando e respeitando tudo que a Igreja recebeu desde seu início, seja oralmente ou por escrito [...] pois o julgamento legítimo e honesto da Igreja não permite alterações em seu meio, ou tentativas de subtrair coisa alguma.


Nós, portanto, seguindo as leis de nossos Pais, tendo recebido a graça do Espírito, preservamos de modo correto todas as coisas da Igreja, sem inovações ou subtrações”. [ix]


Juntamente com os Santos Padres e os Sínodos, também rejeitamos e anatematizamos todas as heresias surgidas durante toda a história da Igreja. Das velhas heresias que sobrevivem até os dias de hoje, condenamos o arianismo (que perdura nos testemunhas de Jeová) e o monofisismo – tanto na forma extrema de Êutiques, quanto nas formas mais moderadas de Dióscoro e Severo de Antioquia – conforme as decisões do IV Concílio Ecumênico de Calcedônia, os ensinamentos cristológicos de nossos Santos Pais e Teólogos, como São Máximo o Confessor, São João Damasceno, São Fócio Magno e nossos ofícios e liturgias.



2) Nós proclamamos que o papismo é o berço das heresias e falácias. A doutrina do “filioque” – ou seja, que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho – é contrária à tudo aquilo que o próprio Cristo nos ensinou sobre o Espírito Santo.


O consenso dos Pais da Igreja, tanto nos sínodos quanto individualmente, considera o papismo uma heresia, pois além do filioque ele gerou uma legião de falácias, como a primazia e a infalibilidade do Papa; uso de ázimos (hóstia); o purgatório; a imaculada conceição da Theotokos; graça criada; venda de absolvição (indulgências); entre outros, além de alterar todo o ensinamento e prática pertinente ao Batismo, Crisma, Eucaristia e demais sacramentos, além de fazer da igreja uma nação secular.


O papismo contemporâneo produziu desvios nos ensinamentos da Igreja ainda maiores que o papismo medieval, a ponto de não podermos mais considerá-lo sucessor da antiga Igreja Latina.


Dentre estes erros estão uma infinidade de exageros em sua “mariologia”, como a doutrina de que a Theotokos é co-redentora da humanidade; o incentivo ao “Movimento Carismático” de grupos de orientação “Pentecostal”; além das contínuas inovações à prática litúrgica, como o uso de danças e instrumentos musicais; além, também, de reduzir – e arruinar – sua tradição litúrgica.


No campo do ecumenismo, o papismo lançou as bases da “pan-religiosidade” no “Concílio Vaticano II”, ao reconhecer a “espiritualidade” dos praticantes de outras religiões. O minimalismo dogmático levou à depreciação moral à custa do elo entre dogma e moral, resultando na decadência moral da hierarquia e no aumento de desvios morais tais como homossexualismo e pedofilia entre o clero [x].


E com seu contínuo apoio ao uniatismo – uma caricatura proselitista e danosa da Ortodoxia – o Papismo sabota qualquer tentativa de diálogo e contradiz suas inteções de união supostamente sinceras.


De modo geral, o Papismo sofreu uma mudança radical após o “Vaticano II”, voltando-se ao Protestantismo e até mesmo adotando vários movimentos “espirituais” da “Nova Era”. Segundo São Simeão de Tessalônica, o Mistagogo, o Papismo causou mais dano à Igreja do que todas as heresias e cismas juntas.


Nós, Ortodoxos, afirmamos nossa comunhão com os papas do primeiro milênio e celebramos a memória de muitos papas em nosso calendário santoral. Mas os papas do “pós-cisma” são hereges; deixaram de ser sucessores da Sé de Roma; e não possuem mais sucessão apostólica pois perderam sua fé nos Apóstolos e nos Pais da Igreja.


Por esses motivos, com relação aos papas do pós-cisma “não temos comunhão e afirmamos que é um herege”. Devido à sua blasfêmia contra o Espírito Santo proclamada com o filioque, eles perderam o Espírito Santo e, portanto, tudo que vem deles é desprovido de graça.


São Simeão também afirma que eles não possuem sacramentos legítimos: “Estes inovadores se põem longe do Espírito Santo por suas blasfêmias contra Ele; portanto, tudo o que vem deles é desprovido de Graça, pois violaram e degradaram a Graça do Espírito ... por esse motivo o Espírito Santo não se encontra entre eles, e não há nada espiritual dentre os mesmos, pois tudo que é seu é incipiente, alterado e contrário à tradição divina”. [xi]



3) O mesmo se aplica, com maior intensidade, ao Protestantismo que, sendo filhote do Papismo, não só herdou muitas de suas heresias como criou muitas outras: rejeitou a Tradição, aceitando somente a Bíblia (“sola scriptura”), que ainda assim interpreta de modo distorcido; aboliu o sacerdócio sacramental, assim como a veneração aos Santos e aos santos ícones; caluniou a Theotokos; rejeitou o monasticismo; dentre os Sacramentos aceita somente dois – Batismo e Eucaristia – embora também adultere o ensinamento e a práxis da Igreja; também ensina a predestinação (no calvinismo) e a justificação somente pela fé (“sola fide”).


Além disso, seus ramos mais “progressistas” introduziram o ministério feminino e o casamento entre homossexuais – que são aceitos em seu clero. Mas, acima de tudo, o Protestantismo é desprovido de eclesiologia, pois a noção de Igreja conforme afirmada pela Ortodoxia lhes é inexistente.



4) A única maneira de restaurar nossa comunhão com os hereges é através do arrependimento e de sua renúncia a todas as falácias, a fim de que possa haver união e concórdia verdadeiras; uma união com a Verdade, e não com a falácia e a heresia.


Na recepção de hereges na Igreja, a precisão canônica (“acribéia”) exige o Batismo. O “batismo” anterior, ministrado fora da Igreja sem imersão tríplice do neófito em água santificada, ou realizado por um ministro heterodoxo não é, de modo algum, um Batismo. Tais “batismos” são desprovidos da Graça do Espírito Santo – que inexiste entre cismáticos e hereges.


Portanto, conforme afirma São Basílio Magno, não temos nada em comum que nos une: “Sobre aqueles que se separaram da Igreja, estes não mais possuem a Graça do Espírito Santo sobre si, pois a Graça não é transmitida entre aqueles que interromperam a sucessão ... aos sacerdotes que se separaram, e agora são leigos, eles não têm mais autoridade sequer para batizar, ou ordenar pela imposição de mãos, já que não podem mais transmitir a Graça do Espírito Santo, da qual se separaram”. [xii]


Deste modo, as tentativas dos ecumenistas de criar a ilusão de que partilhamos de um mesmo batismo com hereges, ou suas afirmações de que é possível basear a unidade da Igreja nesta “unidade batismal” inexistente é falaciosa e não se sustenta [xiii]. Para se tornar membro da Igreja não basta qualquer “batismo” – é necessário um único e legítimo Batismo, ministrado por sacerdotes que fazem parte do clero Igreja.



5) Enquanto os hereges teimarem em afirmar suas falácias, rejeitamos qualquer tipo de comunhão com os mesmos, especialmente a oração em comum. Os cânones da Igreja proíbem completamente não somente a oração ou celebração comum em templos, mas também as orações comuns feitas em particular.


Esta posição estrita da Igreja com relação aos hereges se deve à caridade legítima e preocupação sincera por sua salvação – além do cuidado pastoral para que seus fiéis não sejam iludidos por heresias. Aquele que ama o próximo revela a Verdade e não permite que ele fique imerso na mentira; do contrário, esse qualquer amor ou concórdia seria falso ou hipócrita.


Podemos afirmar que o conceito de boa guerra e paz ruim é verdadeiro, pois “...uma guerra digna é superior a uma paz que nos separa de Deus”, diz São Gregório Teólogo [xiv]. E São João Crisóstomo: “Se virdes devoção desvirtuada, não prefira a harmonia em detrimento da verdade, mas guardai-a até a morte...” E também nos recomenda: “Não aceite nenhum falso dogma sob pretexto de caridade” [xv]


Esta posição dos Pais da Igreja também foi adotada por um dos maiores defensores da Ortodoxia contra os erros dos papistas, São Marcos de Éfeso, que encerrou sua proclamação de fé em Florença com as seguintes palavras: “Todos os pais da Igreja, seus sínodos e a sagrada escritura nos dizem para nos afastarmos daqueles que professam outra fé, e abstermos-nos de ter comunhão com eles. Devo, portanto, ignorar tudo isso e seguir aqueles que, sob pretexto de uma paz fabricada, buscam a união? Aqueles que adulteraram a Profissão de Fé e inovaram ao afirmar que o Filho é e segunda causa do Espírito Santo? Que isso nunca nos aconteça, ó abençoado Paráclito, e que eu jamais me desvie do caminho da retidão e que, seguindo Teus ensinamentos e dos Santos que por Vós foram inspirados, eu possa me juntar a meus pais e levar, no mínimo, a compaixão” [xvi]



6) Até o início do século XX, a Igreja manteve uma posição firme e irredutível de condenação a todas as heresias, conforme expresso claramente no Synodikon da Ortodoxia, que é proclamado anualmente no Domingo da Ortodoxia.


Heresias e hereges são anatematizados individualmente; além disso, para garantir que nenhum herege fique de fora da lista, há um anátema geral ao final do texto que proclama: “Que todos os hereges sejam anátema!”


Infelizmente, esta posição universal e resoluta foi abandonada gradativamente nas primeiras décadas do século passado, logo após a publicação da encíclica patriarcal de 1920, “A todas as igrejas de Cristo”, o Patriarcado Ecumênico, pela primeira vez, caracterizou as heresias como “igrejas” que não estão alienadas da Igreja, mas que lhe são familiares e com as quais a Igreja possui relação. Esta mesma encíclica recomenda que “o amor entre as igrejas deve ser, acima de tudo, reavivado e reforçado; não podemos mais considerar uns aos outros como estranhos, mas em termos de nossa relação com Cristo, e como co-participantes e co-recebedores das promessas de Deus em Cristo” (ver I. Karmiris “The Dogmatic and Symbolic Monuments of the Orthodox Catholic Church”, vol 2, pg. 958).


Foi, então, aberto o caminho dentro da Igreja Ortodoxa para a adoção, construção e desenvolvimento de uma invenção Protestante, que hoje conta com o aval papal: a heresia do ecumenismo. Esta pan-heresia, que aceita e legitima todas as formas de heresias como “igrejas”, é uma afronta ao dogma da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.


E este novo dogma, esta nova eclesiologia, vem sendo desenvolvida, ensinada e impingida por bispos e patriarcas. Segundo esta nova doutrina, nenhuma Igreja tem direito de tomar exclusivamente para si a característica de Igreja plena e verdadeira. Ao invés disso, cada uma constitui uma parte, um fragmento da Igreja, e não sua plenitude; juntas, todas compõem a Igreja.


Todos os limites traçados pelos Pais da Igreja foram desconsiderados; não há mais distinção entre a Igreja e as heresias, entre Verdade e falácia. Agora, as heresias são chamadas de “igrejas” – e muitas delas, como o papismo, agora são consideradas “igrejas irmãs”, às quais Deus confiou, juntamente conosco, a salvação da humanidade. [xvii]


Agora a Graça do Espírito Santo também existe em meio às heresias e, portanto, seus “batismos” – assim como todos os seus “sacramentos” – são considerados “válidos”. Todos que foram batizados, seja onde for, agora são considerados membros do Corpo de Cristo, a Igreja. As condenações e anátemas dos Sínodos foram consideradas inválidas, e deveriam ser retiradas dos livros litúrgicos.


Acima de tudo, agora estamos alojados no “Conselho Mundial das Igrejas” o que constitui, em essência – mesmo com a mera participação – traição à nossa consciência eclesiástica. Ignoramos o dogma da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica – o dogma de “um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”. [xviii]



7) Este sincretismo inter-cristão tornou-se, hoje, um sincretismo inter-religioso, que iguala todas as religiões à genuína reverência a Deus, ao conhecimento de Deus e modo de vida cristão, que nos foi revelado por Deus através de Cristo.


Conseqüentemente, não apenas o dogma eclesiástico da relação da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica com as heresias é atacado, mas também o dogma fundamental de uma única Revelação e da salvação do homem através de Jesus Cristo. E esta é a pior das falácias, a maior de todas as heresias.



8) Nós cremos e confessamos que somente em Cristo existe a possibilidade da Salvação.


Todas as religiões e heresias do mundo levam à perdição.


A Igreja Ortodoxa não é meramente a Igreja verdadeira – ela é a única Igreja.


Ela, e somente ela, permaneceu fiel ao Evangelho, aos Concílios e aos Pais da Igreja e, portanto, somente nela subsiste a legítima Igreja católica de Cristo.


De acordo com São Justino Popovich, ecumenismo é o denominador comum das pseudo-igrejas da Europa Ocidental; seu nome, na verdade, é “pan-heresia”. [xix]


Esta pan-heresia tem sido aceita por inúmeros patriarcas, arcebispos, bispos, monges, membros do clero e leigos. Eles a apóiam desavergonhadamente; eles a impõem na prática, estabelecendo comunhão com hereges de todos os modos possíveis: com orações comuns, com visitas mútuas, com colaboração pastoral, excluindo-se, assim da comunhão da Igreja.


Nossa postura, de acordo com as decisões canônicas da Igreja e o exemplo dos Santos, é óbvia: cada um de nós deve assumir suas responsabilidades.



9) Também há, é claro, responsabilidades coletivas – principalmente na consciência ecumenista de nossos hierarcas e teólogos, com relação ao corpus Ortodoxo e – e individuais, para com seus rebanhos.


A eles, declaramos com temor a Deus e amor que sua posição receptiva a todas as atividades ecumenistas são condenáveis em todos os aspectos, porque:

  • na prática, constituem uma traição a nossa Fé e Tradição Patrística Ortodoxa;
  • semeam dúvidas nos corações dos fiéis e perturbam muitos deles, além de ser causa de divisões e cismas;
  • elas enganam parte de nosso rebanho Ortodoxo com falácias e, conseqüentemente, desastre espiritual.


Dessa forma declaramos, pelas razões expostas acima, que aqueles que estão agindo com irresponsabilidade ecumenista, seja qual for a posição que possuírem dentro da Igreja, estão se opondo à tradição de nossos Santos – e, dessa forma, aos próprios Santos.


Por esse motivo, a posição ecumenista deve ser condenada e rejeitada pela totalidade dos hierarcas e fiéis.


Notas:

[i] Genádio II Escolário, Patriarca de Constantinopla – Sobre o único caminho da salvação da humanidade, em "The complete extant works - Oevres Completes de Georges Scholarios". Volumes I-VII, Paris 1928-1936, publ. L. Petit - X. Siderides - M. Jugie, Vol. III, 434-452;

[ii] São João 8:12 "Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." São João 3:19: "A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más."

[iii] Atos 4:12

[iv] I São João 4:2-3 "e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo".

[v] "Ensinamentos" de São Cosme de Etólia, por I. Menounos "Cosmas of Aetolia teachings and biography", Tinos publications, Athens, Didache A1, 37, pg. 142: "Todas as outras fés são falsas, errôneas, obras do diabo. E afirmo, como algo verdadeiro, divino, celeste, correto e perfeito, pelas minhas palavras e pelas suas: que a fé dos piedosos cristãos ortodoxos é boa e santa, e devemos crer e sermos batizamos em nome do Pai, do Filho e do Espírto Santo".

[vi] "Homilia antes do exílio" 1, Ε

ΠΕ 33, 186.

[vii] Epístola 90 "Aos santíssimos irmãos e bispos do Ocidente" 2, Ε

ΠΕ 2, 20.

[viii] Gálatas 1:9. "Homilia sobre a Epístola aos gálatas", capítulo 1, PG 61, 624.

[ix] Mansi, XIII, 409-412

[x] A decadência e negligência moral, mesmo entre os membros do clero, fora comentada no início do século XV por São Simeão de Tessalônica (q.v. "Epístola Dogmática" em D. Balfour , de S. Simeão de Tessalônica, 1416/17-1429) "Theological Works", Vlatades gleanings 34, Tessalônica 1981, pg. 218: "And furthermore, that they did not regard fornication at all entailing Hell, not even among their priests, but instead, they would unscrupulously have concubines and youths for fornication and would every day officiate". Ibid 15, pg. 216: "They also do not follow an evangelical lifestyle; for, every kind of luxury and fornication to them is not a reprehensible matter, nor anything else that is forbidden for Christians". A decadência moral observada atualmente mesmo entre o clero Ortodoxo é resultado direto do liberalismo e secularismo do ecumenismo.

[xi] Diálogo 23, PG 155, 120-121. Epístola sobre a bem-aventurança V, em D. Balfour , Simeão Arcebispo de Tessalônica (1416/17-1429), "Theological Works", Vlatades gleanings 34, Tessalônica 1981, pg. 226.

[xii] Epístola Canônica "Para Anfilóquio de Icônio", Cânone A

[xiii] A IX Assembléia Geral do Conselho Mundial das Igrejas, ocorrida em Porto Alegre , Brazil, em 2006, publicou um texto intitulado "Chamado para ser uma só igreja", aceito pelos representantes Ortodoxos presentes no encontro, cujo parágrafo 8o afirma: "Todos aqueles batizados em Cristo estão unidos em seu nome". No parágrafo 9o: "Que todos pertencemos a Cristo através do batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo abra a possibilidade às igrejas e as convida a caminhar juntas, mesmo quando não há comum acordo. Asseguramos que há um só batismo assim como só há um corpo e um Espírito, uma só esperança em nosso chamado, um só Senhor, uma só Fé, um só Deus, Pai de todos nós (ver Efésios 4:4-6)". O Metropolita de Pérgamos, Dom João Zizioulas, em seu artigo "Eclesiologia Ortodoxa e o Movimento Ecumênico", Sourozh Diocesan Magazine (Inglaterra, Agosto 1985, vol.21, pg. 23) abriu o caminho para esta posiç ão, ao afirmar: "No batismo, mesmo quando há uma ruptura, divisão ou cisma, ainda podemos falar em Igreja... Em meu entendimento particular, os Ortodoxos participam do movimento ecumênico como um movimento de cristãos batizados, que estão divididos pois não podem expressar a mesma fé conjuntamente. No passado, isso ocorria devido à falta de caridade que agora, graças a Deus, está desaparecendo".

[xiv] Apologética na viagem para Ponto 82, ΕΠΕ 1, 176.

[xv] Aos romanos, Homilia 22, 2, PG 60, 611. Aos filipenses, Homilia 2,1, PG 62, 119.

[xvi] Confissão de fé apresentada em Floreça. Documents relatifs au Concile de Florence, II, Oeuvres anticonciliaires de Marc d'Ephèse, par L. Petit, Patrologia Orientalis 17, 442.

[xvii] Veja declaração conjunta do Papa João Paulo II e do Patriarca Bartolomeu I durante a visita deste à Roma em 29 de junho de 1995. Essa afirmação fora proclamada anteriormente pelo Comitê Teológico Misto para o diálogo entre Ortodoxos e Papistas, em Balamand, Líbano, em 1993.

[xviii] Eféios 4:5.

[xix] Arq. Justino Popovich, "A Igreja Ortodoxa e o ecumenismo", Tessalônica, 1974, pg. 224

Esta confissão de fé foi assinada por:

(nota: o original em grego possui ainda mais assinaturas)

Metropolita de Piraeus, Seraphim

Metropolita of Gortyna e Megaloupolis, Jeremiah

Metropolita de Kythera e Antikythera, Seraphim

Arquimandrita Joseph, Abade do Santo Mosteiro de Xiropotamos, Monte Athos

Protopresbítero George Metallinos, Professor Emérito da Athens University School of Theology

Protopresbítero Theodore Zisis, Professor Emérito da Thessaloniki University School of Theology

Arquimandrita Mark Manolis, Superintendente Espiritual da “União Ortodoxa Pan-Helênica”

Arquimandrita Athanasius, Abade do Santo Mosteiro de Stavrovounion, Chipre

Arquimandrita Timothy Sakkas, Abade do Santo Mosteiro de Paraclete, Oropos

Arquimandrita Cyril Kehayioglou, Abade do Santo Mosteiro do Pantocrator, Melissohori, Langadas

Arquimandrita Sarandis Sarandos, Pároco da Igreja da Dormição da Theotokos, Amarousion

Arquimandrita Maximus Karavas, Abade do Santo Mosteiro de Santa Parásqueva, Milochori, Ptolemais

Arquimandrita Gregory Hadjinikolaou, Abade do Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Arquimandrita Athanasius Anastasiou, Abade do Santo Mosteiro de Grande Meteora.

Arquimandrita Theocletus Bolkas, Abade Santo Eremitério de Santo Arsênio da Capadócia, Chalkidike

Arquimandrita Chrysostomos, Abade do Santo Cenóbio de São Nicodemo, Pentalofos, Goumenissa

Arquimandrita Theodore Diamantis, Abade do Santo Mosteiro da Panaghia Molyvdoskepasti, Konitsa

Arquimandrita Palamas Kyrillides, Abade do Santo Mosteiro da Natividade da Theotokos, Kallipetra, Veria

Arquimandrita Lavrentios Gratsias, Metropolia de Florina, Prespae e Eordaia

Arquimandrita Meletios Vadrahanis, Metropolia de Florina, Prespae e Eordaia

Arquimandrita Paul Dimitrakopoulos, Santo Mosteiro da Transfiguração do Salvador, Moutsiala, Veria

Arquimandrita Ignatius Kalaitzopoulos, Santo Mosteiro de Santa Parásqueva, Milochori, Ptolemais

Arquimandrita Simeon Georgiades, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Arquimandrita Augustine Siarras, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Arquimandrita Ambrose Gionis, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Ancião Gregory, Hieromonge, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos

Ancião Efstratios, Hieromonge, Santo Mosteiro da Grande Lavra, Monte Athos

Ancião Philippos, Hieromonge, Retiro de Santo Atanásio, Mosteiro Menor de Sant’Ana, Monte Athos

Hieromonge Athanasius, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos

Hieromonge Nicodemus, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos

Hieromonge Nephon, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos

Hieromonge Chrysostom Kartsonas, Retiro de São Jorge, Mosteiro Menor de Sant’Ana, Monte Athos

Hieromonge Onuphrios, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos

Hieromonge Chrysanthos, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos

Hieromonge Azarias, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos

Hieromonge Gabriel, Santo Retiro da Panaghia Gorgoepikoos, Santo Mosteiro do Pantocrator, Monte Athos

Hieromonge Pandeleimon, Santo Retiro de São Pantaleão, Santo Mosteiro de the Pantocrator, Monte Athos

Hieromonge Tychon, Santo Retiro do Pantocrator, Melissohori

Protopresbítero Lambros Fotopoulos, Pároco da Igreja de São Cosme de Aitólia, Amarousion, Província de Ática

Protopresbítero John Fotopoulos, Pároco da Igreja de Santa Parásqueva, Província de Ática

Protopresbítero Athanasios Menas, Loutraki, Província de Corinto

Protopresbítero Eleftherios Palamas, Igreja de São Cristóvão, Ptolemais

Protopresbítero Constantine Mygdalis, Pároco da Igreja de São Constantino, Volos

Protopresbítero Photios Vezynias, Professor, Metropolia de Lagadas

Protopresbítero Anthony Bousdekis, Pároco da Igreja de São Nicolau, Nikaia, Pireus

Padre Dionysios Tatsis, Professor, Konitsa

Padre Demetrios Psarris, Pároco da Igreja dos Santos Arcanjos, Sesklon, Aesonia

Padre Efthimios Antoniades, Metropolia de Láris

Padre Anastasios Gotsopoulos, Pároco da Igreja de São Nicolau, Patras

Padre George Papageorgiou, Metropolia de Demetrias

Padre Peter Hirsch, Petrokerasa, Chalkidike

Padre Theophanes Manouras, Pároco da Igreja de Santo Atanásio, Velestino, Província de Magnésia

Diácono Theologos Kostopoulos, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Padre Paschalis Ginoudis, Metropolia de Larisa

Padre George Diamantopoulos, Lavrion, Metropolia de Mesogaia

Padre Basili Kokolakis, Pároco da Igreja da Santa Cruz, Holargos, Attica