quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Mais sobre os Dias da Rússia no Brasil


Mais excelentes notícias sobre os dias de festa da Igreja Ortodoxa Russa no Brasil, trazidas pelo amigo Felipe Ortiz:

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Prezados amigos,


Gostaria de deixá-los a par de uma notícia adicional envolvendo os "Dias da Rússia" no Brasil. Além do Ícone da Deípara (Nossa Senhora) da Raiz e de Kursk, será trazido ao Brasil também um outro importantíssimo ícone milagroso russo: o Ícone da Deípara Soberana de Kolomenskoye.

Este ícone tem uma história que merece ser mais conhecida. Em 13 de fevereiro de 1917, uma camponesa, Evdokia Adrianovna, teve em sonhos uma visão da Mãe de Deus dizendo-lhe: "Na aldeia de Kolomenskoye, há um grande ícone negro. Ele tem que ser recuperado, para que as pessoas rezem perante ele." Menos de duas semanas depois, em 26 de fevereiro, a mesma camponesa teve em sonhos uma outra visão de uma igreja branca, dentro da qual uma mulher majestosa estava sentada num trono. Muito impressionada, Evdokia decidiu ir a Kolomenskoye (uma aldeia de veraneio dos imperadores russos, próxima de Moscou) tentar encontrar o ícone com que sonhara. Em 2 de março, Evdokia chegou a Kolomenskoye e reconheceu que a Igreja da Ascensão do Senhor, construída no século XVI, era exatamente a igreja que vira em seu segundo sonho.

(Aqui está uma foto dessa Igreja da Ascensão: http://upload. wikimedia. org/wikipedia/ commons/7/ 71/Kolomen00. jpg)

Evdokia entrou na igreja, encontrou o pároco e contou-lhe sobre seus sonhos. O padre, igualmente impressionado, resolveu ajudá-la a vasculhar a igreja em busca de algum ícone que se parecesse com aquele que a camponesa procurava descrever. Uma longa busca não revelou nada de notável. Revirando o porão da igreja, que estava em grande desordem, os dois acabaram encontrando um enorme ícone velho, já bastante escuro, no qual Nossa Senhora estava sentada sobre um trono, exatamente como na visão de Evdokia:


A Mãe de Deus é representada como uma rainha: veste o manto vermelho real, uma coroa, o cetro e o globo dos imperadores russos, e está sentada sobre um trono. Por isso, nesse ícone ela é chamada de "Soberana".

Nesse mesmo dia, 2 de março de 1917, o Tsar São Nicolau II foi obrigado a renunciar ao trono. Era o fim da monarquia cristã ortodoxa russa.

A conexão providencial entre os dois eventos ficou imediatamente evidente para o povo ortodoxo russo: sem mais Tsares ungidos por Deus, era a própria Deípara quem assumia a liderança e a proteção da nação russa.

Rapidamente, o ícone se tornou muito famoso em todo o país e começou a operar incontáveis milagres. São Ticônio, Patriarca de Moscou, colaborou na composição de um ofício litúrgico em honra ao ícone. Em pouco tempo, porém, os revolucionários comunistas chegaram a Kolomenskoye, fecharam a Igreja da Ascensão e confiscaram o ícone. Durante todo o período soviético, ele ficou armazenado num depósito do Museu Histórico Estatal, fora do alcance de seus visitantes e dos fiéis em geral. No final da década de 1980, o ícone foi secretamente restituído à Igreja, com a colaboração clandestina do diretor do Museu. Em 1990, a posse do ícone pela Igreja foi legalizada e ele foi solenemente reconduzido a Kolomenskoye, onde desde então é conservado na Igreja do Ícone da Deípara de Kazan'.

Para esta viagem pela América Latina, o Metropolita Cirilo de Smolensk trará consigo esse Ícone, a fim de que os fiéis ortodoxos latino-americanos possam venerá-lo também. Dessa forma, nas cerimônias religiosas a ser realizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, estarão presentes, juntos, à vista dos fiéis, dois dos ícones miraculosos mais preciosos da história da Igreja Russa: o da Deípara Soberana de Kolomenskoye, protetora da Igreja que sofreu dentro da Rússia depois da Revolução de 1917, e o da Deípara da Raiz e de Kursk, que é a protetora da diáspora dos russos exilados por essa mesma Revolução desde 1920 (pois nesse ano o Bispo Teófanes de Kursk, ao partir para o exílio, levou o ícone consigo, para salvá-lo dos comunistas que pretendiam se apoderar dele, e desde então ele tem sido conservado pela Igreja Russa no Exterior). Estará assim simbolicamente representada, de um modo muito significativo, a unidade restabelecida entre as duas partes da Igreja Russa.

Reforço o convite a todos, portanto, para que compareçam às celebrações marcadas para os Dias da Rússia no Brasil e apresentem as suas orações à Mãe de Deus perante esses seus ícones tão especiais, que já foram venerados por incontáveis santos e produziram inumeráveis milagres -- dos quais o maior, talvez, seja a preservação da Igreja Ortodoxa Russa, dentro e fora do país, ao longo do século XX, apesar de todas as provações suscitadas quer pela perseguição do regime comunista, quer pela difícil sobrevivência como minoria exilada em terras estrangeiras e heterodoxas. As orações da Virgem Maria, que sustentaram continuamente o povo ortodoxo russo, podem dar força espiritual à Ortodoxia brasileira também.


Em Cristo,

Felipe Ortiz

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