sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Leitura da Semana 2015.02.22



14— Porque, se vocês perdoarem as pessoas que ofenderem vocês, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará vocês. 15Mas, se não perdoarem essas pessoas, o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês.
16— Quando vocês jejuarem, não façam uma cara triste como fazem os hipócritas, pois eles fazem isso para todos saberem que eles estão jejuando. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. 17Mas você, quando jejuar, lave o rosto e penteie o cabelo 18para os outros não saberem que você está jejuando. E somente o seu Pai, que não pode ser visto, saberá que você está jejuando. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
19— Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. 20Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu, onde as traças e a ferrugem não podem destruí-las, e os ladrões não podem arrombar e roubá-las. 21Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês.
Evangelho Segundo São Mateus 6:14-21

MEDITAÇÃO

Caríssimos,
no evangelho da semana, temos três ensinamentos importantes.

O primeiro, e muito esquecido, é que Deus não perdoa de forma incondicional. Esse é um ensinamento duro para nossos ouvidos educados na cultura de nossos tempos, mas é verdade. A boa notícia é que a condição que Deus nos impõe para sermos perdoados não é de cor, sexo ou prestígio social. Ele exige que para sermos perdoados temos que nós mesmos perdoar quem nos ofende. 

O segundo ensinamento é sobre a natureza do jejum. Jesus não diz *se* jejuarem, mas "quando* jejuarem. Fica implícito que seus seguidores irão com certeza jejuar em algum momento. Ainda nesse ensinamento encontramos o ensinamento sobre o valor da consciência individual humana. Nosso Senhor destaca que devemos ocultar da sociedade, das pessoas, as dores e sofrimentos do jejum, tendo apenas o Pai como testemunha. O jejum é uma disciplina onde, entre outras coisas, afirmamos nossa imagem e semelhança com o Deus único e pessoal. Niguém saberá se a pessoa comer um pedaço de carne escondido. Ninguém a não ser o Pai e a própria pessoa. O jejum é portanto um momento onde nos dedicamos a oração com mais intensidade, sem distrações dos prazeres da mesa, mas também um período onde podemos sentir com agudez a solidão do testemunho da consciência cristã individual, como Jesus sentiu ao ser incompreendido por toda a Sua vida, mesmo na Cruz e por vezes mesmo depois de Ressuscitado. Imagine a sensação de incompreensão de nosso Pai, nos dias de hoje, quando vários de Seus filhos amados o rejeitam, zombam dEle e lhes dão as costas. Durante o jejum, ao ocultarmos os seus sinais exteriores, podemos experimentar essas sensações.

O terceiro ensinamento é resumido na última frase: onde estiver suas riquezas, aí está o seu coração. Reparem que a Escritura não diz "onde está o seu coração, aí está a sua riqueza", mas o contrário. E por que? Porque é facil amar com sentimentos ou com palavras. Dizer que gosta disso ou daquilo, que apoia determina causa, que tem fé. Mas quem somos verdadeiramente se revela nas escolhas que fazemos. Que adianta falarmos que amamos Deus acima de todas as coisas, se, na hora de fazer uma escolha concreta, colocamos o domingão na praia acima da Igreja, o avanço na carreira acima dos mandamentos, o prazer momentâneo acima das virtudes que Deus pede de nós? Nossa "riqueza" representa as escolhas que fizemos e fazemos a todos os dias de nossa vida, as prioridades que determinamos para nós. Essas escolhas acumuladas são nossa "riqueza" e os valores que usamos para fazê-las revelam nosso coração, isto é, o centro de nossa alma e nosso caráter.  Aquilo que concretamente escolhemos entre as opções que temos é o que verdadeiramente amamos, e não aquilo que "sentimos" que amamos.

As escolhas que fizemos ontem determinam que somos hoje, e as de hoje determinam o que seremos amanhã. É assim que enquanto há vida, há esperança de mudança, não importando quão horríveis tenham sido nossas escolhas até agora. A partir de *agora* as escolhas podem e devem ser diferentes, colocando Deus no centro de nossa vida.

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