quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Desvarios Progressistas e a Mentalidade Teórica



Autor: S. Teófano, o Recluso: (10 de Janeiro de 1815 – 06 de Janeiro de 1894)

Quanto mais amo a humanidade em geral, menos amo cada homem em particular. Quanto mais odeio os homens individualmente, mais amo a humanidade - Fyodor Dostoyevsky, Os Irmãos Karamazov

Fonte: http://www.aoiusa.org/st-theophan-the-recluse-progressive-ravings-and-the-theoretical-mindset/



do livro "The Spiritual Life" Capítulos 16 e 17



O que aconteceu com você? Que tipo de perguntas é esse? "Não sei o que fazer com a minha vida. Deveria estar fazendo algo em particular? Tenho que definir um propósito específico para mim mesmo?" Eu li isso e fiquei chocado. De onde poderiam vir tais pensamentos? De fato, você já definiu tudo isso quando expressou seu desejo de manter-se no nível da dignidade humana.

Eu diria que você deve ter entre seus amigos alguns que são pensadores progressistas, ou que entrou em sociedade com tais pessoas, e que elas desintegraram o seu bom senso. Tais pessoas é que costumam falar essas barbaridades.


Parece-me que tudo isso é muito claro e simples e não existe razão para você ficar se torturando com problemas difíceis. Você tem que tirar da sua mente quaisquer planos sobre atividades "abrangentes, de múltiplos benefícios, em comum para toda a humanidade", das quais tanto tagarelam os progressistas.


Frases como "o bem da humanidade" e "o bem do povo" estão sempre nas línguas deles... os progressistas sempre têm em mente toda a humanidade ou pelo menos todo o povo ajuntado. Você, provavelmente, depois de escutar tantos ideias "profundas", se deixou cativar por elas e quando voltou os olhos para a realidade, percebeu com ressentimento que tinha parasitado o seu círculo familiar sem benefício ou propósito. Ah, se pelo menos alguém tivesse aberto seus olhos!

O fato é que a "humanidade" ou "o povo" não existem como uma pessoa por quem você pode fazer algo agora mesmo. Eles consistem de pessoas individuais e ao fazer algo por uma pessoa, o fazemos já dentro da massa geral da humanidade.


Se cada um de nós fizéssemos o que dá para fazer por quem quer que esteja na frente de nossos olhos, ao invés de fixar nossa visão ao longe na comunidade dos seres humanos, ou em todo o povo, estaríamos em cada momento fazendo o que é necessitado pelos que têm necessidade, e satisfazendo suas necessidades, estabeleceríamos o bem-estar de toda a humanidade, que afinal se constitui dos que têm e dos que não têm, dos fracos e dos fortes. Mas os que mantêm seus pensamentos no bem-estar de toda a humanidade, distraidamente por causa disso, deixam passar o que está na frente de seus olhos. Porque eles não têm a oportunidade de realizar o trabalho geral, deixam passar a oportunidade de realizar o trabalho particular, e assim, não realizam nada do seu propósito na vida.

Eu ouvi falar de algo assim em São Petersburgo. Havia um tipo de encontro de jovens que eram defensores do bem-estar universal - esse era o ápice de seus delírios progressistas. Um cavalheiro fazia um discurso apaixonado sobre o amor pela humanidade e pelo povo. Todos estavam encantados.


Mas quando ele voltou para casa, seu mordomo não abriu a porta rápido o suficiente, pois não tinha visto o chefe chegar. Também não soube entregar-lhe a lâmpada tão rápido quanto esperado e algo acontecera com o cachimbo que sumira, além de estar frio demais naquele cômodo. Nosso filantropo não pôde aguentar tais coisas e repreendeu com aspereza seu empregado. E ali estava, aquele sujeito bacana, cheio de amor pela humanidade, mas que não conseguia se portar adequadamente nem mesmo com uma só pessoa em sua casa.


Também no ponto alto dos desvarios progressistas, tinham algumas moças bonitas entregando-se ao trabalho de confecção de livros, as quais tinham deixado suas mães sem uma migalha de pão. Também elas, imaginavam que estavam de alguma forma avançando e ajudando a estabelecer a felicidade da humanidade.


Todos os problemas vêm de uma atitude mental que é abrangente demais. É melhor olharmos humildemente para nossos próprios pés, e vermos que passo vamos dar ali. Esse é o caminho mais verdadeiro.

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