quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Teólogo Grego Faz Novas Críticas a Documentos Ecumenistas


Professor Dr. Demétrios Tselengides

Uma Segunda Intervenção-Confissão de Fé por parte do Dr. Demétrios Tselengides, Professor da Escola de Teologia na Universidade Aristóteles de Tessalônica, em face do Grande Concílio.

Com uma nova carta endereçada aos Hierarcas da Igreja da Grécia, o Dr. Demétrios realça e enfatiza os trechos problemáticos do documento nomeado "Organização e Procedimento de Trabalho do Santo e Grande Concílio", assim como de outros documentos.

12 de fevereiro de 2016

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Vossa Beatitude, santo Presidente do Santo Sínodo,

Vossas Eminências, santos Hierarcas,

Em vista da iminente convocação do Santo e Grande Sínodo, eu gostaria de mais uma vez respeitosamente apresentar alguns pensamentos de natureza teológica, que espero venham a ser úteis.

Na pesquisa em que realizei, fiquei negativamente surpreso ao descobrir que a Igreja da Grécia, desde 1961, ano em que começaram as Conferências Pré-Conciliares Pan-Ortodoxas para o Grande Sínodo, não havia tratado das decisões de tais conferências no nível do Sínodo Hierárquico. A consequência disso é termos chegado na situação eclesiástica desagradável em que estamos hoje.

Isto é, estamos prestes a tomar decisões eclesiásticas em questões críticas em um Sínodo Pan-Ortodoxo, mas para isso existe uma séria falta de tratamento sinodal no sínodo local de hierarcas, falta essa aliás, com a qual as Conferências Pré-Conciliares já contavam.

Nesse momento nos encontramos eclesiasticamente no penúltimo estágio das decisões finais do Grande Sínodo Pan-Ortodoxo. Eu creio que o problema - a despeito de sua excepcional severidade - ainda são curáveis. Como é bem sabido, o sistema sinodical de nossa Igreja Ortodoxa compraz uma operação eclesiástica guiada pelo Espírito, não apenas quanto a questões administrativas e Sua vida, mas também quanto à expressão precisa de Seu ensino dogmático. 

Mais especificamente, creio que as falhas sinodicais dos últimos 55 anos com certeza podem ser corrijidas agora, garantindo que as decisões do vindouro Sínodo dos Hierarcas, em conexão com os agentes do vindouro Grande Sìnodo da Ortodoxia, estará em concordância com a auto-consciência da Igreja e com a experiência guiada pelo Espírito de Sua Sagrada Tradição.

Outra coisa também de interesse e excepcional severidade. Eu cuidadosamente li o recém-publicado, "Organização e Procedimentos de Trabalho do Santo e Grande Sínodo" e tenho que apresentar-lhes uma observação minha de caráter teológico-dogmático.

Em particular, o Artigo 12, no tópico "Votação e Aprovação dos Textos", faz a importante seguinte nota: 

"O voto nos resultados de uma discussão ou revisão de um texto do Concílio sobre um item da agenda:
1. será dado por cada Igreja Ortodoxa autocefálica, e não por cada membro particular das delegações representadas no Concílio, de acordo com a decisão unânime do Encontro dos Primazes das Igrejas Ortodoxas;
2. a votação de uma Igreja no Concílio, não um membro de uma delegação, não exclui a possibilidade de que um ou alguns hierarcas na delegação de uma Igreja autocefálica particular possa tomar um posicionamento negativo em relação a emendas ou a um texto no geral. O fato da discordância será registrado nas Atas do Concílio;
3. a avaliação de tal discordância é um problema interno daquela Igreja a qual pertence o hierarca. A Igreja pode votar desde o princípio de maioria interna expressa por seu primaz e por essa razão deve acordar o local e o tempo necessário para considerar a questão com a delegação"

Vemos nesse artigo que o consenso do Grande Sínodo está limitado a um voto para cada Igreja Autocéfala Local. Desentendimentos individuais, se for o caso de constituirem uma minoria dentro das Igrejas Locais, são deixadas à parte como "problema interno daquela Igreja", algo que é eclesiologicamente inaceitável em particular no Sínodo Pan-Ortodoxo, quando, de fato o desentendimento for sobre um assunto de natureza doutrinal. E é bem provável que isso ocorra. Por exemplo, o assunto de auto-consciência e identidade da Igreja que é tratado no documento "Relações da Igreja Ortodoxa com o Resto do Mundo Cristão", é matéria eclesiológica; em outras palavras, eminentemente teológica. Consequentemente, não é teologicamente permissível para um documento recomendado para adoção que, por um lado, essencialmente recomende a "teoria de ramos" protestante, legitimando pela aceitação ali da existência de muitas igrejas com muitas diferentes doutrinas - enquanto por outro lado, as "Regras de Organização e Operação do Sínodo", na prática ignora a inevitável minoria dos hierarcas das Igrejas Locais Individuais e não leva em consideração as preocupações de suas consciências episcopais.

E aqui surge uma bem apropriada questão dogmático-teológica: como irá a fé una da Igreja, "com uma só boca e um só coração" ser confessada nesse caso? Como os Pais do Sìnodo serão capazes de dizer, "pareceu bom ao Espírito Santo e a nós"? Como irão demonstrar que possuem a "mente de Cristo", como fizeram os Pais portadores-de-Deus dos Concílios Ecumênicos da Igreja?

Vossa Beatitude,

Quando chegamos na matéria de dogma, como é bem sabido, a verdade não se encontra no voto da maioria dos Hierarcas do Sínodo. A verdade é em si mesma uma maioria, pois na Igreja a verdade é uma realidade hipostática. Por essa razão, quem quer que não concorde com ela, é separado da Igreja e é deposto e excomungado conforme o caso. O Santo e Grande Sínodo não tem permissão de deixar para corpos sinodais menores um assunto de tão excepcional gravidade como a inevitável discordância do voto minoritário dos bispos sobre matéria de dogmas. Como o mais alto corpo sinodal, ele tem que tratar desse assunto diretamente, ou de outra forma existe um perigo real de cisma na Igreja, precisamente no momento quando esse Grande Sìnodo aspira reafirmar a unidade visível da nossa Igreja.

Com o mais profundo respeito,

Beijando sua mão direita,

Demétrios Tselengides

Professor da Escola de Teologia da Universidade Aristóteles de Tessalônica


Traduzido para o inglês por Pe. Kristian Akselberg

Traduzido para o português por Fabio L. Leite

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