quinta-feira, 21 de março de 2013

Orientações para o Jejum Ortodoxo


* O objetivo do jejum é focar nas coisas do Reino de Deus e livrar-nos da dependência das coisas do mundo.

* O jejum não é em si mesmo uma forma de agradar a Deus.

* O jejum não é uma punição por nossos pecados. Nem é uma forma de sofrimento e dor auto-infligidos com o fim de "pagarmos" por nossos erros. Cristo já nos redimiu na Sua Cruz. A salvação é um dom gratuito de Deus e não é comprada com nossa fome, sede ou sofrimento.

* Jejuamos para nos livrarmos das paixões carnais para que o dom gratuito de Deus para nossa salvação possa gerar  grandes frutos em nossas vidas.

* Jejuamos e voltamos nossos olhos para Deus em Sua Santa Igreja. Jejum e oração foram feitos para andarem juntos. O jejum e a oração devem vir acompanhados da doação de esmolas, confissão, leitura da Bíblia e textos espirituais ortodoxos. Como o jejum é um tempo de profunda reflexão espiritual é que casamentos não podem ocorrer durante épocas de jejum: é um tempo de ponderação e preparação, não de ação. Casais devem aproveitar os períodos de jejum para se preparem para o grande evento espiritual que será a cerimônia do seu matrimônio, iniciando sua caminhada como casal perante Cristo.

* Acima de tudo, é importante que não devoremos uns aos outros. Pedimos a Deus que "nos dê vigilância e preserve os portões de nossos lábios".

* O jejum ainda é relevante, é para todos e não só para monges, e está longe de ser obsoleto. O primeiro mandamento de Deus e que causou a expulsão do Paraíso foi o jejum: "De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;" (Gên 2:16-17). Jesus jejuou, assim como os Apóstolos mesmo após Sua Ressurreição. 

* Devemos jejuar também de assuntos, atividades, pessoas, lugares e hábitos, sejam vícios como o cigarro, fofoca, olhar luxurioso, irritação, reclamação, pessimismo, preguiça ou apenas coisas sobre as quais nutrimos a ilusão de quê "não posso viver sem isso", especialmente se forem maus-hábitos, más-companhias ou frivolidades.

* Jejuamos fielmente e em segredo, sem julgar os outros e sem achar que somos referência do que é melhor.

*  Os períodos de Jejum da Santa Igreja Católica Ortodoxa são os seguintes:
01) A Grande Quaresma, que é um período de seis semanas que precedem a Semana Santa;
02) O jejum da Semana Santa;
03) O Jejum de carne durante a semana anterior ao início da Grande Quaresma;
04) O Jejum da Natividade entre os dias 15 de novembro e 24 de dezembro em preparação para a Festa do Natal;
05) O Jejum dos Apóstolos que vai da segunda após o domingo de Todos os Santos até o dia 29 de junho, dia de S. Pedro e S. Paulo. O Domingo de Todos os Santos ortodoxo cai em uma data variável de acordo com a data da Páscoa. Não coincide com a mesma festa no calendário romano;
06) O Jejum da Dormição de 01 a 15 de agosto em preparação para a festa da Dormição da Teotókos.
07) Jejum da Véspera da Teofania (5 de janeiro)
08) Decapitação de São João Batista (29 de agosto)
09) Elevação da Santa Cruz (14 de setembro)
10) Todas as Quarta-Feiras, em lembrança da traição de Judas Iscariotes;
11) Todas as Sexta-Feiras, em lembrança da Crucificação de Cristo; Mosteiros costumam adicionar um jejum na Segunda-Feira em comemoração dos Anjos;

* Jejum, oração e confissão são elementos necessários da preparação para a Comunhão. Quando a Divina Liturgia acontece de manhã, mantemos um jejum estrito (nenhuma comida ou bebida, nem água - mas sim pode-se escovar os dentes) até a Comunhão. Algumas pessoas também se abstém de carne e laticínios desde o anoitecer de sábado. Quando a Liturgia ocorrer de tarde ou à noite, devemos manter um jejum de cerca de seis horas.

* São 5 os grupos de alimentos que deixamos de consumir no jejum mais estrito: (a) Carnes de todo tipo de animais terrestres (inclui ovos) e derivados; (b) Laticínios e derivados; (c) Peixes com espinha (moluscos são permitidos); (d) Vinho e demais bebidas alcoólicas; (e) Óleos (inclui azeite, frituras, etc). 

* Se não conseguimos seguir o jejum estrito, que é praticamente vegetariano, devemos fazer o que for mais próximo possível. Algumas pessoas não conseguem deixar de consumir algum tipo de proteína animal, então consomem peixe. Nessa questão devemos lembrar da passagem da esmola da viúva no Evangelho. O homem rico doou uma pequena fortuna, e a viúva deu a única moeda que tinha. Jesus disse que ela tinha doado muito mais porque deu tudo que tinha. Na vida religiosa, e no jejum, essa é a lógica. Temos que dar o máximo de nós que podemos, tentar fazer o melhor possível. Se, tentando com toda nossa força, com toda nossa força de vontade, nosso máximo é nos abstermos de carne vermelha, ótimo. Mas se tivermos força o suficiente para a dieta vegetariana durante o jejum, este é o nosso máximo. O que Deus pergunta de cada um é: "Você está dando o máximo de si?" E como foi Ele mesmo que nos deu força em medidas diferentes, podem ter certeza que Ele sabe se estamos realmente fazendo o melhor que podemos. Igualmente, não devemos julgar o nosso próximo. Talvez você, realizando um jejum estrito, tenha que se esforçar menos que alguém que luta para evitar apenas as carnes, ou o álcool durante o jejum. Temos que jejuar também de cuidar da vida alheia.

Quando não jejuamos ou podemos relaxar o jejum

* Estão isentos do jejum: bebês, crianças muito novas, idosos, mulheres grávidas, mães amamentando e pessoas adoentadas.

* Podemos relaxar o jejum: quando estamos viajando e não há acesso a comidas adequadas, quando temos um trabalho com intensa atividade física, quando estamos recebendo a hospitalidade de alguém (o amor ao próximo é um dos objetivos do jejum,  e não faz sentido ofender alguém para dar demonstrações externas de piedade. Entretanto, a hospitalidade alheia não deve ser usado coma desculpa para gula, "compensando" tudo que não se comeu antes. Aceitamos a comida mesmo que não seja de jejum, mas ainda comemos com moderação).

* O jejum deve ser suspenso ou adaptado, conforme a necessidade, se causar problemas de saúde para a pessoa. 

* Pessoas com dietas recomendadas por médico devem obedecer o que o médico ordenou, focando seu jejum em outras coisas, como deixar de ver TV, deixar de frequentar certos lugares ou sites na internet, evitando determinados tipos de conversa, etc. 

* Se você estiver sentindo tonturas, problemas de pressão, problemas de estômago, algum tipo de fraqueza, talvez esteja exagerando no jejum ou o metabolismo do seu corpo não aceite um jejum tão rigoroso. Pare imediatamente o jejum para se recuperar e depois vá testando o que você pode se abster sem passar mal.

* Óleos, peixes com espinha, e vinho e demais bebidas alcoólicas podem ser consumidos (com moderação) nos seguintes dias: Sábados e Domingos do Jejum de Natal; no dia da Anunciação de Nossa Senhora, mesmo que seja Quaresma, no Domingo de Palmas; Sábados e Domingos do Jejum dos Apóstolos e no dia Transfiguração do Senhor;

* Depois de determinadas festas muito especiais, não realizamos jejum de nenhum tipo como demonstração de alegria:
1) Não jejuamos por uma semana após o Natal (de 25 de dezembro até 4 de janeiro);
2) Não jejuamos por uma semana após o Domingo do Publicano e do Fariseu (primeira semana do Triódion);
3) Não jejuamos durante a Semana da Luz, a semana após a Páscoa;
4) Não jejuamos durante a Semana da Trindade, a semana após o Pentecostes;
5) Não jejuamos só porque nos deu vontade, quando bem-entendermos. Trata-se de uma forma de disciplina da vontade, e temos de jejuar do próprio jejum conforme as orientações da Igreja.

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