Aborto e Eutanásia
A Igreja Católica Ortodoxa posiciona-se firmemente na
defesa da vida, tendo sido responsável pela conquista da dignidade para idosos,
mulheres e crianças, protegendo-as dos excessos pagãos anteriores.
Moralidade Sexual
A moralidade sexual é um capítulo da formação da
família, onde encontra seu ambiente natural. Seja pelo ponto de vista religioso
ou pelo mais estritamente materialista, o sexo é o ato de criar novos seres
humanos; em segundo lugar, é sobre um ato que torna a carne dos amantes uma só,
um ato de ligação de pessoas e apenas em terceiro lugar um ato de prazer físico.
Todo prazer ou mesmo ligação afetiva que surjam ou se intensifiquem através
dele não constituem o essencial do sexo, mas servem apenas como estimuladores.
Isso não significa também que o sexo entre o esposo e a esposa deva ser
“mecânico” evitando-se gostar do prazer ou sendo tratado como se gostar do
prazer na relação fosse um crime ou pecado. Desde que não se faça nada com o fim
estrito de evitar a vida, desde que não se agrida nem o corpo nem a dignidade
humana do companheiro ou companheira, o prazer do sexo entre o casal é
perfeitamente normal e desejável.
Tendo dito isso, já compreendemos que a moralidade
sexual cristã considera como única forma correta, bela e moral de sexo a que
ocorre entre duas pessoas suficientemente maduras e sãs física e
psicologicamente, de sexo oposto, abertas a geração de vida, comprometidas
através do amor de um pelo outro e de ambos pelos futuros filhos e casadas.
Todas as outras formas, nas quais um desses elementos esteja ausente, não
passam de desvios mais ou menos mórbidos.
Embora o tema homossexualidade esteja na moda, o
principal mal sexual que tem corrompido nossa sociedade é a chamada “monogamia
serial”, que consiste basicamente em ter mais de um parceiro ou parceira ao
longo da vida, embora sendo fiel enquanto se está com ele. Dos pecados sexuais,
este é o único que se tornou universalmente aceito como norma, até mesmo por
sua semelhança com o casamento, e as justificativas para os demais pecados
sexuais, do adultério até a pedofilia, se encontram implícitos nas
justificativas da monogamia serial.
Quanto aos irmãos e irmãs que sofrem com a paixão do
homossexualismo, temos que ter em mente primeiro nossas próprias paixões, nas
quais recaímos com frequência tal como eles. Se mantivermos nossas próprias
quedas em mente, entenderemos como é difícil a luta desses irmãos, ao mesmo
tempo em que não seremos falsos amigos incentivando-os a ter “orgulho” disso ou
fazendo-os pensar que o pecado particular deles, assim como os nossos, são o
que eles “são”, ao invés de uma paixão. Nem eles, nem nós somos nossas paixões;
o pecado nunca é a nossa identidade. Os seres humanos têm paixões e não
precisam e não devem se deixar definir como personalidades maduras por tendências
psicológicas, quaisquer que sejam.
O demônio sempre quer que nós achemos que somos o que
temos de pior para que a gente desista de Deus. Mas nós não somos nossas
inclinações e pecados. Somos a luta que lutamos, somos o fim para o qual nos
direcionamos. E tanto para homossexuais, como para irritados, gulosos,
preguiçosos, avarentos, adúlteros, “pegadores”, amantes do dinheiro e do luxo, não
são essas inclinações perversas que definem o que somos, mas nosso
arrependimento e nosso caminho para Deus.
Papel da Mulher e do Homem
A Igreja defende a obediência da mulher para com o
homem, mas isso não significa de modo nenhum subserviência ou deixar-se fazer
vítima de violência. A mulher é a amada e não uma empregada para o marido e
seus amigos, nem uma acompanhante de luxo para atender os caprichos sexuais do
homem a tempo e hora e ainda acompanha-lo na “sociedade” para fazer uma imagem
bonita, e muito menos saco de areia para apanhar para relaxamento de um doente.
A mulher é, antes de ser mulher, um ser humano que tem uma vocação própria dada
por Deus, uma história de vida própria definida por Deus e uma realização
própria definida por Deus. O marido que busca transformar sua esposa em sua
serva e até de seus amigos, pálida sombra de si mesmo, ofuscando-a e mantendo-a
por baixo, privando-a de sua realização pessoal, não está pedindo a obediência
cristã e bíblica, pois o modelo bíblico para o casamento é o modo como Deus
trata a Igreja. Ele é que vai até ela para glorifica-la e ajuda-la a realizar
tudo aquilo para o qual foi feita. A obediência da esposa consiste tão
simplesmente nisto: deixar um marido que a ame de verdade a ajuda-la a ser o
seu melhor, como todos nós devemos deixar que o Cristo faça o mesmo conosco. Já
nem comentamos os monstros que agridem verbalmente ou pior, fisicamente, suas
esposas. Estes já são ícones do demônio e não do Cristo.
Por isso que as pessoas que usam o texto bíblico de
forma maldosa para submeter a mulher sempre omitem a parte que diz respeito ao
dever dos maridos: o marido deve ser um ícone de Cristo para a sua mulher.
Sacrificar-se por ela, ser um líder servidor. Se as mulheres devem ser
obedientes, a obrigação do marido é nada mais, nada menos do que subir na cruz
e morrer pela esposa se necessário for. Protegê-la, amá-la, lutar por seu
bem-estar, levantá-la se cair, banhá-la caso se suje, cuidar dela se ficar
doente, ser a força dela no momento em que estiver fraca, perdoar seus erros
cometidos em palavras, pensamentos e ações, quantas vezes ela os cometa e peça
perdão, encontra-la caso se perca, tal como Jesus faz com os cristãos, e com
isso ajuda-la a caminhar até Cristo. É a este marido, e exclusivamente a este,
que a mulher deve ser obediente no sentido que escrevemos acima. O “marido”
vil, especialmente o que agride, não é marido, mas apenas um homem que abusa de
um título, um adúltero no sentido amplo da palavra, pois adultera o amor e a
confiança que lhe foram depositados.
Divórcio
Para a Igreja Católica Ortodoxa, o divórcio é como uma
amputação. É uma escolha duríssima que não deve ser tomada por motivos
frívolos. Imagine alguém que desejasse amputar a perna porque ela tem muitas
estrias e celulites, ou que desejasse amputar o braço porque quebrou ou até
mesmo porque perdeu o dedo. Infelizmente, muitos divórcios ocorrem por motivos
igualmente superficiais. Reconhecemos, porém, que existem situações
concretamente sérias. Às vezes um membro precisa ser amputado para preservar a
vida da pessoa, ou porque já foi tão ferido que está além da cura. É uma
decisão terrível e deve sempre ser a última escolha, para evitar algo muito
pior.
A Igreja Ortodoxa de modo nenhum apoia ou sanciona o
divórcio apenas porque “cansei”, ou apenas porque “é uma fase da minha vida que
terminou, uma experiência que já deu o que tinha que dar”. É necessário que a
continuidade do casamento gere um mal físico ou espiritual muito grave e *pior*
que o divórcio, para que este seja permitido.
A decisão final sempre fica a cargo do bispo sob cuja
autoridade o casal se encontra e não do casal. O divórcio é uma medida extrema
e por isso é uma concessão e não um direito. Não existe “direito ao divórcio”
na Igreja Ortodoxa, apenas divórcio como um mal menor diante de uma provável
tragédia maior. Por isso cada caso é analisado individualmente e autoridade
final sobre o assunto é o bispo.
Alguns exemplos de situações em que bispos já
permitiram o divórcio:
Adultério, segundo casamento de uma das partes, um dos
membros do casal abandona a fé ortodoxa, perversões, impotência pré-existente
ao casamento ou auto-infligida, doenças sexuais contagiosas, desaparecimento
prolongado de uma das partes, condenação criminal de uma das partes, abuso de
uma das partes contra a vida ou saúde do outro, casamento por interesse
financeiro, doença mental incapacitante e incurável, abandono malicioso de uma
das partes, uma das partes cultiva o alcoolismo ou vício em drogas ou jogo,
aborto cometido às escondidas, agressão contra a outra parte, encarceramento
prolongado, abusos morais ou sexuais, irresponsabilidade ou omissão criminosas como
esposo, esposa, pai ou mãe, etc.
Pacifismo
A Igreja não professa o pacifismo, ou seja, a doutrina
equivocada que devemos abdicar da legítima defesa até mesmo em prejuízo da vida
de nosso próximo, ou da invasão ou submissão de nosso país a forças inimigas.
Com certeza a Igreja não apoia iniciativas de agressão gratuita, ou invasão de
países, mas reconhece o sagrado direito de autodefesa individual e coletiva em
face de criminosos e inimigos, inclusive sendo um dever dos mais fortes
defenderem os mais fracos. Como no divórcio, a violência que aí é cometida não
é nunca algo visto como um bem em si mesma e que se embarque frivolamente. É uma
última medida e um mal menor que a outra opção. Tanto é assim que o homem que
tenha derramado sangue de outro ser humano, mesmo que para defender seu país,
não pode servir como diácono, padre ou bispo.
Religião, Política e
Nacionalismo
A Igreja Ortodoxa existe em países monárquicos e em
repúblicas, regimes autoritários e democráticos, capitalistas e socialistas,
direitistas e esquerdistas, cristãos e não-cristãos, tradicionalmente ortodoxos
ou herdeiros de heterodoxias cristãs, ricos e pobres, ocidentais e orientais.
Na sua relação com os governos dos países onde se encontra, houve períodos e há
locais onde existe íntima colaboração entre um e outro, há também onde o
governo persiga a Igreja, onde lhe seja indiferente e onde ela seja apenas mais
uma entre milhares de opções de fé.
Não existe um perfil social e político uniforme para a
Ortodoxia, que está espalhada por todo o mundo, encontrando todo tipo de
situação política e econômica.
A Igreja Católica Ortodoxa está presente no mundo
todo, porém de forma católica e não globalista, isto é, os membros da Igreja
também são membros das nações a que se afiliam sem que a Igreja seja uma
instituição globalista pairando acima dos países e nações.
A nacionalidade é a família ampliada do indivíduo, o
conjunto de pessoas com uma história, cultura, memória e por vezes até ancestralidade
comum. A igreja não pode nem colocar-se acima desta dimensão humana como uma
instituição que não tem nacionalidade em si, nem colocar-se abaixo se tornando
um mero órgão do estado que domina aquela nação. Ela não pertence ao mundo, mas
está no mundo.
De fato, ao observamos no próprio Novo Testamento, a
Igreja *sempre* foi organizada institucionalmente por um misto de
nacionalidades e delimitações geopolíticas. Vejam as Epístolas aos Gálatas, aos
Hebreus, aos Romanos, aos Tessalonicenses, por exemplo, todas endereçadas a
igrejas delimitadas organizacionalmente por etnias e regiões. E mesmo no livro
do Apocalipse, o próprio Cristo se dirige a Igrejas por suas delimitações
geográficas-nacionais: as igrejas de Filadélfia, Laodicéia etc.
Em nossos tempos, são 14 as grandes jurisdições da
Igreja Católica Ortodoxa, tendo como Sé Primaz, Primeira Entre Iguais, a Sé de Constantinopla.
Essas jurisdições têm suas delimitações fluidas, pelo menos ao longo dos
séculos, já tendo mudado suas fronteiras mais de uma vez. Ainda assim, algumas
pessoas, por vezes, consideram erroneamente que a Igreja é um elemento da sua
cultura nacional, como o folclore, a história e os costumes. Essa crença ou
atitude, chamada de filetismo, foi definida como heresia por um acordo de todos
os patriarcas ortodoxos já no século 19. A Igreja não é e não deve ser usada
como ferramenta de interesses nacionais, por válidos que sejam, pois ela é o
Corpo de Cristo e porta de entrada para o Céu. Seria como tentar colocar um
hospital a serviço da eleição de um candidato ou da manutenção de um governo. O
uso político acabará por comprometer os benefícios para a saúde que o hospital
deveria trazer.
Isso não significa que a Igreja se isola da sociedade
ou mesmo da cultura. A Igreja pode atuar como incentivadora da cultura, como parceira
do governo e da nação em atividades convergentes com os valores e ideais
cristãos, ou até a despeito do Estado quando ele não quiser ou puder apoiá-la, ou
contra ele quando o Estado é anti-cristão, mas nunca como serva ou senhora da
nação, do estado, do governo ou de revolucionários. A Igreja é multinacional, internacional,
entre nações, não acima ou abaixo de nações e governos.
No que tange às relações da religião com a política, o
governo e o Estado não são da alçada da Igreja. Ainda assim, seus membros são
cidadãos como todos e possuem os mesmos direitos e deveres que os demais.
Assim, a filiação ou fé ortodoxa não é um impeditivo da liberdade de expressão,
nem da participação nos setores públicos e tampouco da ação política e
partidária conforme o caso.
A Igreja participa sim de questões públicas. Não cabe
ao clero defender este ou aquele político em nome da Igreja, nem tampouco que
se use o púlpito da Igreja para pequenos comícios eleitorais, mas quando a
política interfere em questões espirituais então a Igreja tem o dever de se
pronunciar pelo bem de seus fiéis e do que crê ser o bem da sociedade como um
todo, atuando de forma pública, ética e cidadã.
De forma semelhante, seria pecado de omissão manter
uma neutralidade forçada quando ONGs, governos, partidos ou políticos se
excedem politizando questões espirituais ou perseguindo cristãos, de forma
explícita ou disfarçada. A Igreja sempre evitará a parcialidade partidária ou
privilegiar certos políticos em regimes democráticos livres e normais, mas
sempre se oporá àqueles que fazem a si mesmos inimigos dos cristãos, usando seu
poder político contra a Igreja e o que ela crê serem os valores que mais
exaltam a vida e a dignidade humanas. Por isso mesmo, há um antagonismo
irremediável entre a Igreja e o comunismo. O comunismo tem a mesma relação com
a Igreja Ortodoxa que o Nazismo tem com o povo judeu. Ninguém matou mais
ortodoxos no século XX do que os regimes comunistas da antiga União Soviética.
Sentimos na pele o chamado “socialismo real”: estima-se que cerca de 50 milhões
de cristãos ortodoxos foram mortos pelo comunismo ao longo do século XX, 15
milhões em campos de concentração, e daquele total, mais de 200 mil padres. A
Igreja russa reconheceu como santos os Novo Mártires do Regime Soviético,
comemorados no Domingo mais próximo que houver do dia 25 de janeiro, e a lista
de nomes ainda aumenta na medida em que historiadores investigam os arquivos
soviéticos.
Entre as nações nos quais a Igreja teve papel
significativo na formação é natural que seja feita justiça histórica e cultural
reconhecendo-se a atuação da Igreja e seu papel como raiz e tronco daquela
cultura, ressaltando-se que nestes casos particulares alterar a relação da
Igreja com a nação constitui nada mais nada menos que um ataque à própria
nação.
Padres Casados
A Igreja Ortodoxa *não* permite o casamento de padres.
Ela permite que homens casados também se tornem padre, o que é bem diferente.
Quando vemos um padre casar é sempre por exceção. Nesses
casos, por misericórdia, o bispo pode permitir que o padre se case novamente.
Porém, repito, isso é exceção tolerável e não regra.
O homem que é ordenado solteiro fez a escolha pelo
celibato e deverá permanecer assim até o fim de sua vida. Igualmente e
principalmente o homem casado que se torna padre, deve ser exemplo de marido e
pai amoroso, fiel e responsável, por toda a sua vida.
Os Pobres e a Caridade
A
Igreja deve trabalhar ativamente para diminuir ou mesmo eliminar as dores dos
pobres. Os grupos de caridade e mesmo os hospitais são instituições que tomaram
toda a sociedade através principalmente da Igreja.
A
Igreja guardou também o ensinamento de que tudo isso deve ser feito com o
trabalho e o dinheiro próprio. Jesus
nunca recomendou que pegássemos o dinheiro de outra pessoa para dar aos pobres,
mas que cada um desse seu próprio dinheiro, sua própria comida, de livre e
espontânea vontade. Quando uma pessoa, ou mesmo o governo, usa o dinheiro
alheio para conceder favores, isso não é caridade. Só fazemos caridade quando cada um de nós tira
do que é seu próprio para benefício do próximo.
Se
a caridade na assistência aos pobres é historicamente um dos trabalhos mais
típicos da Igreja, a função típica do Estado deve ser a facilitação e
simplificação dos meios de ascensão social econômica para que as pessoas possam
deixar a miséria e a pobreza com independência, autonomia, para sustentarem
suas famílias e sonhos com seu próprio trabalho, criatividade e
empreendedorismo, donas plenas do fruto do seu trabalho justo e honesto. Embora
a Igreja e o Estado possam auxiliar-se mutuamente em suas respectivas missões,
nenhum deve tomar para si o papel do outro, mantendo saudável e desejável
separação e independência entre “César” e “Deus”.
Proselitismo
A
Igreja Católica Ortodoxa é missionária, mas não é proselitista. O anúncio da
Boa Nova é feito primeiramente com o exemplo de nossa vida privada, em segundo
lugar com o exemplo de nossa vida pública, seja no trabalho sem fama, no clube
ou na grande mídia. Não saímos batendo de porta em porta, não nos intrometemos
na vida alheia, não ficamos pressionando nossos pares, não fazemos propaganda.
Quando Deus quer dar glória à Sua Igreja, Ele mesmo gera um santo e permite que
todos conheçam seus milagres. Nós não fazemos nada disso. Ao mesmo tempo, temos
que estar preparados para responder com fé e racionalidade a todas as perguntas
que forem feitas sobre Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Igreja, defendendo-O com
amor e conhecimento.
Outras Igrejas, Movimentos
e Religiões
Falsas Igrejas Ortodoxas
Um grande perigo que corre o interessado em conhecer a
Igreja Católica Ortodoxa no Brasil é cair nas mãos de inúmeros golpistas que
fingem pertencer à Igreja. Como as sedes das jurisdições ortodoxas ficam em
países distantes e com os quais o Brasil por muito tempo teve pouco ou nenhum
contato, vez por outra um golpista simplesmente funda uma “Igreja Ortodoxa”
dizendo ser de algum desses países e tendo a impunidade garantida pelo
desconhecimento dos locais e a distância das autoridades ortodoxas, dedicando-se
a enganar os desavisados.
Tenha em mente que até a impressão desta apostila,
estavam presentes no Brasil tão somente as seguintes Igrejas Ortodoxas: (1)
Igreja Ortodoxa Antioquena, com sede em São Paulo e sob a liderança de Sua
Eminência Dom Damaskino; (2) Igreja Ortodoxa Ucraniana, com sede em Curitiba,
sob a liderança de Sua Eminência Dom Jeremias; (3) Igreja Ortodoxa Polonesa,
com sede no Rio de Janeiro, soba a liderança de Sua Eminência Dom Crisóstomo; (4)
Igreja Ortodoxa Grega, com sede em Buenos Aires, sob a liderança de Dom
Tarásio; (5) Igreja Ortodoxa Russa, com sede em Buenos Aires, sob a liderança
de Sua Eminência Dom Leônidas; (6) Igreja Ortodoxa Sérvia, com missões em São
Paulo e em Pernambuco sob a liderança no Brasil do Arcipreste Alexis. Qualquer
igreja que se diga ortodoxa e não esteja vinculada a uma destas citadas deve
ser evitada. Caso surja alguém alegando ser uma “missão” de alguma outra
jurisdição da Igreja Ortodoxa, confirme primeiro com algum padre ou bispo de
uma das igrejas mencionadas e não hesite em contatar as sedes das igrejas no
exterior, seja pela internet, carta ou telefone. Mesmo que você não fale a
língua, uma comunicação em inglês irá resolver na maioria dos casos.
Igrejas Cismáticas
Além das possíveis falsas igrejas, devemos ficar
atentos a igrejas cismáticas que não são reconhecidas canonicamente por nenhuma
igreja ortodoxa no mundo, como por exemplo a Igreja Russa no Exílio do Brasil,
a qual recusou a reunião com o Patriarcado de Moscou enquanto toda a Igreja
Russa no Exílio no mundo aceitou; Genuína Igreja Ortodoxa Grega, Igreja
Ortodoxa Grega Velho-Calendarista, o grupo sob a liderança de “Dom” Atanásio em
São Paulo, e os Velho-Crentes russos. Nenhum destes grupos é reconhecido pelas
jurisdições ortodoxas no mundo.
Igrejas Heterodoxas
Devemos evitar também a confusão com certas igrejas heterodoxas,
que se assemelham exteriormente à Igreja Ortodoxa, mas não fazem parte de sua comunhão.
Igrejas Não-Calcedonianas
Primeiramente, há as Igrejas Não-Calcedonianas, também
chamadas Orientais, como a Siríaca e a Copta, que são autenticamente vinculadas
as suas respectivas sés na Síria e no Egito, mas apesar de se proclamarem
“ortodoxas” recusam o Concílio Ecumênico de Calcedônia e todos os posteriores,
só aceitando os três primeiros concílios do 1º milênio, não tendo estando em
comunhão com a Igreja Ortodoxa.
Ritos Orientais da Igreja Romana
Não podemos nos confundir também com os ritos
bizantinos e orientais da Igreja Romana, como os ucranianos greco-católicos e
os melquitas, de raiz no Oriente Médio, os quais também guardam inúmeras
semelhanças exteriores, mas adotam a eclesiologia romana, subordinam-se ao Papa
em Roma e por isso mesmo não estão em comunhão com a Igreja Ortodoxa.
Igreja Romana
Uma confusão comum também é entre a Igreja Católica
Ortodoxa e a Igreja Católica Romana, que são igrejas diferentes e que não estão
em comunhão. Confundir as duas já levou mais de um fiel desavisado de uma e
outra a pecar contra a própria fé sem saber, pois apesar de podermos venerar os
santos comuns juntos, assistir os ritos uns dos outros, e realizar trabalhos de
caridade juntos, certos sacramentos como Batismo e Crisma representam uma real
negação da igreja de que se participava antes e conversão para uma nova fé na
igreja nova em que tal rito foi feito.
Igualmente, a Santa Comunhão de cada uma, como
sacramento espiritualmente ligado ao Batismo e Crisma, é exclusiva para os que
foram batizados naquela igreja em particular, constituindo uma forma de
adultério espiritual comungar em uma igreja da qual não fazemos parte através
do Batismo ou Crisma – e batizar-se ou crismar-se em uma igreja sempre nos
desliga da anterior, de modo que não podemos voltar a comungar nela.
Sabemos também que embora a sé Romana autorize seus
fiéis a comungar nas igrejas ortodoxas em caso de emergência, não existe nenhuma
instrução interna na Igreja Ortodoxa que permita que heterodoxos (qualquer
cristão não-ortodoxo) comunguem nela, e não sabendo disso o católico romano
pode acabar constrangendo o padre ao simplesmente se colocar para comungar em
um templo ortodoxo. De todo modo, nenhum católico romano tem autorização de sua
própria igreja para comungar em uma igreja católica ortodoxa se houverem
igrejas católicas romanas acessíveis para ele. A “exceção” tem em mente apenas
católicos romanos que estejam isolados em locais onde não há nenhuma igreja
romana por perto – ir a uma igreja ortodoxa simplesmente porque não gosta do
padre ou do “clima” da sua paróquia romana não é lícito.
Igrejas Carismásticas , Pentecostais
e Neo-Pentecostais
A Igreja Católica Ortodoxa preserva a tradição cristã
desde o tempo do Pentecostes, conhecendo bem o significado de falar em línguas,
o qual consiste numa oração profunda, silenciosa e incessante realizada
diretamente no coração de cada fiel. De fato, a palavra grega no Novo
Testamento utilizada para o termo “palavras inefáveis” (2 Cor 12:4) significa
na verdade “palavras inescutáveis”, ou seja, silenciosas, porque “ditas” no
coração. Falar a “língua dos anjos” nada tem a ver com barulhos exóticos, mas
em um coração que ora em amor e gratidão.
Conclusão
Com isso, não estamos dizendo que Deus abandona as
igrejas cristãs heterodoxas separadas da ortodoxia, sejam as igrejas orientais,
romana, velhos-crentes, velho-calendaristas ou mesmo as igrejas protestantes
sérias ou qualquer outro grupo. Deus ama a todos e não deixará de atender o
clamor de um seu filho. Muitas graças são encontradas ali conforme vários
milagres atestam. Mas o que atestam é ao poder e misericórdia de Deus, o qual
nunca iria se limitar a aliviar o sofrimento apenas dos cristãos ortodoxos. Não
atestam o fato de aquele grupo ser ou não o Corpo de Cristo, a Igreja,
existente sem interrupção desde o Pentecostes.
De fato, já no Evangelho, vemos milagres ocorrerem
fora do grupo dos Apóstolos, por pessoas que sem nem conhecer Jesus, curavam e
até expulsavam demônios em Seu nome. Jesus diz para deixa-los em paz, mas nunca
os trata como Apóstolos ou herdeiros destes. Com humildade, e reconhecendo os
muitos e verdadeiros méritos de muitos membros de várias “igrejas” que existem,
a Igreja Católica Ortodoxa considera a si mesma como sendo a continuidade do
grupo de cristãos presentes naquele primeiro Pentecostes, e do qual todas as
demais igrejas, desviando-se em pontos maiores ou menores da fé, vieram a se
separar ao longo dos milênios.
Quanto às demais religiões, devemos separar as que são
verdadeiramente religiões como o Judaísmo, o Islã, o Budismo e as seitas,
cultos e golpes que existem por aí com o fim de obter dinheiro e poder. Não há
nada em comum entre religiões sinceras e tais agremiações imorais. Já as
religiões sérias, contam com profundas verdades *parciais* e incompletas, pois
não levam em consideração que o Senhor Deus Se revelou plenamente em Jesus
Cristo completando e superando qualquer outra revelação parcial anterior ou
posterior. Por não reconhecerem Cristo como o Filho de Deus e seu Evangelho
como a plenitude da Revelação, até as verdades parciais deixam de dar frutos ou
até mesmo podem prejudicar a alma, porque são administradas sem considerar o
fato glorioso da Encarnação, Morte e Ressurreição do Filho de Deus.
Claro que meias-verdades trazem perigo. Tais verdades
parciais podem prestar-se ao trabalho dos demônios que misturando-as com falsidades levam à perdição da alma. Recomendamos
sempre ao fiel que evite o contato com tais doutrinas se não tiver interesse
profissional ou acadêmico, para analisa-las com distanciamento. Tudo de bom e
verdadeiro que se encontra em cada uma delas, pode ser encontrado de forma
completa e segura na Igreja Ortodoxa, que é a plenitude da revelação de Deus.
Há um erro no catecismo. Segundo o Pe. Luís Filidis, com quem mantenho contato, é obrigação do ortodoxo comungar numa paróquia católica se não há uma paróquia ortodoxa perto. Ele me afirmou que a reciprocidade é verdadeira SIM, uma vez que a Igreja Romana é Igreja. Ele é padre, o senhor é o que? Fico com a posição dele de padre.
ResponderExcluirLineu.
Caro Lineu,
ResponderExcluirrespeito muitíssimo o Pe. Luís. Caso o senhor acompanhe o trabalho dele, verá que ele tem feito o Hangout Fé Ortodoxa que é um trabalho que temos feitos juntos.
Quanto a questão da comunhão, retiro de livros dogmáticos ortodoxos e catecismos ortodoxos que foram escritos por teólogos, bispos e padres. Por favor, releia a introdução para maiores informações.
A recomendação do meu amigo e irmão mais velho na fé, que admiro e com quem já até conversei questões mais cabeludas que essa em absoluto espírito de amizade e fraternidade, tem sido recorrente em alguns meios ortodoxos brasileiros, mas respeitosamente, referiria o senhor ao que os santos ortodoxos de todas as nações dizem, o que dizem os professores de teologia, os monges, e as autoridades episcopais ortodoxas do mundo todo.
Não possuímos comunhão com Roma, não temos autorização para comungar em igrejas romanas e nem para deixar que romanos comunguem em nossas igrejas. Não sou em quem diz, mas vários santos como São Justino Popovich que diz que Roma foi a primeira igreja "Protestante" no sentido de ser um cisma baseado em exegeses racionalistas das Escrituras. São Paisios, São Cosme da Etólia, São Serafim de Sarov.. as heresias romanas foram condenadas no concílio ecumênico fociano, no concílio ecumênico palamita, no sínodo pan-ortodoxo de 1642, na carta do século 19 onde os patriarcas ortodoxos responderam a proclamação da heresia da infalibilidade papal.
Busque o site www.fatheralexander.org , de fonte insuspeita, com várias traduções para o português. Se puder ler inglês busque os sites ortodoxos em inglês sobre o assunto.
Perdoe, por favor, qualquer forma de expressão indesejadamente escandalosa de minha parte.
Lineu,
ResponderExcluirgostaria de acrescentar mais um comentário.
Do fato de não haver mais comunhão entre a sé romana e a Igreja Católica Ortodoxa, isso não implica que Roma não tenha coisas boas e verdadeiras nela. Tem sim, e muito exemplares.
Também é verdade que do fato de serem, perante a Igreja Ortodoxa, uma heresia ou, na melhor das hipóteses, um cisma, isso não implica que devemos nos afastar de nossos irmãos romanos ou muito menos tratá-los mal ou como seres de segunda classe. Muitos romanos mesmo são pessoas mais santas do que eu, assim como muitos protestantes. Onde sentirmos o sopro do Espírito Santo, podemos aprender algo.
Da multidão de coisas que podemos fazer juntos, a única que não podemos é participar dos sacramentos de um ou outra igreja. Podemos venerar santos comuns, podemos trabalhar juntos, podemos nos auxiliar mutuamente, podemos *amar* e orar para que um dia Roma retorne à comunhão católica da Igreja Ortodoxa. Esse é o único testemunho que posso te dar Lineu, de coração, porque testemunho é isso: falar o que estamos vendo. Oro a Deus para que não te escandalize e para que você possa seguir em paz teu caminho em Cristo, perdoando este teu irmão pecador.