sexta-feira, 31 de outubro de 2008

São Pedro, o Papa e os Protestantes

Olá amigos!


Acabei de postar este texto na comunidade "Apologética Ortodoxa" do Orkut, em uma discussão sobre o papismo, e achei interessante compartilhar.

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O "fundamento" Escritural do papado está em S. Mateus 16:18 ("Tu é Pedro...te darei as chaves...etc. etc) e João 21:15ss (Pedro, tu me amas? ... Apascenta minhas ovelhas...). Tudo o mais roda em torno da interpretação destas passagens, são leituras subordinadas a elas.


Na obra patrística são notórias três interpretações:


1) a rocha a que Cristo se referia em S. Mateus 16:18 é o próprio Cristo;

2) é a confissão de Pedro;

3) é o próprio Pedro.


Esta tríplice interpretação é um fato que ninguém pode negar. Naturalmente os papistas hierarquizam-nas e entendem 1 e 2 subordinadas a 3.


O ponto, porém, é que os Pais *não* hierarquizam. Apenas logo antes e após o advento do papado como o conhecemos é que surgem "pais" que lêem desta forma.


Fica evidente, portanto que perante os Santos Pais da Igreja essas três leituras não possuem prescedência e que o destaque da terceira foi e é, puramente discurso ideológico. Tanto é assim que os Pais não raram observavam que logo em seguida Pedro é chamado de Satã também e é um trecho só.


Oras, Cristo elogia a fé de Pedro e logo depois reprova sua fraqueza. Afirma com todas as palavras que só o Espírito Santo poderia ter feito S. Pedro dizer aquilo e, a despeito disso, S. Pedro comete um erro em seguida.


Tudo que está no trecho é verdade sobre S. Pedro. Tanto sua fé, quanto sua falibilidade.


De todo modo, a dúvida perante as três interpretações, o ideal seria se pudéssemos perguntar a Cristo ou a S. Pedro diretamente o que aquelas palavras queriam dizer exatamente.


E, de fato podemos. O trecho abaixo é um exercício estilístico, mas a despeito da forma, o argumento central, como verão ao final, permanece.


Entrevista com São Pedro.


Ancião Pedro, sua benção.


A graça e a paz vos sejam dadas em abundância. Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! I Pedro 1 2:3


Ancião Pedro, tu sabes a polêmica que se formou sobre a tua abençoada confissão naquele dia em que Nosso Senhor perguntou para os apóstolos quem pensavam que Ele era e tu respondestes: "O Cristo, o Filho do Deus vivo".


Muitos dizem que então Cristo afirmou que tu mesmo, Pai Pedro, seria a pedra que fundamenta a Igreja e que portanto ninguém poderia ser Igreja sem estar achegado aos "bispos" de Roma que se proclamam seus sucessores. Foi isso que Ele quis dizer?


Por isso lê-se na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida, preciosa: quem nela puser sua confiança não será confundido (Is 28,16). Para vós, portanto, que tendes crido, cabe a honra. Mas, para os incrédulos, a pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular, uma pedra de tropeço, uma pedra de escândalo (Sl 117,22; Is 8,14). Achegai-vos a Ele, pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus;

I S. Pedro 2:6.7 e 4


Mas há presbíteros que dizem que tu és presbítero acima deles, aliás, acima de todos!


Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles.

I S. Pedro 5:1


Seus "sucessores" dizem que em seu nome têm o direito de governar toda Igreja. Por um tempo chegaram a dizer que é uma doutrina de duas espadas, o "líder" da Igreja precisando também da dominação secular para exercer seu ministério.


Supondo que apenas em Roma houvessem bispos ordenados por ti, quais foram tuas instruções para eles?


Velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de interesse sórdido, mas com dedicação, não como dominadores absolutos sobre as comunidades que vos são confiadas, mas como modelos.

I S. Pedro 5:2,3


Eles dizem que o homem que se proclama bispo de Roma é o Supremo Pastor da Igreja...


Quando aparecer o Supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de glória.

I Pedro 5:4


E dizem também que esse mesmo homem tem a palavra final sobre o significado das Escrituras.


Princípio esse, aliás, que os grupos chamados protestantes aplicam mais "democraticamente" a cada um de seus membros.


Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal.

II S. Pedro 1:20


Eles dizem que têm santos e grandes doutores da fé...


Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores que introduzirão disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina. II S. Pedro 2:1


Essa ruína repentina tem alguma coisa a ver com a imagem ruim que o caminho de Cristo possui hoje?


Muitos os seguirão nas suas desordens e serão deste modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado.

II S. Pedro 2:1


E quanto àqueles grupos, os tais protestantes, que prometem a liberdade da Tradição e dos ritos para uma relação "pessoal" com Deus e uma livre interpretação das Santas Escrituras?


Prometem-lhes a liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois o homem é feito escravo daquele que o venceu.

II S. Pedro 2:19


Obrigado Pai Pedro! Alguma benção final para os cristãos ortodoxos de todo o mundo?


Vós, pois, caríssimos, advertidos de antemão, tomai cuidado para que não caiais da vossa firmeza, levados pelo erro destes homens ímpios. Mas crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele a glória agora e eternamente.

II Pedro 3:17,18


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Recursos estílisticos a parte, eis aí: S. Pedro, que foi quem participou da conversa, entendia que a pedra era o próprio Cristo.


Nós vemos S. Paulo, em suas epístolas, com humildade, admoestar os seus filhos espirituais a imitá-lo. Se S. Pedro tivesse alguma proeminência secular na Igreja, suas espístolas seriam o lugar de dizê-lo e não seria falta de humildade dizê-lo. Ao contrário, ele reafirma que a Pedra Angular da Igreja, seu único Supremo Sacerdote é o próprio Cristo. Amém!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Estudo quebra estereótipos sobre cristãos ortodoxos




A maioria dos americanos sabe muito pouco a respeito do Cristianismo Ortodoxo. Para os que estão familiarizados com esta fé histórica, a associação comum é com as culturas russa ou grega.

Ter, 21 de Outubro Postado: 17:48 EDT

http://www.christianpost.com/article/20081021/study-breaks-stereotypes-of-orthodox-christians.htm


A maioria dos americanos sabe muito pouco a respeito do Cristianismo Ortodoxo. Para os que estão familiarizados com esta fé histórica, a associação comum é com as culturas russa ou grega.

Um novo estudo, entretanto, está quebrando estereótipos e trazendo novos insights sobre estes que estão entre os menos conhecidos cristãos do país.

Com um número estimado de mais de 1.2 milhões de aderentes nos EUA, as igrejas ortodoxas estão crescendo em número de membros e alcançando a visibilidade perante os americanos.

Embora as igrejas tenham sido historicamente comunidades étnicas e tenham se mantido distantes da cultura americana oficial, o primeiro estudo baseado em uma pesquisa nacional dos paroquianos ortodoxos mostra que eles são sim uma parte importante dos Estados Unidos.

Muitos paroquianos não estão buscando preservar sua herança étnica, de acordo com a pesquisa "Igreja Ortodoxa Hoje", recentemente lançado pelo Instituto Ortodoxo Patriarca Atenágoras - um membro associado da União Teológica de Graduação que existe para educar, comunicar e promover as tradições e culturas do Cristianismo Ortodoxo.

Entre os membros da segunda maior igreja ortodoxa dos EUA - a O.C.A. (Orthodox Church in America - Igreja Ortodoxa na América) - apenas 22% dos paroquianos disseram que sua paróquia possuía uma forte herança étnica que eles estariam tentando preservar; 37% disse que tal afirmação era "mais ou menos verdadeira", enquanto 41% disseram que "não é verdadeira".

Membros da Arquidiocese Ortodoxa Grega da America ( em inglês "Greek Archdiocese of America" - GOA) - a maior igreja ortodoxa no país - permanecem alinhados com sua herança com 59% dizendo que estão tentando preservar sua forte herança étnica e 10% indicando que não estão.

Ainda assim, o estudo destaca que nove em cada dez dos paroquianos das duas maiores igrejas ortodoxas no país são americanos nativos.

Os cristãos ortodoxos que são americanos nativos não se compõe apenas das gerações mais jovens cujos avós ou bisavós imigraram, mas uma porção significativa dos que participam das estatísticas são convertidos de outras fés cristãs. De acordo com o estudo, mais da metade do clero e dos leigos da OCA converteram-se de igrejas protestantes ou católico-romana. Nas igrejas ortodoxas gregas, 29% dos leigos são convertidos, assim como 12% do clero.

Alexei Krindatch, diretor de pesquisas do Instituto, acredita que muitos evangélicos estão passando para igrejas ortodoxas porque buscam por uma igreja não apenas com fortes crenças mas também com profundas raízes históricas. E uma das maiores razões para a conversão dos católico-romanos é seu descontentamento com as modernizações que a igreja tem feito para atingir os mais jovens, Krindatch destacou.

Além da quebra do estereótipo da igreja étnica, o estudo também descobriu que nem todos os cristãos ortodoxos são igualmente "ortodoxos", pois 41% dos membros da igreja descreveram sua posição teológica como "tradicional" enquanto facções consideráveis se indentificaram como "conservadores" (28%) ou "moderado-liberal" (31%).

Também encontram-se divididos sobre evolução e criacionismo no que se refere à educação pública, já que 33% apóiam o ensino do criacionismo ao invés da evolução nas escolas públicas americanas, 35% rejeitam essa idéia e 32% não têm posicionamento sobre a questão. Porém, 41% concordam que "a teoria da evolução é compatível com a idéia de Deus como Criador" enquanto 38% discordam.

Além da diversidade teológica e aumento dos fiéis americanos, Krindatch reforçou que os cristãos ortodoxos não comprometeram suas crenças e tradições.
"Eles não se ajustam à sociedade padrão", ele comentou.

Um indicador da convicção dos ortodoxos, destacou Krindatch, é sua visão consistente contra a ordenação de mulheres. O estudo mostra que apenas três em cada dez paroquianos apoiariam mulheres como acólitas ou diaconisas, e apenas um em cada dez acham que mulheres deve ser elegíveis ao clero ortodoxo. O estudo também mostrou que homens e mulheres expressaram a mesma opinião sobre a ordenação de mulheres.

Além disso, mais que dois-terços dos paroquianos dizem que preferem uma paróquia que exija uniformidade de crença e prática. Apenas um em cada quatro preferem paróquias que toleram a diversidade de crenças e práticas, nas quais as pessoas possuem visões diferentes e discutem abertamente seus desacordos.

A maioria, tanto na Igreja Ortodoxa Grega, quanto na Igreja Ortodoxa na América estão satisfeitos com onde estão agora, com quase a metade dizendo que estão "mantendo fielmente" suas tradições e que devem continuar a fazê-lo.

Ao mesmo tempo, 17% dos membros da Igreja Ortodoxa Grega e 25% dos membros da Igreja Ortodoxa na América sentem que estão "excessivamente apegados" ao seu passado e precisam repensar onde estão agora e decidir sobre novas direções.

Lilian Kwon
Repórter do Christian Post

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Mais sobre os Dias da Rússia no Brasil


Mais excelentes notícias sobre os dias de festa da Igreja Ortodoxa Russa no Brasil, trazidas pelo amigo Felipe Ortiz:

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Prezados amigos,


Gostaria de deixá-los a par de uma notícia adicional envolvendo os "Dias da Rússia" no Brasil. Além do Ícone da Deípara (Nossa Senhora) da Raiz e de Kursk, será trazido ao Brasil também um outro importantíssimo ícone milagroso russo: o Ícone da Deípara Soberana de Kolomenskoye.

Este ícone tem uma história que merece ser mais conhecida. Em 13 de fevereiro de 1917, uma camponesa, Evdokia Adrianovna, teve em sonhos uma visão da Mãe de Deus dizendo-lhe: "Na aldeia de Kolomenskoye, há um grande ícone negro. Ele tem que ser recuperado, para que as pessoas rezem perante ele." Menos de duas semanas depois, em 26 de fevereiro, a mesma camponesa teve em sonhos uma outra visão de uma igreja branca, dentro da qual uma mulher majestosa estava sentada num trono. Muito impressionada, Evdokia decidiu ir a Kolomenskoye (uma aldeia de veraneio dos imperadores russos, próxima de Moscou) tentar encontrar o ícone com que sonhara. Em 2 de março, Evdokia chegou a Kolomenskoye e reconheceu que a Igreja da Ascensão do Senhor, construída no século XVI, era exatamente a igreja que vira em seu segundo sonho.

(Aqui está uma foto dessa Igreja da Ascensão: http://upload. wikimedia. org/wikipedia/ commons/7/ 71/Kolomen00. jpg)

Evdokia entrou na igreja, encontrou o pároco e contou-lhe sobre seus sonhos. O padre, igualmente impressionado, resolveu ajudá-la a vasculhar a igreja em busca de algum ícone que se parecesse com aquele que a camponesa procurava descrever. Uma longa busca não revelou nada de notável. Revirando o porão da igreja, que estava em grande desordem, os dois acabaram encontrando um enorme ícone velho, já bastante escuro, no qual Nossa Senhora estava sentada sobre um trono, exatamente como na visão de Evdokia:


A Mãe de Deus é representada como uma rainha: veste o manto vermelho real, uma coroa, o cetro e o globo dos imperadores russos, e está sentada sobre um trono. Por isso, nesse ícone ela é chamada de "Soberana".

Nesse mesmo dia, 2 de março de 1917, o Tsar São Nicolau II foi obrigado a renunciar ao trono. Era o fim da monarquia cristã ortodoxa russa.

A conexão providencial entre os dois eventos ficou imediatamente evidente para o povo ortodoxo russo: sem mais Tsares ungidos por Deus, era a própria Deípara quem assumia a liderança e a proteção da nação russa.

Rapidamente, o ícone se tornou muito famoso em todo o país e começou a operar incontáveis milagres. São Ticônio, Patriarca de Moscou, colaborou na composição de um ofício litúrgico em honra ao ícone. Em pouco tempo, porém, os revolucionários comunistas chegaram a Kolomenskoye, fecharam a Igreja da Ascensão e confiscaram o ícone. Durante todo o período soviético, ele ficou armazenado num depósito do Museu Histórico Estatal, fora do alcance de seus visitantes e dos fiéis em geral. No final da década de 1980, o ícone foi secretamente restituído à Igreja, com a colaboração clandestina do diretor do Museu. Em 1990, a posse do ícone pela Igreja foi legalizada e ele foi solenemente reconduzido a Kolomenskoye, onde desde então é conservado na Igreja do Ícone da Deípara de Kazan'.

Para esta viagem pela América Latina, o Metropolita Cirilo de Smolensk trará consigo esse Ícone, a fim de que os fiéis ortodoxos latino-americanos possam venerá-lo também. Dessa forma, nas cerimônias religiosas a ser realizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, estarão presentes, juntos, à vista dos fiéis, dois dos ícones miraculosos mais preciosos da história da Igreja Russa: o da Deípara Soberana de Kolomenskoye, protetora da Igreja que sofreu dentro da Rússia depois da Revolução de 1917, e o da Deípara da Raiz e de Kursk, que é a protetora da diáspora dos russos exilados por essa mesma Revolução desde 1920 (pois nesse ano o Bispo Teófanes de Kursk, ao partir para o exílio, levou o ícone consigo, para salvá-lo dos comunistas que pretendiam se apoderar dele, e desde então ele tem sido conservado pela Igreja Russa no Exterior). Estará assim simbolicamente representada, de um modo muito significativo, a unidade restabelecida entre as duas partes da Igreja Russa.

Reforço o convite a todos, portanto, para que compareçam às celebrações marcadas para os Dias da Rússia no Brasil e apresentem as suas orações à Mãe de Deus perante esses seus ícones tão especiais, que já foram venerados por incontáveis santos e produziram inumeráveis milagres -- dos quais o maior, talvez, seja a preservação da Igreja Ortodoxa Russa, dentro e fora do país, ao longo do século XX, apesar de todas as provações suscitadas quer pela perseguição do regime comunista, quer pela difícil sobrevivência como minoria exilada em terras estrangeiras e heterodoxas. As orações da Virgem Maria, que sustentaram continuamente o povo ortodoxo russo, podem dar força espiritual à Ortodoxia brasileira também.


Em Cristo,

Felipe Ortiz

domingo, 12 de outubro de 2008

Dias da Igreja Russa no Brasil

Amigos,


estou partilhando com vocês a excelente notícia que nos traz o amigo Felipe Ortiz. O ícone abaixo é dos Santos Novos Mártires da Rússia, homens e mulheres que foram martirizados pelo comunismo, o socialismo internacionalista. Para explicações detalhadas sobre ele, basta clicar no ícone e serão dirigidos a detalhes de cada figura no site da Igreja Russa de Todos os Santos da América do Norte, na Virgínia. Uma vez no site, basta clicar em cada quadro, que surgirá a explicação.




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Prezados amigos,

A Igreja Ortodoxa Russa, cruelmente perseguida durante a era soviética, vem passando por um processo miraculoso de recuperação desde o final dos anos 1980. Em 1987, havia menos de sete mil paróquias em funcionamento em todo o país e o número total de mosteiros não chegava a vinte. Apenas vinte anos depois, já são quase trinta mil as paróquias em atividade, enquanto os
mosteiros são mais de setecentos.

Essa ressurreição da Igreja Ortodoxa na Rússia foi recentemente acompanhada por um outro evento não menos admirável: a reconciliação entre o Patriarcado de Moscou, que atua principalmente dentro do território russo, e a Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, formada pelas comunidades da diáspora russa espalhada principalmente pela Europa Ocidental, Américas e Oceania. As duas partes da Igreja Russa, que não mantinham relações uma com a outra desde a
década de 1920, voltaram a se reconhecer mutuamente em 2007. Nessa ocasião, a Igreja Ortodoxa Russa no Exterior reintegrou-se ao Patriarcado de Moscou, como uma parte autônoma da Igreja Ortodoxa Russa.

A fim de celebrar esses eventos e, ao mesmo tempo, tornar a Ortodoxia russa mais conhecida e forte na América Latina, a Igreja Ortodoxa Russa, com o apoio do governo da Rússia (que atualmente colabora com a Igreja, em vez de persegui-la), realizará o evento Dias da Rússia nos Países da América Latina. Trata-se da excursão de uma grande comitiva de representantes da Igreja e da cultura russa, durante um mês (17 de outubro a 17 de novembro), por vários países latino-americanos.

Entre eles está o Brasil, que será visitado de 24 de outubro a 31 de outubro. De 24 a 26 de outubro, a delegação estará no Rio de Janeiro; em 27 e 28 de outubro, em São Paulo; e de 29 a 31 de outubro, em Brasília.

Os integrantes da comitiva incluirão: o Bispo João de Caracas, titular da Diocese Sul-Americana da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, consagrado recentemente (em junho) e que fará, nessa ocasião, a sua primeira viagem pastoral pela sua diocese; o Metropolita Platão de Buenos Aires, titular da Diocese Sul-Americana do Patriarcado de Moscou, que também aproveitará a mesma ocasião para uma nova viagem pastoral pela sua diocese; o Metropolita Hilarião de Nova York, primaz da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, em sua primeira visita à América do Sul depois de sua entronização como Metropolita, em maio deste ano; o Metropolita Cirilo de Smolensk, chefe do Departamento de Relações Eclesiásticas Externas do Patriarcado de Moscou, representando o Patriarca Aleixo II; e outros.

A programação incluirá diversas atividades:

a) Celebrações religiosas nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, com a participação de todos os hierarcas acima referidos, bem como de clérigos locais. Haverá uma Divina Liturgia na manhã de sábado, 25 de outubro, na Paróquia Russa de Santa Zenaide, no Rio de Janeiro; no anoitecer deste mesmo dia, haverá uma Vigília no mesmo local. Na manhã de domingo, 26 de outubro, ainda no Rio, haverá uma nova Divina Liturgia. Na manhã de terça-feira, 28 de outubro, já em São Paulo, mais uma Divina Liturgia, provavelmente na Catedral Antioquina de São Paulo. Todas essas cerimônias contarão com a presença de ícones e relíquias sagradas, trazidas da Rússia e dos EUA para a veneração dos fiéis brasileiros. Entre elas, o Ícone da Deípara (Nossa
Senhora) da Raiz e de Kursk, um ícone milagroso encontrado por um caçador em 1295 numa floresta próxima de Kursk, na Rússia, junto à raiz de uma árvore. O ícone verte bálsamo permanentemente e tem um odor que só pode ser descrito como celestial. Além desse milagre contínuo, inumeráveis outros milagres já foram operados pelo ícone. (Mais informações podem ser encontradas aqui: http://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/icon_kursk_p.htm)

Atualmente, o ícone é conservado na Catedral do Ícone da Deípara da Raiz e de Kursk, em Nova York, a sé diocesana do Metropolita Hilarião, que o trará consigo durante esta viagem pela América Latina.

b) A parte musical das cerimônias religiosas mencionadas acima ficará a cargo do Coral do Mosteiro do Encontro (em russo, Sretenskiy Monastyr'), que acompanhará a comitiva russa durante essa jornada latino-americana. Esse mosteiro fica em Moscou e foi fundado em 1397. Tem esse nome porque foi construído no local onde dois anos antes havia sido encontrado o Ícone
miraculoso da Deípara de Vladimir, que impediu a invasão da cidade pelos mongóis. Durante mais de quinhentos anos, o mosteiro foi um dos centros da vida monástica e espiritual moscovita, até ser fechado pelos comunistas em 1925 e ter a maior parte de suas dependências destruída pelo governo da URSS entre 1928 e 1930. Foi poupada apenas a histórica Catedral do Encontro do Ícone da Deípara de Vladimir; porém, esse edifício era utilizado com finalidades seculares. Em 1991, a Catedral foi devolvida à Igreja e retomaram-se as atividades religiosas ali. Em 1994, começou a reconstrução do mosteiro ao seu redor. Hoje o Mosteiro de Sretenskiy, novamente povoado de monges, é mais uma vez um notável centro espiritual para a cidade de Moscou e é, ele próprio, um testemunho vivo da história da ressurreição da Igreja na Rússia. O Coral desse Mosteiro, composto por fiéis leigos, é um dos melhores da Rússia e tem renome mundial. Além de cantar música sacra ortodoxa russa durante as cerimônias diárias do Mosteiro, o Coral tem
realizado apresentações em várias salas de concerto em todo o mundo; nesses concertos seculares, seu repertório compõe-se sobretudo de clássicos da música folclórica russa. Durante os "Dias da Rússia nos Países da América Latina", o público brasileiro terá a oportunidade não apenas de rezar ao som do Coro do Mosteiro durante as cerimônias religiosas mencionadas acima, mas também de apreciar as apresentações seculares do Coro durante três noites:

- domingo, 26 de outubro, no Rio de Janeiro, na Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo (a Antiga Sé);

- terça-feira, 28 de outubro, em São Paulo, no Teatro São Bento (Largo de São Bento);

- quinta-feira, 30 de outubro, em Brasília, no Teatro Nacional Cláudio Santoro, Sala Villa Lobos, às 21h.

Pelas notícias de que disponho até o momento, todas essas apresentações terão entrada franca.

Algumas amostras do que aguarda os ouvintes brasileiros podem ser encontradas no site oficial do Coro do Mosteiro:

http://choir.pravoslavie.ru/page1007_0.htm

(Clique em cada um dos ícones em forma de capa de CD ou de botão roxo, e, na tela que aparecerá a seguir, procure e clique em um dos pequenos botões verdes. Quando terminar a música, clique no botão verde seguinte, e assim por diante. Quando terminar tudo, volte para a tela anterior e repita o processo com outro ícone, e assim por diante.)

c) Em todas as três cidades brasileiras que serão visitadas pela comitiva russa, serão realizadas as exposições "Rússia Ortodoxa" e "Rússia Moderna", que exibirão diversas fotografias e objetos que documentam o renascimento espiritual e cultural da Rússia após o fim do regime comunista. A reconstrução das igrejas e o retorno do povo à fé depois da queda do regime ateu será um dos principais temas dessas mostras. Será também realizada uma exposição de livros publicados recentemente pela Igreja Ortodoxa Russa. Se há apenas vinte anos a publicação de literatura religiosa era praticamente proibida na URSS e a quase totalidade dos livros espirituais que circulavam por ali ou era de produção clandestina ou vinha contrabandeada do exterior,
hoje a Rússia é de longe o maior centro editorial de literatura cristã ortodoxa no mundo e exporta seus livros para as comunidades ortodoxas do mundo inteiro.

d) Em Brasília, será promovido ainda um Festival de Filmes Russos, com longa-metragens de ficção, documentários e desenhos animados contemporâneos de origem russa, que também dão testemunho do renascimento da cultura naquele país. De um modo geral, esses filmes inspiram-se, direta ou indiretamente, nos valores da fé cristã ortodoxa. Na programação inclui-se a obra-prima "A Ilha" (Ostrov), de Pavel Lungin, filmado em 2006. Esse filme,
elogiado pelo Patriarca Aleixo II e amado pela audiência ortodoxa do mundo inteiro, conta a história (fictícia, mas essencialmente semelhante a diversas histórias reais) de um monge asceta da época soviética que correspondia a um tipo particular de santo, o "louco por Cristo" --
indivíduo que, sob inspiração do Espírito Santo, assume uma conduta aparentemente bizarra ou extravagante. Serão apresentadas também várias outras preciosidades que dificilmente chegarão às telas dos cinemas brasileiros, incluindo documentários sobre a vida monástica na Rússia. O Festival será realizado de 29 de outubro a 3 de novembro, no Espaço Cultural
Marcantônio Vilaça do Tribunal de Contas da União. Todas as sessões terão entrada franca. Todos os espectadores ganharão como brinde um DVD com um dos filmes programados. A sessão de abertura contará ainda com a presença dos diretores e atores principais dos filmes do festival, que virão da Rússia para uma conversa com o público.

Para vários desses eventos, os horários e os locais exatos ainda não foram definidos ou divulgados. Convido todos os interessados, porém, a se programar desde já. Divulguem o evento entre seus amigos cristãos ortodoxos, bem como entre os amigos não-ortodoxos que desejam conhecer melhor a Ortodoxia. Será uma grande oportunidade de nos familiarizarmos melhor com a Ortodoxia Russa e travarmos ou reforçarmos o contato com os seus bispos diretamente encarregados da América Latina. Será também uma ocasião para testemunharmos em primeira mão alguns frutos da ressurreição da Igreja e da cultura espiritual ortodoxa na Rússia. Numa época na qual em quase todos os países do Ocidente (inclusive o Brasil) a influência do Cristianismo declina cada vez mais, enquanto cresce o materialismo e a irreligiosidade, é um
grande alento conhecermos melhor a experiência de uma nação que, pela graça de Deus e contra todas as expectativas humanas, está gradualmente passando pela experiência oposta.

Espero encontrar vocês em alguns desses eventos!
Em Cristo,
Felipe Ortiz

P.S.: Para obter informações sobre horários e locais exatos dos eventos, sugiro o contato com as seguintes entidades:

a) No Rio de Janeiro:

- Paróquia Ortodoxa Russa de Santa Zenaide
Rua Monte Alegre, 210
Santa Teresa
Tel.: (21) 2252-1471

- Consulado Geral da Rússia
Rua Professor Azevedo Marques, 50
Leblon
Tel.: (21) 2274-0097

b) Em São Paulo:

- Consulado Geral da Rússia
Avenida Lineu de Paula Machado, 1366
Jardim Everest
Tel.: (11) 3814-4100 ou 3814-1246

c) Em Brasília:

- Embaixada da Rússia
Avenida das Nações
SES, Quadra 801, Lote A
Tel.: (61) 3223-3094 ou 3223-4094