sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Patriarca Bartolomeu I sobre o Filioque



Patriarca Ecumênico:


"Com o Filioque, novas cacadoxias, cismas e heresias foram criadas"



Fonte: "Orthodox Press" - 5/11/2010
http://www.oodegr.com/english/papismos/filioque_cacodoxies.htm



O Patriarca Ecumênico Bartolomeu realizou uma visita oficial e pacífica ao Patriarca da Romênia.


Durante sua visita, ele participou e dirigiu-se ao Santo Sínodo do Patriarcado da Romênia.



Durante sua fala, e depois de referir-se às relações do Patriarcado Ecumênico com o Patriarcado da Romênia, ele disse o seguinte entre outras coisas:



"O Santo Primeiro Sínodo Ecumênico de Niceia da Betânia foi convocado, como sabemos, com o propósito de confrontar a horrenda e blasfema heresia do Arianismo.



O território de Wallachia havia sido igualmente afligido pela calamidade ariana, e mesmo dois bispos da Wallachia - Ursacius e Valens - tinham aceito a heresia e se tornado lobos selvagens ao invés de pastores. Mas felizmente, existiam de fato bons pastores - como existiam em toda a Igreja, que permaneceram vigilantes pelo rebanho das ovelhas racionais de Cristo - e firmes defensores da fé Ortodoxa. Entre eles estava o Bispo Teófilos de Dakia, que foi um dos 318 Santos Pais do 1o. Sínodo Ecumênico e um dos signatários de suas decisões. Subsequentemente, a Igreja romena acrescentou razões para comemorar festivamente o aniversário conduzido.



Os 318 Pais não eram meros bispos ou clérigos. Eram verdadeiros portadores-de-Deus; eles tinham Cristo habitando em seus corações e o Espírito Santo completava sua existência. Eles haviam transcendido o estágio da catarse (purificação), já haviam subjugado todas as paixões repreensíveis e tinham recebido a iluminação divina, que lhes deu o potencial de discernir entre a verdade e a falsidade; entre a luz e as trevas, entre a vontade divina e a vontade do astucioso. Eles foram ricamente agraciados com os frutos do Espírito, "toda bondade, justiça e verdade"(Ef. 5:9). Eles já eram portadores-de-Deus. Era precisamente neste detalhe que eles diferiam de Ário e de todos os hereges, que queriam fazer teologia sem os pre-requisitos da santidade pessoal e que inevitavelmente naufragavam nas obscuras profundezas da ilusão, tagarelando sobre assuntos divinos e não teologando.



Quando Atanásio, o Grande, falou, ele pronunciou as palavras de Deus, O Qual habitava em seu coração. É por isso que o termo "homoousios" (consubstancial) não foi algo inventado por ele, mas uma informação inerrante dada pelo Espírito Santo. Quando Santo Espiridião realizou o milagre com o fragmento de cerâmica, foi o Deus Triuno Quem interviu. Quando São Nicolau confrontou a blasfêmia de Ário de forma veemente e militante, era o próprio Deus quem estalava a chibata da ira de Seu, normalmente desapaixonado, bispo.



É nas pessoas dos Pais que constituíram o Santíssimo Sínodo Patrístico, que temos o exemplo perenial da Teologia inerrante e do precioso arquétipo de um genuíno pai e professor. O 1o Santo Sínodo escreveu - caros irmãos - o primeiro Símbolo da Fé, o qual foi mais tarde completo pelo 2o Santo Sínodo Ecumênico de Constantinopla em 381, com seus 5 últimos artigos. Ambos os santos sínodos serviram ao mais sagrado e nobre propósito na vida dos Cristãos, que não é outro senão a unidade, a concordância na paz da Igreja.



Através de sua determinação dogmática, a qual está sucintamente cristalizada no Símbolo sagrado, eles delinearam o "básico" da fé ortodoxa, cuja transgressão coloca o que ousa perpetrá-la, fora do corpo da Igreja.



No Fanarion, no antigo hall de conferência de nosso Santo e Sagrado Sínodo do Patriarcado Ecumênico, entre outros temas representados, está artisticamente inscrito em nossas quatro paredes o Credo Niceno-Constantinopolitano, o qual claramente denota - na semelhança com um círculo de fogo - aquele "básico" que ninguém pode pensar em ignorar ou contornar.

Bastou, muito tempo depois, a adição de uma única palavra, o conhecido "filioque" para criar novas cacadoxias e cismas e heresias, as quais, até hoje aprisionam a cristandade ocidental longe do Oriente Ortodoxo.



Como observado muito inteligentemente por um teólogo contemporâneo, o Símbolo é um estandarte espiritual, e estandartes têm a missão de unir pessoas de grupos de pensamentos afins, sob ideais comuns. Nós, portanto, que reverentemente cremos em Cristo, nos encontramos sob o estandarte do sagrado Símbolo Niceno-Constantinopolitano que proclama em alto e bom som Quem é o Deus Vivo, Sua Providência por amor de nós, qual é a verdadeira Igreja e qual é a esperança daqueles que crêem.

Nos tempos antigos, o Certificado de Batismo emitido por certas províncias do Patriarcado Ecumênico costumavam ter impressas em circuferência à volta do documento, todo o Sìmbolo, que atuava como conveniente lembrança para o batizado, sobre a verdade salvífica.



E é esta fé salvífica e precisa que somos chamados, nos dias presentes, a preservar sem adulterações e sem danos como um item valioso, assim como devemos vivê-lo em nossas práticas diárias, seguindo nos passos dos Pais Portadores-de-Deus e todos os Santos ao longo dos tempos."