quarta-feira, 29 de junho de 2011

29 de Junho - Dia de S. Pedro e S. Paulo



Leituras do dia

Vésperas

1 Pedro 1:3-9
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 4 para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para vós, 5 que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo; 6 na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, 7 para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; 8 a quem, sem o terdes visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com gozo inefável e cheio de glória, 9 alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.

1 Pedro 1:13-19
13 Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo. 14 Como filhos obedientes, não vos conformeis às concupiscências que antes tínheis na vossa ignorância; 15 mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; 16 porquanto está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo. 17 E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor durante o tempo da vossa peregrinação, 18 sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, 19 mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo,

1 Pedro 2:11-24
11 Amados, exorto-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências da carne, as quais combatem contra a alma; 12 tendo o vosso procedimento correto entre os gentios, para que naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, observando as vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação. 13 Sujeitai-vos a toda autoridade humana por amor do Senhor, quer ao rei, como soberano, 14 quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. 15 Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo o bem, façais emudecer a ignorância dos homens insensatos, 16 como livres, e não tendo a liberdade como capa da malícia, mas como servos de Deus. 17 Honrai a todos. Amai aos irmãos. Temei a Deus. Honrai ao rei. 18 Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos vossos senhores, não somente aos bons e moderados, mas também aos maus. 19 Porque isto é agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente. 20 Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus. 21 Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas. 22 Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano; 23 sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; 24 levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.

Matinas

S.João 21:15-25
15 Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu- lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos. 16 Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas. 17 Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas- me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. 18 Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres. 19 Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: Segue-me. 20 E Pedro, virando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que na ceia se recostara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o que te trai? 21 Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será? 22 Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Segue-me tu. 23 Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não disse que não morreria, mas: se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? 24 Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. 25 E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem.

Divina Liturgia

2 Coríntios 11:21-12:9

21 Falo com vergonha, como se nós fôssemos fracos; mas naquilo em que alguém se faz ousado, com insensatez falo, também eu sou ousado. 22 São hebreus? também eu; são israelitas? também eu; são descendência de Abraão? também eu; 23 são ministros de Cristo? falo como fora de mim, eu ainda mais; em trabalhos muito mais; em prisões muito mais; em açoites sem medida; em perigo de morte muitas vezes; 24 dos judeus cinco vezes recebi quarenta açoites menos um. 25 Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; 26 em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha raça, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; 27 em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. 28 Além dessas coisas exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o cuidado de todas as igrejas. 29 Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase? 30 Se é preciso gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. 31 O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente bendito, sabe que não minto. 32 Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas guardava a cidade dos damascenos, para me prender; 33 mas por uma janela desceram-me num cesto, muralha abaixo; e assim escapei das suas mãos. 1 É necessário gloriar-me, embora não convenha; mas passarei a visões e revelações do Senhor. 2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi arrebatado até o terceiro céu. 3 Sim, conheço o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei: Deus o sabe), 4 que foi arrebatado ao paraíso, e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir. 5 Desse tal me gloriarei, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. 6 Pois, se quiser gloriar-me, não serei insensato, porque direi a verdade; 7 E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; 8 acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; 9 e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo.

S. Mateus16:13-19
13 Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? 14 Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. 15 Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? 16 Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. 18 Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela; 19 dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Do Valor da Obediência

O Sim do Antigo Testamento, e o Sim do Novo Testamento


O preço de conseguirmos tudo o que queremos é nunca termos a chance de nos tornarmos mais do que aquilo que imaginamos.

Se orarmos "Senhor Deus, faça-se a Tua vontade e não a minha", acabamos por descobrir que aquilo que Deus quer dar para nós é infinitamente mais glorioso do que o que nós pedíamos antes que Ele nos desse.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dez Passos para uma vida de oração melhor


http://www.prescottorthodox.org/2011/03/ten-steps-to-a-better-prayer-life/

Neste sempre atual e prático artigo do site da paróquia do Pe. Hans Jacobse, diretor do Instituto Ortodoxo Americano e editor de Orthodoxytoday.org, encontramos uma lista de passos práticos que qualquer um pode dar para deixar sua vida de oração mais ativa e poderosa.

1 - Reservar um espaço de oração: Seja no canto da sua mesa, ou um espaço no seu quarto, é importante ter um lugar onde você possa colocar sua Bíblia, ícones, etc. Dedique o uso deste espaço apenas a Deus.

2 - Reserve um tempo para a oração: Incorpore a oração na sua rotina e reserve um tempo para focar seus pensamentos em Deus.

3 - Adquira uma Biblioteca: Comece com a Bíblia, então arrume um pequeno livro de orações ortodoxas e depois comece a colecionar livros: "Living the Liturgy" (Pe. Stanley Harakas), "O Caminho de um Peregrino" (N.T. este é o único citado com tradução em português. A melhor edição é a da editora Pensamento, com notas explicativas), "For the Life of the World" (Pe. Alexander Schmemann), "Beginning to Pray" (Metropolita Anthony Bloom), "Bread for Life" (Pe. Theodore Stylianopoulos), "The Orthodox Way" (Bispo Kallistos Ware), "Way of the Ascetic (Tito Collander).

4 - Monte um altar: No seu cantinho de oração junte os ícones (de Cristo, da Theotokos, do Anjo da Guarda, do seu santo patrono), livros de ofícios, incenso, velas e lamparinas votivas, uma cruz, cordão de oração, etc. Ore com os seus cinco sentidos.

5 - Ore: Fale de coração. Aprenda as orações da Igreja. Tente a Oração de Jesus ou o Pai Nosso. Também use seus pensamentos e orações próprias.

6 - Tenha um mentor espiritual: Este é um passo muito importante. Construa uma relação ou com algum membro do clero, ou monge ou monja, que se tornará seu orientador espiritual. Ele ou ela irá te ajudar a guiar e dar ritmo a uma vida de oração equilibrada. O sacramento da confissão pode ocorrer com o seu padre.

7 - Jejum e Esmolas: O jejum acrescenta profundidade à sua vida de oração. O seu jejum deve ser regrado de modo a evitar danos físicos e espirituais. Quanto às esmolas, dê onde você vir que há uma necessidade e confie que o Senhor proverá.

8- Construa a partir do que já tem: Se você já tem uma rotina de oração, construa a partir daí. Se, por exemplo, você ora antes de ir dormir, será mais fácil ler um capítulo da Bíblia antes das orações da noite do que tentar arrumar uma hora durante o dia.

9- Santifique tudo que você faz: Mesmo que você tenha separado um lugar e um tempo para a oração, isso não significa que você deva separar a sua vida entre uma hora do "sagrado" e outra do "secular". Privadamente agradeça a Deus pelo que você recebe o tempo todo, e coloque diante dEle todas as suas preocupações e angústias. Dedique tudo que você faz a Ele.

10- Lembre-se do poder da Vivificante Cruz: O sinal da cruz é um lembrete constante de Cristo em nossas vidas. Persignar-se com a Cruz, juntando o dedo médio, indicador e polegar representa Santa Trindade. Os dois dedos restantes, dobrados sobre a palma, representam as duas naturezas de Cristo: Deus e homem. Os cristão ortodoxos persignam-se da cabeça ao peito, e de ombro a ombro, da direita para a esquerda. Este símbolo cheio de significado é singular e nos mostra que a cruz é inspiração, poder e, de fato, o próprio conteúdo das nossas vidas.

sábado, 18 de junho de 2011

Da Natureza do Amor

Amor, o Sol da Justiça

Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. João 15:13

Pessoas não são instrumentos da nossa felicidade para ficarmos ao seu lado enquanto nos fazem felizes ou "tem algo a nos ensinar" e "seguirmos em frente" quando não mais ficamos felizes ou "a experiência já deu tudo que tinha que dar".

Seja para relacionamentos, amizades ou relações familiares, pessoas são seres humanos plenos e não "fases" da nossa vida.

Pelas pessoas, pela amizade das pessoas, Deus deu a Sua própria vida. E é a este amor que somos chamados. O amor que é permanência, que é presença, que tem a força do nascer do sol, de repetir-se com a mesma intensidade do mesmo jeito todos os dias, e assim gera a vida em todo o mundo, e não com a fraqueza de fogos de artifícios multi-coloridos, sempre diferentes e que duram alguns minutos em sua vida estéril e curta e logo somem. Sejamos sóis e não fogos de artifício.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Espírito Santo e Infalibilidade


Espírito Santo: O Único Infalível

O Magistério Infalível
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. João 14:26

A Testemunha Fiel
Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. João 15:26

O Guia da Verdade
Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. João 16:13

A Verdade Infalível pode vir de qualquer lugar
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.João 3:8

Nem o Papa, nem a Bíblia, nem os Concílios são veículos exclusivos da Verdade Infalível. Apenas o Espírito Santo é, e Ele pode se manifestar mesmo fora do Corpo de Cristo (como vemos nas curas a distância de Nosso Senhor). O Espírito pode até favorecer inimigos da Igreja com o fim de trazer os cristãos de volta à vereda do Senhor. Pode até dar voz a uma jumenta para auxiliar o Seu povo. 

Assim, o Espírito da Verdade pode se manifestar de modo infalível na pessoa dos bispos, do primaz dos bispos, nos concílios, nos padres, no arquipadre, nos diáconos, no arquidiácono, nos monges e monjas, nos leigos, na leitura bíblica, na liturgia, nos cânticos, nos teólogos, nos poetas, nos pintores, nos arquitetos, nos escultores, nos palestrantes, nos líderes, nos seguidores, e pode tocar o coração de pagãos (como o centurião que tinha a fé maior do que todos do povo de Deus) ou até de hereges e pecadores sistemáticos (como a mulher samaritana no poço, ou "aqueles que não Te seguem conosco" conforme descrito pelos Apóstolos).

Mesmo assim, a Igreja e a manifestação do Espírito Santo não são idênticos. A graça eclesiástica é uma dentre as muitas graças do Espírito. Isso fica patente precisamente na passagem do "Expulsam demônios mas não te seguem conosco" (S.Lc. 9:49). As "chaves' foram dadas exclusivamente para os Apóstolos - sim Pedro primeiro dentre eles (S. Mt. 16:18;18:18-20)  - mas mesmo assim pessoas que não receberam as "chaves" são capazes de expulsar demônios em nome de Jesus.  Isso prova o que foi dito antes: a graça da Igreja é uma dentre as graças do Espírito Santo e a atuação dEste não se limita ao Corpo de Cristo. Sim, é possível receber e viver graças do Espírito Santo e estar completamente fora da Igreja de Cristo e é possível estar na Igreja sem receber as demais graças. 

Entretanto, o anseio do cristão, nossa meta de vida, amor primeiro e desejo maior é a plenitude do Espírito Santo. Tanto a graça da Igreja quanto os demais dons, sermos completamente Templos do Espírito Santo, imagens de Cristo, Filhos do Pai, coparticipantes da natureza divina (2 Pe. 1:4, S.Jo.17:11).

Então alguns de nós estão na Igreja mas não possuem os demais dons do Espírito Santo. Alguns possuem estes dons, mas não fazem parte da Igreja. Como discernir qual o nosso caso? É o que tratarei em um próximo artigo.

domingo, 12 de junho de 2011

Jugo Desigual

por Padre Chris Metropulos
20 de outubro de 2009


Fonte: HELLENIC Communication Service
http://www.helleniccomserve.com/crtlunequallyyoked.html




Parece que todo lugar em que olhamos hoje em dia, tem alguém falando sobre o casamento. No mundo político, o assunto do assim chamado "casamento gay" é cheio de raiva. O New York Times recentemente publicou que pela primeira vez na história dos EUA o número de mulheres solteiras é maior que o número de mulheres casadas: 51%.

Os comerciais de TV e a internet anunciam websites feitos para te ajudar a encontrar um parceiro, e têm lucrado muito. Há artigos sobre solidão, sobre os problemas dos casamentos, e sobre realização pessoal que condicionam uma mentalidade sobre relacionamentos que parece contrária à sabedoria preservada na Igreja.

Então, como devemos interpretar estes "sinais dos tempos"? Eu sugiro que o entendimento atual sobre o que é o casamento e o que os relacionamentos foram feitos para ser é incompleto para dizer o mínimo.

Vivemos em uma época na qual "eu tenho o direito de ser feliz" parece estar no topo das prioridades da cabeça de todos. O casamento é visto como uma forma de realização pessoal e de felicidade. As relações são avaliadas por quão "felizes" elas fazem as pessoas, e quando a pessoa não se sente mais "feliz" então a relação "acabou". "Minha felicidade" é a medida de todas as coisas e quando esta é abalada, então a fuga é a resposta.

Se este é o modo pelo qual a maioria das pessoas trata o casamento e as relações, será alguma surpresa que exista tanto medo de compromisso e um indíce tão alto de divórcio?

A Igreja nos oferece uma visão radicalmente diferente do casamento e das relações. A Fé nos diz que o casamento não é sobre felicidade pessoal, mas sobre salvação pessoal. As relações nos são dadas, não com fins utilitários de fazer-nos felizes, ou de fazermos crianças, ou mesmo para o sucesso econômico. Eles nos são dadas para nos ajudarem a sermos como Cristo em nossas atitudes e comportamento. As relações foram feitas por Deus para servir como caminhos que nos chamam a sermos cristãos.

Não surpreende que o Apóstolo Paulo tenha insistido que "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?" (2 Coríntios 6:14). Com esta atitude cristã sobre o casamento e as relações, você não escolhe alguém para casar baseando-se na aparência, no dinheiro, ou mesmo na atração física. Você escolhe primariamente baseado em como aquela pessoa pode te ajudar a ser o melhor cristão que você pode ser. Sem isso como o critério primário para seu parceiro pela vida toda, você só vai alimentar a noção de relações descartáveis.

Aqui estão três modos de evitar o 'jugo desigual" e realizar uma escolha sábia para casar-se.

Primeiro - Escolha baseado na Fé. Ninguém deve ter medo de encontrar um parceiro que ame a Deus mais do que o/a esposo/a. A verdade é que um esposo que é comprometido com Cristo e Sua Igreja é uma escolha melhor do que alguém morno na fé. Um cristão ortodoxo comprometido irá levar a sério os mandamentos do Salvador de amar e servir e de fazer o casamento o mais forte possível.

Segundo - Escolha baseado em camaradagem. Um esposo é mais do que um parceiro econômico ou mesmo uma fonte de prazer sexual. Seu esposo é seu companheiro de vida. Isto significa que esta pessoa precisa ser alguém com quem você pode passar durante tempos difíceis. É alguém que vai te ajudar nas horas difíceis e se alegrar contigo nas horas felizes.

Finalmente, escolha baseado na família. Qual é a atitude do seu potencial esposo em relação à família? É a mesma que a sua? Vocês serão pais comprometidos e criar seus filhos em um lar cristão ortodoxo? As respostas a tais questões são fundamentais para que qualquer casamento seja o que ele foi feito para ser.

O maravilhoso paradoxo disso tudo é que quando você procura primeiro o Reino de Deus e coloca a sua fé como a prioridade maior da sua vida, felicidade e alegria te encontram por si sós. Você não estará o tempo todo lutando para ser feliz ou, pior ainda, dependendo de outros para te fazerem feliz. Você vai descobrir que focar a sua vida em Cristo traz todas as outras coisas que você esperava e que você será capaz de recebê-las como presentes ao invés de como um "direito" de uma vida auto-centrada e amesquinhadora da alma.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Verdade. Beleza. Cristo.


O cristianismo ortodoxo ensina que existe uma clara diferença entre Deus, que é incriado, e o mundo, que é criado. Deus é bom, e porque Deus criou o mundo, o mundo é bom; mas o mundo também é caído, e como resultado disso surgem novas diferenças: entre o velho e o novo, morte e vida, o profano e o sagrado, todos os tons de sombras e a própria Luz. A salvação pode ser entendida como o crescimento da pessoa humana, saindo das categorias anteriores para as posteriores – do velho, do morto, do profano, e das sombras para o novo, para a vida, o sagrado e para a luz. Esta jornada de salvação nos é apresentada de modo profundo nos estilos e formas tradicionais do culto cristão.

Considere, por exemplo, o uso da língua litúrgica. A língua que utilizamos em nossos ofícios de culto contém um estilo elevado que é digno da mensagem elevada que pretende transmitir – a mensagem da salvação. Então, a língua litúrgica é feita para reforçar no adorador a percepção da distinção entre o mundo dos homens que ele deixa para trás, e o mundo de Deus que ele é chamado a entrar. E não é só a linguagem: a arquitetura da igreja, a música, a iconografia, as vestimentas, cada uma destas é, dentro da Igreja, um modo de expressão único que é divinamente inspirado.

Existem os que crêem que o ofício de culto não deveria reforçar a distinção entre o sagrado e o profano. Para eles, a estética da igreja deve imitar a estética secular – bandas de rock contemporâneas ao invés de música litúrgica, cartazes inspiracionais ao invés de ícones, “células” ao invés de sacramentos. Mas tudo isso pode ter uma conseqüência perigosa: o mundo de Deus desaparece.

Se a forma da arte da Igreja for igual à forma da arte do homem caído, então não haverá expressão material da nossa salvação, e a Igreja terá desistido do núcleo do seu testemunho na terra. Nossa salvação só é possível porque o Deus Imaterial assumiu a criação material (isto é, Deus que é Espírito, tomou sobre Si a carne e a natureza humanas). Portanto, a Igreja utiliza a criação material tanto para anunciar a verdade da Encarnação em sua plenitude, mas também para permitir nossa participação no Senhor que ascendeu ao Céu, carregando a Criação Consigo.

Os modos de expressão do homem são corrompidos, e portanto, inadequados para a tarefa de adquirir conhecimento a respeito de Deus, dado que fluem a partir de nosso estado pecaminoso. Já os modos de expressão da Igreja são divinamente inspirados e portanto um e outro não podem ser idênticos. As formas materiais particulares da Igreja não sugerem um Deus distante de nosso mundo caído, mas, ao contrário, proclamam Sua presença em nosso meio.

Considere duas realidades fundamentais da relação do homem com Deus: primeiro que caímos e ficamos longe de Deus; e em segundo lugar, que Deus veio nos restaurar para Ele. A Igreja proclama ambos, mas não o realiza amarrando Deus em nossa natureza partida, mas elevando o homem à perfeição que é Deus. O culto, para o cristão ortodoxo, não é o ato de fazer Deus ser real para nós – isto já foi realizado por Cristo – mas de fazermos nós mesmos sermos reais para Deus.

Cristo realiza a deificação do homem através de Sua participação na natureza humana criada, e o homem se apropria dessa deificação pela participação no Divino, especialmente através da vida sacramental da Igreja. Este encontro do humano com o divino é uma experiência física total, que não se limita ao intelecto, mas afeta tudo que é da natureza humana, incluindo seus cinco sentidos.  A arte secular exerce uma enorme influência na alma, precisamente porque o ser humano é uma unidade integrada de corpo e alma, do físico e do espiritual. A Igreja, então, utiliza a matéria – ou, por outra, a criação material – para produzir formas de arte espiritualizadas que adornam, expressam e clarificam os Mistérios Sacramentais da Igreja, tornando-as, assim, instrumentos da deificação do homem. A iconografia, o canto, os hinos, são Mistérios em si mesmos, porque, diferentemente da arte secular, possuem a capacidade de deificar.

Por esta razão, nossa linguagem e iconografia e canto devem ser diferentes das do mundo caído, e devemos nos conformar estritamente às normas estabelecidas pelos divinamente inspirados Pais da Igreja, cujas próprias almas estavam purificadas a ponto deles terem tornado-se límpidos canais da influência divina.

Considerando esta necessária relação entre a possibilidade da salvação e a arte sacra utlizada para proclamar esta possibilidade, podemos dizer que o modo pelo qual um grupo de cristãos cultua diz ao mundo o que ele acredita a respeito da encarnação de Cristo.

Adaptado de “The Pentecostarion”, publicado pelo Monastério da Santa Transfiguração, em Brookline, Massachusetts.

Artigo original em: http://www.antiochian.org/discover