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domingo, 6 de janeiro de 2013

Sobre Ser Feliz




Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. 

Mateus 11:12
Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso? 

Lucas 12:49
Porque nosso Deus é um fogo devorador. 

Hebreus 12:29
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. 

Apocalipse 3:16


Existe uma felicidade "morna" e que é falsa. Trata-se de uma felicidade que alguns chamam de burguesa mas acomete também os pobres e os bilionários além da burguesia. É a felicidade da ausência de problemas, da "paz" que no trajeto do herói é uma das tentações que podem fazê-lo desviar-se da jornada heroica se ele não resistir. Não viemos ao mundo para uma vida de mais ou menos. Viemos para felicidade esfuziante, e para isso, às vezes, temos que abdicar do que é meramente "certo" no sentido de que não causa problemas, para até, se for o caso, comprar brigas e problemas em uma estrada mais gloriosa e brilhante.


Estava ouvindo uma das aulas do Seminário de Filosofia do Olavo de Carvalho e ele cita o Louis Lavelle que diz algo mais ou menos assim, que temos que nos afastar até do círculo das pessoas com quem cultivamos simpatias e empatias naturais para conviver com aquelas com quem teremos a oportunidade de realizar nossas verdadeiras vocações espirituais, ou seja, realizar a nós mesmos, nos tornarmos aquilo para que Deus nos criou. Podemos combinar isso com a primeira citação do Lavelle que o Olavo fez, sobre apenas em momentos isolados termos perfeita clareza do sentido de tudo na nossa vida e que de ordinário nossos sentimentos e visão se fecham para isso e somos envoltos novamente nas trevas. Manter a memória desses momentos, mesmo apesar do cinismo que diz que eles são ilusões, mesmo apesar da dor que nos causa não os termos conosco e nos seduz a racionalizarmos que podemos ficar sem dor se apenas desistirmos dessa felicidade esfuziante é um exercício constante, e que só pode ser realizado precisamente com aquelas tais pessoas com quem podemos realizar nossa vocação espiritual. A felicidade morna não se sustenta e necessariamente se desfaz, decaindo novamente no inferno como vemos na citação do Apocalipse acima. O "violento" é o que luta pelo Reino de Deus, a grande felicidade na nossa vida, para viver uma vida de fogo e intensidade. É necessário resistir à tentação da felicidade morna para conquistarmos a felicidade brilhante.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Asceticismo e a Sociedade Livre





Na última sexta-feira tive a oportunidade de apresentar um trabalho na conferência anual do Instituto Sophia, no Union Theological Seminary. O tópico deste ano era "Casamento, Família, e Amor na Tradição Ortodoxa". O título do meu trabalho foi "O que constitui uma sociedade?" e focava, no contexto do casamento e da família, no desenvolvimento de uma resposta cristã ortodoxa para a questão. As respostas católico-romanas e neo-calvinistas, respectivamente subsidiariedade e esfera de soberania, embora não mutuamente exclusivas, recebem atenção frequente no PowerBlog, mas, até onde sei, nenhuma resposta ortodoxa foi claramente articulada, e por isso pode ser difícil saber onde começar. Estou convicto, porém. que, conforme o tópico da minha pesquisa, que uma resposta ortodoxa historicamente razoável para essa questão pode ser encontrada no conceito de asceticismo, corretamente entendido.

Embora eu não vá reproduzir meu trabalho aqui, pretendo resumir brevemente dois de seus pontos fundamentais que podem ser de interesse geral. Primeiramente, o que é asceticismo? Em segundo lugar, como pode o asceticismo ser visto como um princípio organizacional da sociedade? Finalmente, tenciono explorar rapidamente a relevância deste princípio para uma sociedade livre, tema que vai além do escopo do meu trabalho.

Considerando a primeira questão, é muito importante reconhecer que existem muitas formas de asceticismo. A palavra vem do grego "askesis" e significa basicamente "exercício". Aplicada a nossas vidas espirituais, possui a conotação de recusar confortos para o corpo com o fim de treinar nossas almas através de oração, jejum, doação de esmolas, etc. Mais frequentemente, entretanto, as pessoas lembram apenas dos sentidos negativos quando escutam a palavra, como, por exemplo, o tipo de asceticismo que S. Paulo denuncia na Epístola aos Colossenses dizendo: 

Se em Cristo estais mortos aos princípios deste mundo, por que ainda vos deixais impor proibições, como se vivêsseis no mundo?
Não pegues! Não proves! Não toques!,
proibições estas que se tornam perniciosas pelo uso que delas se faz, e que não passam de normas e doutrinas humanas.
Elas podem, sem dúvida, dar a impressão de sabedoria, enquanto exibem culto voluntário, de humildade e austeridade corporal. Mas não têm nenhum valor real, e só servem para satisfazer a carne. 
Colossenses 2:20-23

O problema com este tipo de asceticismo era que ele confundia os meios com os fins. As disciplinas ascéticas (oração, jejum, esmolas, simplicidade, etc) não são um fim em si mesmas, não para o cristão ao menos. A atitude correta pode ser vista em muitos dos ditos dos pais do deserto, nos quais, por exemplo, eles criticam os que recusam hospitalidade em nome do jejum.

Ao invés, de acordo com S. Moisés, o Etíope, estas disciplinas "devem ser degraus de uma escada na qual o coração ascende ao perfeito amor". E de acordo com o Pe. George Florovsky, "o verdadeiro asceticismo é inspirado não pelo desdém, mas pelo desejo de transformação". O corpo não é visto como algo mau e que merece ser mal-tratado, mas como um instrumento para melhorarmos nossas almas, exercitando-nos nas virtudes e, em última instância, no amor. É o meio pelo qual mortificamos nossos membros na terra e colocamos nossas mentes nas coisas que são de cima (cf. Colossenses 3:1-11). Desta forma, o asceticismo cristão tem, na verdade, uma visão excepcionalmente elevada do corpo: ele não é mau, nem sem valor espiritualmente, mas essencial para nosso desenvolvimento espiritual.

Mas como pode o asceticismo, de ordinário associado exclusivamente com monges e místicos, ser um princípio social? Como escrevi em meu trabalho,

Podemos confirmar isto refletindo nos hábitos cotidianos da família. Não chamamos de disfuncional a família na qual as crianças podem comer sorvete no café-da-manhã, onde a família não passa nenhum tempo juntos voluntariamente, e a desobediência nunca é disciplinada? Não chamamos, com razão, de irresponsáveis os pais que abandonam seus filhos, recusando-se a sacrificarem-se para prover a eles, e que, ao invés, buscam uma existência egoísta? Famílias saudáveis, por outro lado, têm refeições juntas de acordo com as limitações dietéticas auto-impostas ("coma seus legumes, depois pode comer a sobremesa", por exemplo); eles compartilham espaços e tempo uns com os outros; os pais sacrificam seu tempo e desejos para trabalhar para prover para seus filhos; os filhos tem o dever de realizar tarefas domésticas para contribuir com a casa, e assim por diante. A sociedade simplesmente não "funciona" sem a auto-renúncia ascética.

Em meu trabalho, clarifico: "É verdade, tal asceticismo pode ser considerado leve por qualquer padrão e não a corporificação perfeita do ideal, mas o princípio básico deve, mesmo assim, estar presente." Compreendido desta forma, não há sociedade que possa sobreviver sem algum grau de asceticismo.

Eu acho esta perspectiva particularmente adequada à tradição ortodoxa porque ainda existe uma expectativa de que todos pratiquem o asceticismo em certa medida. Quartas e sextas são dias de jejum, e os períodos do Advento e da Quaresma, entre outros, são épocas nas quais maior ênfase é dada, não apenas ao jejum, mas também à oração, esmolas, simplicidade, arrependimento, etc. O asceticismo intencional é ainda um elemento fundamental do ethos ortodoxo, e a tradição ortodoxa está cheia de sabedoria sobre o modo ascético de vida.

Tudo isto está bem e é bom, mas o que significa para uma sociedade livre? De acordo com Edmund Burke,

A sociedade não pode existir, a menos que um poder que controle a vontade e o apetite seja colocado em algum lugar, e quanto menos exista interiormente, mais dele existirá exteriormente. Está ordenado na constituição eterna das coisas, que homens de mentes intemperantes não podem ser livres. Suas paixões forjam seus próprios grilhões.

O asceticismo é historicamente o meio pelo qual os cristãos esmerilham-se, em cooperação com a Graça, para colocar um "poder que controle a vontade e o apetite". Quanto mais autodomínio as pessoas tiverem dentro de si, mais limitado o governo delas pode ser. Quanto mais austeras as próprias pessoas forem, mais terão para dar ao próximo, reduzindo a necessidade de assistência do governo. É assim que a austeridade no governo requer uma cultura de austeridade e generosidade.

Em nossa nação hoje em dia (o autor refere-se aos EUA), ambos são largamente necessários. Temos um problema com o débito que apenas se torna maior a cada dia, e uma parcela significativa disto é devido a termos realizado promessas às gerações futuras que não podemos realisticamente manter se nossas atitudes e práticas em relação a dívidas e déficits não mudarem. Estamos, ao mesmo tempo, prometendo às nossas crianças todo tipo de direitos, muitos dos quais louváveis e que valeriam preservar, mas os quais, postos todos ao mesmo tempo, são economicamente insustentáveis em nosso atual estado. Se quisermos que nosso governo torne-se mais austero em prol da responsabilidade fiscal - e devemos querer isso - então também temos que encorajar uma cultura mais ascética, na qual a austeridade é realizada por generosidade e amor, ou seja, o verdadeiro asceticismo. O asceticismo deve ser visto como um modo de vida, que mantém a sociedade coesa, e por meio do qual somos verdadeiramente livres. De outra forma, seremos prisioneiros de nossas paixões que "forjam nossos grilhões", e precisaremos apenas olhar no espelho para sabermos a quem devemos culpar.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dez Passos para uma vida de oração melhor


http://www.prescottorthodox.org/2011/03/ten-steps-to-a-better-prayer-life/

Neste sempre atual e prático artigo do site da paróquia do Pe. Hans Jacobse, diretor do Instituto Ortodoxo Americano e editor de Orthodoxytoday.org, encontramos uma lista de passos práticos que qualquer um pode dar para deixar sua vida de oração mais ativa e poderosa.

1 - Reservar um espaço de oração: Seja no canto da sua mesa, ou um espaço no seu quarto, é importante ter um lugar onde você possa colocar sua Bíblia, ícones, etc. Dedique o uso deste espaço apenas a Deus.

2 - Reserve um tempo para a oração: Incorpore a oração na sua rotina e reserve um tempo para focar seus pensamentos em Deus.

3 - Adquira uma Biblioteca: Comece com a Bíblia, então arrume um pequeno livro de orações ortodoxas e depois comece a colecionar livros: "Living the Liturgy" (Pe. Stanley Harakas), "O Caminho de um Peregrino" (N.T. este é o único citado com tradução em português. A melhor edição é a da editora Pensamento, com notas explicativas), "For the Life of the World" (Pe. Alexander Schmemann), "Beginning to Pray" (Metropolita Anthony Bloom), "Bread for Life" (Pe. Theodore Stylianopoulos), "The Orthodox Way" (Bispo Kallistos Ware), "Way of the Ascetic (Tito Collander).

4 - Monte um altar: No seu cantinho de oração junte os ícones (de Cristo, da Theotokos, do Anjo da Guarda, do seu santo patrono), livros de ofícios, incenso, velas e lamparinas votivas, uma cruz, cordão de oração, etc. Ore com os seus cinco sentidos.

5 - Ore: Fale de coração. Aprenda as orações da Igreja. Tente a Oração de Jesus ou o Pai Nosso. Também use seus pensamentos e orações próprias.

6 - Tenha um mentor espiritual: Este é um passo muito importante. Construa uma relação ou com algum membro do clero, ou monge ou monja, que se tornará seu orientador espiritual. Ele ou ela irá te ajudar a guiar e dar ritmo a uma vida de oração equilibrada. O sacramento da confissão pode ocorrer com o seu padre.

7 - Jejum e Esmolas: O jejum acrescenta profundidade à sua vida de oração. O seu jejum deve ser regrado de modo a evitar danos físicos e espirituais. Quanto às esmolas, dê onde você vir que há uma necessidade e confie que o Senhor proverá.

8- Construa a partir do que já tem: Se você já tem uma rotina de oração, construa a partir daí. Se, por exemplo, você ora antes de ir dormir, será mais fácil ler um capítulo da Bíblia antes das orações da noite do que tentar arrumar uma hora durante o dia.

9- Santifique tudo que você faz: Mesmo que você tenha separado um lugar e um tempo para a oração, isso não significa que você deva separar a sua vida entre uma hora do "sagrado" e outra do "secular". Privadamente agradeça a Deus pelo que você recebe o tempo todo, e coloque diante dEle todas as suas preocupações e angústias. Dedique tudo que você faz a Ele.

10- Lembre-se do poder da Vivificante Cruz: O sinal da cruz é um lembrete constante de Cristo em nossas vidas. Persignar-se com a Cruz, juntando o dedo médio, indicador e polegar representa Santa Trindade. Os dois dedos restantes, dobrados sobre a palma, representam as duas naturezas de Cristo: Deus e homem. Os cristão ortodoxos persignam-se da cabeça ao peito, e de ombro a ombro, da direita para a esquerda. Este símbolo cheio de significado é singular e nos mostra que a cruz é inspiração, poder e, de fato, o próprio conteúdo das nossas vidas.

domingo, 12 de junho de 2011

Jugo Desigual

por Padre Chris Metropulos
20 de outubro de 2009


Fonte: HELLENIC Communication Service
http://www.helleniccomserve.com/crtlunequallyyoked.html




Parece que todo lugar em que olhamos hoje em dia, tem alguém falando sobre o casamento. No mundo político, o assunto do assim chamado "casamento gay" é cheio de raiva. O New York Times recentemente publicou que pela primeira vez na história dos EUA o número de mulheres solteiras é maior que o número de mulheres casadas: 51%.

Os comerciais de TV e a internet anunciam websites feitos para te ajudar a encontrar um parceiro, e têm lucrado muito. Há artigos sobre solidão, sobre os problemas dos casamentos, e sobre realização pessoal que condicionam uma mentalidade sobre relacionamentos que parece contrária à sabedoria preservada na Igreja.

Então, como devemos interpretar estes "sinais dos tempos"? Eu sugiro que o entendimento atual sobre o que é o casamento e o que os relacionamentos foram feitos para ser é incompleto para dizer o mínimo.

Vivemos em uma época na qual "eu tenho o direito de ser feliz" parece estar no topo das prioridades da cabeça de todos. O casamento é visto como uma forma de realização pessoal e de felicidade. As relações são avaliadas por quão "felizes" elas fazem as pessoas, e quando a pessoa não se sente mais "feliz" então a relação "acabou". "Minha felicidade" é a medida de todas as coisas e quando esta é abalada, então a fuga é a resposta.

Se este é o modo pelo qual a maioria das pessoas trata o casamento e as relações, será alguma surpresa que exista tanto medo de compromisso e um indíce tão alto de divórcio?

A Igreja nos oferece uma visão radicalmente diferente do casamento e das relações. A Fé nos diz que o casamento não é sobre felicidade pessoal, mas sobre salvação pessoal. As relações nos são dadas, não com fins utilitários de fazer-nos felizes, ou de fazermos crianças, ou mesmo para o sucesso econômico. Eles nos são dadas para nos ajudarem a sermos como Cristo em nossas atitudes e comportamento. As relações foram feitas por Deus para servir como caminhos que nos chamam a sermos cristãos.

Não surpreende que o Apóstolo Paulo tenha insistido que "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?" (2 Coríntios 6:14). Com esta atitude cristã sobre o casamento e as relações, você não escolhe alguém para casar baseando-se na aparência, no dinheiro, ou mesmo na atração física. Você escolhe primariamente baseado em como aquela pessoa pode te ajudar a ser o melhor cristão que você pode ser. Sem isso como o critério primário para seu parceiro pela vida toda, você só vai alimentar a noção de relações descartáveis.

Aqui estão três modos de evitar o 'jugo desigual" e realizar uma escolha sábia para casar-se.

Primeiro - Escolha baseado na Fé. Ninguém deve ter medo de encontrar um parceiro que ame a Deus mais do que o/a esposo/a. A verdade é que um esposo que é comprometido com Cristo e Sua Igreja é uma escolha melhor do que alguém morno na fé. Um cristão ortodoxo comprometido irá levar a sério os mandamentos do Salvador de amar e servir e de fazer o casamento o mais forte possível.

Segundo - Escolha baseado em camaradagem. Um esposo é mais do que um parceiro econômico ou mesmo uma fonte de prazer sexual. Seu esposo é seu companheiro de vida. Isto significa que esta pessoa precisa ser alguém com quem você pode passar durante tempos difíceis. É alguém que vai te ajudar nas horas difíceis e se alegrar contigo nas horas felizes.

Finalmente, escolha baseado na família. Qual é a atitude do seu potencial esposo em relação à família? É a mesma que a sua? Vocês serão pais comprometidos e criar seus filhos em um lar cristão ortodoxo? As respostas a tais questões são fundamentais para que qualquer casamento seja o que ele foi feito para ser.

O maravilhoso paradoxo disso tudo é que quando você procura primeiro o Reino de Deus e coloca a sua fé como a prioridade maior da sua vida, felicidade e alegria te encontram por si sós. Você não estará o tempo todo lutando para ser feliz ou, pior ainda, dependendo de outros para te fazerem feliz. Você vai descobrir que focar a sua vida em Cristo traz todas as outras coisas que você esperava e que você será capaz de recebê-las como presentes ao invés de como um "direito" de uma vida auto-centrada e amesquinhadora da alma.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Anúncio sobre Vassula Ryden pelo Patriarcado Ecumênico



A Igreja Ortodoxa, seguindo estritamente o exemplo e o ensino luminosos dos Santos Apóstolos, o ensino dos Pais da Igreja que sucederam estes Apóstolos, e as decisões divinamente inspiradas dos Sínodos Ecumênicos, resguarda como uma pérola valiosa a fé da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica a qual é vivenciada por todos os cristãos através da participação nos Sacramentos e toda a vida espiritual do divinamente fundado corpo eclesiástico.

Portanto, são rejeitados sempre como uma inovação inaceitável, quaisquer movimentos ou tensões geradas, pessoais ou coletivas, em menosprezo ou ruptura com os dogmas da fé e vida cristã ortodoxa dentro da Igreja como único caminho para a salvação de nossas almas, especialmente as auto-proclamadas personalidades "supostamente carismáticas".

Neste espírito, e para a proteção benéfica da plenitude dos fiéis ortodoxos em face de uma perigosa confusão espiritual, ao não perceberem bem as questões nais quais há risco de ilusão, expulsamos da Igreja Mãe, Vasiliki Paraskevis Pentaki-Ryden, conhecida como "Vassula", e sua organização fundada sob o título "Verdadeira Vida em Deus"(True Life in God) que precipitada e frivolamente prega ensinos baseados no suposto "diálogo direto entre ela(Vassula) e o Fundador da Igreja, Jesus Cristo, Nosso Senhor"; assim como (expulsamos) os que foram conquistados por ela e os apoiadores do "Verdadeira Vida em Cristo", que escandaliza a mentalidade ortodoxa dos crentes piedosos,e se desvia voluntariamente dos ensinos da Igreja, dados por Deus.

Assim, convocamos todos os proponentes destas inovações inaceitáveis e os apoiadores que as mantêm, os quais a partir de agora não são mais aceitos na comunhão eclesiástica,  não somente a não estarem envolvidos no trabalho pastoral da sua Santa Metrópolis local, mas também a não pregarem os ensinos novos, para que se evitem as devidas sanções de acordo com os Santos Cânones.

Expressamos, finalmente, a profunda tristeza do Patriarcado Ecumênico a respeito dos atos de nove membros do clero da Igreja Ortodoxa - felizmente são poucos - que se descobriu estarem em diálogos com a dita "Vassula" e lhe concederam um "certificado de Ortodoxia".

No Patriarcado, 16 de março de 2011
do Secretário-Chefe do Santo e Sagrado Sínodo

Original: http://www.ec-patr.org/docdisplay.php?lang=gr&id=1306&tla=gr
Traduzido do inglês, no site: http://www.johnsanidopoulos.com/2011/03/announcement-on-vassula-ryden-by.html

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Punks Ortodoxos


Um grupo de punks da Califórnia convertidos à Igreja Ortodoxa "ressuscitou" um zine que era editado por monges ortodoxos do Mosteiro de São Germano do Alasca, o "Death to the World", "Morte para o Mundo". Hoje, com a assistência espiritual dos monges realizam um trabalho junto aos jovens de tribos semelhantes abordando temas como suicídio, drogas, sexo e quanto mais os jovens se interessarem, tudo sob perspectiva ortodoxa. Seu trabalho também inclui a divulgação das vidas dos santos para que os jovens tenham bons exemplos e referências.

"Morte para o mundo" tem um significado técnico específico na ascese cristã. O "mundo" é o "reino dos sentidos e dos impulsos". Hoje em dia as paixões são idolatradas como uma forma de auto-afirmação. Siga o que diz seu coração, faça o que der vontade, é o lema. Porém, paixão, tem a mesma origem de passividade, tanto que a pessoa de paixões intensas é muito "passional". Ser passional é ser passivo embora isto não esteja claro nos dias modernos. A pessoa que se deixa levar por impulsos egoístas, glutões, luxuriosos, acidiosos é fundamentalmente um joguete seja do ambiente que a cerca, dos amigos, família, inimigos, estranhos e mesmo demônios. A paixão é a reação passiva que temos ao que quer que se imponha a nós, desde um prato fumegante até a oferta de dinheiro ilícito; da mentira da droga como experiência até a soberba intelectual; desde o desejo da satisfação sexual imediata até os "sofisticados" fascínios da vaidade (lembram-se do "Advogado do Diabo"? :) ) Não é à toa que a sociedade hoje é feita de "pessoas-massa" acéfalas. São todas pessoas cheias de paixões.

Não podemos nos deixar enganar pelo fato de a palavra paixão, em português, significar também amor intenso. Não é disso que os santos e os amigos punks aí de cima estão falando, e tampouco é "amor intenso" o que nos guia no dia a dia - algo que percebemos apenas se tivermos um mínimo de humildade. Ou será que alguém vai dizer que é amor intenso que o faz querer ficar com várias pessoas, aceitar "um por fora" para fazer algo "levemente" ilegal, ou tirar onda (leia-se humilhar) com pessoas que não tem algo que temos?

O "mundo" são todas estas paixões que impedem que experimentemos a verdadeira Paixão, aquela que é tão nobre que denomina a própria ação de Deus no Seu caminho de nossa Salvação: A Paixão de Cristo. Esta sim é a suprema "passividade" no sentido de aceitar "passivamente" até a tortura e a morte por muito amar. Como Ele disse em S. João 15:

13 Ninguém tem maior amor do que este: dar a sua vida pelos seus amigos.

Isto é Paixão, com P maiúsculo. O resto é conversa fiada.

O site dos caras:
Death to the World!

E uma entrevista com eles:
http://audio.ancientfaith.com/illuminedheart/IH26-JohnandMarina_081207.mp3