quarta-feira, 8 de junho de 2011
Verdade. Beleza. Cristo.
O cristianismo ortodoxo ensina que existe uma clara diferença entre Deus, que é incriado, e o mundo, que é criado. Deus é bom, e porque Deus criou o mundo, o mundo é bom; mas o mundo também é caído, e como resultado disso surgem novas diferenças: entre o velho e o novo, morte e vida, o profano e o sagrado, todos os tons de sombras e a própria Luz. A salvação pode ser entendida como o crescimento da pessoa humana, saindo das categorias anteriores para as posteriores – do velho, do morto, do profano, e das sombras para o novo, para a vida, o sagrado e para a luz. Esta jornada de salvação nos é apresentada de modo profundo nos estilos e formas tradicionais do culto cristão.
Considere, por exemplo, o uso da língua litúrgica. A língua que utilizamos em nossos ofícios de culto contém um estilo elevado que é digno da mensagem elevada que pretende transmitir – a mensagem da salvação. Então, a língua litúrgica é feita para reforçar no adorador a percepção da distinção entre o mundo dos homens que ele deixa para trás, e o mundo de Deus que ele é chamado a entrar. E não é só a linguagem: a arquitetura da igreja, a música, a iconografia, as vestimentas, cada uma destas é, dentro da Igreja, um modo de expressão único que é divinamente inspirado.
Existem os que crêem que o ofício de culto não deveria reforçar a distinção entre o sagrado e o profano. Para eles, a estética da igreja deve imitar a estética secular – bandas de rock contemporâneas ao invés de música litúrgica, cartazes inspiracionais ao invés de ícones, “células” ao invés de sacramentos. Mas tudo isso pode ter uma conseqüência perigosa: o mundo de Deus desaparece.
Se a forma da arte da Igreja for igual à forma da arte do homem caído, então não haverá expressão material da nossa salvação, e a Igreja terá desistido do núcleo do seu testemunho na terra. Nossa salvação só é possível porque o Deus Imaterial assumiu a criação material (isto é, Deus que é Espírito, tomou sobre Si a carne e a natureza humanas). Portanto, a Igreja utiliza a criação material tanto para anunciar a verdade da Encarnação em sua plenitude, mas também para permitir nossa participação no Senhor que ascendeu ao Céu, carregando a Criação Consigo.
Os modos de expressão do homem são corrompidos, e portanto, inadequados para a tarefa de adquirir conhecimento a respeito de Deus, dado que fluem a partir de nosso estado pecaminoso. Já os modos de expressão da Igreja são divinamente inspirados e portanto um e outro não podem ser idênticos. As formas materiais particulares da Igreja não sugerem um Deus distante de nosso mundo caído, mas, ao contrário, proclamam Sua presença em nosso meio.
Considere duas realidades fundamentais da relação do homem com Deus: primeiro que caímos e ficamos longe de Deus; e em segundo lugar, que Deus veio nos restaurar para Ele. A Igreja proclama ambos, mas não o realiza amarrando Deus em nossa natureza partida, mas elevando o homem à perfeição que é Deus. O culto, para o cristão ortodoxo, não é o ato de fazer Deus ser real para nós – isto já foi realizado por Cristo – mas de fazermos nós mesmos sermos reais para Deus.
Cristo realiza a deificação do homem através de Sua participação na natureza humana criada, e o homem se apropria dessa deificação pela participação no Divino, especialmente através da vida sacramental da Igreja. Este encontro do humano com o divino é uma experiência física total, que não se limita ao intelecto, mas afeta tudo que é da natureza humana, incluindo seus cinco sentidos. A arte secular exerce uma enorme influência na alma, precisamente porque o ser humano é uma unidade integrada de corpo e alma, do físico e do espiritual. A Igreja, então, utiliza a matéria – ou, por outra, a criação material – para produzir formas de arte espiritualizadas que adornam, expressam e clarificam os Mistérios Sacramentais da Igreja, tornando-as, assim, instrumentos da deificação do homem. A iconografia, o canto, os hinos, são Mistérios em si mesmos, porque, diferentemente da arte secular, possuem a capacidade de deificar.
Por esta razão, nossa linguagem e iconografia e canto devem ser diferentes das do mundo caído, e devemos nos conformar estritamente às normas estabelecidas pelos divinamente inspirados Pais da Igreja, cujas próprias almas estavam purificadas a ponto deles terem tornado-se límpidos canais da influência divina.
Considerando esta necessária relação entre a possibilidade da salvação e a arte sacra utlizada para proclamar esta possibilidade, podemos dizer que o modo pelo qual um grupo de cristãos cultua diz ao mundo o que ele acredita a respeito da encarnação de Cristo.
Adaptado de “The Pentecostarion”, publicado pelo Monastério da Santa Transfiguração, em Brookline, Massachusetts.
Artigo original em: http://www.antiochian.org/discover
sábado, 19 de março de 2011
O que é tão atraente na Ortodoxia?
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Obstáculos para tornar-se Ortodoxo
Não é incomum ouvir alguém dizendo que "se tornou ortodoxo", sendo que o a pessoa quer dizer é que passou a "fazer parte da Igreja Ortodoxa". Pois uma coisa é fazer parte da Igreja, se tornar formalmente um membro do Corpo de Cristo, mas é bem outra nos tornarmos interiormente ortodoxos, isto é, entrar profunda e verdadeiramente no espírito e modo de vida da Igreja. A maioria do clero ortodoxo não recebe as pessoas na Igreja muito rapidamente e sem um catecismo adequado, mas ainda assim deixa-se passar alguma coisa. Ao longo dos anos, por exemplo, nós vimos dúzias de pessoas se juntando à Igreja mas nunca tornarem-se ortodoxas, como pode ser confirmado por seu abandono, ou fundação de seitas, cismas, cultos ou grupos para-eclesiásticos. Além disso, já vimos acontecer isto, tragicamente, mesmo depois de décadas de participação formal na Igreja.
Não se trata apenas de quantos ingleses(*) mais tarde abandonam a Igreja Ortodoxa, passado o entusiasmo inicial, mas também de russos, gregos e outros. Assim, por exemplo, sabemos de um russo de segunda geração que mais de trinta anos atrás foi circuncidado e tornou-se judeu. Sabemos também de um professor russo de primeira geração que batizou seus filhos na igreja anglicana, pois, como ele disse, "estamos na Inglaterra agora". Por outro lado, pelo menos seis dos sacerdotes da diocese anglicana de Londres são cipriotas gregos. Tendo nascido e sido criados na Inglaterra, eles decidiram há muito que a Ortodoxia era apenas para os gregos, e já que eles eram ingleses agora, eles tinham que se tornar anglicanos. Incontáveis outros exemplos de apostasia poderiam ser citados, incluindo os russos de segunda e terceira geração na França que se tornaram católicos romanos.
Quais são, então, os obstáculos para se tornar ortodoxo no verdadeiro sentido da palavra? O que pode dar errado? Para descobrir isso, temos que analisar primeiro a questão sob a luz das quatro características da Igreja, conforme definidas em nosso Credo. Ali, a Igreja é definida como "Una, Santa, Católica e Apostólica". É nesta luz que encontraremos as respostas para nossas perguntas.
Intelectualismo versus Unidade
A unidade da Igreja é afastada pelo intelectualismo. Este perigo é particularmente forte entre os convertidos dos países ocidentais. O intelectualismo ataca a unidade da Igreja porque toda tendência intelectual é divisiva, criando tanto apoiadores quanto inimigos, que dizem que são de Paulo, de Apolos e de Cefas, mas não de Cristo (I Cor 1, 12). Não devemos esquecer que todos os grandes hereges foram intelectuais, desde os helenos e gnósticos do primeiro século, até Arius e Nestório e os neo-gnósticos modernos e renovacionistas. A influência destes últimos é particularmente forte em países com imigração russa, notavelmente na França e nos EUA, mas também na Bélgica e na Inglaterra.
A tendência intelectualista vem de fora da Igreja, do mundo heterodoxo. Ali é comumente acreditado que a fé só pode ser compreendida pela razão ou pelo intelecto. Esse racionalismo é hostil ao ethos da Igreja, onde acreditamos e sabemos por experiência que o conhecimento não vem da razão humana, mas da purificação do coração. De fato, é apenas quando o coração é purificado, através de práticas ascéticas de oração e jejum e dos sacramentos postos juntos, que a razão ou o intelecto podem ser iluminados. Por outras palavras, na Igreja, o conhecimento vem até nós através da luta contra o pecado e da batalha pela virtude, seguindo os mandamentos, e não através do vão conhecimento de livros. Este último apenas nos deixa cheios de nós mesmos, e torna suas vítimas voluntárias em vaidosos joguetes do demônio, racionalistas pretensiosos que inspiram ou o deboche ou a piedade dos outros.
O intelectualismo divide, porque seus adeptos em seus grupos e panelas trabalham contra a unidade da Igreja de Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13:8). A unidade pode ser encontrada apenas na fidelidade à Tradição, o depósito confiado aos santos e que somos chamados a guardar (1 Timóteo 6:20). Nas inovações podemos ter certeza que encontraremos o espírito intelectualista, estranho ao Deus Vivo e Sua Igreja.
Espiritualismo versus Santidade
A santidade da Igreja é afastada pelo espiritualismo. O Espiritualismo confunde o que é autenticamente espiritual com a ilusão emocional do orgulho (ilusão em eslavônico é prelest, em grego plani, em latim illusio). Esta também foi uma das grandes fraquezas da imigração russa, mas hoje também é encontrada no velho calendarismo sectário grego. Este espírito é trazido para a Igreja desde fora, de todos os tipos de teorias mundanas mas "espirituais" e de filosofias estranhas como o antroposofismo e guenonismo, sectarianismo e espírito de culto. Tudo isso forma atrações para esferas desencarnadas do ser, que são habitadas por espíritos malignos (que estão desencarnados), sob a ilusão de que são planos existenciais angélicos e não satânicos.
Talvez, o mais óbvio representante desta escola tenha sido o russo Evgraf Kovalevsy. Entretanto, ele foi apenas o caso mais claro de muitos, dessa doença espiritual, que era particularmente forte entre a imigração russa em Paris, que a havia trazido com eles desde S. Petersburgo. Muitos deles participavam na Igreja, mas eles trouxeram com eles a doença e tentavam disseminá-la na Igreja. Eles não compreendiam que um interesse em "espiritualidade" não é o mesmo que a prática da virtude. Um interesse na "espiritualidade" pode ser muitíssimo perigoso, pois o demônio é um ser espiritual. Isto é especialmente visível em caso de interesse em espiritualidade heterodoxa ou não-cristã, como o "Franciscanismo" (a qual, os santos russos do século XIX repetidamente apontavam, era a própria definição de ilusão espiritual) ou interesse em espiritualidade muçulmana, hindu ou budista.
O espiritualismo, com sua falta de foco desencarnada e neo-gnóstia, pode ser vista materializada na inconografia borrada de muitos representantes da imigração russa em Paris. A falta de clareza e definição em seus ícones assinala seu espírito desencarnado. Isto representa uma falsa santidade, que não é santidade de forma alguma, mas uma falta de habilidade de penetrar o interior da Igreja por causa de uma impureza do espírito.
Filetismo versus Catolicidade
A catolicidade da Igreja é afastada pelo filetismo, palavra baseada na equivalente grega para raça. A palavra poderia ser traduzida como racismo, mas é normalmente expressa como nacionalismo ou etnicismo. É particularmente comum entre os gregos e outros ortodoxos dos Balcãs, que suportaram o fardo Turco e seu sistema de guetos. É por isso que o filetismo foi primeiramente condenado em Constantinopla, no século XIX. Entretanto, os outros ortodoxos não estão de forma alguma imunes ao filetismo e temos visto muitos exemplos na Igreja Russa no Exílio e em outras partes da Igreja Russa. Ainda assim, ironicamente, temos encontrado o filetismo em sua forma mais virulenta entre os ortodoxos que são ex-anglicanos, entre os quais apenas o inglês é utilizado com algumas palavras em línguas estrangeiras incorretamente pronunciadas, e onde se opera uma forma sutil porém dolorosa de racismo anti-grego, anti-romeno ou anti-russo. Um exemplo recente disto é uma exigência de um recém-convertido americano para que se tenha um "patriarca americano". Isto significa alguém de cabelo curto, sem barba, nascido nos EUA e que dá sermões enquanto masca chicletes? O que todos nós precisamos em nossos respectivos países é de patriarcas santos - suas nacionalidades são radicalmente irrelevantes. Se não há santidade, como alguém pode ser salvo? A nacionalidade simplesmente não é um critério.
O filetismo, ou como poderíamos chamá-lo, racismo, exclui os ortodoxos que não pertencem à nacionalidade majoritária de uma igreja em particular. Apenas recentemente, e não longe daqui, encontramos o caso de um grupo que excluía os ortodoxos ingleses de seus ofícios e comunhão porque eles não eram "escuros o suficiente para serem um de nós". Aparentemente, cabelos loiros ou olhos azuis eram equivalentes a excomunhão. Também encontramos um outro caso no qual os não-sérvios eram proibidos de venerar um ícone de São Savas, porque "ele só pode ser venerado por sérvios". Tais casos são frequentes demais para mencionarmos aqui.
O filetismo fala e age contra a catolicidade, isto é, universalidade em todos os tempos e lugares da Igreja. Ele divide racialmente e é contra qualquer solução ao problema canônica da diáspora de múltiplas "jurisdições" ou dioceses em um mesmo território geográfico. A solução para o problema é clara - ela existia na América do Norte antes da Revolução Russa, onde múltiplas nacionalidades estavam unidas em uma diocese comum. Aqueles que quebraram esta unidade terão muito a responder no fim dos tempos.
Esteticismo versus Apostolicidade
A apostolicidade da Igreja é afastada pelo esteticismo. Isso significa que a profundidade do ensino da Igreja, pregado e expresso pelos apóstolos em sua confissão e martírio, é contrariado por uma atitude superficial para com a vida na Igreja. Aqueles que vêm à igreja para acender uma vela fazem bem, enquanto estão ali, mas ficam por apenas alguns minutos. Hoje em dia, este esteticismo é talvez o maior problema de todos, pois este mal do nominalismo afeta a maioria dos ortodoxos batizados. Aqueles que entendem a Igreja como uma peça de teatro, aqueles que vêm para serem comovidos pelo cantico ocidentalizado, ou para venerar ícones ocidentalizados, aqueles que se sentem comovidos pelo aroma do incenso, estão todos deixando de perceber o principal.
O esteticismo vê a igreja como uma experiência emocional que é boa por vinte minutos algumas vezes por ano. Ele não percebe as grandes verdades espirituais, e portanto morais, da Crucificação, Ressurreição e da Redenção. A Igreja existe por causa do sangue dos mártires e dos sofrimentos dos confessores. Sem sofrimento, não haveria Igreja. A Igreja, Corpo de Cristo, é fundada no Sangue de Cristo, a Eucaristia é fundamentada em Seu Corpo e Sangue. Uma abordagem rasa e superficial da vida na Igreja, típica do nominalismo, não leva a um estilo de vida justo, muito menos santo. E seremos julgados sobre como levamos nossa vida, e não sobre nossas emoções inevitavelmente impuras.
O esteticismo age contra a apostolicidade da Igreja, contradiz a profundeza da experiência espiritual dos apóstolos, que trabalharam e sofreram pelo benefício da humanidade, relembrando que o Chefe dos Apóstolos é o próprio Cristo, enviado pelo Pai para a redenção de toda a humanidade. O esteticismo deixa completamente de lado nosso compromisso vital com as verdades espirituais e morais que todos os ortodoxos são chamados a exemplificar em nossas vidas diárias.
Conclusão
As quatro características que definem a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica são resumidas em uma única palavra: Ortodoxa. É por isso que falamos "Igreja Ortodoxa", uma forma curta de dizermos "A Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica". É por isso que, se caírmos em algum dos "ismos" acima, intelectualismo, espiritualismo, filetismo ou esteticismo, nós inevitavelmente caímos da Igreja Ortodoxa. Fiquemos em guarda, em sobriedade mantendo a vigília sobre nós mesmos contra estas quatro ilusões: "Seja sóbrio, seja vigilante, porque nosso adversário, o demônio, como um leão que ruge, caminha por aí, buscando que poderá devorar" (1 Pedro 5:8).
Arcipreste Andrew Phillips,
Colchester,
Inglaterra
3/16 Fevereiro 2009
Justos Simeão e Profetiza Ana,
S. Nicolas do Japão
(*) Nota do Tradutor: O autor do artigo é um padre que serve na Inglaterra.
sábado, 13 de novembro de 2010
A Importância da Doutrina Correta
o texto abaixo é a tradução de um podcast realizado por um padre ortodoxo americano. Para os que não conhecem, podcasts são como programas de rádio só que transmitidos pela internet. Este padre realizou toda uma série de podcasts comparando a fé ortodoxa com as demais fés religiosas e este texto faz parte da introdução. Abaixo encontrarão também o link para a série original, sendo que ela é em inglês.
Espero que aproveitem!
Na maior parte das áreas de nossas vidas, nos preocupamos com a verdade. Um caixa tem que saber quanto de troco terá que dar. Uma enfermeira tem que aplicar a quantidade correta do medicamento no paciente. Um matemático checa e confere suas provas. Um júri escuta todos os fatos para encontrar a verdade em um julgamento. O professor de história tem que conhecer os nomes e datas corretos.O cientista publica seu trabalho para ser conferido por seus pares, de modo a garantir que todos estejam obtendo os mesmos resultados. Em todos estes casos e mais, o que importa não é a opinião, é a verdade.
Mesmo assim, parece que quando chegamos nas questões religiosas e espirituais, e nas questões morais que as acompanham, aí nos tornarmos relativistas. Ao invés de perguntarmos o que Deus realmente é, perguntamos, "O que é Deus para mim?" Ao invés de perguntarmos qual o significado de Deus ter se tornado homem, nós sugerimos que "tá bom se algumas pessoas acreditarem porque elas querem". Ao invés de perguntarmos se Deus espera algo de nós, nós jugamos as expectativas religiosas pelo que nós mesmos queremos. A busca da objetividade é atirada pela janela, e a subjetividade reina.
Este problema fundamental é piorado por causa da falta de familiaridade com as ferramentas do conhecimento espiritual; isto é, as pessoas não estão fazendo o que é necessário para ver a verdade. Se um astrônomo recusa-se a utilizar um telescópio, ou se um biólogo não quisesse utilizar um microscópio, nos diríamos que eles, na melhor das hipóteses, possuem um conhecimento incompleto de seus campos. De um ponto de vista cristão, o que está faltando é pureza de coração; como Jesus disse: "Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus".Também está faltando a orientação para alcançarmos esta pureza, que deveria vir daqueles que viram Deus e passam a experiência à frente para a próxima geração.
Platão definiu o mesmo problema quando escreveu A República e utilizou a famosa alegoria da caverna. Nesta alegoria, prisioneiros acorrentados em uma caverna por todas as suas vidas acreditam que toda a realidade é definida pelas sombras que vêem na parede. Se um dos prisioneiros escapasse, encontrasse a saída e visse o sol e toda a realidade como ela é, como ele poderia descrever a sua experiência para pessoas cuja realidade consiste de sombras? Quando ele retornasse à caverna, tentando reajustar-se à vida na escuridão, os que ali permaneceram provavelmente iriam ridicularizá-lo como tendo enlouquecido pela sua experiência ao invés de iluminado. Tal é o fardo de muitos fiéis hoje.
Eu sugiro que a grande batalha espiritual de nossa época não é entre crentes e ateístas; ao invés, é uma luta entre o orgulho e a humildade. Esperamos e exigimos humildade em quase todas as áreas da vida: o que importa é o que é objetivamente verdadeiro, não o que cada um de nós por acaso acha que é verdade. Não são nossos gostos que são importantes. Mas quando se trata das questões mais importantes, deixamos a humildade de lado e nos colocamos no centro do universo. Esta tentação do orgulho é comum, mesmo entre os crentes em Deus.
Uma das pressuposições básicas desta série de podcasts é que a verdade não é relativa, e que o Cristianismo Ortodoxo representa a plenitude da verdade - o locus da revelação de Deus em Cristo. Desta posição básica, analisaremos vários grupos religiosos e seus ensinamentos, vendo o que temos em comum e o que temos de diferente. Porque a verdade não é relativa, todos os seres humanos devem estar dispostos a colocar de lado o que preferiríamos que fosse verdade e aceitar o que realmente é verdadeiro, mudando a nós mesmos, nossas atitudes, e nossas crenças sempre que necessário.
Se tornou politicamente incorreto em nosso tempo falar-se como se uma crença em particular fosse verdade e outra falsa. E mesmo assim, eu consigo lembrar bem claramente em minha própria história de vida que vários grupos religiosos em nossa cultura costumavam achar que suas próprias crenças eram verdades e, então, concluir pela lógica que as outras deveriam ser falsas.
Hoje, porém, esta conclusão - e, acima de tudo, expressá-la publicamente, é vista como sendo não caridosa, não amorosa. De fato, em nosso tempo, discordâncias públicas sobre religião são entendidas como ofensivas. Porque vivemos em uma época do politicamente correto, recebemos alguns mandamentos de teologia cultural que dizem:
Todas as religiões são basicamente a mesma coisa;
O que importa é viver uma vida boa;
Todos adoramos o mesmo Deus;
Religião é uma questão privada;
Não imponha suas crenças sobre os outros;
Nenhuma religião está certa em tudo;
Nós vamos descobrir o todo da verdade quando chegarmos no Céu;
Pensamentos como os acima possuem uma idéia comum por trás deles: que as crenças sobre Deus e sobre a natureza da realidade não são muito importantes. Por isso é que não deveriam ser discutidas em público. Por isso é que os detalhes de cada uma delas não seriam tão importantes. Por isso é que não deveríamos tentar converter as pessoas para nossa fé. Não existe esse negócio de "verdade absoluta". Tudo é relativo - exceto, talvez, o fato de que tudo é relativo.
E mesmo assim, para quase tudo na vida - seja na política, na saúde, ou mesmo nas tabelas de pontos de nossos times de futebol - nós exigimos seriedade, detalhe, precisão. Distraída por estas coisas transientes, nossa cultura conseguiu ignorar um silogismo básico:
Se realmente existe um Deus, então quem Ele é e o que Ele pode querer de nós são mais importantes do que tudo no universo.
Como pessoas que acreditam em Deus, nosso negócio não é "ser agradável". Nosso negócio é a verdade. O propósito destes podcasts é examinar as diferenças entre a fé da Igreja Ortodoxa e as fés de outras comunhões cristãs e não-cristãs.
Evidentemente, como um padre ortodoxo, é minha crença que a fé cristã ortodoxa é a única verdadeira. Eu não seria ortodoxo se eu não acreditasse que a Igreja Ortodoxa é a verdade revelada por Deus em seu filho Jesus Cristo. Minha fé é tal que, se eu encontrar uma parte da fé ortodoxa que não faça sentido para mim ou me parecesse incorreta, então sou eu que preciso ser reformado, e não a Igreja.
De fato, esta é a visão de todas as religiões tradicionais, clássicas, ao contrário do estilo consumista moderno de compreensão da fé que é popular em nossa cultura - que cada pessoa é o árbitro final do que é verdadeiro ou falso, que ela pode ficar escolhendo que pedacinhos de cada espiritualidade ou crença ela quer para si, em um tipo de buffet religioso.
A natureza da verdade, entretanto, é ser verdade independente do que qualquer um pensa a respeito. Em face da verdade, não há opiniões. A maioria das pessoas acredita nisso, mas não costumam aplicar isso na questão que mais importa: quem é Deus, e o que Ele quer de mim?
Existe o bem e existe o mal. Existe a verdade e existe a falsidade. Estas pressuposições básicas, fundamentadas em nossa existência do dia-a-dia, deveriam ser a base de todos os nossos pensamentos e ações relacionadas à verdade suprema.
Se você já visitou o site Facebook (Nota do Tradutor: um site como o Orkut, mais utilizado por americanos), você provavelmente sabe que os usuários podem montar seus perfis detalhando com várias pequenas informações sobre quem são e o que fazem. Um dos detalhes que podem ser especificados é rotulado "Visão religiosa". É isso que a maioria das pessoas pensa quando tratam de religião, que é uma questão de "visão", que religião é uma opinião que você tem, algo que você acha. Repare que o Facebook nem mesmo usa o termo "crença".
Para as religiões mais tradicionais, entretanto, a fé não é meramente um conjunto de visões; ao contrário, a fé religiosa é todo um modo de vida, uma forma de viver com propósito que, no seu cerne, possui objetivos que fundamentam tudo no modo como vivemos.
Assim, o Facebook representa uma filosofia secularista, a qual não é tanto uma negação das verdades espirituais, mas divide em compartamentos isolados os elementos da vida, em categorias elegantes nas quais uma nada tem a ver com a outra. Nesta caixa eu guardo minhas visões econômicas. Nesta outra estão minhas opiniões sobre a televisão à cabo. Nesta aqui estão minhas preferências de leituras, e nesta eu mantenho minha religião. Até a palavra religião - que eu não gosto de utilizar em relação à Igreja Ortodoxa - significa algo bem diferente. A palavra latina "religio" significa reconexão. Construir e reconstruir relações.
Aquilo com o qual você está tentando se relacionar varia de uma religião para outra, mas o ponto comum é que existe algo acontecendo de fato. Não é simplesmente algo que você acha ou concorda e não é apenas sobre você: existe um Outro.
Isso é verdade para tudo na vida. Meu irmão é um engenheiro químico. Minha irmã é bióloga. Dá para tentar imaginar o que foi que deu em mim de virar padre. Mas eles sabem que é assim, que não é sobre opinião. Se não acredita neles, pergunte a um médico, um físico ou psicólogo. Pergunte a um pedreiro, a um faxineiro. Eles vão te dizer que o que você acredita e o que você faz fazem diferença. Se você crê ou faz algo diferente, vai obter resultados diferentes.
O que me preocupa é que normalmente não aplicamos este princípio básico ao que mais importa na vida humana. No contexto religioso, esta verdade fundamental significa que religiões diferentes - porque crêem e praticam coisas diferentes - vão chegar a resultados diferentes.
Às vezes, estes resultados diferentes são todos jogados sob o mesmo rótulo de salvação. Mas o que significa ser salvo? Para o hindu que pratica yoga, a salvação significa ser liberado do corpo físico e ser absorvido no esquecimento do universo; para o Budista é a aniquilação da personalidade individual no Nirvana. Eu te garanto que não é isso que a salvação significa para um batista. Mas o que um batista quer dizer com salvação e o que um ortodoxo quer dizer, também não são a mesma coisa. Assim, os membros das diferentes fés possuem diferentes métodos de chegar aonde eles querem chegar.
Além disso, porque existem a verdade e a falsidade, e porque a maioria das religiões tradicionalmente alegam que suas fés são verdadeiras e as outras são pelo menos de alguma forma falsas, isso significa que alguns crentes religiosos estão fundamentalmente errados sobre suas crenças e práticas. Isto significa que eles não irão obter os resultados que pensam que terão.
Na fé cristã ortodoxa, nosso único propósito na vida é nos tornarmos mais como Jesus Cristo. Se vamos para o céu depois de morrermos é apenas um elemento de um quadro muito maior. Este quadro maior é, em útima instância, a Santa Trindade.
A vida do cristão ortodoxo tem um objetivo: união com a Santíssima Trindade - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - o Deus Uno que criou todas as coisas. O caminho para esta união é Jesus Cristo, o Deus-Homem, a segunda Pessoa da Santa Trindade. A Salvação é a obtenção da vida eterna.
Em João 17, em sua oração ao Pai antes de Sua crucificação, Jesus define o que isso significa. Ele disse: "E isto é a vida eterna: que eles Te conheçam, o único verdadeiro Deus, e Jesus Cristo, o qual Tu enviastes." Conhecer Deus - isso é o que a vida eterna significa, e não simplesmente viver para sempre.
Ele ora assim depois: "E a glória que Tu me entregastes, Eu entreguei a eles. Para que sejam um, como Nós somos um; Eu neles, e Tu em Mim, para que eles sejam feitos perfeitos em Um, e que o mundo possa saber que Tu Me enviastes, que Tu os amastes como amastes a Mim."
Assim, na fé cristã ortodoxa, ser salvo - ter a vida eterna - significa amar a Deus em Jesus Cristo. Também significa receber de Jesus a glória que Ele recebeu de Seu Pai. Na realidade, a salvação é muito, muito mais do que escapar do inferno quando morrermos. É um conhecimento profundo e íntimo de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.
Neste conhecimento profundo - o qual é experiência mais do que acumulação de fatos - aqueles que estão sendo salvos recebem a própria glória de Deus. Ir para o céu ou para o inferno no momento da morte significa simplesmente que nossa experiência de Deus durante esta vida continua na próxima, embora muito amplificado. Se amamos a Deus e o conhecemos profundamente, nossa experiência será de infinita e intensa felicidade. Se rejeitamos a Deus nesta vida - ou simplesmente O ignoramos - nossa experiência deste amor nos será completamente estranha e sentida como sofrimento. Ele derrama o mesmo amor sobre todos. Alguns querem, outros não.
É por isso que a doutrina correta importa. É por isso que heresias são tão perigosas. Toda a nossa doutrina está orientada para termos um conhecimento íntimo de Deus, porque o tipo do conhecimento que tivermos dele vai determinar nosso destino eterno, nossa existência perpétua na vida que há de vir. Este conhecimento depende da nossa vontade de vivenciar a doutrina correta em nossas vidas diárias.
Vamos supor que espalhassem por aí que sou um homossexua praticante. Não é verdade, mas porque algumas pessoas acreditariam, isso afetaria suas relações comigo. Porque sou um padre, poderia afetar até as relações entre os membros da paróquia. Muitas relações como muitas pessoas seriam quebradas. Algumas pessoas certamente aceitariam e tentariam se aproximar, mas também estas relações seriam baseadas em uma realidade distorcida. Algumas pessoas de fora da paróquia poderiam ouvir esta fofoca e nunca nos visitarem ou considerarem a conversão. Aqueles mais próximos de mim - minha esposa e família - teriam suas vidas grandemente perturbadas se acreditassem nesta mentira. Destruíria a minha vida familiar, o que iria reverberar por nossos parentes, amigos, a unidade da paróquia e assim por diante - tudo por causa de uma crença errada a respeito de quem sou.
Talvez a fofoca não fosse tão séria. Suponhamos que dissessem que eu tenho um problema com bebidas. Os efeitos provavelmente seriam tão sérios quanto, embora não tão escandalosos. De toda forma, todas as relações seriam afetadas, não de acordo com a moral de cada um, isto é, não dependeria de se eles praticaram o bem ou o mal, mas dependeria daquilo que eles acreditavam sobre mim e como reagiram a essa crença.
Agora aumente muito este efeito aplicado à adoração e conhecimento do próprio Deus do universo. Algumas doutrinas falsas sobre Ele, podem causar uma destruição espiritual inimaginável. Outras podem até ter um efeito menor. Mas todas elas, em um grau ou outro, nos afastam da verdade, do puro conhecimento do único e verdadeiro Deus. Isto irá afetar como e se receberemos a glória de Deus, e como iremos experienciá-lO na próxima vida.
Viver uma vida moral de acordo com a lei Deus é realmente fundamental para a nossa vida em Cristo, mas não é suficiente. A religião não é apenas a ética. Devemos conhecer Deus conforme Ele realmente é. É por isso que a doutrina correta importa.
domingo, 16 de maio de 2010
O Que Sobrou da Religião
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Confissão de Fé contra o ecumenismo
Confissão de Fé contra o ecumenismo
Emitida pela convenção dos clérigos e monges Ortodoxos da
Grécia, abril de 2009
Tradução por Ricardo Williams / Revisão por Fábio L. Lins
Nós que, pela Graça de Deus, recebemos os dogmas da compaixão, e que em tudo seguimos a Igreja Uma, Santa, Católica e Apostólica, cremos que:
O único caminho para a salvação da humanidade [i] é a fé na Santíssima Trindade, a obra e os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e seu seguimento dentro de Seu Corpo, a Santa Igreja.
Cristo é a única luz verdadeira [ii]; não há outras luzes que nos iluminem, ou outros nomes pelos quais somos salvos: “E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.” [iii].
Todas as outras crenças ou religiões que ignoram e não confessam “que Jesus Cristo veio em carne” [iv] são criações humanas e obras do diabo [v], que não trazem o verdadeiro conhecimento de Deus, nem o renascimento através do santo Batismo – ao contrário, enganam os homens e os levam à perdição.
Como cristãos, professamos nossa fé na Santíssima Trindade e afirmamos que nosso Deus não é o mesmo de outras religiões – nem mesmo das outras supostas religiões monoteístas, como o judaísmo e o maometanismo, que não crêem na Santíssima Trindade.
Por dois mil anos, a Igreja, fundada por Cristo e guiada pelo Espírito Santo, permaneceu firme e inabalável na verdade salvífica que nos foi ensinada por Cristo, legada aos Apostólos e preservada pelos seus Santos Pais. Durante seus três primeiros séculos, ela não cedeu sob as perseguições dos judeus ou dos pagãos; pelo contrário, ela nos deixou uma multidão de mártires e se fez vitoriosa, provando assim sua origem divina.
Conforme nos ensinou São João Crisóstomo, de maneira tão bela: “Nada é mais forte que a Igreja... se lutares contra um homem, irás conquistá-lo ou serdes conquistado. Mas se tu lutares contra a Igreja, não será possível sair-se vitorioso, pois mais forte é Deus”. [vi]
Após o fim das perseguições e seu triunfo sobre seus inimigos externos – isto é, judeus e pagãos – os inimigos internos da Igreja multiplicaram-se e fortaleceram-se. Surgiram diversas heresias, mas com um só objetivo: usurpar ou adulterar a fé que nos foi legada, a fim de confundir os fiéis e abalar sua confiança no Evangelho e na Tradição Apostólica.
Quando São Basílio Magno descreveu a situação eclesiástica contemporânea criada pela heresia de Ário, inclusive no âmbito administrativo, ele disse: “Os dogmas dos Pais da Igreja são ignorados, a tradição apostólica fenece, observam-se nas igrejas as invenções dos mancebos; as pessoas buscam inovações ao invés de buscarem a teologia; a sabedoria do mundo parece superar a glória da Cruz. Os pastores são expulsos, e em seu lugar são colocados lobos que dispersam o rebanho de Cristo”. [vii]
O que ocorreu com os inimigos externos – as religiões – também ocorreu com os internos – as heresias. Através de suas grandes luminárias, os Pais da Igreja, ela afirmou e solidificou a fé ortodoxa através das decisões de sínodos locais e concílios ecumênicos, visando esclarecer certos ensinamentos dúbios, mas sempre pelo consenso de todos os Pais, em todas as questões de fé.
Portanto, temos plena segurança ao seguir os Santos Pais e respeitarmos os limites por eles traçados. As expressões “seguir nossos Santos Pais” e “respeitar os limites que eles traçaram” são um caminho seguro e reto, e uma “válvula de segurança” para a fé e o modo de vida ortodoxos. Assim sendo, demonstramos as posições básicas de nossa Confissão:
1) Nós afirmamos, integralmente e sem alteração, tudo aquilo que os santos sínodos e os pais da Igreja proclamaram. Aceitamos tudo aquilo que eles aceitaram, e condenamos tudo aquilo que eles condenaram; e também cessamos relações com aqueles que inovam em matéria de fé.
Não adicionamos, removamos ou alteramos ensinamento algum. Pois o teóforo Santo Inácio de Antioquia já havia escrito que: “aquele que afirma algo em contrário ao que foi proclamado – mesmo que seja confiável, mesmo que pratique o jejum, mesmo que seja celibatário, mesmo que faça milagres – é um lobo em pele de cordeiro, que visa corromper o rebanho”.
São João Crisóstomo, ao interpretar as palavras de São Paulo em Gálatas I : “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema”, ele observa que o Apóstolo “não disse ‘se tentarem proclamar algo contrário’ ou ‘se tentarem mudar tudo’, mas que se alguém pregar outro evangelho, por menor que seja a diferença, mesmo que meramente sugerido, seja anátema”. [viii]
Ao anunciar suas resoluções contra os iconoclastas ao clero de Constantinopla, o VII Concílio Ecumênico afirmou: “seguimos as tradições da igreja católica, e não omitimos ou nos repetimos mas, sendo educados à moda dos Apóstolos, guardamos as tradições que nos foram dadas, aceitando e respeitando tudo que a Igreja recebeu desde seu início, seja oralmente ou por escrito [...] pois o julgamento legítimo e honesto da Igreja não permite alterações em seu meio, ou tentativas de subtrair coisa alguma.
Nós, portanto, seguindo as leis de nossos Pais, tendo recebido a graça do Espírito, preservamos de modo correto todas as coisas da Igreja, sem inovações ou subtrações”. [ix]
Juntamente com os Santos Padres e os Sínodos, também rejeitamos e anatematizamos todas as heresias surgidas durante toda a história da Igreja. Das velhas heresias que sobrevivem até os dias de hoje, condenamos o arianismo (que perdura nos testemunhas de Jeová) e o monofisismo – tanto na forma extrema de Êutiques, quanto nas formas mais moderadas de Dióscoro e Severo de Antioquia – conforme as decisões do IV Concílio Ecumênico de Calcedônia, os ensinamentos cristológicos de nossos Santos Pais e Teólogos, como São Máximo o Confessor, São João Damasceno, São Fócio Magno e nossos ofícios e liturgias.
2) Nós proclamamos que o papismo é o berço das heresias e falácias. A doutrina do “filioque” – ou seja, que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho – é contrária à tudo aquilo que o próprio Cristo nos ensinou sobre o Espírito Santo.
O consenso dos Pais da Igreja, tanto nos sínodos quanto individualmente, considera o papismo uma heresia, pois além do filioque ele gerou uma legião de falácias, como a primazia e a infalibilidade do Papa; uso de ázimos (hóstia); o purgatório; a imaculada conceição da Theotokos; graça criada; venda de absolvição (indulgências); entre outros, além de alterar todo o ensinamento e prática pertinente ao Batismo, Crisma, Eucaristia e demais sacramentos, além de fazer da igreja uma nação secular.
O papismo contemporâneo produziu desvios nos ensinamentos da Igreja ainda maiores que o papismo medieval, a ponto de não podermos mais considerá-lo sucessor da antiga Igreja Latina.
Dentre estes erros estão uma infinidade de exageros em sua “mariologia”, como a doutrina de que a Theotokos é co-redentora da humanidade; o incentivo ao “Movimento Carismático” de grupos de orientação “Pentecostal”; além das contínuas inovações à prática litúrgica, como o uso de danças e instrumentos musicais; além, também, de reduzir – e arruinar – sua tradição litúrgica.
No campo do ecumenismo, o papismo lançou as bases da “pan-religiosidade” no “Concílio Vaticano II”, ao reconhecer a “espiritualidade” dos praticantes de outras religiões. O minimalismo dogmático levou à depreciação moral à custa do elo entre dogma e moral, resultando na decadência moral da hierarquia e no aumento de desvios morais tais como homossexualismo e pedofilia entre o clero [x].
E com seu contínuo apoio ao uniatismo – uma caricatura proselitista e danosa da Ortodoxia – o Papismo sabota qualquer tentativa de diálogo e contradiz suas inteções de união supostamente sinceras.
De modo geral, o Papismo sofreu uma mudança radical após o “Vaticano II”, voltando-se ao Protestantismo e até mesmo adotando vários movimentos “espirituais” da “Nova Era”. Segundo São Simeão de Tessalônica, o Mistagogo, o Papismo causou mais dano à Igreja do que todas as heresias e cismas juntas.
Nós, Ortodoxos, afirmamos nossa comunhão com os papas do primeiro milênio e celebramos a memória de muitos papas em nosso calendário santoral. Mas os papas do “pós-cisma” são hereges; deixaram de ser sucessores da Sé de Roma; e não possuem mais sucessão apostólica pois perderam sua fé nos Apóstolos e nos Pais da Igreja.
Por esses motivos, com relação aos papas do pós-cisma “não temos comunhão e afirmamos que é um herege”. Devido à sua blasfêmia contra o Espírito Santo proclamada com o filioque, eles perderam o Espírito Santo e, portanto, tudo que vem deles é desprovido de graça.
São Simeão também afirma que eles não possuem sacramentos legítimos: “Estes inovadores se põem longe do Espírito Santo por suas blasfêmias contra Ele; portanto, tudo o que vem deles é desprovido de Graça, pois violaram e degradaram a Graça do Espírito ... por esse motivo o Espírito Santo não se encontra entre eles, e não há nada espiritual dentre os mesmos, pois tudo que é seu é incipiente, alterado e contrário à tradição divina”. [xi]
3) O mesmo se aplica, com maior intensidade, ao Protestantismo que, sendo filhote do Papismo, não só herdou muitas de suas heresias como criou muitas outras: rejeitou a Tradição, aceitando somente a Bíblia (“sola scriptura”), que ainda assim interpreta de modo distorcido; aboliu o sacerdócio sacramental, assim como a veneração aos Santos e aos santos ícones; caluniou a Theotokos; rejeitou o monasticismo; dentre os Sacramentos aceita somente dois – Batismo e Eucaristia – embora também adultere o ensinamento e a práxis da Igreja; também ensina a predestinação (no calvinismo) e a justificação somente pela fé (“sola fide”).
Além disso, seus ramos mais “progressistas” introduziram o ministério feminino e o casamento entre homossexuais – que são aceitos em seu clero. Mas, acima de tudo, o Protestantismo é desprovido de eclesiologia, pois a noção de Igreja conforme afirmada pela Ortodoxia lhes é inexistente.
4) A única maneira de restaurar nossa comunhão com os hereges é através do arrependimento e de sua renúncia a todas as falácias, a fim de que possa haver união e concórdia verdadeiras; uma união com a Verdade, e não com a falácia e a heresia.
Na recepção de hereges na Igreja, a precisão canônica (“acribéia”) exige o Batismo. O “batismo” anterior, ministrado fora da Igreja sem imersão tríplice do neófito em água santificada, ou realizado por um ministro heterodoxo não é, de modo algum, um Batismo. Tais “batismos” são desprovidos da Graça do Espírito Santo – que inexiste entre cismáticos e hereges.
Portanto, conforme afirma São Basílio Magno, não temos nada em comum que nos une: “Sobre aqueles que se separaram da Igreja, estes não mais possuem a Graça do Espírito Santo sobre si, pois a Graça não é transmitida entre aqueles que interromperam a sucessão ... aos sacerdotes que se separaram, e agora são leigos, eles não têm mais autoridade sequer para batizar, ou ordenar pela imposição de mãos, já que não podem mais transmitir a Graça do Espírito Santo, da qual se separaram”. [xii]
Deste modo, as tentativas dos ecumenistas de criar a ilusão de que partilhamos de um mesmo batismo com hereges, ou suas afirmações de que é possível basear a unidade da Igreja nesta “unidade batismal” inexistente é falaciosa e não se sustenta [xiii]. Para se tornar membro da Igreja não basta qualquer “batismo” – é necessário um único e legítimo Batismo, ministrado por sacerdotes que fazem parte do clero Igreja.
5) Enquanto os hereges teimarem em afirmar suas falácias, rejeitamos qualquer tipo de comunhão com os mesmos, especialmente a oração em comum. Os cânones da Igreja proíbem completamente não somente a oração ou celebração comum em templos, mas também as orações comuns feitas em particular.
Esta posição estrita da Igreja com relação aos hereges se deve à caridade legítima e preocupação sincera por sua salvação – além do cuidado pastoral para que seus fiéis não sejam iludidos por heresias. Aquele que ama o próximo revela a Verdade e não permite que ele fique imerso na mentira; do contrário, esse qualquer amor ou concórdia seria falso ou hipócrita.
Podemos afirmar que o conceito de boa guerra e paz ruim é verdadeiro, pois “...uma guerra digna é superior a uma paz que nos separa de Deus”, diz São Gregório Teólogo [xiv]. E São João Crisóstomo: “Se virdes devoção desvirtuada, não prefira a harmonia em detrimento da verdade, mas guardai-a até a morte...” E também nos recomenda: “Não aceite nenhum falso dogma sob pretexto de caridade” [xv]
Esta posição dos Pais da Igreja também foi adotada por um dos maiores defensores da Ortodoxia contra os erros dos papistas, São Marcos de Éfeso, que encerrou sua proclamação de fé em Florença com as seguintes palavras: “Todos os pais da Igreja, seus sínodos e a sagrada escritura nos dizem para nos afastarmos daqueles que professam outra fé, e abstermos-nos de ter comunhão com eles. Devo, portanto, ignorar tudo isso e seguir aqueles que, sob pretexto de uma paz fabricada, buscam a união? Aqueles que adulteraram a Profissão de Fé e inovaram ao afirmar que o Filho é e segunda causa do Espírito Santo? Que isso nunca nos aconteça, ó abençoado Paráclito, e que eu jamais me desvie do caminho da retidão e que, seguindo Teus ensinamentos e dos Santos que por Vós foram inspirados, eu possa me juntar a meus pais e levar, no mínimo, a compaixão” [xvi]
6) Até o início do século XX, a Igreja manteve uma posição firme e irredutível de condenação a todas as heresias, conforme expresso claramente no Synodikon da Ortodoxia, que é proclamado anualmente no Domingo da Ortodoxia.
Heresias e hereges são anatematizados individualmente; além disso, para garantir que nenhum herege fique de fora da lista, há um anátema geral ao final do texto que proclama: “Que todos os hereges sejam anátema!”
Infelizmente, esta posição universal e resoluta foi abandonada gradativamente nas primeiras décadas do século passado, logo após a publicação da encíclica patriarcal de 1920, “A todas as igrejas de Cristo”, o Patriarcado Ecumênico, pela primeira vez, caracterizou as heresias como “igrejas” que não estão alienadas da Igreja, mas que lhe são familiares e com as quais a Igreja possui relação. Esta mesma encíclica recomenda que “o amor entre as igrejas deve ser, acima de tudo, reavivado e reforçado; não podemos mais considerar uns aos outros como estranhos, mas em termos de nossa relação com Cristo, e como co-participantes e co-recebedores das promessas de Deus em Cristo” (ver I. Karmiris “The Dogmatic and Symbolic Monuments of the Orthodox Catholic Church”, vol 2, pg. 958).
Foi, então, aberto o caminho dentro da Igreja Ortodoxa para a adoção, construção e desenvolvimento de uma invenção Protestante, que hoje conta com o aval papal: a heresia do ecumenismo. Esta pan-heresia, que aceita e legitima todas as formas de heresias como “igrejas”, é uma afronta ao dogma da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.
E este novo dogma, esta nova eclesiologia, vem sendo desenvolvida, ensinada e impingida por bispos e patriarcas. Segundo esta nova doutrina, nenhuma Igreja tem direito de tomar exclusivamente para si a característica de Igreja plena e verdadeira. Ao invés disso, cada uma constitui uma parte, um fragmento da Igreja, e não sua plenitude; juntas, todas compõem a Igreja.
Todos os limites traçados pelos Pais da Igreja foram desconsiderados; não há mais distinção entre a Igreja e as heresias, entre Verdade e falácia. Agora, as heresias são chamadas de “igrejas” – e muitas delas, como o papismo, agora são consideradas “igrejas irmãs”, às quais Deus confiou, juntamente conosco, a salvação da humanidade. [xvii]
Agora a Graça do Espírito Santo também existe em meio às heresias e, portanto, seus “batismos” – assim como todos os seus “sacramentos” – são considerados “válidos”. Todos que foram batizados, seja onde for, agora são considerados membros do Corpo de Cristo, a Igreja. As condenações e anátemas dos Sínodos foram consideradas inválidas, e deveriam ser retiradas dos livros litúrgicos.
Acima de tudo, agora estamos alojados no “Conselho Mundial das Igrejas” o que constitui, em essência – mesmo com a mera participação – traição à nossa consciência eclesiástica. Ignoramos o dogma da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica – o dogma de “um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”. [xviii]
7) Este sincretismo inter-cristão tornou-se, hoje, um sincretismo inter-religioso, que iguala todas as religiões à genuína reverência a Deus, ao conhecimento de Deus e modo de vida cristão, que nos foi revelado por Deus através de Cristo.
Conseqüentemente, não apenas o dogma eclesiástico da relação da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica com as heresias é atacado, mas também o dogma fundamental de uma única Revelação e da salvação do homem através de Jesus Cristo. E esta é a pior das falácias, a maior de todas as heresias.
8) Nós cremos e confessamos que somente em Cristo existe a possibilidade da Salvação.
Todas as religiões e heresias do mundo levam à perdição.
A Igreja Ortodoxa não é meramente a Igreja verdadeira – ela é a única Igreja.
Ela, e somente ela, permaneceu fiel ao Evangelho, aos Concílios e aos Pais da Igreja e, portanto, somente nela subsiste a legítima Igreja católica de Cristo.
De acordo com São Justino Popovich, ecumenismo é o denominador comum das pseudo-igrejas da Europa Ocidental; seu nome, na verdade, é “pan-heresia”. [xix]
Esta pan-heresia tem sido aceita por inúmeros patriarcas, arcebispos, bispos, monges, membros do clero e leigos. Eles a apóiam desavergonhadamente; eles a impõem na prática, estabelecendo comunhão com hereges de todos os modos possíveis: com orações comuns, com visitas mútuas, com colaboração pastoral, excluindo-se, assim da comunhão da Igreja.
Nossa postura, de acordo com as decisões canônicas da Igreja e o exemplo dos Santos, é óbvia: cada um de nós deve assumir suas responsabilidades.
9) Também há, é claro, responsabilidades coletivas – principalmente na consciência ecumenista de nossos hierarcas e teólogos, com relação ao corpus Ortodoxo e – e individuais, para com seus rebanhos.
A eles, declaramos com temor a Deus e amor que sua posição receptiva a todas as atividades ecumenistas são condenáveis em todos os aspectos, porque:
- na prática, constituem uma traição a nossa Fé e Tradição Patrística Ortodoxa;
- semeam dúvidas nos corações dos fiéis e perturbam muitos deles, além de ser causa de divisões e cismas;
- elas enganam parte de nosso rebanho Ortodoxo com falácias e, conseqüentemente, desastre espiritual.
Dessa forma declaramos, pelas razões expostas acima, que aqueles que estão agindo com irresponsabilidade ecumenista, seja qual for a posição que possuírem dentro da Igreja, estão se opondo à tradição de nossos Santos – e, dessa forma, aos próprios Santos.
Por esse motivo, a posição ecumenista deve ser condenada e rejeitada pela totalidade dos hierarcas e fiéis.
Notas:
[i] Genádio II Escolário, Patriarca de Constantinopla – Sobre o único caminho da salvação da humanidade, em "The complete extant works - Oevres Completes de Georges Scholarios". Volumes I-VII, Paris 1928-1936, publ. L. Petit - X. Siderides - M. Jugie, Vol. III, 434-452;
[ii] São João 8:12 "Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." São João 3:19: "A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más."
[iii] Atos 4:12
[iv] I São João 4:2-3 "e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo".
[v] "Ensinamentos" de São Cosme de Etólia, por I. Menounos "Cosmas of Aetolia teachings and biography", Tinos publications, Athens, Didache A1, 37, pg. 142: "Todas as outras fés são falsas, errôneas, obras do diabo. E afirmo, como algo verdadeiro, divino, celeste, correto e perfeito, pelas minhas palavras e pelas suas: que a fé dos piedosos cristãos ortodoxos é boa e santa, e devemos crer e sermos batizamos em nome do Pai, do Filho e do Espírto Santo".
[vi] "Homilia antes do exílio" 1, Ε
ΠΕ 33, 186.
[vii] Epístola 90 "Aos santíssimos irmãos e bispos do Ocidente" 2, Ε
ΠΕ 2, 20.
[viii] Gálatas 1:9. "Homilia sobre a Epístola aos gálatas", capítulo 1, PG 61, 624.
[ix] Mansi, XIII, 409-412
[x] A decadência e negligência moral, mesmo entre os membros do clero, fora comentada no início do século XV por São Simeão de Tessalônica (q.v. "Epístola Dogmática" em D. Balfour , de S. Simeão de Tessalônica, 1416/17-1429) "Theological Works", Vlatades gleanings 34, Tessalônica 1981, pg. 218: "And furthermore, that they did not regard fornication at all entailing Hell, not even among their priests, but instead, they would unscrupulously have concubines and youths for fornication and would every day officiate". Ibid 15, pg. 216: "They also do not follow an evangelical lifestyle; for, every kind of luxury and fornication to them is not a reprehensible matter, nor anything else that is forbidden for Christians". A decadência moral observada atualmente mesmo entre o clero Ortodoxo é resultado direto do liberalismo e secularismo do ecumenismo.
[xi] Diálogo 23, PG 155, 120-121. Epístola sobre a bem-aventurança V, em D. Balfour , Simeão Arcebispo de Tessalônica (1416/17-1429), "Theological Works", Vlatades gleanings 34, Tessalônica 1981, pg. 226.
[xii] Epístola Canônica "Para Anfilóquio de Icônio", Cânone A
[xiii] A IX Assembléia Geral do Conselho Mundial das Igrejas, ocorrida em Porto Alegre , Brazil, em 2006, publicou um texto intitulado "Chamado para ser uma só igreja", aceito pelos representantes Ortodoxos presentes no encontro, cujo parágrafo 8o afirma: "Todos aqueles batizados em Cristo estão unidos em seu nome". No parágrafo 9o: "Que todos pertencemos a Cristo através do batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo abra a possibilidade às igrejas e as convida a caminhar juntas, mesmo quando não há comum acordo. Asseguramos que há um só batismo assim como só há um corpo e um Espírito, uma só esperança em nosso chamado, um só Senhor, uma só Fé, um só Deus, Pai de todos nós (ver Efésios 4:4-6)". O Metropolita de Pérgamos, Dom João Zizioulas, em seu artigo "Eclesiologia Ortodoxa e o Movimento Ecumênico", Sourozh Diocesan Magazine (Inglaterra, Agosto 1985, vol.21, pg. 23) abriu o caminho para esta posiç ão, ao afirmar: "No batismo, mesmo quando há uma ruptura, divisão ou cisma, ainda podemos falar em Igreja... Em meu entendimento particular, os Ortodoxos participam do movimento ecumênico como um movimento de cristãos batizados, que estão divididos pois não podem expressar a mesma fé conjuntamente. No passado, isso ocorria devido à falta de caridade que agora, graças a Deus, está desaparecendo".
[xiv] Apologética na viagem para Ponto 82, ΕΠΕ 1, 176.
[xv] Aos romanos, Homilia 22, 2, PG 60, 611. Aos filipenses, Homilia 2,1, PG 62, 119.
[xvi] Confissão de fé apresentada em Floreça. Documents relatifs au Concile de Florence, II, Oeuvres anticonciliaires de Marc d'Ephèse, par L. Petit, Patrologia Orientalis 17, 442.
[xvii] Veja declaração conjunta do Papa João Paulo II e do Patriarca Bartolomeu I durante a visita deste à Roma em 29 de junho de 1995. Essa afirmação fora proclamada anteriormente pelo Comitê Teológico Misto para o diálogo entre Ortodoxos e Papistas, em Balamand, Líbano, em 1993.
[xviii] Eféios 4:5.
[xix] Arq. Justino Popovich, "A Igreja Ortodoxa e o ecumenismo", Tessalônica, 1974, pg. 224
Esta confissão de fé foi assinada por:
(nota: o original em grego possui ainda mais assinaturas)
Metropolita de Piraeus, Seraphim
Metropolita of Gortyna e Megaloupolis, Jeremiah
Metropolita de Kythera e Antikythera, Seraphim
Arquimandrita Joseph, Abade do Santo Mosteiro de Xiropotamos, Monte Athos
Protopresbítero George Metallinos, Professor Emérito da Athens University School of Theology
Protopresbítero Theodore Zisis, Professor Emérito da Thessaloniki University School of Theology
Arquimandrita Mark Manolis, Superintendente Espiritual da “União Ortodoxa Pan-Helênica”
Arquimandrita Athanasius, Abade do Santo Mosteiro de Stavrovounion, Chipre
Arquimandrita Timothy Sakkas, Abade do Santo Mosteiro de Paraclete, Oropos
Arquimandrita Cyril Kehayioglou, Abade do Santo Mosteiro do Pantocrator, Melissohori, Langadas
Arquimandrita Sarandis Sarandos, Pároco da Igreja da Dormição da Theotokos, Amarousion
Arquimandrita Maximus Karavas, Abade do Santo Mosteiro de Santa Parásqueva, Milochori, Ptolemais
Arquimandrita Gregory Hadjinikolaou, Abade do Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos
Arquimandrita Athanasius Anastasiou, Abade do Santo Mosteiro de Grande Meteora.
Arquimandrita Theocletus Bolkas, Abade Santo Eremitério de Santo Arsênio da Capadócia, Chalkidike
Arquimandrita Chrysostomos, Abade do Santo Cenóbio de São Nicodemo, Pentalofos, Goumenissa
Arquimandrita Theodore Diamantis, Abade do Santo Mosteiro da Panaghia Molyvdoskepasti, Konitsa
Arquimandrita Palamas Kyrillides, Abade do Santo Mosteiro da Natividade da Theotokos, Kallipetra, Veria
Arquimandrita Lavrentios Gratsias, Metropolia de Florina, Prespae e Eordaia
Arquimandrita Meletios Vadrahanis, Metropolia de Florina, Prespae e Eordaia
Arquimandrita Paul Dimitrakopoulos, Santo Mosteiro da Transfiguração do Salvador, Moutsiala, Veria
Arquimandrita Ignatius Kalaitzopoulos, Santo Mosteiro de Santa Parásqueva, Milochori, Ptolemais
Arquimandrita Simeon Georgiades, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos
Arquimandrita Augustine Siarras, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos
Arquimandrita Ambrose Gionis, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos
Ancião Gregory, Hieromonge, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos
Ancião Efstratios, Hieromonge, Santo Mosteiro da Grande Lavra, Monte Athos
Ancião Philippos, Hieromonge, Retiro de Santo Atanásio, Mosteiro Menor de Sant’Ana, Monte Athos
Hieromonge Athanasius, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos
Hieromonge Nicodemus, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos
Hieromonge Nephon, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos
Hieromonge Chrysostom Kartsonas, Retiro de São Jorge, Mosteiro Menor de Sant’Ana, Monte Athos
Hieromonge Onuphrios, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos
Hieromonge Chrysanthos, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos
Hieromonge Azarias, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos
Hieromonge Gabriel, Santo Retiro da Panaghia Gorgoepikoos, Santo Mosteiro do Pantocrator, Monte Athos
Hieromonge Pandeleimon, Santo Retiro de São Pantaleão, Santo Mosteiro de the Pantocrator, Monte Athos
Hieromonge Tychon, Santo Retiro do Pantocrator, Melissohori
Protopresbítero Lambros Fotopoulos, Pároco da Igreja de São Cosme de Aitólia, Amarousion, Província de Ática
Protopresbítero John Fotopoulos, Pároco da Igreja de Santa Parásqueva, Província de Ática
Protopresbítero Athanasios Menas, Loutraki, Província de Corinto
Protopresbítero Eleftherios Palamas, Igreja de São Cristóvão, Ptolemais
Protopresbítero Constantine Mygdalis, Pároco da Igreja de São Constantino, Volos
Protopresbítero Photios Vezynias, Professor, Metropolia de Lagadas
Protopresbítero Anthony Bousdekis, Pároco da Igreja de São Nicolau, Nikaia, Pireus
Padre Dionysios Tatsis, Professor, Konitsa
Padre Demetrios Psarris, Pároco da Igreja dos Santos Arcanjos, Sesklon, Aesonia
Padre Efthimios Antoniades, Metropolia de Láris
Padre Anastasios Gotsopoulos, Pároco da Igreja de São Nicolau, Patras
Padre George Papageorgiou, Metropolia de Demetrias
Padre Peter Hirsch, Petrokerasa, Chalkidike
Padre Theophanes Manouras, Pároco da Igreja de Santo Atanásio, Velestino, Província de Magnésia
Diácono Theologos Kostopoulos, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos
Padre Paschalis Ginoudis, Metropolia de Larisa
Padre George Diamantopoulos, Lavrion, Metropolia de Mesogaia
Padre Basili Kokolakis, Pároco da Igreja da Santa Cruz, Holargos, Attica