sexta-feira, 13 de março de 2015

Breve Catecismo da Igreja Católica Ortodoxa - Santos Ortodoxos Já Venerados no Brasil - 07/09




1Nossa Senhora e Mãe de Deus, a Santíssima Virgem Maria

2 Santo Amaro

3 Santa Ana, mãe da Virgem Maria

4 Santo André, Apóstolo

5Santa Apolônia de Alexandria

6São Baltazar, um dos três reis magos

7Santa Bárbara

8Santo Bartolomeu

9São Bento

1São Brás

1Santa Catarina de Alexandria

1Santa Cecília

1São Clemente, Papa

1São Cosme e São Damião

1São Cristóvão

1São Dimas, o Bom Ladrão

1Santa Escolástica, irmã de S. Bento

1Santo Estevão

1São Gabriel, Arcanjo

2Santa Helena

2Santa Ifigênia

2Santa Inês

2São Jerônimo

2São João Batista

2São João Evangelista

2São Joaquim, pai da Mãe de Deus

2São Jorge

2São José, pai adotivo de Cristo e protetor da Mãe de Deus

2 São Judas Tadeu

3São Lázaro

3São Longuinho

3São Lourenço

3São Lucas

3Santa Luzia

3São Marcos

3Santa Maria do Egito

3Santa Maria Madalena

3São Mateus

3São Miguel, Arcanjo

4Santo Onofre

4São Paulo

4São Pedro

4Santa Quitéria

4São Rafael, Arcanjo

4São Sebastião

4São Silvestre

4São Tomé

Breve Catecismo da Igreja Católica Ortodoxa - Vida Ortodoxa na Prática - 06/09


A vida cristã ortodoxa é toda sacramental. Isto significa que ao nos tornarmos membros do Corpo de Cristo *tudo* que fazemos, inclusive no dia-a-dia, é um mistério e um sacramento, pois ou é preparação para dar expressão ao Espírito Santo que habita em nós caso façamos parte da Igreja Ortodoxa, ou é expressão do Espírito Santo através de nós, especialmente entre aqueles de vida espiritual desenvolvida.

A verdade é que se nosso coração for pequeno, se estiver escurecido e fechado, pouca ou nenhuma diferença existirá entre nós e os perversos. Como com nosso corpo, para melhorarmos nosso coração espiritual, precisamos nos exercitar para ficarmos mais fortes e saudáveis. Este exercício espiritual é chamado ascese. A vida dedicada ao exercício espiritual é chamada de vida ascética. A vida cristã ortodoxa é sempre ascética.

E que exercícios são esses? Fundamentalmente quatro: arrependimento e jejum, amor e oração.

O arrependimento e o jejum são a arte de dizer não para as coisas que devemos afastar de nossa vida.

Arrependimento

Você já reparou como para manter uma casa limpa temos que: encontrar onde estão as sujeiras, mesmo as que ficam escondidas atrás de móveis, embaixo de tapetes ou nos pelos do tapete? Depois, temos que reunir essa sujeira toda em um só lugar. Para isso usamos ou uma vassoura ou um aspirador de pó. Depois que a sujeira está reunida, colocamos em um saco e finalmente, colocamos o saco em algum lugar para ser recolhido pelos lixeiros que recebem autorização para fazê-lo das autoridades superiores, e que irão leva-lo ao seu destino final, destruindo-o ou reciclando-o, conforme tenha sido determinado pela autoridade municipal.

O arrependimento é semelhante a esse processo. Buscamos nossos pecados nos recantos mais escondidos de nossas mentes e corações. Eles ficam escondidos embaixo de desculpas, racionalizações, ilusões, hábitos, paixões, visões e valores de mundo equivocados, medos, mágoas, ressentimentos, raivas e ódios. Normalmente o mais escondido deles é o ódio a Deus, a Quem culpamos por as coisas serem como são. O auto-exame espiritual é esse momento de busca interior. Depois nós os “juntamos” encontrando palavras que os expressem, mantendo-os na memória. Finalmente, levamos nossos pecados e faltas até o padre, que recebeu a autoridade de Deus, para o sacramento de ouvir a confissão e proclamar perdoados os pecados. 

Quem perdoa é Deus, mas o faz através das palavras do padre. Deus então destrói nossos pecados se forem coisas exclusivamente ruins, e se forem coisas boas que tinham sido mal-usadas, irá “recicla-los”, transformando-os em bons novamente.  O arrependimento deve ser emocional e racional, isto é, não basta a gente “deixar pra lá” o mal que fizemos. Temos que sentir a culpa e a vergonha de tê-lo feito, a inteligência e a honradez de admiti-lo, e a bravura de lidar com as consequências confessando e buscando uma nova vida.

O arrependimento nada tem a ver com a culpa paralisante, que apenas nos deixa deprimidos mas não muda nada. Também não tem nada a ver com a atitude bem moderna de justificar termos ferido a Deus, outras pessoas e a nós mesmos dizendo que era “necessário para o aprendizado, eu não tinha como fazer diferente naquela situação”. Esta é apenas um daqueles tapete-desculpas debaixo do qual escondemos nossa baixeza. No arrependimento real teremos vergonha de nós mesmos e não orgulho. Um homem que se “arrependa” e “confesse” dizendo “Roubei 100 mil da empresa em que trabalho, padre! Mas prometo que não vou fazer de novo” não está confessando nada. Está é contando vantagem de forma indireta, vangloriando-se do seu pecado, agravando o crime que cometeu e ainda tenta vender uma promessa de não repetir o mal como troca para não sofrer as consequências do mal já cometido. Uma real confissão seria algo como “Sou pior que um bicho padre! Agi como um animal age, minha dignidade de homem foi atropelada por meus impulsos que eu não soube controlar, traí quem confiou em mim, prejudiquei várias pessoas que sofreram as consequências do meu ato sem nem compreender a origem do mal que caiu sobre elas. Fui vil, vil no pior sentido da palavra”. Sabemos que estamos nos arrependendo de verdade quando sentimos verdadeira culpa e vergonha e quando essa vergonha *passa* com a confissão. A vergonha ou culpa que não passam normalmente não estão relacionadas com pecados verdadeiros, mas com pecados imaginados, ou exagerados. Ficar sentindo-a e ressentindo-a é uma forma precisamente de não encarar os verdadeiros pecados, como se ao limparmos a casa ficássemos passando o aspirador na parte mais fácil da casa para não ter que iniciar a limpeza pesada do banheiro.

Jejum

Se o arrependimento constitui o remédio, o jejum é a prevenção da doença. O jejum consiste em dizer não para as coisas, estilos de vida, valores, situações, locais e pessoas que podem nos levar ao pecado. O jejum de comida propriamente dito é um exercício para o jejum das coisas espirituais, mas nem por isso é menos importante. Lembre-se que o primeiro pecado da humanidade foi desobedecer o jejum de comida. Adão e Eva tinham todo um jardim com frutas deliciosas e nutritivas a sua disposição, oferecidas por seu Pai. O jejum deles era muito simples: podiam comer de tudo, menos uma fruta em particular. Mas pela influência da serpente quebraram este jejum e a morte entrou no mundo. Reparem também que o jejum que Nosso Senhor Jesus Cristo fez no deserto por 40 dias era de comida, mas foi concluído com um jejum espiritual, quando ele diz não para as três tentações do diabo: resolver todos os problemas com um passe de mágica (transformar pedra em pão), ficar desafiando Deus a fazer mágica como se isso fosse fé (“não tentarás o Senhor Teu Deus”), e finalmente tentar criar um mundo perfeito neste mundo mesmo, antes do Juízo Final, através do poder político (o diabo disse a Cristo que era o rei do mundo e que colocaria os reinos do mundo aos pés pacíficos de Cristo se apenas se ajoelhasse e o adorasse). Cristo jejuou espiritualmente, disse não para tais coisas e assim concluiu o jejum que se iniciara apenas com comida.

Vivemos em uma sociedade que é cristã apenas no nome. Nossa cultura, que foi posta em nós até em nível subconsciente desde criancinha, nos ensina apenas coisas que fazem chorar o Cristo e Nossa Senhora. Quando vemos os miraculosos ícones que choram, alguns choram até sangue, saiba que é por causa do nosso estilo de vida imerso onde aprendemos a amar o pecado que eles choram. Somos ensinados a odiar a Deus, considerar Seus caminhos antiquados, promotores de ódio, supersticiosos, selvagens, ignorantes, superados, intolerantes e nem mesmo consideramos a hipótese de que aqueles que nos ensinaram isso é que estivessem errados. Colocamos autoridades humanas e pecadoras como dignas de nossa credulidade e Deus como uma ideologia mais ou menos boa e, mesmo assim, boa apenas na medida em que repita aquilo que acreditam os ‘grandes’ desse mundo material e grosseiro. Novelas cheias dos piores valores, filmes onde o grotesco é engradecido e o amor é tratado como mera desculpa para o sexo, livros que incentivam o orgulho e a vaidade intelectuais, ritmos musicais, estilos de dança, peças de teatro, estátuas, pinturas, arquitetura e até mesmo “missas” e “cultos” religiosos que deformam nosso senso estético e agridem nossa alma tratando o vulgar, baixo, grotesco, caótico, barulhento, o desespero, a agonia,  o alucinante, o histérico, o blasfemo, o depressivo e  vazio de sentido  como se fossem belos e desejáveis; políticos e ideologias que valorizam as forças da morte e da desordem e zombam das forças da vida e da ordem, achando que irão trazer o paraíso através da destruição. Nossa cultura está semelhante à nossa alimentação: cheia de “junk food” (“comida lixo”, esses lanches rápidos, engordativos, sem valor nutritivo e até ruins para a saúde). O cristão ortodoxo não tem nada contra a cultura em si, mas a cultura de nossa época é sim algo a ser evitado e devemos jejuar dela, buscando os resquícios da alta cultura secular espalhados aqui e ali e a tradicional cultura religiosa, nas liturgias, arquitetura e nos ícones em estilo tradicional e na música bizantina ou gregoriana.

Devemos também jejuar de nossas próprias tendências e gostos excessivos ou deturpados, que nos consomem diariamente, quaisquer que sejam eles, e essa é a luta mais difícil de todas. É incessante e perene, nos acompanhando até o último suspiro.

O jejum de comida, como podem ver, é apenas um exercício simples que disciplina nossa vontade e nossa atenção.

Na Igreja Católica Ortodoxa, temos três tipos de jejuns de comida (nota: essa denominação é sugerida por esta apostila, para fins didáticos. Ela não é normativa na Igreja Ortodoxa):

1.      O Jejum Rigoroso, no qual nenhum tipo de sólido ou líquido é ingerido; é o mais raro de todos e normalmente dura apenas um dia.
2.      O Jejum Completo, no qual jejuamos de óleos, álcool, e proteína animal (carnes vermelha e branca, ovos e laticínios);
3.      O Jejum Parcial, no qual alguns dos alimentos do Jejum Completo são liberados

Períodos de Jejum

  • ·         na Quaresma de Páscoa (40 dias antes da Páscoa) – Dias da Semana: Jejum Completo / Fim-de-Semana: Vinho e óleos são permitidos / Dia da Anunciação, caso caia na Quaresma e outros dias de santos importantes: Peixe, vinho e óleos são permitidos / Sexta-Feira da Paixão: Jejum Rigoroso
  • ·    no Jejum da Dormição de Nossa Senhora (1 de agosto a 14 de agosto) – Dias da Semana: Jejum Completo / Fim-de-Semana: Vinho e óleo são permitidos;
  • ·      na Quaresma de Natal (40 dias antes do Natal)- Segundas, Quartas e Sextas-Feiras: Jejum Completo / Terças e Quintas: Vinhos e óleos são permitidos / Fins-de-Semana e dias de santos: Peixe, vinho e óleos são permitidos ;
  • ·       no Jejum dos Santos Apóstolos (2ª segunda-feira depois do Pentecostes até o dia de São Pedro e São Paulo, 29 de junho) – Quartas e Sextas-Feiras: Jejum Completo / Todos os outros dias da semana: Peixe, vinho e óleos são permitidos;
  • ·    Todas as Quartas e Sextas-Feiras do ano (exceto nas semanas após o Natal e a Páscoa): Jejum Completo / Se cair algum dia de santo importante no dia: Peixe, vinho e óleos são permitidos.

Quando Podemos aliviar ou estamos isentos do jejum?

O jejum não é uma regra moralista, mas um exercício espiritual. Ninguém é melhor ou mais amado por Deus simplesmente por jejuar.  Sendo assim, se a pessoa percebe que o jejum está tão rigoroso que está lhe fazendo mal fisicamente – alterando pressão, criando problemas digestivos, deixando fraca demais, ela deve retornar a alimentação normal, se fortalecer e tentar um jejum menos rigoroso dali para frente – por exemplo abster-se apenas de carne vermelha, ou apenas de laticínios, ou apenas de álcool. Idealmente deve fazer isso com orientação do padre ou um pai espiritual, mas se não tiver nenhum disponível, deve buscar fazer o jejum o mais próximo possível da regra sem que isso se torne uma agressão ao corpo. O Jejum *não* é uma forma de auto-castigo! É um exercício, feito para melhorar sua vida espiritual, não para te deixar doente! Exagerar no jejum é um grande pecado de vaidade espiritual.

De forma geral são completamente isentos de jejuar: as crianças muitos pequenas, bebês, gestantes, mães em período de amamentação, idosos, pessoas com doenças temporárias ou permanentes, pessoas com algum tipo de dieta ou restrição alimentar especial por questões médicas, seja temporária ou permanente, viajantes que estejam em uma situação na qual a única comida a disposição seja fora do jejum, pessoas que estejam em uma situação na qual recusar uma refeição fora de jejum seria cometer um pecado maior contra o amor ao próximo, por exemplo, fazendo desfeita de uma refeição oferecida amorosamente por um parente ou amigo que não conhece a regra do jejum. Neste último caso, se surgir um momento oportuno, pode-se explicar a pessoa que em determinadas ocasiões você jejua e que você mesmo se responsabilizará de avisá-la com antecedência caso te convide de novo.

Amor

Já dizia o Apóstolo que sem o Amor, nada mais adianta.

Apesar disso, existe muita confusão em nossa cultura sobre o que é o amor.  Ele não consiste em se deixar agredir desnecessariamente, em se deixar vulnerável às más intenções dos perversos, não consiste em tratar os perigosos como se fossem inofensivos, os injustos como justos, o feio como belo, o errado como certo, o mal como bom, não é perdoar o que não se arrepende (embora deixar para trás o não-arrependido obstinado possa ser amor sim), não é tratar o vício como um “detalhe” da personalidade da pessoa, premiar o que não foi merecido, reagir ao indigno como se fosse digno ou em permanecer perto de quem nos odeia e deseja nos ferir, amar não é proteger o culpado não-arrependido das consequências dos seus atos; às vezes não é proteger nem mesmo o arrependido das consequências dos seus atos. O amor não é uma vida morna, nem uma vida de barulho e agitação. Não é paixão, não é sonho, não é fantasia , não é apego, não é ficar implicando ou ofendendo um ao outro “de brincadeira”, não é sexo “selvagem”; Infelizmente, muitos filmes, novelas, músicas e livros chamam todas essas coisas de amor sem que o sejam.

O amor consiste em desejar o bem da pessoa amada (que nem sempre é o que vai deixa-la feliz!) e, na medida em que esteja dentro de nossas forças e que essa pessoa esteja em condições de desejar e permitir, sermos parte desse bem de alguma forma. O perdão é a aceitação do arrependimento e é um componente do amor.

Mas estejamos atentos. Se amamos o que não devia ser amado, incorremos em grande mal. Em nossa cultura contemporânea costumamos dizer ser “justa toda forma de amor”, independente do seu objeto e da forma como realizamos esse amor. Jesus Cristo ensinou que jogar pérolas aos “porcos” também é um pecado. Nossa mais preciosa pérola é o nosso amor e oferece-lo a uma causa, grupo, atividade ou pessoa indigna, ou vive-lo de uma forma indigna e proibida por Deus, é atirar pérolas aos porcos. Assim como Deus concede uma vocação a cada um de nós, está incluso nessa vocação os objetos e modos de nosso amor. Não, nem toda forma de amor é justa, pois existem amores de perdição e amores de salvação. O amor é o maior dos bens quando é direcionado a algo ou alguém digno dele e direcionado na forma e modo igualmente dignos. Porque Deus é o mais digno de ser amado temos o primeiro mandamento: Amar a Deus acima de todas as outras coisas. Apenas quando corretamente amamos Deus acima de qualquer pessoa, causa ou coisa, conseguimos colocar tudo no seu devido lugar e proporção. Amar sim, mas amor de salvação, começando com Deus e nos termos de Deus, que apenas deseja o nosso bem.

Outro grande equívoco de nossa época é o mito do “amor incondicional”. Este termo é uma forma suave, infelizmente, de dizer “direito de desrespeitar” seja de uma das partes ou de todas envolvidas umas às outras. O amor verdadeiro é necessariamente condicional. Naturalmente, Deus potencialmente ama a todos nós. Mas este amor só se expressa em nós sob condições bem específicas. Em todas as Santas Escrituras temos vários exemplos de algo como “se agires desta forma, então terás a graça do Senhor”, “quando fizeres deste modo, então o Senhor se compadecerá” e, de forma oposta, mais de uma aviso para que não caiamos na “ira” do Senhor.  É verdade que Deus não faz distinção de cor, sexo, classe social ou nacionalidade. Mas ele *faz* distinção de caráter. É verdade também que Ele está disposto a receber o mau arrependido, mas Ele não trata o mau como o bom e não ama os dois. Basta ver como ele se dirige aos bons nas bem-aventuranças e o tom oposto entre irado e decepcionado para com os hipócritas e perversos, nos “ais” ou na expulsão dos vendilhões do Templo. Podemos dizer que Deus ama a todos apenas se compreendermos que a ira contra os maus é uma forma de amá-los, impedindo-os de praticar o mal contra si mesmos e contra o próximo. Assim também em nossas relações pessoais. Nosso amor *deve* ser condicional, exigindo condições diferentes a depender do tipo de relação que temos: na relação de pais e filhos, os pais têm o direito de exigir o devido respeito e os filhos, na medida em que amadurecem, de exigir espaço para viverem como adultos; na relação entre professores e alunos, igualmente, o professor tem o direito de exigir respeito e comprometimento do aluno, e o aluno de que o professor demonstre conhecer o que ensina e estar comprometido em ensinar; nos relacionamentos amoroso que haja respeito e admiração mútua, sem jogos de poder ou exigências tóxicas; entre a pessoa que pratica e a que recebe caridade deve a primeira exigir uma contraparte que mostre que não está desperdiçando recursos que outro necessitado poderia estar utilizando, e o que recebe tem o direito de exigir ser tratado como alguém capaz e que logo irá cuidar de si mesmo e não ser tratado como criança ou dependente.

Quem quer que exija, de forma direta ou indireta, ser amado incondicionalmente e até contra o nosso bem, está, normalmente, desejando o nosso mal. Nem mesmo Deus exige amor incondicional. Ele mesmo nos convida a experimentar: “Vem e experimenta que o Senhor é bom”.

Oração

Orar é conversar com Deus e mais. Orar é se colocar na presença dEle espiritualmente. Deus está em toda parte, mas quase nunca nós estamos com Ele, porque nosso coração está definhado, murcho, quase morto.
A oração é a vida do coração. Mas como pode um coração doente orar corretamente, olhar para o “lado” que Deus está se não vê nada na escuridão em que se encontra? Por isso existem as orações prontas da Igreja Católica Ortodoxa, nascidas de corações santos, constantemente na presença de Deus.

Claro que Deus escuta nossa prece mesmo quando a fazemos com palavras simples. Mas se usarmos essas “vitaminas” que a Igreja oferece, Deus ficará cada vez mais claro para nosso coração, sentiremos Sua presença de forma cada vez mais nítida. É como se estivéssemos aprendendo música. Nosso ouvido já é capaz de ouvir os sons do jeito que eles aparecem. Mas se estudarmos as músicas prontas por outros músicos, especialmente se nós mesmos as repetimos prestando atenção nos seus detalhes, nosso ouvido vai se apurando, aprendendo a perceber sutilezas que antes não percebia e até mesmo ouvindo o que antes não ouvia.

Assim é com o nosso coração, a orações da Igreja e Deus. Existem muitas formas de orar na Igreja. Podemos orar com palavras, mas também podemos orar com todo o nosso corpo e é por isso que fazemos o sinal da cruz, nos curvamos, nos ajoelhamos, beijamos ícones. Cada gesto desses é uma oração que fazemos com nosso corpo. É por isso que oramos juntos na Divina Liturgia. Estarmos juntos é uma forma de oração.  Finalmente, existe a chamada oração do coração. Quando uma pessoa atinge um certo grau de abertura do coração e a luz do Espírito Santo verte dele como mirra abençoada iluminando o mundo, então aquilo a que as palavras da oração se referiam está acontecendo de fato no coração deste santo. O Espírito Santo habita na pessoa e seu coração ora incessantemente, pois a presença de Deus já faz parte do seu ser. A grande meta da vida do cristão ortodoxa deve inclusive ser essa: alcançar a oração incessante e se tornar Templo Vivo do Espírito Santo. Quando isso acontece, é um prelúdio do céu na Terra.

Nós que somos crianças na vida espiritual muitas vezes até pensamos que sabemos orar. Deus certamente nos ouve sempre, mas seria bom que nós também ouvíssemos o que Ele ouve quando estamos orando, pois a verdadeira oração, a que Deus ouve, é a que está lá no nosso coração e nem sempre a que está nos nossos lábios. As orações que a Igreja oferece ensinam nossos corações a falar com Deus e nossos pensamentos e palavras a refletirem o que está em nossos corações. Com o tempo, quando falamos com Deus, nosso coração fala com sinceridade, verdade e fé.

Para começar, o ideal é que tenhamos uma “Regra de Oração”, ou seja, uma rotina diária de orações que fazemos de modo regular. É essa repetição que vai fortalecer nosso coração para que um dia ele possa “orar sem cessar” que é uma das metas da vida do cristão, pois quem não quer estar constantemente na presença da pessoa que ama? E, como dito, a oração é colocar-se na presença de Deus. Você encontrará  no final da apostila uma regra de oração simplificada, que deverá servir provisoriamente até que você encontre um padre ou pai ou mãe espiritual que lhe indique uma mais adequada para seu caso particular.

Breve Catecismo da Igreja Católica Ortodoxa - Para Não Esquecer - 05/09


Oração do Coração ou Oração de Jesus

Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo, tem piedade de mim um(a) pecador(a) e salva-me. (Amém, no final das repetições)

Oração do Espírito Santo

Rei Celestial, Consolador, Espírito da Verdade, presente em toda parte e ocupando todo lugar, tesouro de bênçãos e doador da Vida, vinde e habita em  nós, purifica nossos corpos e nossas almas e salva-nos ó Tu que és bom! Amém!

Alegra-te Maria

Alegra-te Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres, bendito é o fruto de teu ventre, Jesus, o Filho do Deus Vivo que tem piedade de nós e salva-nos. Amém!

É Digno e Justo

É digno e justo, em verdade, glorificar-te, ó Santíssima Teotókos, sempre bem-aventurada e imaculada Mãe de nosso Deus. Mais venerável que os querubins e incomparavelmente mais gloriosa que os serafins, que imaculadamente deste à luz o Verbo de Deus, logo és, verdadeiramente Mãe de Deus, e nós, pois, te glorificamos!

Hino Pascal

Cristo ressuscitou dos mortos, a morte com a morte Ele pisou; e aos que estavam nos túmulos Cristo deu a vida.

Saudação Pascal

Saudação: Cristo ressuscitou!
Resposta: Verdadeiramente ressuscitou!



As Bem-Aventuranças


(Mt 5, 3-12)
Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.

Bem-aventurados os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados sereis Tu, quando Te insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo gênero de calúnia contra Tu por minha causa; exultai e alegrai-Te, porque será grande a Tua recompensa no reino dos céus.



O Pai-nosso


(Mt 6, 9-13)
Pai nosso que estás nos céus,
santificado seja o Teu Nome;
venha a nós o Teu reino,
seja feita a Tua vontade,
assim na terra como no céu.

O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
perdoa as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido
e, não nos deixes cair em tentação,
mas livra-nos do mal.

Porque Teu é o Poder, o Reino e a Glória, Ó Pai, Filho e Espírito Santo, amém!

O Sinal da Cruz Ortodoxo



...e do Filho...
 

 Em Nome do Pai...
O Cristão Ortodoxo faz o sinal da Cruz da forma abaixo. Repare o posicionamento dos dedos e a movimentação da mão da direita para a esquerda. O sinal da cruz é uma oração com o corpo. Os três dedos juntos representam a Trindade, os dois dedos abaixados as duas naturezas de Cristo, Divina e Humana. A mão começa na cabeça, na testa, representando o Pai. O Filho então desce a Terra para salvação de todos e ascende para a *direita* do Pai, de onde envia o Espírito Santo para o mundo todo (movimento para esquerda para cobrir todo o corpo).
Espírito Santo para o mundo todo (movimento para esquerda para cobrir todo o corpo).



 
                                                        ...e do Espírito...                     ... Santo, Amém!

O Credo Niceno-Constantinopolitano


(O Pai)

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

(O Filho)

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai.  Por Ele todas as coisas foram criadas. E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem.  Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.

(O Espírito Santo)

Creio no Espírito † Santo, Senhor vivificante, e que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: foi Ele que falou pelos profetas.

(A Igreja)

Creio na Igreja Una †, Santa, Católica e Apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados.

(A Vida Futura)

Espero a ressurreição dos mortos; e a vida no mundo que há de vir.

Amém.

Prostrações

É comum, mas não obrigatório, que durante a Divina Liturgia e outros ofícios e orações particulares, o cristão ortodoxo faça o sinal da cruz acompanhado de prostrações. A prostração pode ser apenas uma curvatura, ou completa, tocando a cabeça no chão. Na figura abaixo vemos três fiéis: a primeira faz o sinal da cruz, a segunda, depois de ter feito o sinal da cruz faz meia prostração, e o terceiro uma prostração completa. Antes de cada prostração, sempre fazemos o sinal da cruz.








Os Dez Mandamentos


(Ex 20, 1-17)
1. Eu sou o Senhor teu Deus, não terás outros deuses além de Mim.

2. Não farás para ti esculturas, nem figura alguma do que está em cima nos céus, ou embaixo sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra; não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto.

3. Não pronunciarás em vão o nome do Senhor teu Deus.

4. Lembra-te de santificar o dia do descanso; trabalharás durante seis dias e farás toda tua obra. Mas no sétimo dia — que é um repouso em honra do Senhor teu Deus, não farás trabalho algum.

5. Honra teu pai e tua mãe, para que teus dias se prolonguem sobre a terra.

6. Não matarás.

7. Não cometerás adultério.

8. Não furtarás.

9. Não levantarás falso testemunho contra teu próximo.

10. Não cobiçarás a mulher do teu próximo e não cobiçarás a casa do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem nada do que lhe pertence.



Breve Catecismo da Igreja Católica Ortodoxa - Cristo Continua Conosco: A Igreja - 04/09



Dez dias após sua Ascensão ao céu e cinquenta dias após a sua Ressurreição, Ele enviou o Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e é enviado pelo Filho. Os Discípulos viram realmente a presença do Espírito Santo pousando sobre as suas cabeças em forma de línguas de fogo.

As Santas Escrituras

Na Sagrada Escritura, encontramos todos os eventos: a Criação do mundo, a Queda do homem e a Encarnação de Jesus Cristo. A Sagrada Escritura consiste em 49 livros do Velho Testamento e 27 livros do Novo Testamento. Todos nós devemos estudar a Sagrada Escritura a vida da Igreja e os ensinamentos dos santos Padres. Cristo é o Centro da Sagrada Escritura: O Velho Testamento profetisa e prepara a sua chegada; o Novo Testamento descreve e apresenta a sua vida e obras. Isto está bem expresso no evento da Transfiguração do Senhor: Os Apóstolos representam o Novo Testamento e os dois homens que aparecem ao lado de Jesus, Moisés e o profeta Elias, representam o Velho Testamento.

A Santíssima Trindade

Um dos propósitos básicos da Encarnação de Cristo foi revelar que Deus é Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Cristo revelou esta verdade à Samaritana, entre outros, quando falou: “Deus é Espírito, e aqueles que O veneram devem fazê-lo em espírito e verdade”. Isto significa que Deus Pai, é venerado em Jesus cristo e no Espírito Santo.

Há perfeita unidade entre as pessoas da Trindade, segundo a substância, a natureza e a forma e trindade segundo a propriedade e o nome, porque um é chamado Pai, outro Filho, outro Espírito Santo, a mesma natureza, nas distintas pessoas. Neste aspecto o ser humano é bem diferente de deus.  Todos os homens têm a mesma natureza, mas são pessoas diferentes.

Na Divina Liturgia cantamos: “O Pai, o Filho e o Espírito Santo, Trindade consubstancial e indivisível”. A grande verdade da Trindade Divina não pode ser abarcada pela razão humana, mas é um objeto de Revelação. Quando o homem obtém a deificação, - a Visão da Luz Incriada, compreende então que Deus é Triúno. Os Discípulos no Monte Tabor foram transformados, e assim viram a divindade da Palavra como Luz, o Espírito Santo como uma Nuvem Luminosa, e ouviram a voz do Pai. Permanecendo unidos à Igreja recebemos as energias de Deus Triúno, adquirimos o conhecimento divino e somos fortalecidos em nossa vida espiritual. A hospitalidade de Abraão é uma representação iconográfica da Tri-unidade (Trindade) que não foi apenas revelada por Cristo, mas que se manifestou a nós, através de suas obras.

História Espiritual da Igreja

Com a criação dos anjos e dos homens temos a primeira fase da Igreja.  Então, através da Queda dos homens ocorreu, consequentemente, a Queda da Igreja. No entanto, uma pequena parte da Igreja permaneceu nas pessoas dos Profetas e dos homens justos do Velho Testamento.

Através da encarnação de Cristo e, de modo especial, os apóstolos, pela descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tornaram-se membros do Corpo de Cristo. Assim, a Igreja do Velho Testamento, que era espiritual, tornou-se agora carnal, o Corpo de Cristo.

O Pentecostes está associado à Sagrada Eucaristia, pois a Igreja, como Corpo de Cristo, tem seu início no Pentecostes e se alimenta da Eucaristia, que é o centro e a vida da Igreja. A Igreja não é uma Instituição humana, mas uma Instituição divina, não é uma corporação, mas o Corpo de Cristo. Cristo é a cabeça da Igreja e seus membros são os cristãos batizados que vão conformando suas vidas à Cristo.  Não há definição melhor para Igreja que a de "Corpo de Cristo".

Missão da Igreja

Na Sagrada Escritura há muitas imagens que revelam a natureza de sua obra e de sua missão.

A principal imagem usada por Cristo é aquela da vinha. Ele, Cristo é a vinha e os fiéis são o ramos enxertados que se unem a Cristo e recebem d'Ele toda a sua força.

Em outro lugar a Igreja é chamada de rebanho, porque é conduzida pelo próprio Cristo o sumo e verdadeiro pastor e liderada também por Ele.

É caracterizada ainda como um casamento, para mostrar a unidade dos fiéis com Cristo: Cristo é o Noivo e a Igreja é a Noiva.

É chamada também de Reino porque Cristo é o eterno Rei e os cristãos seus súditos que fazem a sua vontade.

O Que é e onde Está a Verdadeira Igreja

 A Igreja é a arca da salvação.  De longe, ela lembra a arca do Velho Testamento que salvou Noé com sua família e várias espécies de animais, do grande Dilúvio. Todos os que entram para a Igreja e se esforçam para cumprir os mandamentos de Deus são salvos. A Igreja Ortodoxa preservou a Verdade como Cristo a revelou aos seus santos apóstolos, e eles a transmitiram a nós como herança, e assim como todos os santos a viveram.

É desta Igreja Ortodoxa que os outros cristãos saíram e outras "igrejas" cristãs ou confissões foram formadas, como por exemplo as igrejas não-calcedonianas orientais, como a Siríaca, Copta, Armênia, Etíope, etc. Incluí-se também, a Igreja Católica Romana que tem como autoridade máxima o Papa de Roma e as Igrejas Protestantes ou Evangélicas, que saíram da Igreja Romana e se subdividem em diversos outros ramos.

Existem ainda outras religiões, tais como o hinduísmo, bramanismo, budismo, islamismo etc., que também não fazem parte da Igreja e não levam a salvação mesmo que seguíssemos seus ensinamentos a risca, pois a salvação é a participação nas Energias de Deus através do próprio Corpo de Cristo e não mera obediência a comportamentos, regras e crenças.

Quem são os membros da Igreja

Os verdadeiros membros da Igreja são os santos, isto é, os Profetas, Apóstolos, Mártires, homens santos e Ascetas, e aqueles que viveram no mundo, foram favoráveis a Deus e adormeceram em paz.

De um modo geral os membros da Igreja são os deificados, aqueles que em diferentes níveis participam da indestrutível Graça divina. Os que vivem uma vida sacramental e procuram orientar suas vidas pelas dos santos, lutam, buscando a salvação são, também eles, membros da Igreja.

Como fazer para sermos membros vivos e não mortos da Igreja?

Os Santos Padres da Igreja nos ensinam que há três principais sacramentos na Igreja:

O primeiro é o Batismo, que é chamado de Sacramento da Iniciação Cristã, porque é através dele que nos tornamos membros da Igreja.

O segundo é o Sacramento da Crisma, pelo qual recebemos os dons do Espírito Santo e que é ministrado logo após o Batismo, (num único e mesmo ofício).

O terceiro é a Santa Eucaristia - (comunhão), a qual depende tanto do Batismo e da Crisma ortodoxos que é ministrada logo depois de ambos, mesmo para os bebês.

Nós recebemos o santo Batismo para que, como membros da Igreja possamos comungar o Corpo e Sangue de Cristo e só podemos comungar o Corpo e Sangue de Cristo se tivermos sido recebidos na Igreja Ortodoxa através do Batismo ou do Crisma ortodoxos.

Uma vez que o Batismo não é garantia de que nos conservaremos sem pecar, dispomos do sacramento da Penitência ou Confissão, que é como um segundo Batismo, pois nos devolve aquela pureza que adquirimos através do santo Batismo e nos faz, de novo, membros vivos da Igreja. Confessamos os nossos pecados ao nosso pai espiritual e, por meio dele, recebemos o perdão divino (a cura).

Outro Sacramento é o da Ordem. Através do Sacramento da Ordem a Graça apostólica e a benção são transmitidas a todas as gerações. O Clero é sucessor dos apóstolos.  (seus membros) celebram o Sacramento da Eucaristia, administram todos os demais sacramentos, guiam e curam o povo de Deus.

Através do Sacramento do Matrimônio o homem (noivo) une-se a mulher (noiva) para constituir uma família Cristã.

Também há o Sacramento da Santa Unção, pelo qual nosso corpo é ungido com o santo óleo dos enfermos e suplicamos insistentemente a Deus pela cura de nosso corpo e de nossa alma.

O Batismo

O Batismo é também denominado o "Sacramento da Iniciação Cristã", porque nos tornamos, por ele, membros da Igreja de Cristo.  No Sacramento do Batismo, nós renunciamos ao demônio, (suas obras, seus anjos, suas pompas e suas seduções), ou seja, nos libertamos do poder das trevas, que age em nós através das paixões e desejos, e, assim, permanecemos unidos a Cristo. A imagem de Deus em nós fica purificada e o nome que recebemos se torna iluminado. Somos trazidos de volta ao Paraíso que tínhamos perdido pelo pecado.

Para um cristão ortodoxo não é suficiente ter sido batizado, mas, ele deve viver a vida sacramental da Igreja, orar a Deus e sentir que é membro da comunidade de fé como a uma família. E, vivemos assim quando vamos regularmente à Igreja e comungamos, especialmente aos domingos e nas Grandes Festas.  Sentimos, assim, que não somos órfãos e sozinhos, porque temos um Pai comum e muitos irmãos. Sendo a Igreja Ortodoxa uma família, um lugar de cura do corpo e da alma, porque restaura nossa comunhão com Deus, isto implica que os membros do seu Clero, são como pais desta família, pastores deste rebanho espiritual, que eles conduzem para as "verdes pastagens", e que são também médicos que curam as enfermidades.

A Eucaristia ou Santa Comunhão

O maior Sacramento da Igreja é a Eucaristia. É, na verdade, o centro da vida da Igreja. Todos os outros Sacramentos relacionam-se a este grande Sacramento. Durante a celebração da Eucaristia (Divina Liturgia), o sacerdote suplica ao Pai que envie o Espírito Santo para transformar o pão e vinho no Corpo e no Sangue de Cristo. Sem a Eucaristia a Igreja não poderia existir. O Sacramento da Santa Eucaristia é celebrado para que possamos partilhar do Corpo e Sangue de Cristo. Jesus Cristo disse: “Se não comerdes da carne do Filho do Homem e não beberdes do seu Sangue, Não tereis a Vida em Tu”. Através da Santa Eucaristia recebemos a verdadeira Vida que é Cristo. Portanto, devemos comungar frequentemente. Mas, a participação frequente na Divina Eucaristia, requer sempre que estejamos espiritualmente preparados, antes de nos aproximarmos do Santo Cálice. E a preparação necessária, consiste no batismo ou crisma ortodoxos, arrependimento, confissão, e oração.

A Santa Comunhão nos é dada para que possamos partilhar do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. É, portanto, a comunhão do homem com Deus; não uma questão de sentimento ou ato simbólico. Através da Santa Comunhão com o santíssimo Corpo e o Precioso Sangue de Cristo nos tornamos Um com Ele. Ao mesmo tempo entramos em comunhão com todos os nossos irmãos e os reconhecemos como irmãos do Senhor, e filhos amados do único e mesmo Pai.

O Clero e os Leigos

Os membros do Clero são imagens visíveis de Cristo: Como Cristo, nos amam como Pai; conduzem-nos como Bom Pastor, e, como médicos do Divino Médico, curam as nossas enfermidades, porque são pais, pastores e médicos. O sacerdócio pleno é constituído de três graus: diaconato, presbiterado e episcopado.

Os bispos são sucessores dos santos Apóstolos.  Eles são, no sentido pleno da palavra, os pastores que conduzem o Povo de Deus, e, exclusivamente eles, administram o Sacramento da Ordem. Os padres (presbíteros) são responsáveis pelas Paróquias, e, com a bênção do bispo realizam todos os sacramentos, exceto aquele da Ordem.  Os diáconos auxiliam o bispo e os sacerdotes, e não podem realizar nenhum Sacramento. Na sequência do Sacramento da Ordem, primeiro vem o diaconato, depois o presbiterado, e só por último, o grau do episcopado (bispo).

Além do clero ordenado existem muitas outras funções auxiliares na Igreja, que inclui o leitor, que recita ou canta a leitura das epístolas, os cantores, que participam do coro daquela paróquia e que representam toda a comunidade, o sacristão, que zela pela ordem da Igreja e prepara o que é necessário para a realização dos Divinos Ofícios etc. A recepção destes ministérios (funções) acontece durante um ofício especial com uma oração específica feita pelo arcipreste. Este ofício é chamado de Imposição de mãos, que não deve ser confundido com o Sacramento da Ordem.

Para o bom funcionamento da Paróquia existem ainda outras pessoas que auxiliam o Clero. 
Entre eles estão os administradores, leigos que zelam pela administração dos bens e dos recursos financeiros da paróquia, e cuidam das necessidades daquela comunidade.  Em geral, é também mantido um fundo administrado por vários membros da Comunidade, para socorrer aos mais necessitados, e para ações filantrópicas e assistenciais em geral.

A Unidade da Igreja

A Igreja é uma, porque o Corpo de Cristo é Um. Do mesmo modo como Cristo não teve muitos corpos, também não pode propriamente existir "várias Igrejas". Por mais que um grupo seja sincero e bem intencionado não basta “seguir a Bíblia” para ser membro da Igreja. Igualmente, por mais semelhante que sejam com a Igreja no que tange a clero, sacramentos, santos, aparência do templo e teologia, os grupos que se separaram da Igreja Católica Ortodoxa não são parte dela e por isso é errado participar de ritos heterodoxos, romanos ou não-calcedonianos (igrejas orientais siríaca, copta, etc), como se fossem ortodoxos.

A Igreja Una, que é a Igreja Católica Ortodoxa, é constituída de muitas jurisdições (grega, ucraniana, antioquena, etc.) sem prejuízo da unidade da Única Igreja de Cristo. Assim, temos as Igrejas Patriarcais, as Igrejas Ortodoxas Autônomas, e as Autocéfalas. Cada Igreja particular está organizada em Metropolias - (Arquidioceses), Eparquias (Dioceses), e estas, por sua vez, em Paróquias, Comunidades e Missões, para melhor servir assim as necessidades espirituais dos fiéis. Mas a unidade da Igreja de Cristo não é quebrada por esta organização. Em cada Metropolia, Eparquia ou Paróquia em comunhão entre si, está presente a totalidade da Igreja de Cristo.

Assim como acontece com o pão, o Corpo de Cristo, na Divina Liturgia: é cortado em pedaços, mas não quebrado. Cada Cristão que recebe a comunhão não recebe uma parte apenas do Corpo de Cristo, mas, o Cristo por inteiro. A unidade de todas as Igrejas Ortodoxas particulares que constituem a Igreja Una é salvaguardada pela mesma Fé (ortodoxa), a pela mesma Tradição, estando assim, em comunhão umas com as outras. Esta comunhão é expressa na menção do Bispo, durante a Divina Liturgia. Durante a Divina Liturgia e em todos os outros Ofícios o celebrante menciona o nome do seu Bispo, o Bispo menciona o do seu Arcebispo, e o Arcebispo o do seu Patriarca.

O Templo

O encontro dos membros de uma comunidade para a celebração da Divina Liturgia (Eucaristia) e/ou outros Ofícios Litúrgicos, acontece num local especial chamado Templo Santo. Sendo neste lugar sagrado que os membros da Igreja se reúnem uma vez que eles constituem propriamente a "Igreja", este lugar é também chamado a "igreja". Nos primeiros tempos existiam as "igrejas domiciliares", e as "catacumbas" durante o tempo das perseguições.

Após o final das grandes perseguições à Igreja Cristã, os Templos sagrados foram sendo edificados. Todos os sacramentos são ministrados na igreja, especialmente o sacramento da Eucaristia. Além dos sacramentos, todos os outros ofícios Litúrgicos também acontecem na igreja: os Ofícios de Matinas, Vésperas, Paráklisis à Virgem Maria, Akatistos à santa Mãe de Deus.  Cada ofício tem um sentido e uma finalidade especial, e devemos participar deles tão regularmente quanto possível. Sendo a igreja o lugar próprio para as celebrações litúrgicas, existem muitos objetos para este uso nos diversos Ofícios, tais como o Cálice, o Evangeliário, a Cruz de bênçãos, o Turíbulo, o Zéon ou Teplotá (recipiente em que é servida a água, que, ainda fervendo, será derramada no Cálice após a fração do pão), a Lança, a Colher de Comunhão etc.

Ao entrar numa igreja ortodoxa percebemos logo a presença predominante dos santos ícones. Eles estão por toda parte e em toda igreja, não só na Iconostase, mas também nos estandartes processionais, nas paredes, nos porta-ícones, nos altares etc.

O ícone não busca fazer uma representação física da pessoa representada nele. Não é um retrato, mas quer mostrar a vida transfigurada da pessoa, sua vida como chegou a ser iluminada por Deus, com a luz do Tabor, a luz da Transfiguração de Cristo.

Beijamos os santos ícones, fazendo o sinal da cruz e uma reverência, reconhecendo que os santos neles representados experimentaram também a cruz de Cristo em suas vidas. Reconhecemos assim que também nós participamos desta vida, desta vida da cruz que nos ensina a viver os mandamentos de Cristo. Quando beijamos os santos ícones não estamos beijando o objeto de madeira ou qualquer outro material de que é feito, mas a pessoa que ele nos apresenta; ou seja, a honra que prestamos se dirige ao seu protótipo.

Vida Após a Morte

O principal objetivo da encarnação de Cristo foi a abolição da morte. Através da Paixão, Crucificação, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo aboliu a morte.  A morte já não tem mais o poder que tinha no Antigo Testamento. Através do Batismo e da Eucaristia nós nos tornamos realmente membros da Igreja, e experimentamos a abolição da morte, porque nos tornamos membros do Corpo ressuscitado de Cristo estamos em comunhão com seu Corpo ressuscitado e glorificado. Ou seja, estamos aptos a experimentar a abolição da morte espiritual, porque estamos unidos com Cristo e possuímos a certeza que nossos corpos ressuscitarão na sua Segunda Vinda.

Na Igreja Ortodoxa a morte é chamada de dormição. Uma festa que leva esse nome é a da Dormição da Mãe de Deus.  Todos os domingos a Igreja celebra a vitória de Cristo sobre a morte e em todos os dias de festas, porque o dia da morte de todos os santos é glorioso e sua memória é por isso celebrada. Após a partida temporária da alma de uma pessoa, seu corpo é sepultado com reverência e cuidado num lugar especial chamado cemitério, um lugar de repouso, porque a pessoa está simplesmente adormecida até a Segunda Vinda de Cristo. A Igreja celebra ofícios litúrgicos especiais pelo repouso daqueles que adormeceram, tais como: Exéquias, Panaheda e o Triságion. As veneráveis relíquias dos santos, ou seja, dos mártires e ascetas são uma evidência que a morte foi abolida. Os corpos dos santos exalam aromas agradáveis, realizam milagres e não deterioram. Isto mostra que os santos estão adormecidos, que não há morte. Todas estas coisas são explicadas pelo fato de que quando as almas dos santos são separadas dos seus corpos, a divina Graça não é quebrada, mas permanece tanto no corpo quanto na alma. Esta é a fé firme da Igreja: que Jesus Cristo voltará novamente para julgar os vivos e os mortos, como Ele próprio revelou.

O fato que Ele voltará novamente não quer dizer que Ele já não esteja conosco, pois Ele é a Cabeça da Igreja, a qual é Seu Corpo. Isto quer salientar que Ele virá, e que nossos corpos ressuscitarão para um último julgamento (Juízo Final), e os que forem julgados justos entrarão em corpo e alma no Reino de Deus. A vinda de Cristo é chamada Segunda Vinda, porque será distinta da primeira: A primeira vinda, a Encarnação, foi humilde, e de alguma forma inglória, pois os homens não O reconheceram e crucificaram-nO. A Segunda Vinda será evidente e gloriosa uma vez que todos O reconhecerão e Ele virá acompanhado pelos anjos. Nós temos a certeza de que Cristo voltará, não importa o que aconteça, mas não sabemos exatamente quando. Ele mesmo disse que o dia e a hora não são conhecidos. Jesus Cristo virá de repente quando os homens não estiverem esperando por Ele.  

Por isso é que devemos estar sempre preparados. A ressurreição dos corpos e o julgamento dos homens estão intimamente relacionados com a Segunda Vinda de Cristo.  As almas voltarão aos seus corpos, os corpos se levantarão dos túmulos, e seremos revestidos com corpos espirituais, que não necessitarão de comida, roupa, sono etc., e haverá um tribunal.  Seremos julgados de acordo com nossas obras de amor. No ícone da Segunda Vinda há uma cena que é chamada de preparação do trono. Há um trono e nele o livro do Evangelho.  Isto significa que seremos julgados com base no Evangelho, nos divinos mandamentos de Cristo, se os observamos em nossa vida diária. Após o Grande e Temível Tribunal terá início o Reino de Deus, que não é nada mais do que a participação na deificante Energia Divina, comunhão e união com Deus, visão e participação na divina Graça. Os justos já desfrutam do Reino como promessa; eles têm um antegozo desta realidade, depois que suas almas deixam seus corpos. Após a ressurreição dos corpos, desfrutarão dele eternamente. Os que não se arrependeram de seus pecados, e não buscarem a cura divina para as suas almas, não participarão da comunhão com Deus, estarão privados do Divino Amor, e isto é chamado de Inferno.

Nós que vivemos na Igreja Ortodoxa seguimos os mandamentos de Deus, participamos da vida sacramental da Igreja para viver eternamente com Deus Triúno em seu Reino.