segunda-feira, 25 de abril de 2016

Monte Athos e o Concílio Pan-Ortodoxo 2016


Entre as muitas reações, entre elas da Igreja da Geórgia, da Bulgária, de padres, bispos e teólogos da Grécia, do clero da Moldávia e tantos outros, contra os excessos ecumenistas dos documentos pré-conciliares, temos agora acesso às cartas do Monte Athos para os patriarcas repudiando inúmeras crenças não ortodoxas contidas nos documentos.

Os Santos Mosteiros do Monte Atos responderam aos documentos e metodologias pré-conciliares do Concílio Pan-Ortodoxo com reações pontuais e agudas. As Cartas dos Mosteiros Atonitas, enviadas à Santa Comunidade do Monte Athos, foram liberadas para o público. Foram escritas como uma resposta aos documentos Pan-Ortodoxos enviados aos mosteiros pelo Patriarca de Constantinopla. 

Por conta da seriedade da matéria, foi unanimemente decidido que os textos preparados para aprovação no Concílio sejam examinados em uma reunião extraordinária chamada Reunião dos Representantes e Abades dos Santos Mosteiros, que deve ocorrer na Semana Luminosa após a Páscoa. 

Os Pais Atonitas chamam atenção para o perigo representado pelo Concílio Pan-Ortodoxo, na forma em que este vem sendo tratado. Especificamente, entre outros problemas, eles notam:

1) a conciliaridade da Igreja é solapada e uma teologia que apoia a primazia está sendo promovida (devido à participação limitada dos bispos e uma autoridade excessiva sendo dada aos primazes de cada igreja local);

2) uma ambiguidade inaceitável nos textos pré-conciliares, permitindo interpretações que divergem do dogma ortodoxo;

3) a fundamentação como base dos diálogos de "uma fé e tradição da antiga Igreja e dos Sete Concílios Ecumênicos", como se a história subsequente da Igreja Ortodoxa parecesse de alguma forma deficiente ou debilitada;

4) uma tentativa por parte de alguns de obter uma confirmação pan-ortodoxa de textos completamente escandalosos e inaceitáveis aprovados no Concílio Mundial de Igrejas;

5) e o inaceitável uso do termo "igreja" para cismas e heresias.

As carta em grego no link:

http://aktines.blogspot.com.cy/2016/04/blog-post_899.html

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Igreja da Geórgia Sobre o Concílio Pan-Ortodoxo

Patriarca-Católicos Ilia II da Geórgia, em conversa com o Patriarca Ecumênico Bartolomeu


Abaixo está a carta-resposta do representante da Igreja Ortodoxa da Geórgia, Sua Eminência Metropolita Andrew de Gkori e Ateni, para um artigo escrito pelo Arcipreste do Patriarcado Ecumênico (George Tsetsi) entitulado "Um Verdadeiro Evento ou Provocação, a decisão da Igreja da Geórgia?" (Fonte das duas cartas: amen.gr)

A resposta de Sua Eminência é detalhada, direta e muito revaladora tanto de como a Igreja da Geórgia tem sido consistente e direta todo o tempo, enquanto ao mesmo tempo mostrava grande auto-controle e paciência em nome da unidade da Ortodoxia, e, por outro lado, como o Patriarcado Ecumênico tem agido com autoritarismo, pressão e desconsideração não apenas quanto a Igreja da Geórgia, mas também com o Patriarcado de Antioquia.

A carta também confirma que a Igreja da Geórgia e o Patriarcado de Antioquia tem se recusado a assinar o texto "O Mistério do Casamento e seus Impedimentos". Também declara que o texto "Relações da Igreja Ortodoxa com o Resto do Mundo Cristão" foi severamente analizado e criticado pelo Santo Sínodo da Igreja da Geórgia em sua última reunião, depois do encontro dos Primazes em Genebra.

Igualmente, o bispo contradiz o posicionamento do arcipreste quanto o princípio de unanimidade e pergunta ao arcipreste se a decisão tomada pelos primazes de guiar o Grande e Santo Sínodo por tal princípio está agora sendo questionado. Isso nos lembra recente pronunciamento do Patriarca Bartolomeu onde ele redefinia a unanimidade de forma a essencialmente negá-la, dizendo que se uma ou duas Igrejas não aceitassem um texto, isso seria registrado, mas o texto passaria.

Embora a carta inteira seja valiosa e reveladora, esta é a parte que creio ser mais necessária.

Pe. Peter Heers
2. Chegando à conclusão da Comissão Especial Inter-Ortodoxa [designada em 2014 e concluindo seus trabalhos no segundo trimestre de 2015, e tendo sido informado dos seus resultados pelos seus representantes, o Santo Sínodo da Igreja da Geórgia enviou uma carta, em nome do Patriarca Católico Elias para Sua Santidade, o Patriarca Ecumênico, na qual, entre outras coisas, expressou os seguintes pensamentos e observações concernentes aos textos, os quais haviam sido enviados para a 5a reunião do Comitê Pré-Sinodal [Oct. 2015] para revisão e confirmação:
a) "Os textos que estão sendo preparados para o Grande e Santo Concílio devem enfatizar claramente e sem ambiguidades que a Igreja ortodoxa é a única Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica na qual há Sucessão Apostólica, verdadeiro Batismo, Divina Eucaristia e os outros Santos Mistérios da Fé Cristã."
b) "Deve ser proclamado de forma clara, que de acordo com sua natureza ontológica é impossível para a única Igreja ser quebrada, que a Igreja tenha divisões. É sempre por essa razão que a Igreja Ortodoxa conduz diálogos com as várias confissões: com o objetivo de que retornem ao seio da Igreja."
c) " O texto ´Relações da Igreja Ortodoxa com o Resto do Mundo Cristão´ deve conter uma avaliação dos diálogos bi-laterais que tem acontecido entre as várias confissões cristãs, pois a responsabilidade de determinar o caminho que seguirão é da alçada específica do Grande e Santo Concílio.
d) "Consideramos inaceitável a inscrição dos textos, 'A Questão do Calendário Comum', e 'Impedimentos ao Casamento', na sua presente forma, para o Grande Concílio, pois eles estão em oposição à Tradição Canônica da Igreja Ortodoxa".
3. Com tal direcionamento de nossa Igreja e com a disposição de trabalhar para o fortalecimento da Igreja, nós, os representantes da Igreja Ortodoxa da Geórgia, fomos à 5a. Reunião Pré-Sinodal (em Outubro de 2015). Ainda assim, surpresas nos esperavam lá também. Quando o trabalho começou, Sua Eminência, o Presidente (Metropolita John Zizoulas), afirmou que, em sua opinião, a reunião não tinha autoridade de fazer mudanças aos textos das reuniões Pré-Sinodais de 1982 e 1986, mas apenas de fazer mudanças às mudanças que nós mesmos fizéramos enquanto Comitê Especial Inter-Ortodoxo!

Quando finalmente chegamos ao exame do texto "Relações da Igreja Ortodoxa com o Resto do Mundo Cristão", revogou-se os direitos dos Santíssimos representantes das Igrejas da Geórgia e de Antioquia de expressarem suas opiniões (garantidos pelos Estatutos Pan-Ortodoxos) com a desculpa de que não haviam sido feitas propostas por escrito com respeito às mudanças sugeridas nos textos.

Então, o direito de participação equânime dos representantes das Igrejas da Geórgia e de Antioquia foi colocado a voto por todo o corpo da Reunião. Sentimo-nos extremamente insultados. No fim, o direito de falar nos foi "dado", embora já não houvesse como aproveitá-lo para melhora de todo o texto.

Se este nosso posicionamento pode ser chamado de 'comportamento escolástico e teimoso' [como o Arcipreste do P.E. George Tsetsi escreveu em seu artigo, ao qual esta carta responde], então como deveríamos caracterizar a atitude do Presidente do Comitê Especial [Met. John Zizoulas] que, por 7 horas (!) tentou "convencer" os representantes da Igreja a aceitar a mudança de um só parágrafo de acordo com sua preferência?"