quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Meus Dois Centavos Sobre o Capitalismo



Caro leitor,

abaixo você encontrará a tradução que fiz da transcrição de um dos programas de podcast do Prof. Dr. de Filosofia Clark Carlton. O professor Carlton dá aulas de história da filosofia, lógica e filosofia da religião na Tennessee Tech University. Você pode escutar os podcasts dele, em inglês, neste endereço:


Transcrição

Venham e pedi-me a prestação de contas, diz o Senhor. Embora vossos pecados sejam escarlates, eles serão brancos como a neve; embora sejam vermelhos carmim, serão como a lã. Se fordes obedientes e o quiserdes, comereis o fruto da terra.

Olá, e bem-vindos mais uma vez ao “Fé e Filosofia”. O assunto de hoje é “Meus Dois Centavos sobre o Capitalismo”. Irei retornar ao tópico da linguagem teológica nos podcasts futuros, e quando o fizer, quero dar um foco especial nas Escrituras e como devemos lê-las.

Mas hoje, quero fazer um pequeno desvio. Eu tenho me colocado em dia com vários dos últimos podcasts aqui na Ancient Faith Radio. E fiquei intrigado com uma série deles sobre o capitalismo. Sendo assim, enquanto o assunto ainda está fresco na minha cabeça, eu quero contribuir com meus dois centavos.
O que se segue não busca ser uma refutação do que quer que tenha sido dito por alguém aqui. Ao invés, meus comentários têm o objetivo de clarificar os termos e questões que têm sido levantados. A única crítica que tenho sobre as discussões anteriores é que houve uma falta de contexto histórico. Tentar definir os termos abstratamente, sem referência a seus desenvolvimentos históricos, irá inevitavelmente levar a distorções.

Basicamente, quero detonar com dois mitos que cercam o capitalismo, e daí meus dois centavos. O primeiro mito é que o capitalismo depende da propriedade privada e do livre-mercado. O segundo é que o progressismo e o socialismo são alternativas reais ao capitalismo.

Vamos começar com o primeiro mito, e isso com certeza vai levantar algumas sobrancelhas. Historicamente, o capitalismo tem se provado um inimigo da propriedade privada, não seu defensor. É, é, eu sei. Todos nós já ouvimos quem defina o capitalismo como posse privada de propriedade, em contraste com o socialismo que seria a posse pública do capital.

Mas esta definição é enganadora e pouco útil. As pessoas já possuíam propriedade privada por milênios antes do surgimento do capitalismo. Os romanos reconheciam a posse privada, assim como os gregos e os judeus. A propriedade privada não é uma invenção moderna. De fato, o republicanismo clássico dependia da posse privada da propriedade e, portanto, nas virtudes da classe de cidadãos proprietários.

Karl Marx recebeu bem e elogiou o capitalismo. Aposto como você não ouviu isso nas escolas públicas. Você diz, “Marx queria eliminar a propriedade privada”. E queria mesmo. Mas ele via o capitalismo como um estágio necessário no desenvolvimento sócio-econômico da humanidade – um desenvolvimento que, segundo ele acreditava, levaria inexoravelmente a uma utopia comunista.

Dito de outra forma, o capitalismo é essencial para a concentração da propriedade nas mãos de alguns poucos. Isto alcança duas coisas dentro da perspectiva comunista: acentua as desigualdades socioeconômicas até o ponto no qual o proletariado irá se erguer em revolução, e deixa a transição para o comunismo mais fácil porque apenas uns poucos são donos da propriedade.

Além disso, o capitalismo prospera apenas em mercados controlados, não em livre-mercados. Algumas das discussões nos podcasts focavam no capitalismo laissez-faire. Vamos deixar uma coisa clara. Tal coisa não existe. Nunca existiu. Nunca existirá. Capitalismo laissez-faire é uma fantasia libertária, e os libertários têm sido descritos, corretamente, como os utópicos da direita.

O capitalismo, da forma que se desenvolveu historicamente, não está fundamentado nas trocas do livre-mercado, mas na manipulação do mercado pelos governos para o benefício dos capitalistas – ou, pelo menos, de alguns capitalistas.

Primeiro de tudo, o capitalismo só pode existir onde a economia tenha sido monetarizada. Seria impossível em uma economia de escambo. Uma economia monetarizada, por sua vez, necessita de um sistema monetário de algum tipo, o que vai exigir um sistema bancário e, tão importante quanto, algum tipo de base governamental ou política para o dinheiro.

Desde o início, os capitalistas dependeram dos governos para beneficiá-los através de tributações monetárias e políticas comerciais. O capitalismo e o mercantilismo andam de mãos dadas. Os industriais do século XIX não ficaram podres de ricos pela manipulação do livre-mercado. Eles ficaram ricos graças a políticas monetárias federais, políticas tributárias, gastos públicos em coisas como linhas férreas, e altas tarifas que os protegiam da livre competição.

Francamente, é impossível ficar rico como os Vanderbilts ou os Rockfellers, ou mesmos os Bill Gates e Warren Buffets da vida, sem uma manipulação governamental gigantesca dos mercados – especialmente através de políticas monetárias e políticas de taxas. Algumas pessoas se tornam ricas com essas manipulações. Outras ficam pobres. Não tem nada a ver com a sobrevivência do mais adaptado, mas com quem você conhece ou quão bem você pode manipular o sistema a seu favor.

O que me traz ao segundo mito, que diz que o progressismo e o socialismo oferecem alternativas genuínas ao capitalismo. Se o capitalismo tratasse de propriedade privada e livre-mercados, então estas coisas seriam alternativas. Mas o capitalismo na verdade promove a concentração de riqueza e a socialização dos riscos da economia, enquanto o socialismo não passa de um lado diferente do mesmo sistema econômico corrupto.
Eu costumo dizer que os evangélicos constituem o grupo mais burro de eleitores nos EUA, porque você quase sempre pode contar que eles irão votar contra seus próprio interesses – basta que um político diga algo legal sobre Jesus e finja se opor ao aborto. Depois dos evangélicos, entretanto, eu colocaria os auto-proclamados progressistas, que realmente acreditam que apoiando coisas como regulamentação governamental e serviço universal de saúde, estão enfrentando a elite em nome dos pequenos e frágeis. Total e completo esterco de cavalo.

Vou dar um exemplo. Este ano o congresso americano concedeu ao FDA a competência de regular o tabaco – uma grande vitória para os consumidores e defensores da saúde contra as grandes e malvadas corporações, certo? Na verdade não. O que mudou o rumo das coisas foi que as grandes empresas deixaram de se opor à lei. Eles descobriram que as novas regulamentações iriam lhes dar uma vantagem competitiva contras as empresas de tabaco menores, já que as incontornáveis regulamentações da FDA seriam mais custosas para os pequenos produtores.

De fato, na maioria dos casos, a regulamentação governamental tende a beneficiar as grandes corporações e colocar grandes fardos nas pequenas empresas. Tudo isso pode ser percebido se estudarmos a história dos EUA. Ao contrário do que diz a mitologia do livro escolar, os primeiros colonizadores não eram minorias religiosas buscando a liberdade.

Tanto a Massachusetts Bay Company quanto a Virginia Company eram corporações visando lucros com acionistas na Inglaterra, e que estavam esperando uma admirável compensação por seus investimentos. Desde o início, entretanto, houve tensões entre os colonos e seus senhores corporativos. O que a maior parte das pessoas não se dá conta é que uma boa parte da legislação parlamentar, contra a qual os colonos reclamavam tanto, fora passada sob as ordens e para o benefício da Compania das Índias Orientais.
No fim do século XVIII, a Compania havia se tornado tão rica e poderosa – ela chegou a possuir exército e marinha próprios – que na prática o Parlamento e a Coroa estavam comprados e no seu bolso. Assim, quando os colonos reclamavam contra a tirania, era na verdade a tirania corporativa, embora manifesta através dos atos de um parlamento marionete.

Quando os colonos alcançaram a independência, dois caminhos distintos estavam à sua frente. Jefferson queria uma ruptura completa com o velho sistema mercantilista, capitalista. Ele imaginava uma república de repúblicas menores, baseada em uma vasta rede de propriedades privadas agrárias e pequenos negócios. Ele alertava contra as temíveis conseqüências se acionistas e banqueiros chegassem a ter a predominância. Ele acreditava que para os direitos de propriedade e a liberdade serem preservados, o poder político devia ser o mais descentralizado possível.

Do outro lado do debate estava Alexander Hamilton. Ele queria reproduzir o mercantilismo inglês deste lado do Atlântico e derrotar os ingleses em seu próprio jogo. Ele imaginava os Estados Unidos como um furacão militar e econômico. Para se alcançar tal coisa, entretanto, tanto o poder político quanto o capital financeiro teriam que ser concentrados.

Pela primeira metade do século XIX, os jeffersonianos contiveram os hamiltonianos. Mas em 1860, tudo mudou. A eleição de Abraham Lincoln colocou os EUA solidamente no caminho de se tornar um império mercantilista, e temos pago o preço disso desde então.

Vou detonar um outro mito agora. O Partido Republicano não é, nem nunca foi um partido conservador. Ele foi fundado em 1850 por uma coalizão de elites corporativas e progressistas sociais, e continua assim até hoje. O programa republicano de um banco nacional, melhorias internas financiadas publicamente, e tarifas altamente protetoras criaram não apenas riqueza jamais vista nesse país, mas também criaram uma corrupção como jamais vista – tanto privada quanto governamental.

As reformas progressistas da primeira parte do século XX não foram um repúdio do capitalismo mercantil, mas apenas um realinhamento em posições diferentes. A regulamentação governamental se tornou o preço da larga generosidade do governo. Não nos esqueçamos que o republicano Teddy Roosevelt se tornou um dos fundadores do Partido Progressista.

Até 1931, o Partido Democrático ainda era o mais conservador dos dois partidos, mas isso mudou com a eleição de Franklin D. Roosevelt, cuja família, não esqueçamos, havia sido republicana. Reparem no programa democrata de 1932. É praticamente o oposto especular do que Roosevelt de fato executou no posto. A eleição de 1932 foi uma das grandes farças de todos os tempos.

Tudo isto explica, aliás, porque as políticas de Obama pouco diferem das de George Bush. Obama apoiou os planos de subsídios antes de ser eleito e seu governo deu continuidade às mesma políticas desastrosas de subsidiar bancos e desvalorizar os dólares nas contas bancárias de pessoas que realmente tem que trabalhar para viver. Nada mudou.

Para voltar à pergunta feita nos outros podcasts, seria o capitalismo compatível com o Cristianismo Ortodoxo? Bem, a resposta é não. Mas o progressismo não oferece uma alternativa real. O capitalismo é um sistema econômico modernista e o progressismo é um paleativo modernista – não uma alternativa.
A única alternativa real ao capitalismo é algo na linha do que Jefferson havia planejado, o que é parecido com a visão dos distributivistas católicos, tais como Belloc e Chesterton, e com a terceira via do economista protestante Wilhelm Röpke. O fundamento de um tal sistema é uma vasta rede propriedades privadas e governo descentralizado.

Quero salientar que a palavra grega ekonimia significa administração doméstica. Wall Street não é a economia. A economia é como você provê para si mesmo e para sua família e como você trata seus vizinhos no processo. Entretanto, tem se tornado cada vez mais difícil prover para nós mesmos quando nossas economias são desvalorizadas por políticas governamentais e nossas pequenas fazendas e negócios são regulamentados em cada centímetro para o benefício das grandes corporações.

Gostaria de concluir com alguns comentários concernentes ao protestante Wilhelm Röpke. Estes comentários foram feitos por Ralph Ansel, em um excelente artigo que ele escreveu:

Para um protestante que considerava a situação criada pela Reforma como de uma das grandes calamidades na história, ele devia ter dificuldades em encontrar seu lar religioso tanto no protestantismo contemporâneo, o qual em seu caos e falta de orientação está pior do que jamais esteve, ou no contemporâneo catolicismo pós-reforma. Tudo que ele pode fazer é reunir, em si mesmo, os elementos essências do cristianismo indiviso pré-reforma. E nisto, eu acho que estou na companhia de homens cuja boa-vontade, pelo menos, não é duvidável.

Nós sabemos, naturalmente, que o Cristianismo indiviso não necessita ser, de fato não pode ser, reunido porque ele já existe na Igreja Ortodoxa. Mas esta passagem é um lembrete de que a solução dos dilemas econômicos do homem moderno não estão no modernismo, mas na fé e vida de uma vez por todas entregue aos santos.

Apenas a Ortodoxia é capaz de oferecer não apenas uma crítica da modernidade, mas de apontar-nos soluções reais. Não podemos dar o testemunho da verdade que o mundo precisa, porém, enquanto continuarmos a tentar contemporizar com sistemas econômicos e políticos que, por sua própria natureza, minam a fé que temos e a vida que buscamos levar.

E finalmente, que nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo, através das interseções de Sto. Inocêncio do Alasca e do Abençoado Ancião Sofrônio Sakharov, tenha piedade de nós e nos conceda uma rica entrada em Seu Reino eterno.

domingo, 25 de outubro de 2009

São Serafim e São Francisco - A Palavra dos Santos


Caros leitores,

o trecho abaixo foi traduzido pelo amigo Felipe Ortiz. É de grande importância em tempos de ecumenismo, pois é um testemunho de como Deus vê a questão da união das comunidades cristãs. Trata-se de uma visão em sonho que uma fiel protestante teve e na qual um santo romano e um santo ortodoxo lhe trazem a palavra de Deus. E não quaisquer santos, mas São Francisco e São Serafim,  os santos que talvez sejam os mais venerados na era moderna respectivamente entre os latinos e na Santa Igreja. Meditemos sobre a palavra de Deus revelada a nossa irmã através de seus santos.

Em Cristo,
      Fabio.

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São Serafim e São Francisco
Introdução e tradução: Felipe Ortiz


Por mais improvável que pareça, o encontro entre o católico italiano Francisco de Assis (1181/2-1226) e o ortodoxo russo Serafim de Sarov (1754-1833) chegou a acontecer.

E sua testemunha, surpreendentemente, foi uma protestante devota, na França, por volta do ano de 1925.

O trecho abaixo faz parte do livro São Serafim de Sarov -- Biografia Espiritual, escrito por um dos grandes ascetas e missionários ortodoxos do séc. XX, o Arquimandrita Lázaro (Moore), inglês convertido à ortodoxia (1902-1992).

Este livro, publicado postumamente, é considerado uma das melhores biografias de São Serafim. Na minha edição, que é a primeira, o trecho que traduzo abaixo está nas p. 239 a 243.

Esse livro já está esgotado, mas felizmente está prestes a ser reeditado, com outro nome, numa edição que aliás parece que será muito bonita: http://anaphorapres s.com/music/ pre-release- sale/


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O evento que relatamos abaixo nos foi comunicado verbalmente em agosto de 1931 pelo Sr. K., que mais tarde o escreveu em uma carta dirigida a nós. É dessa carta que faremos uso aqui.

É de conhecimento geral que São Serafim sabia por experiência e disse mais de uma vez que o Cristianismo estava preservado em toda a sua plenitude e pureza na Igreja Ortodoxa. E o que é mais impressionante e convincente é sua própria sublime virtude e a abundância da graça que habitava nele com tal "poder" (Mc 9:1) que raramente se viu até nos santos antigos. É suficiente mencionar apenas a conversa de N. A. Motovilov com o santo (durante a qual ele se transfigurou miraculosamente, como o Senhor no Monte Tabor) para firmar, sem a menor dúvida, que a Ortodoxia ainda retém de fato a sua pureza, vitalidade, plenitude e perfeição originais. Mas citemos suas próprias palavras:

"Nós temos a fé ortodoxa, que não tem a mínima mácula."

"Rogo-vos e suplico-vos", disse ele em certa ocasião a alguns veterorritualistas, "ide à Igreja Greco-Russa. Ela está em toda a glória e poder de Deus. Ela é dirigida pelo Espírito Santo."

Isso também foi testemunhado por uma adepta de outra confissão. Aqui estão os fatos.

"Um amigo meu", escreve o Sr. K., "encaminhou-me uma carta escrita em francês na qual uma senhora alsaciana pede a ele para enviar-lhe alguma coisa sobre a Igreja Ortodoxa Russa -- um livro de orações ou algo do gênero. Se não me engano, foi no ano de 1925. Algo foi-lhe enviado como resposta à carta e, por algum tempo, a coisa ficou nisso.

"Em 1927, eu estava naquela localidade e tentei entrar em contato com ela; mas ela estava em viagem, nas férias de verão, e eu só pude conhecer a sua sogra, uma velha senhora de grande caridade cristã e pureza de coração.

"Ela me contou que sua família pertencia a uma antiga e nobre linhagem da Alsácia, os N.N.s, e que eles eram protestantes. Devo dizer que naquele distrito da Alsácia os aldeões são de religião mista: metade são católicos romanos e a outra metade protestantes. Eles compartilham a mesma igreja, na qual celebram seus ofícios em revezamento. Nos fundos da igreja há um altar católico com imagens e todos os demais apetrechos. Quando os protestantes celebram um culto, eles puxam uma cortina em frente ao altar católico, deslizam sua mesa até o meio e rezam. Recentemente tem havido um movimento entre os protestantes da Alsácia a favor da veneração dos santos. Isso aconteceu depois da publicação do livro de Sabatier sobre Francisco de Assis. Apesar de protestante, ele se deixou cativar pelo modo de vida desse santo depois de uma visita a Assis. A família de meus amigos também caiu sob os encantos deste livro. Embora tivessem permanecido no protestantismo, eles ainda assim se sentiam insatisfeitos; particularmente, empenhavam-se pela restauração dos sacramentos e da veneração dos santos. Além disso, foi típico deles que, quando o pastor realizou a sua cerimônia de casamento, eles pediram-lhe para não puxar a cortina sobre o altar católico, a fim de que pudessem pelo menos ver as imagens dos santos. Seu coração procurava a Verdadeira Igreja.

"Certa vez, a jovem esposa estava doente, sentada no jardim, lendo uma vida de Francisco de Assis. O jardim estava em plena floração. O silêncio do campo a envolvia. Enquanto lia o livro, ela caiu num sono leve.

"'Eu mesma não sei como foi que aconteceu', ela me disse mais tarde. 'De repente eu vi o próprio Francisco vindo em minha direção e, com ele, um velhinho semelhante a um patriarca, recurvado mas radiante', disse ela, indicando dessa forma a velhice e a aparência venerável dele. Ele estava todo de branco. Ela se apavorou, mas eles chegaram bem perto dela e Francisco disse: 'Minha filha, tu buscas a verdadeira Igreja. Ela está ali, onde ele está. Ela apoia todos e não exige o apoio de ninguém.'

"O ancião branco permaneceu calado e apenas sorriu em aprovação às palavras de Francisco. A visão terminou. A mulher como que tornou a si. E de algum modo ocorreu-lhe o pensamento: 'Isso tem ligação com a Igreja Russa.' E a paz desceu à sua alma. Depois dessa visão, foi escrita aquela carta a que me referi no começo.

"Dois meses mais tarde, eu estava de novo em sua casa, e dessa vez fiquei sabendo de mais um detalhe através da própria vidente. Eles haviam contratado um empregado russo. Quando ela entrou no quarto dele para ver se ele estava acomodado confortavelmente, ela viu ali um pequeno ícone e reconheceu nele o ancião a quem havia visto, durante seu sono leve, com Francisco. Perplexa e alarmada, ela perguntou: 'Quem é ele, esse velhinho?'

"'São Serafim, nosso santo ortodoxo', respondeu o empregado. Então ela compreendeu o significado das palavras de Francisco sobre a verdade estar na Igreja Ortodoxa."

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O "Deus" do Futebol


O "Deus" do Futebol
© Rev. Bispo Hierotheos, Metropolita de Lepanto e S. Vlassios
Tradução © Fabio Lins Leite


Deus e o futebol, de Alireza Nosrati, Irã

  O mês de junho foi marcado pela copa do mundo que ocorreu no Japão e na Coréia. Muitas pessoas assistiram aos jogos entre as seleções por muitas horas ao dia e sabiam tudo a respeito dos jogos.

  O que me impressionou foi uma "oração" escrita por um "padre" anglicano chamado Fletcher na véspera do jogo decisivo entre a Inglaterra e o Brasil. A oração foi transmitida pela BBC de acordo com o jornal "Eleftherotypia" de 22 de june de 2002. A oração era a seguinte:

"Ergue-te ó Senhor e impede que o Brasil nos domine. Espalha o terror sobre eles, Senhor. Ergue-te e estende a Tua mão para suprimir a força de Rivaldo e Ronaldo. Faz descer sobre Ronaldinho a confusão e, ó Senhor Todo-Poderoso, se isto não funcionar também, pelo menos nos garanta um gol no último minuto, mesmo que de uma posição ruim. Socorre-nos, Senhor, para alcançarmos as finais, mesmo que ocorram em um domingo e ninguém vá a Igreja!".

  De acordo com o "Eleftheros Typos" de 21 de junho de 2002, a oração ainda continha frases como "faça com que as traves deles sejam semelhantes... a corredores de aeroportos e seu goleiro pequeno como uma formiga". E o jornal comentou: "Piedade!"

  A primeira vista, o conteúdo desta oração nos faz dar gargalhadas e cria a impressão que não deve se deve levar esse tipo de coisa a sério. Entretanto, o assunto também possui alguns aspectos interessantes.

  Para muitas pessoas, o futebol é uma religião, um culto. Muitas das expressões utilizadas são retiradas da religião. O torcedores sentam-se e seus "deuses", os jogadores, competem como em um embate de deuses no campo por Vitória. Já que o futebol é considerado por muitos como um novo culto, há nele certamente seu próprio deus, o deus do futebol. Eles oram para este deus inexistente. De fato, existem expressões como "a lei do futebol", "a bola pune", "jogador mágico"(N.T.1).

  Lemos no "Kathimerini": "Então testemunhamos este ano os iluminados do Ocidente quebrarem facilmente o recorde de superstições: um, o técnico da Itália, deixa cair ritualmente um pouco de água benta dada a ele por sua irmã freira; outro (o técnico da Espanha) beija apaixonada e secretamente (para não ser flagrado pelas ansiosas câmeras blasfemas) uma pequena imagem em sua bolsa, provavelmente de São José Goleador. Mas a medalha de ouro da superstição vai para os ingleses, que por muitos anos já vem idolatrando Becham como se fosse o décimo-terceiro apóstolo, e é por isto que construiram para ele uma estátua na praça Trafalgar, para adorá-lo sob sua sombra e orar." "Os fãs de todos os times respeitam os costumes das superstições - eles se benzem, murmuram hocus-pocus, cruzam os dedos e oram a Allah.

  Mas qualquer que seja sua religião ou seu deus do futebol, no final das contas, continuam fiéias a sua doutrina de auto-idolatria" (30/06/2002, p.4). Depois da vitória do Brasil, surgiram as machetes: no alemão German Bild "Deus é brasileiro"; no francês Equipe: "Brasil pela Eternidade"; no Washington Post: "Um Carnaval Divino de Vitórias". A conquista da Copa do Mundo pelo Brasil foi uma oportunidade para a glorificação da religião do futebol" (Eleftherotypia, Tuesday 2-7-2002).

  Voltando a oração do "padre" anglicano, deixem-me destacar que ela revela uma outra realidade também e que é que nós estragamos mesmo os momentos mais sagrados em nossas vidas. A oração é a mais santa comunicação com Deus, é uma "relação entre o homem e Deus". Mas nós pervertemos até mesmo este fato santo. Fazemos preces similares a esta quando pedimos a Deus para nos ajudar com nossos objetivos mesquinhos e com nossas piores paixões humanas, para ter sucesso profissional, para atrair a atenção ou o interesse, para multiplicar nosso dinheiro, para ver alguém "pagar" por algo, para satisfazer nossas ambições e prazeres imorais e ilegais.

  Temos que entender que a oração deve ser feita principalmente para a terapia da nossa alma. Não podemos utilizar o nome de Deus para questões fúteis. De outro modo enganamos não a Deus, mas a nós mesmos.

(Nota do Tradutor: Estas são expressões típicas do grego que o autor menciona. No Brasil são diferentes, mas não há de se negar que as nossas também traem uma paixão excessiva pelo que não passa de um jogo.)

domingo, 30 de agosto de 2009

Maria no Antigo Testamento



10 Ouve, filha, e olha, e inclina os teus ouvidos; esquece-te do teu povo e da casa do teu pai.
11 Então o rei se afeiçoará da tua formosura, pois ele é teu Senhor; adora-o.
12 E a filha de Tiro estará ali com presentes; os ricos do povo suplicarão o teu favor.
13 A filha do rei é toda ilustre lá dentro; o seu vestido é entretecido de ouro.
14 Levá-la-ão ao rei com vestidos bordados; as virgens que a acompanham a trarão a ti.
15 Com alegria e regozijo as trarão; elas entrarão no palácio do rei.
16 Em lugar de teus pais estarão teus filhos; deles farás príncipes sobre toda a terra.
17 Farei lembrado o teu nome de geração em geração; por isso os povos te louvarão eternamente.

Salmo 45

46 A minha alma engrandece ao Senhor,
47 E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;
48 Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
49 Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome.
50 E a sua misericórdia é de geração em geração Sobre os que o temem.
51 Com o seu braço agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de seus corações.
52 Depôs dos tronos os poderosos, E elevou os humildes.
53 Encheu de bens os famintos, E despediu vazios os ricos.
54 Auxiliou a Israel seu servo, Recordando-se da sua misericórdia;
55 Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.

S. Lucas 1

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Protestante Alemão Converte-se à Igreja ortodoxa no Monte Athos


No último sábado, 8/8/2009, no Santo Monastério de Dohiariou, na Santa Montanha, em uma atmosfera de devoção, o alemão Dominik Weiel, 40 anos, geólogo, renunciou ao Protestantismo e abraçou a Ortodoxia, recebendo o nome batismal de Michael (Miguel).

Miguel conheceu o Monte Athos e a Ortodoxia por via wireless através da rádio-comunicação com um irmão rádio-amador, o Pe. Apollo SV2ASP/A, iniciada em 1991. O experiente rádio-amador alemão DL5EBE, ainda universitário, quando escutou pela primeira vez o ainda inexperiente monge agiorita chamando por um sinal fraco, comunicou-se com ele e lhe ofereceu ajuda. Esta foi sua primeira oportunidade de ir até Athos, encontrar o monge e montar a rádio. A visita se tornou um marco em sua vida. Ele encontrou com o Ancião Gregório, abade do monastério, e os irmãos, os quais ele amou e continuou a visitar, e sempre participando do programa completo do local.

Quando completou seus estudos superiores, ele foi empregado por uma empresa de petróleo alemã com atividades por todo o mundo. Por muitos anos ele tem trabalhado em Moscou, e por causa disto, muitos anos se passaram desde sua última visita a Athos. Entretanto, a despeito disto, ele não deixou de se comunicar. Durante todo este tempo, ele lutou consigo mesmo a respeito da conversão e finalmente decidiu ser batizado, se dirigindo, por isso a Athos.

Durante este período ele estava cheio de trabalho e os dias se passavam com grande ansiedade para ser batizado. Finalmente, na Sexta, o ancião perguntou-lhe "você deseja ser batizado?" "Seria um enorme prazer", ele respondeu e seu rosto ficou iluminado. Então, nós convidamos o Sr. Stavro Pomaki, Oficial da Aeronáutica, rádio-amador e filho espiritual do monastério, o qual, apesar de longe de casa, alegremente concordou em se tornar padrinho de Michael.

Pouco tempo depois tudo estava pronto e na manhã de sábado após a Divina Liturgia, ele recebeu o santo batismo no porto de nosso monastério, na presença de toda a irmandade e de peregrinos e finalmente, com grande felicidade, retornou para seu trabalho.


Vamos orar para que o Arcanjo Miguel, o protetor de nosso Monastério, cujo nome foi dado por nosso Ancião, apóie o novo irmão na difícil jornada de sua vida e suas lutas cotidianas.

História original no site Impantokratoros:

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Julgamento Moral

por São Pedro de Damasco


S. Pedro de Damasco descreve o Julgamento Moral no IV volume da Filokalia, p. 256:



"Como poderíamos alcançar o que quer que fosse sem julgamento moral? Ele nasce do nous, e constitui o meio-termo entre a esperteza - isto é, a astúcia excessiva - e a inconsequência. A esperteza puxa o julgamento moral na direção do engodo e da trapaça, e fere a alma de quem a possui e de tantos quantos puder.

A falta de pensamento, por outro lado, torna a pessoa obtusa e trivial, e não permite que o nous se concentre nos assuntos divinos ou no que quer que seja de proveito para a alma da pessoa ou de outros. A primeira é como uma montanha, a segunda como uma ravina.

O homem de julgamento moral, então, é aquele que viaja pela planície que existe entre estes dois. Mas aquele que se desvia de tal trilha ou cai na ravina ou tenta escalar as alturas e, não encontro modo de fazê-lo, projeta-se de cabeça na ravina e não é capaz de sair dela, pois recusa-se a renunciar ao pico da montanha e através do arrependimento retornar a trilha do julgamento moral. Mas a pessoa que caiu na ravina clama com humildade por Aquele que pode guiá-lo de volta para a estrada real da virtude.


O homem de julgamento moral, entretanto, nem se eleva arrogantemente com o fim de prejudicar os outros, nem se rebaixa tolamente apenas para ser prejudicado por alguém. Escolhendo o caminho do meio, se apega a ele com a ajuda de Cristo, Nosso Senhor; a quem seja dada toda Glória e domínio por todas as eras. Amém."


Ou seja, o julgamento moral cristão *tem* algo de esperteza e astúcia. O que S. Pedro explana de forma mais longa é apenas que devemos ter tanto "a mansidão da pomba" quanto a "malícia da serpente".

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Teologias Ortodoxa e Escolástica

Diálogo entre um teólogo escolástico e um teólogo ortodoxo
via MYSTAGOGY de John Sanidopoulos em 02/08/09

Uma refutação ortodoxa do Fundamento da Teologia Ocidental conforme Exposta por Tomás de Aquino.

Versão Simplificada (O = Ortodoxo; E = Escolástico)



O. - Deus é imutável?

E. – É.

O. – Deus é pura simplicidade (actus purus)?

E. – Sim.

O. - A pura simplicidade de Deus serve para proteger a imutabilidade de Deus?

E. – Serve.

O -- Se Deus é pura simplicidade sem nenhuma complexidade, então você diria que não há potencialidade em Deus?

E. – Com certeza.

O. – Se não há potencialidade em Deus, então as divinas essência, existência e energia são idênticas?

E. – São.

O. – Se as divinas essência, existência e energia são idênticas, então Deu está apenas em um permanente estado de atividade (energia)?

E. – Está.

O. – Então você concordaria que se Deus está em estado de plena atividade, isso se dá por necessidade?

E. – Sim.

O. – E não há distinção entre a ação e poder de Deus de Sua essência?

E. – Não, Deus é pura energia.

O. – Você distingue as energias de Deus dos atos de Deus?

E. – Não, eles são ambos o mesmo trabalho criado de Deus.



No seu próprio núcleo, a teologia Ortodoxa difere da teologia Escolástica. Os Pais Gregos claramente ensinam que Deus não é actus purus, mas possui muitas energias e poderes (potencialidades) os quais estão intrissicamente unidos, nem separados nem confundindo-se uns com os outros dentro da incorruptível, inconcebível e intrissicamente simples essência da una divindade trina. A imutabilidade de Deus não tem necessidade de ser protegida pelo actus purus. Não há necessidade de actus purus. Ao contrário, ela é protegida pela incompreensível e incomunicável essência de Deus.


Aquino mistura a energia divina na essência divina como se fosse uma necessidade. A Igreja ortodoxa consideraria uma blasfêmia que Deus tivesse que agir por imposição de uma necessidade, pois Deus permanece em Sua essência e ali as três hipóstases. Deus não é Ser regulado por Sua energia, mas Ele mesmo regula Sua energia. Deus não é pura energia, mas o energizador.


Os Pais da Igreja ensinam que Deus é o energizador, e energia é a atividade incriada de Deus, e o trabalho realizado (ou criatura) é o ato de Deus. O Ocidente, entretanto, não distingue a energia de Deus dos atos (trabalhos) de Deus. A energia de Deus é melhor traduzida como atividade do que como ato. O ato terminado, realmente, é criado, mas a atividade em si é incriada. A atividade é também conhecida como graça, e se é incriada então é divina.


Inferir graça criada (energia) em Deus é uma heresia o que logicamente leva ao completo ateísmo e/ou mitologia grega. De acordo com os Pais da Igreja, a energia criada sempre indica uma natureza criada; uma energia incriada indica uma essência incriada.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A fascinação pela perversão

Pois a fascinação pela perversão obscurece o que é bom.

O homem possui poderes tais que pode transmitir o bem ou o mal para o seu ambiente. Tais questões são muito delicadas. É necessário grande cuidado. Precisamos ver tudo sob uma perspectiva positiva. Não devemos pensar qualquer coisa de má sobre os outros. Mesmo um simples olhar ou suspiro influenciam os que estão a nossa volta. E mesmo a mais leve raiva ou indignação ferem. Precisamos ter bondade e amor em nossa alma e transmitir estas coisas.

Precisamos ter cuidado para não guardar ressentimento contra os que nos feriram, mas, ao invés, orar por eles com amor. O que quer que nossos companheiros façam, nunca devemos pensar mal deles. Precisamos sempre ter pensamentos de amor e sempre pensar bem dos outros. Veja St. Estevão, o primeiro mártir. Ele orou, "Senhor, não guarde este pecado contra eles" (At. 7:60).
Precisamos fazer o mesmo.

Ancião Porfírio


Lutamos com muito mais energia para não pecar (sem muito sucesso) do que lutamos para fazer o bem (o que seria bem mais fácil). Simples atos de bondade, generosidade, perdão, paciência, misericórdia e semelhantes possuem um poder transformador tanto para quem os pratica, como para quem os recebe.

Padre Stephen




terça-feira, 7 de julho de 2009

Sobre o Caráter dos Homens e sobre a Vida Virtuosa: 170 textos

Texto atribuído a Santo Antão
-2-
O homem verdadeiramente inteligente, busca apenas um objetivo: obedecer e conformar-se ao Deus de tudo.

Com esta única meta em vista, ele disciplina sua alma, e o que quer que possa encontrar no curso de sua vida, ele agradece a Deus pela harmonia e profundidade do Seu ordenamento providencial de todas as coisas.

Pois é absurdo sermos gratos a médicos que nos dão remédios amargos e desagradáveis para curar nossos corpos e ainda assim sermos ingratos a Deus pelo que nos parece crueldade, não considerando que tudo com que nos deparamos é para nosso benefício e em acordo com Sua providência.

Pois o conhecimento de Deus e a fé nEle são a salvação e a perfeição da alma.


Sobre o Caráter dos Homens e sobre a Vida Virtuosa: 170 textos

Texto atribuído a Santo Antão
-1-
Erroneamente alguns homens são chamados de inteligentes.

Inteligentes são, não os eruditos nas palavras e livros dos sábios de outrora, mas aqueles que possuem uma alma inteligente e conseguem discriminar o bem e o mal.

Eles evitam o que é pecado e que fere a alma e com profunda gratidão a Deus resolutamente aderem pela força da prática ao que é bom e beneficia a alma.

Apenas estes devem ser chamados de inteligentes.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Confissão de Fé contra o ecumenismo



Confissão de Fé contra o ecumenismo


Emitida pela convenção dos clérigos e monges Ortodoxos da

Grécia, abril de 2009

Tradução por Ricardo Williams / Revisão por Fábio L. Lins

Original em grego

Versão em inglês

Nós que, pela Graça de Deus, recebemos os dogmas da compaixão, e que em tudo seguimos a Igreja Uma, Santa, Católica e Apostólica, cremos que:


O único caminho para a salvação da humanidade [i] é a fé na Santíssima Trindade, a obra e os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e seu seguimento dentro de Seu Corpo, a Santa Igreja.


Cristo é a única luz verdadeira [ii]; não há outras luzes que nos iluminem, ou outros nomes pelos quais somos salvos: “E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.” [iii].


Todas as outras crenças ou religiões que ignoram e não confessam “que Jesus Cristo veio em carne” [iv] são criações humanas e obras do diabo [v], que não trazem o verdadeiro conhecimento de Deus, nem o renascimento através do santo Batismo – ao contrário, enganam os homens e os levam à perdição.


Como cristãos, professamos nossa fé na Santíssima Trindade e afirmamos que nosso Deus não é o mesmo de outras religiões – nem mesmo das outras supostas religiões monoteístas, como o judaísmo e o maometanismo, que não crêem na Santíssima Trindade.


Por dois mil anos, a Igreja, fundada por Cristo e guiada pelo Espírito Santo, permaneceu firme e inabalável na verdade salvífica que nos foi ensinada por Cristo, legada aos Apostólos e preservada pelos seus Santos Pais. Durante seus três primeiros séculos, ela não cedeu sob as perseguições dos judeus ou dos pagãos; pelo contrário, ela nos deixou uma multidão de mártires e se fez vitoriosa, provando assim sua origem divina.


Conforme nos ensinou São João Crisóstomo, de maneira tão bela: “Nada é mais forte que a Igreja... se lutares contra um homem, irás conquistá-lo ou serdes conquistado. Mas se tu lutares contra a Igreja, não será possível sair-se vitorioso, pois mais forte é Deus”. [vi]


Após o fim das perseguições e seu triunfo sobre seus inimigos externos – isto é, judeus e pagãos – os inimigos internos da Igreja multiplicaram-se e fortaleceram-se. Surgiram diversas heresias, mas com um só objetivo: usurpar ou adulterar a fé que nos foi legada, a fim de confundir os fiéis e abalar sua confiança no Evangelho e na Tradição Apostólica.


Quando São Basílio Magno descreveu a situação eclesiástica contemporânea criada pela heresia de Ário, inclusive no âmbito administrativo, ele disse: “Os dogmas dos Pais da Igreja são ignorados, a tradição apostólica fenece, observam-se nas igrejas as invenções dos mancebos; as pessoas buscam inovações ao invés de buscarem a teologia; a sabedoria do mundo parece superar a glória da Cruz. Os pastores são expulsos, e em seu lugar são colocados lobos que dispersam o rebanho de Cristo”. [vii]


O que ocorreu com os inimigos externos – as religiões – também ocorreu com os internos – as heresias. Através de suas grandes luminárias, os Pais da Igreja, ela afirmou e solidificou a fé ortodoxa através das decisões de sínodos locais e concílios ecumênicos, visando esclarecer certos ensinamentos dúbios, mas sempre pelo consenso de todos os Pais, em todas as questões de fé.


Portanto, temos plena segurança ao seguir os Santos Pais e respeitarmos os limites por eles traçados. As expressões “seguir nossos Santos Pais” e “respeitar os limites que eles traçaram” são um caminho seguro e reto, e uma “válvula de segurança” para a fé e o modo de vida ortodoxos. Assim sendo, demonstramos as posições básicas de nossa Confissão:



1) Nós afirmamos, integralmente e sem alteração, tudo aquilo que os santos sínodos e os pais da Igreja proclamaram. Aceitamos tudo aquilo que eles aceitaram, e condenamos tudo aquilo que eles condenaram; e também cessamos relações com aqueles que inovam em matéria de fé.


Não adicionamos, removamos ou alteramos ensinamento algum. Pois o teóforo Santo Inácio de Antioquia já havia escrito que: “aquele que afirma algo em contrário ao que foi proclamado – mesmo que seja confiável, mesmo que pratique o jejum, mesmo que seja celibatário, mesmo que faça milagres – é um lobo em pele de cordeiro, que visa corromper o rebanho”.


São João Crisóstomo, ao interpretar as palavras de São Paulo em Gálatas I : “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema”, ele observa que o Apóstolo “não disse ‘se tentarem proclamar algo contrário’ ou ‘se tentarem mudar tudo’, mas que se alguém pregar outro evangelho, por menor que seja a diferença, mesmo que meramente sugerido, seja anátema”. [viii]


Ao anunciar suas resoluções contra os iconoclastas ao clero de Constantinopla, o VII Concílio Ecumênico afirmou: “seguimos as tradições da igreja católica, e não omitimos ou nos repetimos mas, sendo educados à moda dos Apóstolos, guardamos as tradições que nos foram dadas, aceitando e respeitando tudo que a Igreja recebeu desde seu início, seja oralmente ou por escrito [...] pois o julgamento legítimo e honesto da Igreja não permite alterações em seu meio, ou tentativas de subtrair coisa alguma.


Nós, portanto, seguindo as leis de nossos Pais, tendo recebido a graça do Espírito, preservamos de modo correto todas as coisas da Igreja, sem inovações ou subtrações”. [ix]


Juntamente com os Santos Padres e os Sínodos, também rejeitamos e anatematizamos todas as heresias surgidas durante toda a história da Igreja. Das velhas heresias que sobrevivem até os dias de hoje, condenamos o arianismo (que perdura nos testemunhas de Jeová) e o monofisismo – tanto na forma extrema de Êutiques, quanto nas formas mais moderadas de Dióscoro e Severo de Antioquia – conforme as decisões do IV Concílio Ecumênico de Calcedônia, os ensinamentos cristológicos de nossos Santos Pais e Teólogos, como São Máximo o Confessor, São João Damasceno, São Fócio Magno e nossos ofícios e liturgias.



2) Nós proclamamos que o papismo é o berço das heresias e falácias. A doutrina do “filioque” – ou seja, que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho – é contrária à tudo aquilo que o próprio Cristo nos ensinou sobre o Espírito Santo.


O consenso dos Pais da Igreja, tanto nos sínodos quanto individualmente, considera o papismo uma heresia, pois além do filioque ele gerou uma legião de falácias, como a primazia e a infalibilidade do Papa; uso de ázimos (hóstia); o purgatório; a imaculada conceição da Theotokos; graça criada; venda de absolvição (indulgências); entre outros, além de alterar todo o ensinamento e prática pertinente ao Batismo, Crisma, Eucaristia e demais sacramentos, além de fazer da igreja uma nação secular.


O papismo contemporâneo produziu desvios nos ensinamentos da Igreja ainda maiores que o papismo medieval, a ponto de não podermos mais considerá-lo sucessor da antiga Igreja Latina.


Dentre estes erros estão uma infinidade de exageros em sua “mariologia”, como a doutrina de que a Theotokos é co-redentora da humanidade; o incentivo ao “Movimento Carismático” de grupos de orientação “Pentecostal”; além das contínuas inovações à prática litúrgica, como o uso de danças e instrumentos musicais; além, também, de reduzir – e arruinar – sua tradição litúrgica.


No campo do ecumenismo, o papismo lançou as bases da “pan-religiosidade” no “Concílio Vaticano II”, ao reconhecer a “espiritualidade” dos praticantes de outras religiões. O minimalismo dogmático levou à depreciação moral à custa do elo entre dogma e moral, resultando na decadência moral da hierarquia e no aumento de desvios morais tais como homossexualismo e pedofilia entre o clero [x].


E com seu contínuo apoio ao uniatismo – uma caricatura proselitista e danosa da Ortodoxia – o Papismo sabota qualquer tentativa de diálogo e contradiz suas inteções de união supostamente sinceras.


De modo geral, o Papismo sofreu uma mudança radical após o “Vaticano II”, voltando-se ao Protestantismo e até mesmo adotando vários movimentos “espirituais” da “Nova Era”. Segundo São Simeão de Tessalônica, o Mistagogo, o Papismo causou mais dano à Igreja do que todas as heresias e cismas juntas.


Nós, Ortodoxos, afirmamos nossa comunhão com os papas do primeiro milênio e celebramos a memória de muitos papas em nosso calendário santoral. Mas os papas do “pós-cisma” são hereges; deixaram de ser sucessores da Sé de Roma; e não possuem mais sucessão apostólica pois perderam sua fé nos Apóstolos e nos Pais da Igreja.


Por esses motivos, com relação aos papas do pós-cisma “não temos comunhão e afirmamos que é um herege”. Devido à sua blasfêmia contra o Espírito Santo proclamada com o filioque, eles perderam o Espírito Santo e, portanto, tudo que vem deles é desprovido de graça.


São Simeão também afirma que eles não possuem sacramentos legítimos: “Estes inovadores se põem longe do Espírito Santo por suas blasfêmias contra Ele; portanto, tudo o que vem deles é desprovido de Graça, pois violaram e degradaram a Graça do Espírito ... por esse motivo o Espírito Santo não se encontra entre eles, e não há nada espiritual dentre os mesmos, pois tudo que é seu é incipiente, alterado e contrário à tradição divina”. [xi]



3) O mesmo se aplica, com maior intensidade, ao Protestantismo que, sendo filhote do Papismo, não só herdou muitas de suas heresias como criou muitas outras: rejeitou a Tradição, aceitando somente a Bíblia (“sola scriptura”), que ainda assim interpreta de modo distorcido; aboliu o sacerdócio sacramental, assim como a veneração aos Santos e aos santos ícones; caluniou a Theotokos; rejeitou o monasticismo; dentre os Sacramentos aceita somente dois – Batismo e Eucaristia – embora também adultere o ensinamento e a práxis da Igreja; também ensina a predestinação (no calvinismo) e a justificação somente pela fé (“sola fide”).


Além disso, seus ramos mais “progressistas” introduziram o ministério feminino e o casamento entre homossexuais – que são aceitos em seu clero. Mas, acima de tudo, o Protestantismo é desprovido de eclesiologia, pois a noção de Igreja conforme afirmada pela Ortodoxia lhes é inexistente.



4) A única maneira de restaurar nossa comunhão com os hereges é através do arrependimento e de sua renúncia a todas as falácias, a fim de que possa haver união e concórdia verdadeiras; uma união com a Verdade, e não com a falácia e a heresia.


Na recepção de hereges na Igreja, a precisão canônica (“acribéia”) exige o Batismo. O “batismo” anterior, ministrado fora da Igreja sem imersão tríplice do neófito em água santificada, ou realizado por um ministro heterodoxo não é, de modo algum, um Batismo. Tais “batismos” são desprovidos da Graça do Espírito Santo – que inexiste entre cismáticos e hereges.


Portanto, conforme afirma São Basílio Magno, não temos nada em comum que nos une: “Sobre aqueles que se separaram da Igreja, estes não mais possuem a Graça do Espírito Santo sobre si, pois a Graça não é transmitida entre aqueles que interromperam a sucessão ... aos sacerdotes que se separaram, e agora são leigos, eles não têm mais autoridade sequer para batizar, ou ordenar pela imposição de mãos, já que não podem mais transmitir a Graça do Espírito Santo, da qual se separaram”. [xii]


Deste modo, as tentativas dos ecumenistas de criar a ilusão de que partilhamos de um mesmo batismo com hereges, ou suas afirmações de que é possível basear a unidade da Igreja nesta “unidade batismal” inexistente é falaciosa e não se sustenta [xiii]. Para se tornar membro da Igreja não basta qualquer “batismo” – é necessário um único e legítimo Batismo, ministrado por sacerdotes que fazem parte do clero Igreja.



5) Enquanto os hereges teimarem em afirmar suas falácias, rejeitamos qualquer tipo de comunhão com os mesmos, especialmente a oração em comum. Os cânones da Igreja proíbem completamente não somente a oração ou celebração comum em templos, mas também as orações comuns feitas em particular.


Esta posição estrita da Igreja com relação aos hereges se deve à caridade legítima e preocupação sincera por sua salvação – além do cuidado pastoral para que seus fiéis não sejam iludidos por heresias. Aquele que ama o próximo revela a Verdade e não permite que ele fique imerso na mentira; do contrário, esse qualquer amor ou concórdia seria falso ou hipócrita.


Podemos afirmar que o conceito de boa guerra e paz ruim é verdadeiro, pois “...uma guerra digna é superior a uma paz que nos separa de Deus”, diz São Gregório Teólogo [xiv]. E São João Crisóstomo: “Se virdes devoção desvirtuada, não prefira a harmonia em detrimento da verdade, mas guardai-a até a morte...” E também nos recomenda: “Não aceite nenhum falso dogma sob pretexto de caridade” [xv]


Esta posição dos Pais da Igreja também foi adotada por um dos maiores defensores da Ortodoxia contra os erros dos papistas, São Marcos de Éfeso, que encerrou sua proclamação de fé em Florença com as seguintes palavras: “Todos os pais da Igreja, seus sínodos e a sagrada escritura nos dizem para nos afastarmos daqueles que professam outra fé, e abstermos-nos de ter comunhão com eles. Devo, portanto, ignorar tudo isso e seguir aqueles que, sob pretexto de uma paz fabricada, buscam a união? Aqueles que adulteraram a Profissão de Fé e inovaram ao afirmar que o Filho é e segunda causa do Espírito Santo? Que isso nunca nos aconteça, ó abençoado Paráclito, e que eu jamais me desvie do caminho da retidão e que, seguindo Teus ensinamentos e dos Santos que por Vós foram inspirados, eu possa me juntar a meus pais e levar, no mínimo, a compaixão” [xvi]



6) Até o início do século XX, a Igreja manteve uma posição firme e irredutível de condenação a todas as heresias, conforme expresso claramente no Synodikon da Ortodoxia, que é proclamado anualmente no Domingo da Ortodoxia.


Heresias e hereges são anatematizados individualmente; além disso, para garantir que nenhum herege fique de fora da lista, há um anátema geral ao final do texto que proclama: “Que todos os hereges sejam anátema!”


Infelizmente, esta posição universal e resoluta foi abandonada gradativamente nas primeiras décadas do século passado, logo após a publicação da encíclica patriarcal de 1920, “A todas as igrejas de Cristo”, o Patriarcado Ecumênico, pela primeira vez, caracterizou as heresias como “igrejas” que não estão alienadas da Igreja, mas que lhe são familiares e com as quais a Igreja possui relação. Esta mesma encíclica recomenda que “o amor entre as igrejas deve ser, acima de tudo, reavivado e reforçado; não podemos mais considerar uns aos outros como estranhos, mas em termos de nossa relação com Cristo, e como co-participantes e co-recebedores das promessas de Deus em Cristo” (ver I. Karmiris “The Dogmatic and Symbolic Monuments of the Orthodox Catholic Church”, vol 2, pg. 958).


Foi, então, aberto o caminho dentro da Igreja Ortodoxa para a adoção, construção e desenvolvimento de uma invenção Protestante, que hoje conta com o aval papal: a heresia do ecumenismo. Esta pan-heresia, que aceita e legitima todas as formas de heresias como “igrejas”, é uma afronta ao dogma da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.


E este novo dogma, esta nova eclesiologia, vem sendo desenvolvida, ensinada e impingida por bispos e patriarcas. Segundo esta nova doutrina, nenhuma Igreja tem direito de tomar exclusivamente para si a característica de Igreja plena e verdadeira. Ao invés disso, cada uma constitui uma parte, um fragmento da Igreja, e não sua plenitude; juntas, todas compõem a Igreja.


Todos os limites traçados pelos Pais da Igreja foram desconsiderados; não há mais distinção entre a Igreja e as heresias, entre Verdade e falácia. Agora, as heresias são chamadas de “igrejas” – e muitas delas, como o papismo, agora são consideradas “igrejas irmãs”, às quais Deus confiou, juntamente conosco, a salvação da humanidade. [xvii]


Agora a Graça do Espírito Santo também existe em meio às heresias e, portanto, seus “batismos” – assim como todos os seus “sacramentos” – são considerados “válidos”. Todos que foram batizados, seja onde for, agora são considerados membros do Corpo de Cristo, a Igreja. As condenações e anátemas dos Sínodos foram consideradas inválidas, e deveriam ser retiradas dos livros litúrgicos.


Acima de tudo, agora estamos alojados no “Conselho Mundial das Igrejas” o que constitui, em essência – mesmo com a mera participação – traição à nossa consciência eclesiástica. Ignoramos o dogma da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica – o dogma de “um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”. [xviii]



7) Este sincretismo inter-cristão tornou-se, hoje, um sincretismo inter-religioso, que iguala todas as religiões à genuína reverência a Deus, ao conhecimento de Deus e modo de vida cristão, que nos foi revelado por Deus através de Cristo.


Conseqüentemente, não apenas o dogma eclesiástico da relação da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica com as heresias é atacado, mas também o dogma fundamental de uma única Revelação e da salvação do homem através de Jesus Cristo. E esta é a pior das falácias, a maior de todas as heresias.



8) Nós cremos e confessamos que somente em Cristo existe a possibilidade da Salvação.


Todas as religiões e heresias do mundo levam à perdição.


A Igreja Ortodoxa não é meramente a Igreja verdadeira – ela é a única Igreja.


Ela, e somente ela, permaneceu fiel ao Evangelho, aos Concílios e aos Pais da Igreja e, portanto, somente nela subsiste a legítima Igreja católica de Cristo.


De acordo com São Justino Popovich, ecumenismo é o denominador comum das pseudo-igrejas da Europa Ocidental; seu nome, na verdade, é “pan-heresia”. [xix]


Esta pan-heresia tem sido aceita por inúmeros patriarcas, arcebispos, bispos, monges, membros do clero e leigos. Eles a apóiam desavergonhadamente; eles a impõem na prática, estabelecendo comunhão com hereges de todos os modos possíveis: com orações comuns, com visitas mútuas, com colaboração pastoral, excluindo-se, assim da comunhão da Igreja.


Nossa postura, de acordo com as decisões canônicas da Igreja e o exemplo dos Santos, é óbvia: cada um de nós deve assumir suas responsabilidades.



9) Também há, é claro, responsabilidades coletivas – principalmente na consciência ecumenista de nossos hierarcas e teólogos, com relação ao corpus Ortodoxo e – e individuais, para com seus rebanhos.


A eles, declaramos com temor a Deus e amor que sua posição receptiva a todas as atividades ecumenistas são condenáveis em todos os aspectos, porque:

  • na prática, constituem uma traição a nossa Fé e Tradição Patrística Ortodoxa;
  • semeam dúvidas nos corações dos fiéis e perturbam muitos deles, além de ser causa de divisões e cismas;
  • elas enganam parte de nosso rebanho Ortodoxo com falácias e, conseqüentemente, desastre espiritual.


Dessa forma declaramos, pelas razões expostas acima, que aqueles que estão agindo com irresponsabilidade ecumenista, seja qual for a posição que possuírem dentro da Igreja, estão se opondo à tradição de nossos Santos – e, dessa forma, aos próprios Santos.


Por esse motivo, a posição ecumenista deve ser condenada e rejeitada pela totalidade dos hierarcas e fiéis.


Notas:

[i] Genádio II Escolário, Patriarca de Constantinopla – Sobre o único caminho da salvação da humanidade, em "The complete extant works - Oevres Completes de Georges Scholarios". Volumes I-VII, Paris 1928-1936, publ. L. Petit - X. Siderides - M. Jugie, Vol. III, 434-452;

[ii] São João 8:12 "Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." São João 3:19: "A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más."

[iii] Atos 4:12

[iv] I São João 4:2-3 "e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo".

[v] "Ensinamentos" de São Cosme de Etólia, por I. Menounos "Cosmas of Aetolia teachings and biography", Tinos publications, Athens, Didache A1, 37, pg. 142: "Todas as outras fés são falsas, errôneas, obras do diabo. E afirmo, como algo verdadeiro, divino, celeste, correto e perfeito, pelas minhas palavras e pelas suas: que a fé dos piedosos cristãos ortodoxos é boa e santa, e devemos crer e sermos batizamos em nome do Pai, do Filho e do Espírto Santo".

[vi] "Homilia antes do exílio" 1, Ε

ΠΕ 33, 186.

[vii] Epístola 90 "Aos santíssimos irmãos e bispos do Ocidente" 2, Ε

ΠΕ 2, 20.

[viii] Gálatas 1:9. "Homilia sobre a Epístola aos gálatas", capítulo 1, PG 61, 624.

[ix] Mansi, XIII, 409-412

[x] A decadência e negligência moral, mesmo entre os membros do clero, fora comentada no início do século XV por São Simeão de Tessalônica (q.v. "Epístola Dogmática" em D. Balfour , de S. Simeão de Tessalônica, 1416/17-1429) "Theological Works", Vlatades gleanings 34, Tessalônica 1981, pg. 218: "And furthermore, that they did not regard fornication at all entailing Hell, not even among their priests, but instead, they would unscrupulously have concubines and youths for fornication and would every day officiate". Ibid 15, pg. 216: "They also do not follow an evangelical lifestyle; for, every kind of luxury and fornication to them is not a reprehensible matter, nor anything else that is forbidden for Christians". A decadência moral observada atualmente mesmo entre o clero Ortodoxo é resultado direto do liberalismo e secularismo do ecumenismo.

[xi] Diálogo 23, PG 155, 120-121. Epístola sobre a bem-aventurança V, em D. Balfour , Simeão Arcebispo de Tessalônica (1416/17-1429), "Theological Works", Vlatades gleanings 34, Tessalônica 1981, pg. 226.

[xii] Epístola Canônica "Para Anfilóquio de Icônio", Cânone A

[xiii] A IX Assembléia Geral do Conselho Mundial das Igrejas, ocorrida em Porto Alegre , Brazil, em 2006, publicou um texto intitulado "Chamado para ser uma só igreja", aceito pelos representantes Ortodoxos presentes no encontro, cujo parágrafo 8o afirma: "Todos aqueles batizados em Cristo estão unidos em seu nome". No parágrafo 9o: "Que todos pertencemos a Cristo através do batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo abra a possibilidade às igrejas e as convida a caminhar juntas, mesmo quando não há comum acordo. Asseguramos que há um só batismo assim como só há um corpo e um Espírito, uma só esperança em nosso chamado, um só Senhor, uma só Fé, um só Deus, Pai de todos nós (ver Efésios 4:4-6)". O Metropolita de Pérgamos, Dom João Zizioulas, em seu artigo "Eclesiologia Ortodoxa e o Movimento Ecumênico", Sourozh Diocesan Magazine (Inglaterra, Agosto 1985, vol.21, pg. 23) abriu o caminho para esta posiç ão, ao afirmar: "No batismo, mesmo quando há uma ruptura, divisão ou cisma, ainda podemos falar em Igreja... Em meu entendimento particular, os Ortodoxos participam do movimento ecumênico como um movimento de cristãos batizados, que estão divididos pois não podem expressar a mesma fé conjuntamente. No passado, isso ocorria devido à falta de caridade que agora, graças a Deus, está desaparecendo".

[xiv] Apologética na viagem para Ponto 82, ΕΠΕ 1, 176.

[xv] Aos romanos, Homilia 22, 2, PG 60, 611. Aos filipenses, Homilia 2,1, PG 62, 119.

[xvi] Confissão de fé apresentada em Floreça. Documents relatifs au Concile de Florence, II, Oeuvres anticonciliaires de Marc d'Ephèse, par L. Petit, Patrologia Orientalis 17, 442.

[xvii] Veja declaração conjunta do Papa João Paulo II e do Patriarca Bartolomeu I durante a visita deste à Roma em 29 de junho de 1995. Essa afirmação fora proclamada anteriormente pelo Comitê Teológico Misto para o diálogo entre Ortodoxos e Papistas, em Balamand, Líbano, em 1993.

[xviii] Eféios 4:5.

[xix] Arq. Justino Popovich, "A Igreja Ortodoxa e o ecumenismo", Tessalônica, 1974, pg. 224

Esta confissão de fé foi assinada por:

(nota: o original em grego possui ainda mais assinaturas)

Metropolita de Piraeus, Seraphim

Metropolita of Gortyna e Megaloupolis, Jeremiah

Metropolita de Kythera e Antikythera, Seraphim

Arquimandrita Joseph, Abade do Santo Mosteiro de Xiropotamos, Monte Athos

Protopresbítero George Metallinos, Professor Emérito da Athens University School of Theology

Protopresbítero Theodore Zisis, Professor Emérito da Thessaloniki University School of Theology

Arquimandrita Mark Manolis, Superintendente Espiritual da “União Ortodoxa Pan-Helênica”

Arquimandrita Athanasius, Abade do Santo Mosteiro de Stavrovounion, Chipre

Arquimandrita Timothy Sakkas, Abade do Santo Mosteiro de Paraclete, Oropos

Arquimandrita Cyril Kehayioglou, Abade do Santo Mosteiro do Pantocrator, Melissohori, Langadas

Arquimandrita Sarandis Sarandos, Pároco da Igreja da Dormição da Theotokos, Amarousion

Arquimandrita Maximus Karavas, Abade do Santo Mosteiro de Santa Parásqueva, Milochori, Ptolemais

Arquimandrita Gregory Hadjinikolaou, Abade do Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Arquimandrita Athanasius Anastasiou, Abade do Santo Mosteiro de Grande Meteora.

Arquimandrita Theocletus Bolkas, Abade Santo Eremitério de Santo Arsênio da Capadócia, Chalkidike

Arquimandrita Chrysostomos, Abade do Santo Cenóbio de São Nicodemo, Pentalofos, Goumenissa

Arquimandrita Theodore Diamantis, Abade do Santo Mosteiro da Panaghia Molyvdoskepasti, Konitsa

Arquimandrita Palamas Kyrillides, Abade do Santo Mosteiro da Natividade da Theotokos, Kallipetra, Veria

Arquimandrita Lavrentios Gratsias, Metropolia de Florina, Prespae e Eordaia

Arquimandrita Meletios Vadrahanis, Metropolia de Florina, Prespae e Eordaia

Arquimandrita Paul Dimitrakopoulos, Santo Mosteiro da Transfiguração do Salvador, Moutsiala, Veria

Arquimandrita Ignatius Kalaitzopoulos, Santo Mosteiro de Santa Parásqueva, Milochori, Ptolemais

Arquimandrita Simeon Georgiades, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Arquimandrita Augustine Siarras, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Arquimandrita Ambrose Gionis, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Ancião Gregory, Hieromonge, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos

Ancião Efstratios, Hieromonge, Santo Mosteiro da Grande Lavra, Monte Athos

Ancião Philippos, Hieromonge, Retiro de Santo Atanásio, Mosteiro Menor de Sant’Ana, Monte Athos

Hieromonge Athanasius, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos

Hieromonge Nicodemus, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos

Hieromonge Nephon, Eremitério danielita, Katounakia, Monte Athos

Hieromonge Chrysostom Kartsonas, Retiro de São Jorge, Mosteiro Menor de Sant’Ana, Monte Athos

Hieromonge Onuphrios, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos

Hieromonge Chrysanthos, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos

Hieromonge Azarias, Retiro do Precursor, Santo Mosteiro de Santa Ana, Monte Athos

Hieromonge Gabriel, Santo Retiro da Panaghia Gorgoepikoos, Santo Mosteiro do Pantocrator, Monte Athos

Hieromonge Pandeleimon, Santo Retiro de São Pantaleão, Santo Mosteiro de the Pantocrator, Monte Athos

Hieromonge Tychon, Santo Retiro do Pantocrator, Melissohori

Protopresbítero Lambros Fotopoulos, Pároco da Igreja de São Cosme de Aitólia, Amarousion, Província de Ática

Protopresbítero John Fotopoulos, Pároco da Igreja de Santa Parásqueva, Província de Ática

Protopresbítero Athanasios Menas, Loutraki, Província de Corinto

Protopresbítero Eleftherios Palamas, Igreja de São Cristóvão, Ptolemais

Protopresbítero Constantine Mygdalis, Pároco da Igreja de São Constantino, Volos

Protopresbítero Photios Vezynias, Professor, Metropolia de Lagadas

Protopresbítero Anthony Bousdekis, Pároco da Igreja de São Nicolau, Nikaia, Pireus

Padre Dionysios Tatsis, Professor, Konitsa

Padre Demetrios Psarris, Pároco da Igreja dos Santos Arcanjos, Sesklon, Aesonia

Padre Efthimios Antoniades, Metropolia de Láris

Padre Anastasios Gotsopoulos, Pároco da Igreja de São Nicolau, Patras

Padre George Papageorgiou, Metropolia de Demetrias

Padre Peter Hirsch, Petrokerasa, Chalkidike

Padre Theophanes Manouras, Pároco da Igreja de Santo Atanásio, Velestino, Província de Magnésia

Diácono Theologos Kostopoulos, Santo Mosteiro da Santíssima Trindade, Ano Gazea, Volos

Padre Paschalis Ginoudis, Metropolia de Larisa

Padre George Diamantopoulos, Lavrion, Metropolia de Mesogaia

Padre Basili Kokolakis, Pároco da Igreja da Santa Cruz, Holargos, Attica