segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Teologias Ortodoxa e Escolástica

Diálogo entre um teólogo escolástico e um teólogo ortodoxo
via MYSTAGOGY de John Sanidopoulos em 02/08/09

Uma refutação ortodoxa do Fundamento da Teologia Ocidental conforme Exposta por Tomás de Aquino.

Versão Simplificada (O = Ortodoxo; E = Escolástico)



O. - Deus é imutável?

E. – É.

O. – Deus é pura simplicidade (actus purus)?

E. – Sim.

O. - A pura simplicidade de Deus serve para proteger a imutabilidade de Deus?

E. – Serve.

O -- Se Deus é pura simplicidade sem nenhuma complexidade, então você diria que não há potencialidade em Deus?

E. – Com certeza.

O. – Se não há potencialidade em Deus, então as divinas essência, existência e energia são idênticas?

E. – São.

O. – Se as divinas essência, existência e energia são idênticas, então Deu está apenas em um permanente estado de atividade (energia)?

E. – Está.

O. – Então você concordaria que se Deus está em estado de plena atividade, isso se dá por necessidade?

E. – Sim.

O. – E não há distinção entre a ação e poder de Deus de Sua essência?

E. – Não, Deus é pura energia.

O. – Você distingue as energias de Deus dos atos de Deus?

E. – Não, eles são ambos o mesmo trabalho criado de Deus.



No seu próprio núcleo, a teologia Ortodoxa difere da teologia Escolástica. Os Pais Gregos claramente ensinam que Deus não é actus purus, mas possui muitas energias e poderes (potencialidades) os quais estão intrissicamente unidos, nem separados nem confundindo-se uns com os outros dentro da incorruptível, inconcebível e intrissicamente simples essência da una divindade trina. A imutabilidade de Deus não tem necessidade de ser protegida pelo actus purus. Não há necessidade de actus purus. Ao contrário, ela é protegida pela incompreensível e incomunicável essência de Deus.


Aquino mistura a energia divina na essência divina como se fosse uma necessidade. A Igreja ortodoxa consideraria uma blasfêmia que Deus tivesse que agir por imposição de uma necessidade, pois Deus permanece em Sua essência e ali as três hipóstases. Deus não é Ser regulado por Sua energia, mas Ele mesmo regula Sua energia. Deus não é pura energia, mas o energizador.


Os Pais da Igreja ensinam que Deus é o energizador, e energia é a atividade incriada de Deus, e o trabalho realizado (ou criatura) é o ato de Deus. O Ocidente, entretanto, não distingue a energia de Deus dos atos (trabalhos) de Deus. A energia de Deus é melhor traduzida como atividade do que como ato. O ato terminado, realmente, é criado, mas a atividade em si é incriada. A atividade é também conhecida como graça, e se é incriada então é divina.


Inferir graça criada (energia) em Deus é uma heresia o que logicamente leva ao completo ateísmo e/ou mitologia grega. De acordo com os Pais da Igreja, a energia criada sempre indica uma natureza criada; uma energia incriada indica uma essência incriada.

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