Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam.
Mateus 11:12
Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso?
Lucas 12:49
Porque nosso Deus é um fogo devorador.
Hebreus 12:29
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
Apocalipse 3:16
Existe uma felicidade "morna" e que é falsa. Trata-se de uma felicidade que alguns chamam de burguesa mas acomete também os pobres e os bilionários além da burguesia. É a felicidade da ausência de problemas, da "paz" que no trajeto do herói é uma das tentações que podem fazê-lo desviar-se da jornada heroica se ele não resistir. Não viemos ao mundo para uma vida de mais ou menos. Viemos para felicidade esfuziante, e para isso, às vezes, temos que abdicar do que é meramente "certo" no sentido de que não causa problemas, para até, se for o caso, comprar brigas e problemas em uma estrada mais gloriosa e brilhante.
Estava ouvindo uma das aulas do Seminário de Filosofia do Olavo de Carvalho e ele cita o Louis Lavelle que diz algo mais ou menos assim, que temos que nos afastar até do círculo das pessoas com quem cultivamos simpatias e empatias naturais para conviver com aquelas com quem teremos a oportunidade de realizar nossas verdadeiras vocações espirituais, ou seja, realizar a nós mesmos, nos tornarmos aquilo para que Deus nos criou. Podemos combinar isso com a primeira citação do Lavelle que o Olavo fez, sobre apenas em momentos isolados termos perfeita clareza do sentido de tudo na nossa vida e que de ordinário nossos sentimentos e visão se fecham para isso e somos envoltos novamente nas trevas. Manter a memória desses momentos, mesmo apesar do cinismo que diz que eles são ilusões, mesmo apesar da dor que nos causa não os termos conosco e nos seduz a racionalizarmos que podemos ficar sem dor se apenas desistirmos dessa felicidade esfuziante é um exercício constante, e que só pode ser realizado precisamente com aquelas tais pessoas com quem podemos realizar nossa vocação espiritual. A felicidade morna não se sustenta e necessariamente se desfaz, decaindo novamente no inferno como vemos na citação do Apocalipse acima. O "violento" é o que luta pelo Reino de Deus, a grande felicidade na nossa vida, para viver uma vida de fogo e intensidade. É necessário resistir à tentação da felicidade morna para conquistarmos a felicidade brilhante.
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