domingo, 30 de janeiro de 2011

São Savas



Nascido em Mutalaska, perto de Cesaréia na Capadócia de cristãos piedosos chamados João e Sofia, no ano de 439.  Seu pai era um comandante militar. Viajava para Alexandria comumente e como sua esposa ia com ele, o menino ficava com o tio. Quando atingiu oito anos de idade, entrou para o monastério de S. Flaviano, que era ali perto. A criança rapidamente aprendeu a ler e tornou-se um expert nas Santas Escrituras. Foi em vão que seus pais pediram que Retornasse ao mundo para casar-se. Quando fez dezessete anos, recebeu a tonsura monástica e atingiu uma tal perfeição no jejum e na oração que recebeu o dom dos milagres. Em 456, depois de passar dez anos no monastério de S. Flaviano, viajou até Jerusalém, e de lá para o monastério de S. Euthymius, o Grande (20 de Janeiro). Mas S. Euthymius enviou S. Savas para o Pai Theoctistus, líder de um monastério próximo que praticava uma rígida regra cenobita. S. Savas viveu em obediência neste monastério até a idade de trinta anos. 



Depois da morte do Ancião Theoctistus, seu sucessor deu a S. Savas a benção para isolar-se em uma caverna. Nos sábados,ele deixava seu heremitério e vinha ao monastério, onde participava dos ofícios divinos e comia com os irmãos. Depois de certo tempo S. Savas recebeu a permissão para não deixar o seu herimitério nunca, e ali lutou na caverna por cinco anos. S. Euthymius atentamente guiava a vida do jovem monge, e vendo sua maturidade espiritual, começou a levá-lo para o campo selvagem de Rouba. Eles partiram no dia 14 de janeiro e ali permaneceram até o Domingo de Palmas. S. Euthymius chamava S. Savas de criança-ancião,e o encorajava a crescer nas virtudes monásticas. 


Quando S. Euthymius adormeceu no Senhor (+473), S. Savas partiu da lavra e mudou-se para uma caverna perto do monastério de S. Gerasimus do Jordão (4 de março). Em 478, mudou-se novamente para uma caverna nas colinas de Kedron Gorge, ao sudeste de Jerusalém. Seu heremitério foi a base para a fundação do monastério que mais tarde recebeu seu nome (Lavra Mar Saba) e conhecido nas fontes antigas como a Grande Lavra. Depois de muitos anos, discípulos começaram a reunir-se em torno de S. Savas, buscando a vida monástica. Como o número de monges crescia, a lavra surgiu. Quando um pilar de fogo surgiu diante de S. Savas enquanto caminhava, ele encontrou uma caverna espaçosa o suficiente para ali construir uma igreja. 

Em 491, o Patriarca Salustius de Jerusalém ordenou-o padre. Em 494, o patriarca nomeou S. Savas o arquimandrita de todos os monastérios da Palestina. 

S. Savas fundou diversos outros monastérios, incluindo a Nova Lavra, a Lavra de Hepstastomos e Hepstastomos. Muitos milagres ocorreram pelas orações de S. Savas: na Lavra, uma fonte d'água surgiu; durante uma época de seca ocorreu chuva abudante, e também houveram curas de doentes e possessos. S. Savas compôs a primeira regra monástica de ofícios da igreja, o chamado "Typikon de Jerusalém", que se tornou aceito por todos os monastérios palestinos. S. Savas faleceu em sua lavra, no dia 05 de dezembro de 532, e está enterrado em uma tumba no jardim entre duas antigas igrejas no meio do que sobrou do grande monastério Lavra Mar Saba. Suas relíquias foram levadas para a Itália no século XII pelos cruzados, mas foram devolvidas ao monastério pelo Papa Paulo VI em 1965 em gesto de boa- vontade com os Ortodoxos. S. Savas foi um campeão da causa ortodoxa contra os movimentos monofisitas e origenistas de sua época, pessoalmente chamando a atenção dos imperadores em Constantinopla, Anastásio I em 511 e Justiniano em 531, influenciando-os a se oporem aos movimentos heréticos. 

Casamento: Plano de Deus para o homem e a mulher


http://br.noticias.yahoo.com/s/28012011/83/casar-saude.html

RIO - O casamento faz bem para a saúde física e mental de homens e mulheres, mostra um estudo publicado na edição de fevereiro da publicação 'British Medical Journal'. A edição especial de Valentine's Day, o Dia dos Namorados do Hemisfério Norte, que acontece dia 14 de fevereiro, traz diversos estudos que mostram que casar - e não apenas morar junto - traz melhoras significativas para a vida do casal.


Na pesquisa mais significativa, os pesquisadores John e David Gallacher, da Escola de Medicina da Universidade de Cardiff, na Grã-Bretanha, descobriram que pessoas casadas vivem mais e têm uma saúde melhor do que os solteiros ou divorciados.

- Tradicionalmente, já existe a ideia de que o casamento faz bem à saúde. Mas como antigamente praticamente todos os adultos eram casados, ficava difícil comprovar a tese cientificamente. Com o aumento de solteiros nos últimos 30 anos, foi possível fazer estas avaliações. O grupo com a maior longevidade, sem dúvida, é o dos casados - afirma Gallacher.

O estudo avaliou a saúde de mais de um milhão de pessoas em sete países europeus. Os casados, segundo os pesquisadores, vivem cerca de 10% a 15% a mais do que aquelas que vivem sozinhas.

A principal hipótese para explicar esta longevidade seria a de que indivíduos bem ajustados gravitam para o casamento, sugerindo que não é o casamento que aumenta a saúde, mas que os indivíduos que escolhem casar já têm uma saúde melhor antes do matrimônio.

Outra teoria é a de que o casamento melhora a qualidade de vida e a convivência em grupo, já que os parceiros passam a ter mais compromissos em família e, por consequência, um maior apoio psicológico. O fortalecimento dos laços afetivos é especialmente benéfico para os homens, que passam a beber menos e evitam comportamentos de risco.

Mas nem todo relacionamento é bom para a saúde, alertam John e David Gallacher. Adolescentes envolvidos em namoros longos costumam ter mais sintomas depressivos do que seus amigos solteiros, enquanto os homens que se casam antes dos 25 anos não parecem se beneficiar tanto do matrimônio. Já as mulheres se beneficiam mais do casamento se ele acontecer entre os 19 e os 25 anos.

Para os autores da pesquisa, morar junto não é tão bom para a saúde quanto casar. Segundo Gallacher, o estresse da coabitação pode aumentar o risco de diversos problemas de saúde e ainda multiplica as chances do casal se separar após o casamento.

E, embora as crianças possam trazer uma satisfação a longo prazo para o casal, elas costumam trazer desequilíbrio para o relacionamento, principalmente se os parceiros não tiverem maturidade emocional. Os pesquisadores também descobriram que mulheres que trocam de parceiros com frequência ou emendam um relacionamento no outro costumam ter mais distúrbios psicológicos, como os transtornos ansiosos e a depressão.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Sobre a Beleza

Ao escritor ortodoxo Dostoievsky é atribuída a citação que diz "a Beleza salvará o mundo". Evidentemente não falava da beleza mundana, aquela que meramente nos atrái, mas sim da Beleza sublime, aquela que nos eleva, destacada por Platão e Aristóteles como idêntica ao Justo e ao Bom. Falava da Beleza consagrada na obra máxima da espiritualidade ortodoxa depois da Bíblia, a Filokalia (de "filo" que significa o amor de amizade, e "kalia" significando "ao que é Belo"). Assim como a Grécia antiga nos deu a Filosofia,o amor à sabedoria, a Grécia cristã nos deu a Filokalia, que nada mais é que o viver filosófico imerso na graça salvífica do terno amor da Santíssima Trindade por nós. 

Essa Beleza verdadeira tem sido abandonada pela cultura auto-proclamada superior desde há muito tempo. Nós vivemos uma fase que o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho identifica precisamente como "apeirokalia", a falta da experiência do que é belo, isto é, nós somos educados e vivemos nossas vidas sem sequer conhecer este belo sublime. Felizmente, é claro, a ortodoxia cristã preservou esta experiência do Belo na arquitetura e design das igrejas ortodoxas tradicionais, nos ícones escritos de acordo com os padrões tradicionais que existem não por "imposição", mas porque são os instrumentos adequados para a expressão do sublime na vida de Cristo e dos santos, e que, afinal, é uma só. Preservamos a experiência do Belo também na música religiosa ortodoxa tradicional, que realmente não é feita para ser apetecícel, isto é, não é feita para ser agradável, mas para operar terapeuticamente em nossa alma e sensibilidade. De fato, a música ortodoxa tradicional, em conjunção com as Liturgias, as leituras e as festas da Igreja, são uma terapia de cura da nossa alma, do nosso estado decaído pelo pecado e, inclusive, da nossa percepção do Belo. 

Como testemunho dessa problemática em relação ao Belo, trago um artigo de um apresentador inglês de documentários. Ele apresentou um programa sobre o Belo na arte e o texto abaixo é seu testemunho e opinião a respeito da reação que obteve do público.

Sobre a defesa da beleza
ROGER SCRUTON | 04 JANEIRO 2011

O que eu sei é que muita gente por aí sente o que eu sinto. Eles concordam comigo que a beleza importa, que a profanação e o niilismo são crimes e que deveríamos encontrar um modo de exaltar nosso mundo e dotá-lo de uma significação mais do que mundana.

Para o bem e para o mal, eu sou identificado pelas elites britânicas como a pessoa com quem se pode contar para defender o indefensável e que se pode permitir defender o indefensável, mesmo em uma televisão estatal (quer dizer, a BBC), desde que a defesa seja suficientemente diluída por outros defendendo o óbvio. No código oficial, "indefensável" quer dizer "conservador", enquanto que "óbvio" quer dizer "liberal-esquerdista". Assim sendo, quando a BBC me pediu para participar de uma série de televisão sobre a beleza, esperava-se que eu sustentasse que uma tal coisa realmente existe, que não é só uma questão de gosto, que ela está ligada ao nobre, àquilo que se deve aspirar e ao que há de sagrado em nossos sentimentos, e que a cultura pós-moderna, que enfatiza a feiúra, o desalento e a profanação, é uma traição a um chamado divino. Então, foi isso o que eu disse, já que, afinal de contas, era para isto que eles estavam me pagando. Para alcançar o equilíbrio que a BBC é obrigada por seu regimento a apresentar, dois outros programas foram encomendados, reafirmando as ortodoxias. Eles afirmaram que a arte não tem a ver com a beleza, mas com a originalidade e a originalidade quer dizer você se exibir com a língua (ou algum outro órgão apropriado) para fora.

Em "Por que a beleza importa" (http://www.youtube.com/watch?v=65YpzZrwKI4) , eu falei um pouco sobre arte, mas estava mais preocupado em chamar atenção para o lugar da beleza na vida cotidiana -- nas maneiras, nas roupas, na decoração de interiores e em edifícios vernaculares comuns. Eu critiquei tanto a arquitetura funcional de concreto e vidro, que destruiu cidades em todo o mundo, quanto as maneiras egocêntricas que fizeram o mesmo com a vida doméstica. Tentei explicar por que os filósofos do Iluminismo acompanharam Shaftesbury ao colocarem a beleza no centro do novo código de valores seculares. Para Shaftesbury, Burke, Kant, Schiller e seus seguidores, sugeri eu, a beleza era o caminho de volta para o mundo que eles estavam perdendo, com a perda do Deus cristão -- o mundo do sentido, da ordem e da transcendência, que deve ser constantemente emulado neste mundo se quisermos que nossas vidas sejam verdadeiramente humanas e verdadeiramente plenas de significado. E afirmei em seguida que desde as piadas pueris de Marcel Duchamp, repetidas reiteradas vezes em toda mostra de faculdade de graduação em artes na Grã-Bretanha, um hábito de sarcasmo e profanação tinha se apoderado do exercício das artes visuais.

Por isso, os artistas britânicos de hoje - pelo menos os reconhecidos pela cultura oficial - não têm muito mais a nos mostrar além do quanto são repulsivos. Me parecia óbvio que a pintura de Delacroix mostrando sua cama por fazer ( http://is.gd/k60DO , na Maison Delacroix, em Paris) era uma verdadeira obra de arte, que mostra algo sobre a condição espiritual humana, enquanto que a famosa cama de Tracey Emin ( http://is.gd/k60XQ , na galeria Tate Modern, em Londres) é só uma cama desarrumada. Podemos deduzir, pela visão desta cama, um bocado a respeito da pessoa que a desarrumou, mas isto não a distingue de nenhum outro entulho deixado no rastro de uma vida humana. O sentido superior que é a meta da arte -- o sentido que mostra por que a vida importa -- é algo que esta cama não alcança nem tem como meta.

Eu recebi mais de 500 e-mails de telespectadores, todos eles, exceto por um, dizendo: "Graças a Deus alguém está dizendo o que é preciso ser dito," metade deles acrescentando, "mas como é que deixaram você dizer isso na BBC?" ( http://is.gd/k623p ) Enquanto isto, os colunistas juntaram-se em bandos para lamentar o caráter triste, anômalo e reacionário do pobre Scruton, e agradecer à BBC por mostrar o absurdo e o anacronismo das opiniões do professor, já bem idoso. Waldemar Januszczak, que fez um outro dos filmes da série sobre a beleza, preparou um verdadeiro libelo para assassinato de caráter no Sunday Times ( http://is.gd/k62nc ), a fim de aconselhar a seus leitores, antes da exibição de meu filme, a desconsiderarem o que quer que eu pudesse tentar lhes dizer.

O episódio foi, para mim, revelador e instrutivo a respeito de meu país e sua cultura. Eu não digo que meu filme tivesse qualquer outro mérito além de sua honestidade. Mas ele gerou provas esmagadoras de que sua visão da arte e da estética é compartilhada por muitos espectadores britânicos e que a cultura oficial não está só divorciada destas pessoas, mas é profundamente hostil ao que elas acreditam, o que elas sentem e ao que elas aspiram. A arte niilista de nossa época é repassada ao povo britânico como uma reprimenda, que ele deve aceitar com toda humildade e em um espírito de desculpas por ter querido algo de "superior." Não há nada de superior -- esta é a lição a ser aprendida com a Arte Jovem Britânica (http://en.wikipedia.org/wiki/Young_British_Artists), e com as pilhas de lixo sem nexo que ela manda para nossos museus e galerias. Só podemos entender a condição humana, ela nos diz, se adotarmos uma postura de grosseria e confrontação e se pusermos a língua para fora.

ESTE É SÓ UM ASPECTO DE algo que os americanos em visita à Grã-Bretanha notam cada vez mais. Nos anos 50 e 60, quando minha geração estava crescendo, os britânicos eram ativamente engajados pelo sistema educacional e os mundos da arte e da religião, em uma cultura da aspiração. Esta foi a época de Henry Moore ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Moore ) e Benjamin Britten ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Britten ), de Graham Sutherland ( http://en.wikipedia.org/wiki/Graham_Sutherland )e Michael Tippett ( http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Tippett) . W. H. Auden ( http://pt.wikipedia.org/wiki/W._H._Auden )era uma voz importante, assim como era o ex-americano T. S. Eliot ( http://pt.wikipedia.org/wiki/T._S._Eliot ). A Grã-Bretanha era um lugar de grande significação hístórica e religiosa. Era um privilégio pertencer a esta terra e por toda a parte a história nacional tinha deixado as marcas e os prodígios de um modo de vida superior. Correndo o risco de exagerar, pode-se dizer que meu país, naquela época em que a geração do baby boom avançava em direção a uma perpétua imaturidade, era um ensaio da redenção. Sua arte, cultura e religião eram devotadas ao ideal de uma comunidade na qual a decência, a curiosidade e a abnegação mandavam em tudo. E lá permanecia, como uma espécie de sobra da propaganda do período da guerra, a crença no gentleman, que encara a vida com uma postura de devoção em auto-sacrifício a ideais sem sentido -- quer dizer, sem sentido segundo o ponto de vista do observador cínico, mas que não eram sem sentido de forma alguma, dado o espírito com que eram aceitos.

O americano em visita à Grã-Bretanha hoje, e sobretudo se ainda tiver lembrança daquele mundo extraordinário no qual a decência, a auto-censura e o queixo duro eram os princípios dominantes, muitas vezes recua com horror diante do que encontra. A cultura pública é a do apetite e da sátira e o país inteiro parece querer escandalizar, como se estivesse com uma língua coletiva para fora. Muitos amigos americanos me dizem isto e falam sentidos a respeito da mudança daquela Grã-Bretanha que eles costumavam visitar com uma sensação de estarem voltando para casa, para esta Grã-Bretanha que eles visitam hoje, que é uma terra de estranhos. O estranho, entretanto ( e a reação a meu filme parece confirmar isto) é que muitos dos britânicos concordam com eles. Os britânicos estão numa terra de estrangeiros e a cultura que os governa é de uma natureza a qual muitos de meus compatriotas não podem pertencer de coração.

O espírito oficial que predomina nas escolas e universidades e também no Partido Trabalhista é de desprezo e repúdio aos antigos ideais. A cultura oficial britânica é retratada com exatidão pela cama de Tracey Emin. É uma cultura de caos emocional e simpatias aleatórias, na qual lealdades tradicionais não desempenham nenhum papel. A própria Emin é filha ilegítima de um cipriota turco e sua situação é típica de sua geração. Incapaz de se identificar com um país ou um modo de vida, educada por um currículo de contos de fada multiculturalistas e aprendendo na escola de arte que você encontra seu lugar no mundo através da transgressão e da auto-exibição, ela teve o bom-senso de ser um verdadeiro caos visível ao público. Seus trabalhos podem não ser obras de arte, no sentido de que minha geração foi educada a compreender este selo honorífico, mas eles mostram um mundo que a cultura oficial da Grã-Bretanha optou por endossar.

A prova circunstancial da reação a meu filme não demonstra nada. O que eu sei é que muita gente por aí sente o que eu sinto. Eles concordam comigo que a beleza importa, que a profanação e o niilismo são crimes e que deveríamos encontrar um modo de exaltar nosso mundo e dotá-lo de uma significação mais do que mundana. Mas talvez haja muitos ou até mais que acreditam na fábula "multicultural" oficial, que nos diz que não há nada de especial na Grã-Bretanha, que os antigos ideais e dignidades são meras ilusões e que o objetivo da arte é cobrir de desprezo os valores de pessoas antiquadas. E a impressão dos visitantes americanos é correta; não é só a cultura oficial, mas a geração ascendente de Neo-Britânicos que se decidiu pela zombaria à dignidade e pela transgressão às normas da vida social. Se for assim, então se fez justiça a pelo menos uma parte de meu filme: a saber, que a beleza importa e que não se pode cobrir de desprezo a beleza sem perder de vista o sentido da vida.




Roger Scruton: The American Spectator, 15 de maio de 2010

Original: On Defending Beauty

Tradução e links: Dextra
http://www.midiasemmascara.org/artigos/conservadorismo/11739-sobre-a-defesa-da-beleza.html

sábado, 1 de janeiro de 2011

A Festa do Tempo

http://www.pravmir.com/article_1196.html

Igúmeno Simeão (Gagatik)
01 de Janeiro de 2011



Na véspera do ano novo, muitos meditam sobre o significado desta festa e sobre porque tantos amam esta data. Existem também alguns irmãos queridos que questionam porque os cristãos ortodoxos deveriam associar qualquer significado especial a esta data.

Desde minha ordenação, eu começo todo ano novo com as palavras: "Bendito é o Reino do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, agora e sempre e na era das eras". Este momento é sempre um dos mais bonitos que eu tenho.

E por que? Porque é belo glorificar o Reino da Santa Trindade no primeiro momento do ano. É por isso que esta festa religiosa é tão maravilhosa e bonita.

"Religiosa?" - alguns podem perguntar. Sim, precisamente uma festa religiosa. Temos esta festa em nosso Menaion, onde é chamada de "Início do Novo Ano". É comemorada de acordo com o Typikon, com a Grande Doxologia. Muitos poderiam dizer: "Mas esse é o início do Ano Novo Eclesiástico, no dia 01 de setembro". A questão é que a palavra "eclesiástico" não se encontra em lugar nenhum associada com este ofício: não está no Typikon, nem no Menaion, nem em nenhuma oração, em lugar nenhum. Eu acho que a palavra "eclesiástico" veio para os calendários de hoje por causa de um mal-entendido. O Ano Novo era celebrado no dia 01 de setembro porque era o início do Ano Novo no Império Romaico - o início do ano civil. A Igreja assinalou uma festa especial para o início deste ano novo secular e civil. Por que? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada nos hinos do ofício do Ano Novo. A Igreja pede a Deus para abençoar o Ano Novo, para fazê-lo um ano da misericórdia de Deus, um ano de salvação.

Em outras palavras, a Igreja pede para Deus transfigurar o tempo físico, biológico e político em um tempo místico - um tempo que nos une à eternidade. A benção de Deus não é pedida sobre um "ano novo eclesiástico", isso não encontraremos no ofício festal. É precisamente o tempo normal de nossa vida que tem necessidade da benção de Deus, com o fim de transformá-lo no tempo de nossa salvação. Assim como abençoamos a água normal e assim como batizamos um corpo normal, os quais então deixam de ser normais se tornam santos, então, da mesma forma, não abençoamos um "ano eclesiástico", mas o próprio ano norma de nossa vida para fazê-lo santo.

É verdade que as pessoas hoje em dia sentem o Ano Novo de forma mais intensa.Isso se explica pelo fato de que o tempo para a pessoa moderna é dramático e trágico como nunca fora antes. Nunca antes a vida do ser humano foi tão sem sentido como hoje. Em todas as épocas anteriores, a vida de cada um estava relacionada de alguma forma com a eternidade. Quanto mais eternidade havia na vida diária, menos significado tinha o passar do tempo. Hoje a eternidade desapareceu da vida do homem, e apenas o tempo ficou. Provavelmente é por isso que celebramos o Ano Novo tão festivamente. Estamos tentando nos esconder do horror da aproximação inevitável de um fim sem sentido.

Em uma tal situação a Igreja deve ainda mais proclamar que existe algo além do tempo, e que nossa vida não é limitada por este tempo. É por isso que é tão importante, e também tão belo, iniciar o Ano Novo com a glorificação e a benção do Reino eterno da Santa Trindade.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Entrevista do Patriarca Bartolomeu I

O Patriarca Ecumênico Bartolomeu em entrevista para o Cafebabel:
"Antes do Grande Cisma de 1054, toda a Europa era Ortodoxa"

Nós o encontramos em seu escritório no Fanar, Istambul, em um tarde nublada de sábado. Esta foi a primeira entrevista conjunta para o Cafebabel Grécia e o Cafebabel Instambul. Estamos um pouco ansiosos, ficamos revisando as perguntas juntos com Ozcan e Angelina. Não sabíamos o que esperar. Estamos antes surpresos que o Patriarca Ecumênico estivesse prestes a conceder uma entrevista para o Cafebabel. Bem, entrevistar o "Papa Oriental", o líder espiritual de mais de 350 milhões de ortodoxos não parecia muito fácil. Toda essa agonia passou quando ele nos saudou. Sorridente, ele nos ofereceu doces tradicionais e café. É como entrevistar o seu avô. Ele vai falar com você sobre tudo: de Halki e o meio-ambiente até a juventude européia, ciência e Chris Spyrou.


O líder da Igreja Católica Romana, o Papa, recentemente visitou o Reino Unido, e, bem antes, o Fanar. Considerando-se que o Patriarcado Ecumênico foi o primeiro a liderar o diálogo entre igrejas cristãs, sendo um dos membros fundadores do Conselho Mundial de Igrejas, o senhor considera a união das igrejas factível?

Desde o tempo de meus predecessores, Atenágoras e Dimitrios, o Patriarcado Ecumênico tem liderado o diálogo entre denominações cristãs. De fato, estamos na liderança do que é chamado "movimento ecumênico". Durante a visita do Papa ao Patriarcado Ecumênico, nós assinamos a declaração conjunta e ele recitou o "Pai Nosso" durante o ofício ortodoxo. Além disso, o Patriarcado Ecumênico participa na Conferência das Igrejas Européias. Nós apoiamos o diálogo,embora o lapso da divisão seja grande, já que estivemos separados por dez séculos. Agora estamos discutindo a questão do primado do Papa, examinando como ele se parecia no primeiro milênio de nossa senda comum e porque ele mudou. Junto com o filioque, esta é a questão mais difícil que nos divide. A estrada para a união é longa, mas não nos desencorajamos. Ao contrário, fazemos todo o possível para construir pontes.

Em agosto, o senhor realizou uma liturgia histórica no Monastério de Sumela, perto de Trebizonda, e poucas semanas atrás, uma liturgia foi oficiada na Igreja Armênia da Santa Cruz, no Lago Van, Turquia. O senhor acredita que tais ações ajudam o entendimento mútuo e o respeito pelas liberdades religiosas no país? Será que o próximo passo pode ser a reabertura da Escola Teológica de Halki (Heybeliada)?

Estamos muito contentes com tais desenvolvimentos, tanto no Monastério de Sumela (Trebizonda), e pelos armênios. Eles revelam uma mudança de atitude da Turquia. O que aconteceu em Panagia Sumela prova que o lugar (o qual oficialmente é um museu) também pode ser utilizado uma vez por ano como local de adoração, como indica a permissão oficial que recebemos. Isto é benéfico para todos. O estado Turco compreende que não somos uma ameaça, mas, ao contrário, que amamos e trabalhamos para para o bem do país. Além dos benefícios materiais para o país resultantes dos peregrinos, tais ações são evidência de que o respeito da liberdade religiosa está crescendo na Turquia. É uma questão de princípios e valores em relação aos direitos humanos básicos.

No que tange a Escola Teológica de Halki, estamos muito otimistas.Acreditamos que a questão será resolvida no ano 2011, quando completam-se 40 anos do fechamento da escola. Nós estamos prontos para operar imediatamente com o fim de acomodar estudantes da Turquia e de fora, assim como no passado. Estaremos prontos para treinar nosso clero em todos os níveis necessários para o funcionamento do Patriarcado Ecumênico, o qual, como vocês sabem, tem dioceses em muitas partes do mundo, tais como Estados Unidos, Europa Ocidental e Oriental, Austrália, Coréia, Hong Kong, América do Sul e Central e assim por diante.

Como o senhor sente pessoalmente o peso histórico de sentar no trono de S.João Crisóstomo, do Patriarca Fócio e do Patriarca Genadios?

É um enorme peso histórico. Estas pessoas foram titãs da fé e do conhecimento. Claro que pessoalmente não podemos chegar ao nível deles. Mas este trono é uma cruz, que cada patriarca é obrigado e chamado a carregar. Nós somos a voz de uma instituição vibrante que tem existido nesta cidade, Istambul, por dezessete séculos e assim irá permanecer com a graça de Deus.

A Turquia parece estar gradualmente reconhecendo que o Patriarcado Ecumênico não é simplesmente uma diocese local dos gregos de Constantinopla, mas uma instituição universal, e que não restringindo, mas, ao contrário, apoiando suas atividades, o país tem muito a ganhar. O senhor compartilha desta visão e tem alguma evidência de que o estado turco esteja mudando sua política?

Veja, podemos resumir a posição do governo turco até hoje com uma única palavra: contra-producente.

É contra-producente não apenas para nós, mas primeiramente e acima de tudo para o interesse nacional da própria Turquia. Entretanto, os desenvolvimentos atuais são positivos. É compreendido que não temos, nunca tivemos e não teremos, nenhuma aspiração ou interesse político. Às vezes, alguns argumentos nem um pouco sérios tem sido expressos, isto é, de que estaríamos tentando criar um segundo Vaticano no Fanar. Que venham e mostrem onde estas tentativas se encontram. Tais argumentos não são sérios.

O fato é que vemos uma mudança de atitude, e a nova Lei de Fundações de Minorias também destacam esta mudança. Ela não resolve todos os nossos problemas, mas certamente dá mais liberdade de movimento para as minorias. Recentemente um ortodoxo rume (um cidadão turco de origem grega) foi eleito como membro da Comissão de Estado para a Administração de todas as Vakif (fundações) em Ankara, e que tem reuniões quinzenais. Estes são desenvolvimentos sem precedentes para nós aqui, e estamos muito felizes com eles. Além disso, o Primeiro-Ministro Erdogan visitou o orfanato grego em Büyükada antes que a CEDH (Corte Européia de Direitos Humanos) anunciasse sua decisão, que justificava nossos direitos sobre a propriedade. Este foi um corajoso ato político da parte do Primeiro-Ministro, cheio de poderoso simbolismo.

A autoridade do Patriarcado Ecumênico na Igreja Ortodoxa ao redor do mundo é imensa, algo que é benéfico para a Turquia. Nossos esforços de construir a paz e promover o respeito entre os povos de toda fé são bem conhecidos, e isto é confirmado pelo fato de que todo político que vem à Turquia sempre visita o Patriarcado Ecumênico. Estamos otimistas, então, e insistimos sobre estes direitos. 

O que o senhor pensa da nova reaproximação do governo turco com as minorias?

Isto é uma questão política e não podemos silenciar sobre a questão. Não é segredo algum que estamos realmente felizes sobre estes passos do governo turco. Apoiamos esta abordagem.Esperamos que continue no futuro. Além disso, como dissemos antes, acreditamos que tais negociações irão deixar a Turquia mais democrática como um país, e é precisamente por esta razão que apoiamos a total participação da Turquia na UE.

Um grupo greco-americano liderado pelo Sr. Chris Spyrou queria organizar uma cerimônia religiosa em Hagia Sophia, em Istambul, mas cancelaram seu plano. O senhor esteve envolvido nas tentativas de cancelar os planos deles?

Não conhecemos esta pessoa. Não sabemos como seria possível organizar uma cerimônia religiosa sem nos consultar em nossa competência como o Arcebispo local da cidade e sem obter a permissão do governo turco. Nós objetamos e eles cancelaram seus planos. Ninguém pode conduzir um cerimônia cristã ortodoxa em Hagia Sophia sem uma permissão tanto do Patriarcado Ecumênico quanto do governo turco. Nem mesmo nós podemos conduzir cerimônias religiosas em outros países sem a permissão das igrejas locais nesses países e das autoridades locais.


O senhor tem sido chamado de "Patriarca Verde" por causa de sua sensibilidade ambiental. O senhor acha que líderes religiosos são capazes de afetar, se não os governos, pelo menos a consciência ambiental dos fiéis?

É quase impossível influenciar governos. Interesses financeiros estão pressionando tanto que não é possível para os políticos mesmos concordarem, e nós encaramos essa situação em Copenhagen. Mas, sim, nós achamos que somos capazes de cultivar entre os fiéis uma sensibilidade no que diz respeito às questões ambientais.

Esta crise global é primariamente conceitual; ela trata de valores. Temos que entender que somos responsáveis por passar o planeta para as próximas gerações. Não podemos continuar a desperdiçar recursos mas, ao invés, permitir que as gerações futuras se beneficiem do que nos foi dado por Deus.

A palavra "ecologia" vem do grego "eco" e "logos", onde "eco"(oikos) significa nosso lar. Para que isso seja compreendido, temos que primeiro apreender que não somos donos, mas gerentes do mundo, o qual Deus nos confiou. Portanto, temos que cuidar deste mundo com o fim de passá-lo para a próxima geração. O Patriarcado Ecumênico tomou a liderança neste esforço para desenvolver consciência ecológica através do seu Simpósio Ecológico Internacional.

 É fácil combinar o estilo de vida moderno de consumismo com a frugalidade advogada pelo Cristianismo? Muitos argumentam que os dois modelos são incompatíveis.

É essencial mudarmos a mentalidade atual e abandonar o estilo de vida de excesso de consumo e ganância que inevitavelmente levam à injustiça social e a desigualdade. O Apóstolo Paulo ensina que a ganância nos leva à idolatria dos bens materiais, e a idolatria é o maior dos pecados. A Igreja não ensina ganância mas "oligarkeia" (isto é, viver uma vida simples, lacônica). O Evangelho diz que quem quer que possua duas roupas dê uma para quem não tem nenhuma. Infelizmente, chegamos em um ponto no qual tentamos tirar de nosso próximo até suas próprias vestes.

O que podem dar à juventude da Europa a fé e o testemunho ortodoxos? É fácil adotar conceitos e valores ortodoxos para um europeu ocidental com um histórico católico ou protestante?

Como eu disse antes, todos os assuntos estão interligados uns com os outros - socialmente, economicamente, e ideologicamente. Os jovens sentem-se inseguros. A Igreja Ortodoxa tem a oferecer a fé original como ela existiu durante os dez primeiros séculos de nossa estrada comum com o Ocidente. Isso quer dizer, a fé e a Igreja como o verdadeiro Corpo de Cristo. Antes do Grande Cisma de 1054, toda a Europa era Ortodoxa. Portanto, o que a Igreja é chamada a oferecer é a simplicidade e a autenticidade da fé cristã. Ensinamos a autenticidade, a moralidade e a espiritualidade ascéticas. Todas estas estão faltando nas igrejas protestantes e católico-romanas.

O Ocidente separou-se destes valores, e é precisamente isto que justifica a nostalgia manifesta hoje em dia. Recentemente, mais e mais livros litúrgicos da Igreja Ortodoxa tem sido traduzidos e publicados em países estrangeiros. Além dos livros teológicos, pode-se encontrar orientação espiritual em livros tais como a Filokalia, que de grande interesse para povos não-ortodoxos. Além disso, na fé ortodoxa, existe muita atenção para a devoção e a adoração; e existe uma ênfase maior no coração do que no intelecto. É por isso que pode-se dizer que a Ortodoxia compreende a tradição, a experiência e a sabedoria condensada.

O senhor teme a globalização? Muitos argumentam que com tantos elementos sendo bombardeados por todos os lados a tendência é que tudo se torne uma "aktarma" (mistura sem forma).

A globalização tem alguns elementos positivos que apoiamos. Ela oferece compreensão entre povos e cria uma base para as pessoas cooperarem e viverem pacificamente. Entretanto, como o Arcebispo Christodoulos costumava dizer, existe também o perigo de nos tornarmos como "carne moída". Isso certamente não é desejável.
Nós defendemos que todos os povos mantenham um registro de sua cultura, língua, etc. que os preservem distintos. Estes elementos contribuem para a individualidade de um povo. Entretanto, ao mesmo tempo, devemos ser criativos e não manter estes elementos em um "jarro fechado" e reduzi-los a uma forma de auto-admiração.

Os missionários Cirilo e Metódio, no século VI, foram comissionados como delegados do Patriarcado Ecumênico para pregar o Evangelho aos eslavos. Como resultado, eles criaram o alfabeto cirilico. Isso foi fonte de acusação do Patriarcado por parte do historiador grego Paparigopoulos, alegando que os missionários não converteram os eslavos à ortodoxia grega. Dizemos isso porque o Patriarcado Ecumênico via esses povos como eslavos; acreditamos que devemos respeitá-los e pregar para eles em sua própria língua, mas não mudá-los. Desta forma, protegemos tanto a identidade grega quanto a identidade eslava. Então agora todos os povos eslavos - russos, búlgaros e sérvios - são gratos à Igreja Mãe de Constantinopla.

Finalmente, a ciência e a fé são incompatíveis ou simplesmente possuem recipientes e conteúdos diferentes? Recentemente, Stephen Hawking causou certa comoção com sua declaração de que o universo pode existir sem um Criador. O senhor considera estas afirmativas como significativas? Qual é a resposta da Igreja?

Eu não considero que a fé e a ciência sejam opostos, mas sim vias paralelas. Elas são complementares porque levam ao mesmo objetivo da Verdade. Einstein uma vez disse: "A ciência não tem um Deus, mas os cientistas sim."
A Igreja Ortodoxa não é contra a ciência. Na verdade, existe evidência histórica de que nossos bispos estiveram entre os mais eminentes cientistas. Os monastérios ortodoxos preservaram os manuscritos gregos e os disponibilizaram para o Ocidente. São Gregório Palamás estudou a filosofia de Aristóteles. Além disso, nossa Igreja tem um santo chamado Epistimi (que significa "ciência" em grego) e um santo Ypomoni (que significa "paciência"). Não tivemos nenhum Galileu.

Afirmações como as de Stephen Hawking são respeitáveis mas não são mandatórias para ninguém. Entretanto são provacadoras e no fim apenas dividem as pessoas. Nossa abordagem é que todo o universo criado que vemos a nossa volta - o céu, os oceanos, as plantas - não poderia ter sido gerado por acaso e de fato tem um Criador. Poucos dias atrás, eu passeava pelo jardim com amigos. Quando peguei uma flor, reparei quão perfeita e bela ela era e quão sabiamente ela era construída por milhares de florezinhas que eram uma festa de se contemplar. Isso não pode ter acontecido por acaso. 

http://athens.cafebabel.com/en/post/2010/11/17/The-Ecumenical-Patriarch-Bartholomew-speaks-to-Cafebabel:-Before-the-Great-Schism-of-1054,-all-of-Europe-was-Orthodox2

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Obstáculos para tornar-se Ortodoxo

Introdução

Não é incomum ouvir alguém dizendo que "se tornou ortodoxo", sendo que o a pessoa quer dizer é que passou a "fazer parte da Igreja Ortodoxa". Pois uma coisa é fazer parte da Igreja, se tornar formalmente um membro do Corpo de Cristo, mas é bem outra nos tornarmos interiormente ortodoxos, isto é, entrar profunda e verdadeiramente no espírito e modo de vida da Igreja. A maioria do clero ortodoxo não recebe as pessoas na Igreja muito rapidamente e sem um catecismo adequado, mas ainda assim deixa-se passar alguma coisa. Ao longo dos anos, por exemplo, nós vimos dúzias de pessoas se juntando à Igreja mas nunca tornarem-se ortodoxas, como pode ser confirmado por seu abandono, ou fundação de seitas, cismas, cultos ou grupos para-eclesiásticos. Além disso, já vimos acontecer isto, tragicamente, mesmo depois de décadas de participação formal na Igreja.

Não se trata apenas de quantos ingleses(*) mais tarde abandonam a Igreja Ortodoxa, passado o entusiasmo inicial, mas também de russos, gregos e outros. Assim, por exemplo, sabemos de um russo de segunda geração que mais de trinta anos atrás foi circuncidado e tornou-se judeu. Sabemos também de um professor russo de primeira geração que batizou seus filhos na igreja anglicana, pois, como ele disse, "estamos na Inglaterra agora". Por outro lado, pelo menos seis dos sacerdotes da diocese anglicana de Londres são cipriotas gregos. Tendo nascido e sido criados na Inglaterra, eles decidiram há muito que a Ortodoxia era apenas para os gregos, e já que eles eram ingleses agora, eles tinham que se tornar anglicanos. Incontáveis outros exemplos de apostasia poderiam ser citados, incluindo os russos de segunda e terceira geração na França que se tornaram católicos romanos.

Quais são, então, os obstáculos para se tornar ortodoxo no verdadeiro sentido da palavra? O que pode dar errado? Para descobrir isso, temos que analisar primeiro a questão sob a luz das quatro características da Igreja, conforme definidas em nosso Credo. Ali, a Igreja é definida como "Una, Santa, Católica e Apostólica". É nesta luz que encontraremos as respostas para nossas perguntas.

Intelectualismo versus Unidade

A unidade da Igreja é afastada pelo intelectualismo. Este perigo é particularmente forte entre os convertidos dos países ocidentais. O intelectualismo ataca a unidade da Igreja porque toda tendência intelectual é divisiva, criando tanto apoiadores quanto inimigos, que dizem que são de Paulo, de Apolos e de Cefas, mas não de Cristo (I Cor 1, 12). Não devemos esquecer que todos os grandes hereges foram intelectuais, desde os helenos e gnósticos do primeiro século, até Arius e Nestório e os neo-gnósticos modernos e renovacionistas. A influência destes últimos é particularmente forte em países com imigração russa, notavelmente na França e nos EUA, mas também na Bélgica e na Inglaterra.

A tendência intelectualista vem de fora da Igreja, do mundo heterodoxo. Ali é comumente acreditado que a fé só pode ser compreendida pela razão ou pelo intelecto. Esse racionalismo é hostil ao ethos da Igreja, onde acreditamos e sabemos por experiência que o conhecimento não vem da razão humana, mas da purificação do coração. De fato, é apenas quando o coração é purificado, através de práticas ascéticas de oração e jejum e dos sacramentos postos juntos, que a razão ou o intelecto podem ser iluminados. Por outras palavras, na Igreja, o conhecimento vem até nós através da luta contra o pecado e da batalha pela virtude, seguindo os mandamentos, e não através do vão conhecimento de livros. Este último apenas nos deixa cheios de nós mesmos, e torna suas vítimas voluntárias em vaidosos joguetes do demônio, racionalistas pretensiosos que inspiram ou o deboche ou a piedade dos outros.

O intelectualismo divide, porque seus adeptos em seus grupos e panelas trabalham contra a unidade da Igreja de Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13:8). A unidade pode ser encontrada apenas na fidelidade à Tradição, o depósito confiado aos santos e que somos chamados a guardar (1 Timóteo 6:20). Nas inovações podemos ter certeza que encontraremos o espírito intelectualista, estranho ao Deus Vivo e Sua Igreja.

Espiritualismo versus Santidade

A santidade da Igreja é afastada pelo espiritualismo. O Espiritualismo confunde o que é autenticamente espiritual com a ilusão emocional do orgulho (ilusão em eslavônico é prelest, em grego plani, em latim illusio). Esta também foi uma das grandes fraquezas da imigração russa, mas hoje também é encontrada no velho calendarismo sectário grego. Este espírito é trazido para a Igreja desde fora, de todos os tipos de teorias mundanas mas "espirituais" e de filosofias estranhas como o antroposofismo e guenonismo, sectarianismo e espírito de culto. Tudo isso forma atrações para esferas desencarnadas do ser, que são habitadas por espíritos malignos (que estão desencarnados), sob a ilusão de que são planos existenciais angélicos e não satânicos.

Talvez, o mais óbvio representante desta escola tenha sido o russo Evgraf Kovalevsy. Entretanto, ele foi apenas o caso mais claro de muitos, dessa doença espiritual, que era particularmente forte entre a imigração russa em Paris, que a havia trazido com eles desde S. Petersburgo. Muitos deles participavam na Igreja, mas eles trouxeram com eles a doença e tentavam disseminá-la na Igreja. Eles não compreendiam que um interesse em "espiritualidade" não é o mesmo que a prática da virtude. Um interesse na "espiritualidade" pode ser muitíssimo perigoso, pois o demônio é um ser espiritual. Isto é especialmente visível em caso de interesse em espiritualidade heterodoxa ou não-cristã, como o "Franciscanismo" (a qual, os santos russos do século XIX repetidamente apontavam, era a própria definição de ilusão espiritual) ou interesse em espiritualidade muçulmana, hindu ou budista.

O espiritualismo, com sua falta de foco desencarnada e neo-gnóstia, pode ser vista materializada na inconografia borrada de muitos representantes da imigração russa em Paris. A falta de clareza e definição em seus ícones assinala seu espírito desencarnado. Isto representa uma falsa santidade, que não é santidade de forma alguma, mas uma falta de habilidade de penetrar o interior da Igreja por causa de uma impureza do espírito.


Filetismo versus Catolicidade

A catolicidade da Igreja é afastada pelo filetismo, palavra baseada na equivalente grega para raça. A palavra poderia ser traduzida como racismo, mas é normalmente expressa como nacionalismo ou etnicismo. É particularmente comum entre os gregos e outros ortodoxos dos Balcãs, que suportaram o fardo Turco e seu sistema de guetos. É por isso que o filetismo foi primeiramente condenado em Constantinopla, no século XIX. Entretanto, os outros ortodoxos não estão de forma alguma imunes ao filetismo e temos visto muitos exemplos na Igreja Russa no Exílio e em outras partes da Igreja Russa. Ainda assim, ironicamente, temos encontrado o filetismo em sua forma mais virulenta entre os ortodoxos que são ex-anglicanos, entre os quais apenas o inglês é utilizado com algumas palavras em línguas estrangeiras incorretamente pronunciadas, e onde se opera uma forma sutil porém dolorosa de racismo anti-grego, anti-romeno ou anti-russo. Um exemplo recente disto é uma exigência de um recém-convertido americano para que se tenha um "patriarca americano". Isto significa alguém de cabelo curto, sem barba, nascido nos EUA e que dá sermões enquanto masca chicletes? O que todos nós precisamos em nossos respectivos países é de patriarcas santos - suas nacionalidades são radicalmente irrelevantes. Se não há santidade, como alguém pode ser salvo? A nacionalidade simplesmente não é um critério.

O filetismo, ou como poderíamos chamá-lo, racismo, exclui os ortodoxos que não pertencem à nacionalidade majoritária de uma igreja em particular. Apenas recentemente, e não longe daqui, encontramos o caso de um grupo que excluía os ortodoxos ingleses de seus ofícios e comunhão porque eles não eram "escuros o suficiente para serem um de nós". Aparentemente, cabelos loiros ou olhos azuis eram equivalentes a excomunhão. Também encontramos um outro caso no qual os não-sérvios eram proibidos de venerar um ícone de São Savas, porque "ele só pode ser venerado por sérvios". Tais casos são frequentes demais para mencionarmos aqui.

O filetismo fala e age contra a catolicidade, isto é, universalidade em todos os tempos e lugares da Igreja. Ele divide racialmente e é contra qualquer solução ao problema canônica da diáspora de múltiplas "jurisdições" ou dioceses em um mesmo território geográfico. A solução para o problema é clara - ela existia na América do Norte antes da Revolução Russa, onde múltiplas nacionalidades estavam unidas em uma diocese comum. Aqueles que quebraram esta unidade terão muito a responder no fim dos tempos.

Esteticismo versus Apostolicidade

A apostolicidade da Igreja é afastada pelo esteticismo. Isso significa que a profundidade do ensino da Igreja, pregado e expresso pelos apóstolos em sua confissão e martírio, é contrariado por uma atitude superficial para com a vida na Igreja. Aqueles que vêm à igreja para acender uma vela fazem bem, enquanto estão ali, mas ficam por apenas alguns minutos. Hoje em dia, este esteticismo é talvez o maior problema de todos, pois este mal do nominalismo afeta a maioria dos ortodoxos batizados. Aqueles que entendem a Igreja como uma peça de teatro, aqueles que vêm para serem comovidos pelo cantico ocidentalizado, ou para venerar ícones ocidentalizados, aqueles que se sentem comovidos pelo aroma do incenso, estão todos deixando de perceber o principal.

O esteticismo vê a igreja como uma experiência emocional que é boa por vinte minutos algumas vezes por ano. Ele não percebe as grandes verdades espirituais, e portanto morais, da Crucificação, Ressurreição e da Redenção. A Igreja existe por causa do sangue dos mártires e dos sofrimentos dos confessores.  Sem sofrimento, não haveria Igreja. A Igreja, Corpo de Cristo, é fundada no Sangue de Cristo, a Eucaristia é fundamentada em Seu Corpo e Sangue. Uma abordagem rasa e superficial da vida na Igreja, típica do nominalismo, não leva a um estilo de vida justo, muito menos santo. E seremos julgados sobre como levamos nossa vida, e não sobre nossas emoções inevitavelmente impuras.

O esteticismo age contra a apostolicidade da Igreja, contradiz a profundeza da experiência espiritual dos apóstolos, que trabalharam e sofreram pelo benefício da humanidade, relembrando que o Chefe dos Apóstolos é o próprio Cristo, enviado pelo Pai para a redenção de toda a humanidade. O esteticismo deixa completamente de lado nosso compromisso vital com as verdades espirituais e morais que todos os ortodoxos são chamados a exemplificar em nossas vidas diárias.

Conclusão

As quatro características que definem a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica são resumidas em uma única palavra: Ortodoxa. É por isso que falamos "Igreja Ortodoxa", uma forma curta de dizermos "A Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica". É por isso que, se caírmos em algum dos "ismos" acima, intelectualismo, espiritualismo, filetismo ou esteticismo, nós inevitavelmente caímos da Igreja Ortodoxa. Fiquemos em guarda, em sobriedade mantendo a vigília sobre nós mesmos contra estas quatro ilusões: "Seja sóbrio, seja vigilante, porque nosso adversário, o demônio, como um leão que ruge, caminha por aí, buscando que poderá devorar" (1 Pedro 5:8).

Arcipreste Andrew Phillips,
Colchester,
Inglaterra

3/16 Fevereiro 2009
Justos Simeão e Profetiza Ana,
S. Nicolas do Japão



(*) Nota do Tradutor: O autor do artigo é um padre que serve na Inglaterra.

ENCÍCLICA PASTORAL por ocasião da celebração do Nascimento, na Carne, de Nosso Senhor Jesus Cristo, nascido em um Presépio, para a salvação do mundo



PROT. Nº 1663
† TARASIOS
PELA MISERICÓRDIA DE DEUS,
ARCEBISPO METROPOLITANO DE BUENOS AIRES,
PRIMAZ E EXARCA DA AMÉRICA DO SUL
A TODO O CLERO E A TODA GREI DA SACRA ARQUIDIOCESE
DE BUENOS AIRES E AMÉRICA DO SUL:
Que a Graça, a misericórdia e o amor de Cristo Salvador,
nascido em Belém, estejam com todos vós.


«Preparai um plano, e ele malogrará; dai ordens e elas não serão executadas, porque Deus está conosco. » (Is. 8,10)
PROÊMIO
A realidade deste tempo, destes santos doze dias, se dá a conhecer de maneira clara pelo Nome daquele Menino nascido em Belém; “Emanuel”, Deus conosco. Com efeito, toda a realidade deste mistério salvífico que comemoramos nestes dias se condensa no nome de seu homenageado, Jesus Cristo: Deus que se faz homem para que os homens possam ser libertos da maldição do pecado dos primeiros pais.
AS CRISES COMO CONSEQÜÊNCIAS DA QUEDA
Assim, queridos filhos, desejamos interpretar todos os eventos que envolvem a Natividade, pela ótica de seu Nome. Estamos vivendo tempos complexos, tempos de crise, tempos de incertezas, tempos de conflitos nos quais, em muitos lugares deste mundo, torna-se até mesmo difícil visualizar um futuro promissor. A crise está generalizada, mas em alguns lugares da Europa, tão caros a nós como a Grécia, ela se apresenta mais aguda, ganhando dimensões desafiadoras. A crise econômica gera outras crises de diversas naturezas, transformando o cenário em um complexo quebra-cabeça, em fatores e vicissitudes de difíceis resoluções. Não obstante, por causa da globalização, esta crise chega até nós e nos influencia em nossa realidade, direta ou indiretamente.
Como bem sabemos, as crises existem tanto quanto os homens. As crises, em todos os âmbitos, são conseqüências dos processos involutivos ou evolutivos, marcando hiatos na história do homem que oscila entre a evolução e a involução, entre a perfeição e a perdição, entre a salvação e o nada. As crises são realidades próprias do homem caído, do homem afastado de Deus, resultado da ação dos primeiros pais Adão e Eva. Desde então, a humanidade, mergulhada na profunda ambivalência, se encontra transitando em crises de toda espécie, interior e exterior, espiritual, religiosa, ética e moral; crise social e cultural, econômica, enfim, em todas as facetas da existência.
As crises refletem determinados sintomas e apontam para certas patologias. A patologia do homem é o afastamento de Deus. Quando a criação se distancia de maneira consciente e voluntária de seu Criador, as conseqüências são o pecado, a corrupção e a morte. Nós, filhos dessa humanidade, suportamos as conseqüências do pecado dos primeiros pais e, conseqüentemente, estamos submersos na voraz crise, própria do homem nesta situação. Este distanciamento adâmico adquire dimensões que repercutem em toda natureza do homem. Não é apenas uma falta moral, não se trata de um simples erro provocado por uma tentação de caráter ético; é muito mais grave. Desde aquele momento, o homem começou a conhecer e a experimentar em sua própria existência, a dor, o sofrimento, o pecado, a solidão e, por fim, a morte. A queda de Adão é o início de todas as crises do homem. É o hiato que marca um antes e um depois na história da relação do homem com Deus na História da Divina Providência. A partir deste momento, o homem afastado de Deus começa uma história de dramas e tragédias, um desterro em sua própria terra.
UM MENINO: A PROMESSA QUE PÕE FIM À CRISE DO HOMEM
Contudo, Deus em sua imensa misericórdia, promete a sua humanidade que sofre crises entre crise por causa da maldição de Adão:


«Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá». (Is. 11,6)
A promessa é um Menino «Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor. {Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor.} Ele não julgará pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir dizer; mas julgará os fracos com eqüidade, fará justiça aos pobres da terra, ferirá o homem impetuoso com uma sentença de sua boca, e com o sopro dos seus lábios fará morrer o ímpio. A justiça será como o cinto de seus rins, e a lealdade circundará seus flancos» (Is.11, 2-5). Este Menino é Deus feito homem, é o Emanuel, Deus conosco.
Com efeito, Deus ad-viene “vem até nós”, desce até nossa fragilidade e a toma em sua carne para poder curá-la em sua natureza divina. Deus está pois conosco. Mais ainda, Deus está em nós.
Emanuel é o nome de Deus que “desce até nós” e se faz visível, pobre e quase imperceptível para que nós não permaneçamos mais  nesta crise perene que produz outros desajustes em todo ambito da vida. Emanuel é o Deus que vem curar, libertar, desatar, pacificar, unir, perdoar, salvar, redimir. Emanuel é o Deus que ama e que se faz vitima por amor a sua Criação que sofre.
Este Menino é o enviado que tornar-se-á o Mediador entre o Criador e os homens; Ele é o princípio do diálogo; é a promessa de salvação feita realidade; a ponte que nos leva a Deus; a boca de Deus; o perdão e a remissão encarnada; a saúde do gênero humano realizada na carne da própria condecendência divina; o autor  e ator de nossa perfeição, paradigma, exemplo e axioma da vida reconstituída, elevada e unida à natureza divina.
Este é o Emanuel, o Menino-Promessa; é o Deus conosco!
EXORTAÇÃO FINAL E DESPEDIDA
Queridos Filhos,
Enviamos a todos esta mensagem de esperança neste tempo de graça: Sim, Deus está conosco! Não temamos os planos dos poderosos da terra; não temamos as circustâncias que nos cercam; não temamos o futuro incerto; não temamos a nada e nem a ninguém, porque Deus está conosco!
Assim, exortamo-vos do fundo de nosso coração: voltemos a Deus, voltemos a nosso Pai, como  o filho pródigo, arrependidos, compungidos, com plena certeza do perdão. Não temamos retornar, não temamos revelar e confessar nossas faltas, não temamos o castigo; ao contrário, esperemos em sua misericórdia, em seu perdão, em seu auxílio, em seu amor.
Conclamamo-vos fervorosa e intensamente que a Natividade seja festejada de maneira austera, simples, com devoção e arrependimento: nada disso tirará o clima festivo da ocasião, ao contrário, marcará profundamente o quanto estaremos colocando em prática o mandato de Quem festejamos o nascimento.
Assim mesmo, pedimos que a oração seja o centro destes doces dias; rezemos para que Deus mostre sua misericórdia por nossas faltas, por nossos erros e conceda-nos o dom do arrependimento, a paz na alma, a pacificação das nações, e que faça justiça a todos e, em última instância, se revele uma vez mais e nos mostre o caminho que devemos seguir e que se cumpra outra vez a profecia:
«Naquele tempo, o rebento de Jessé, posto como estandarte para os povos, será procurado pelas nações e gloriosa será a sua morada». (Is 11,10)
Com esta mensagem de esperança e de plena certeza de que Deus de amor uma vez mais nos visitará em sua comiseração, nos despedimos de todos vós, filhos amados no Senhor, invocando sobre todos a Misericórdia, a Graça e o amor de Jesus Cristo, Deus e Homem, nascido segundo a carne em Belém da Judéia; a Ele sejam dadas a glória,a honra e a adoração, pelos séculos dos séculos.

Da Sede Arquidiocesana, Natividade de 2010.
O METROPOLITA
† T A R A S I O S
Arcebispo de Buenos Aires
Primaz e Exarca da América do Sul