domingo, 18 de janeiro de 2009

Quais as Diferenças entre a Ortodoxia e o Catolicismo Romano?


Amigos,
eu tinha este artigo impresso aqui, mas não lembro de que site eu o havia obtido. Reencontrei-o em um site da Renovação Carismática e compartilho-o com vocês por elucidar de forma sucinta a pergunta que mais se faz a respeito da comparação da Igreja Latina e a Santa Igreja.



Quais as Diferenças entre a Ortodoxia e o Catolicismo Romano?


Por Michael Azkoul 


Esta questão é levantada diversas vezes. Muitos Ortodoxos, quando citam as diferenças entre a Ortodoxia e o Catolicismo Romano, mencionam normalmente o Papa e o purgatório, e algumas vezes o filioque.

Historicamente, as diferenças são mais numerosas e profundas.

Também, nos tempos modernos, desde o Vaticano II há trinta anos atrás, a trágica tentativa de “atualizar” o Catolicismo Romano (v.g. a revisão do direito canônico), as diferenças entre a Ortodoxia e os seguidores do papa aumentaram. 

Neste presente artigo, lidaremos principalmente com as diferenças cultivadas entre a Ortodoxia e o Catolicismo, separados há quase mil anos. 

1. Fé e Razão 

Seguindo os Santos Padres, a Ortodoxia usa a ciência e a filosofia para defender e explicar a fé. Ao contrário do Catolicismo Romano, ela não se baseia nos resultados da filosofia e da ciência. A Igreja não busca reconciliar fé e razão. Ela não faz nenhum esforço para provar pela lógica ou pela ciência o que Cristo entregou para que seus seguidores acreditem. Não recusamos o apoio da física, da biologia ou da química nos ensinamentos da Igreja. Porém, a Ortodoxia não é intimidada pelas realizações intelectuais do homem. Ela não se curva perante tais coisas, e não muda o pensamento da fé Cristã por causa dos pensamentos humanos e da ciência. 

São Basílio o Grande alertava os jovens monges sobre a utilização da filosofia grega, para que a utilizassem como a abelha usa a flor. “Peguem somente o ‘mel’ – a verdade – que Deus plantou no mundo para preparar o homem para a Vinda do Senhor.” 

Por exemplo, os Gregos possuíam a doutrina do Logos. O Evangelho de João começa, “E no princípio era o Verbo” (Logos, em Grego). Para os pagãos, o Logos não era Deus, como Ele é para os Cristãos, mas sim um princípio, um poder, uma força pela qual “Deus” criou e governa o mundo. 

Os Pais da Igreja apontavam a semelhança entre o Logos da Bíblia e o Logos da Filosofia Grega como um sinal da Providência Divina. A diferença entre eles é atribuída ao pecado do homem e à fraqueza do intelecto humano. Isso nos lembra as palavras do apóstolo Paulo: “Estai de sobreaviso, para que ninguém vos engane com filosofias e vãos sofismas baseados nas tradições humanas, nos rudimentos do mundo, em vez de se apoiar em Cristo.” (Cl. 2:8).

Por outro lado, o Catolicismo dá um alto valor à razão humana. Sua história nos mostra a conseqüência desta confiança. Por exemplo, na Idade Média, durante o século XII, o teólogo e filósofo Tomás de Aquino “uniu” o Cristianismo com a filosofia de Aristóteles. A partir deste período, os latinos começaram a oscilar como nunca graças a este respeito pela sabedoria humana, alternando radicalmente entre teologia, os mistérios e as instituições da religião Cristã. 


2. O Desenvolvimento Doutrinário 

A Igreja Ortodoxa não endossa a visão de que os ensinamentos de Cristo devem mudar através dos tempos, mas sim que os ensinamentos de Cristo permanecem inalterados desde o dia em que o Senhor entregou a Fé aos Apóstolos (Mateus 28:18-20). 

É claro que a Ortodoxia reconhece mudanças externas (por exemplo, vestes do clero, hábitos monásticos, novas festas, cânones de concílios ecumênicos ou regionais, etc), mas jamais algo foi adicionado ou subtraído de sua Fé. As mudanças externas possuem um único propósito: expressar a fé em vista de novas circunstâncias. Por exemplo, a Bíblia e os serviços divinos foram traduzidos do hebraico para o grego e para os outros idiomas das novas terras, novos costumes religiosos surgiram para expressar a sensibilidade étnica de novos povos convertidos, etc.; todavia, sempre há “uma só Fé, um só Senhor, e um só batismo” (Ef. 4:4).

O fundamental testemunho para a Tradição Cristã é a Bíblia Sagrada, e os expositores supremos das escrituras são os divinamente inspirados Pais da Igreja, sejam eles gregos, latinos, sírios ou eslavos. O lugar deles na religião Ortodoxa não pode ser alterado. Sua autoridade nunca pode ser substituída ou ignorada.

Por outro lado, o Catolicismo Romano, incapaz de mostrar uma continuidade na fé para justificar suas novas doutrinas, criou no último século a teoria chamada de “desenvolvimento de doutrina”. 

Seguindo o espírito filosófico atual (sob a liderança do Cardeal Henry Newman), o catolicismo romano começou a definir que Cristo nos deu um “depósito original” de fé, uma “semente”, que deve amadurecer através dos séculos. O Espírito Santo, segundo eles, ampliou a Fé Cristã e moveu a Igreja para novas circunstâncias, adquirindo outras necessidades. 

Conseqüentemente, o catolicismo romano desenha sua teologia como algo que cresce por estágios, aumentando e clareando os níveis de conhecimento. Os ensinamentos dos Pais da Igreja, por mais importantes que sejam, pertencem a uma fase anterior à Idade Média Latina (Escolástica), que por sua vez, está atrás das novas idéias posteriores, como as do Concílio Vaticano II.

Todos estes estágios são úteis, como recursos; e o teólogo pode simpatizar pelos Santos Padres, por exemplo, mas também pode contradizer qualquer coisa, seja ela de maior ou menor escala. 

Desta forma, teorias como o dogma da “infalibilidade papal” e a “imaculada conceição de Maria” (sobre a qual falaremos mais à frente) são apresentadas ao fiel como necessárias à salvação. 

Neste caso, para os católicos a verdade destes dogmas já pertencia à Tradição Cristã. Eles já faziam parte da Tradição Cristã, mas em forma de “dicas”, ou como sementes que esperavam o tempo para florescer. 


3. Deus 

O Catolicismo Romano ensina que a razão pode provar o que Deus é; e até mesmo deduzir que Ele é eterno, infinito, bom, incorpóreo, todo-poderoso, onisciente, etc. Ele é o “ser mais real”, “verdadeiro ser”. O homem é como Ele (análogo), porém, é um ser imperfeito. Um escritor do século XVII, Blaise Pascal, explicou melhor, “o Deus do Catolicismo Romano é o Deus dos filósofos e sábios, e não o Deus de Abraão, Isaac e Jacó.” 

Seguindo os Santos Padres, a Ortodoxia ensina que o conhecimento de Deus está plantado na natureza humana, e isto nos leva a crer que Ele existe. Caso contrário, somente se Deus falasse conosco, pois a razão humana não pode saber nada sobre Ele. O conhecimento salvífico de Deus vem do Salvador. Falando sobre Seu Pai, ele disse: /“Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste.” /(João 17:3) 

O Catolicismo Romano ensina também que na Era futura, o homem conseguirá com seu intelecto e a ajuda da graça, descobrir a Essência de Deus. Os Santos Padres declaram que é impossível olhar a Deus Nele Mesmo. Porém, os salvos verão a Deus glorificado na carne de Cristo. 

Historicamente, a teologia Católica Romana nunca distinguiu a Essência de Deus (o que Ele é) e suas Energias incriadas (sobre os significados de seus Atos). São Gregório Palamas tentou nos explicar essa diferença fazendo uma comparação entre Deus e o Sol. O Sol tem seus raios, assim como Deus tem suas energias (entre elas, a Graça e a Luz). Por sua energia, Deus criou, sustenta e governa o universo. Por suas energias, Ele transforma e deifica sua criação; Ele enche suas criações de energia, assim como a água enche uma esponja.

Finalmente, o catolicismo romano ensina que o Espírito Santo “procede do Pai e do Filho” (filioque). Com isso, ele rejeita a Tradição Apostólica de que o Deus Pai é a única fonte (“monarquia”) do Filho e do Espírito Santo. Assim, os latinos acrescentaram palavras ao Credo de Nicéia. 

“Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a Vida, e que procede o Pai e do Filho...” 

Eles fizeram tudo isso utilizando somente a autoridade do Papa, durante o século XI, sem nenhum Concílio da Igreja (Concílio Ecumênico). 


4. Cristo 

Por que Deus se fez homem? A resposta dos Católicos Romanos difere da resposta da Santa Igreja Ortodoxa. Seguindo os Santos Padres, a Ortodoxia ensina que Cristo, na Cruz, deu “sua vida em resgate de uma multidão” (Mateus 20:28/). “Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos.” (Marcos 10:48). O “resgate” foi pago na sepultura. Como Deus revelou ao Profeta Oséas (Oséas 13:14); “E eu o libertaria do poder da região dos mortos, isentá-lo-ia da morte”. Em suma, Ele pagou o resgate ao Diabo, que guardava as sepulturas e celebrava o poder da morte (Hb. 2:14).

O Cristo Homem deu-Se voluntariamente na Cruz. Ele morreu por todos (“um resgate pela multidão, ou à multidão”). Mas, ele ressuscitou da morte com Seu corpo crucificado. A morte não tinha poder para segurá-lo. Ninguém nunca terá este poder. A raça humana foi liberta da sepultura e do diabo. Estar livre do diabo é estar liberto da morte e do pecado. Para ficarmos livres de tais coisas, nós nos tornamos como Deus (deificação) para podermos viver com Ele sempre.Segundo a teologia católica romana, Deus se fez homem para satisfazer a justiça Divina, ofendida pelo pecado de Adão. Em outras palavras, o pecado de Adão ofendeu a Deus infinitamente, e isso trouxe conseqüências infinitas. Como o homem pecador e finito não tem como fazer este pagamento, o pecado de Adão (“pecado original”) foi passado para nós, de maneira obrigatória. Somente Cristo, o Deus feito homem, conseguiria pagar esta “dívida de honra”.

Ele pagou esta dívida morrendo na Cruz. Sua morte compensa o pecado feito por Adão, removendo a ofensa. Cristo ressuscitou dos mortos, a promessa ou a “realidade” da crença do homem futuro. Por muito tempo, os latinos, mesmo entre os católicos mais simples e intelectuais, deram muito pouca atenção para a ideia da deificação. Eles não deram muita atenção aos conceitos necessários do entendimento dessa doutrina.A teologia católica romana é normalmente legalista e filosófica. Por exemplo, um batismo “válido” em Cristo resulta da boa intenção de quem recebe (usando a mesma compreensão do Batismo da Igreja) e o uso correto das formas e palavras durante a cerimônia ou rito. Assim, até mesmo um ateu, seguindo certas condições, pode batizar uma pessoa. “Espirrar” (efusão) a água sobre a cabeça do batizado já é suficiente. 

Atualmente, alguns teólogos latinos estão repensando o ensinamento Cristão sobre a salvação (soterologia). Eles estão começando a aceitar a ideia da deificação (tendo o batismo como primeiro passo), levando este assunto mais a sério. Eles insistem justamente na Tradição Cristã, inclusive em Santo Agostinho e outros padres latinos. De fato, esta revolução na teologia católica é necessária para que ela se torne algo mais Bíblico e patrístico, para poder alcançar o entendimento sobre Cristo e a salvação dada por Ele.


5. A Igreja 

A visão Católica Romana sobre a Igreja (eclesiologia) difere do ensinamento Ortodoxo em vários pontos. 

Os latinos ensinam que o Papa é a cabeça visível da Igreja, o sucessor de São Pedro, elevado para esta sagrada posição pelas palavras de Nosso Senhor; “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja...” (Mateus 16:18). 

O Papa é o “Bispo da Igreja Católica”, além de professor e vigário de Cristo na terra. Ele é o intérprete da Tradição Cristã. Quando ele fala para toda a Igreja (ex cathedra), o Espírito Santo não permite que ele cometa erros. Ele é infalível, em matéria de moral e doutrina. Os outros bispos são seus subalternos. Ele é o símbolo da unidade do episcopado.

A Igreja Ortodoxa ensina que todos os bispos são iguais. Para ser sincero, há diferentes graus de bispos (patriarcas, arcebispos, metropolitas, bispos), mas um bispo é sempre um bispo. Tais diferenças se aplicam às administrações de grupo de igrejas, mas não à natureza dos bispos. O presidente de um sínodo de bispos é chamado de arcebispo ou metropolita.

De acordo com a tradição latina, cada paróquia é parte da Igreja universal. Todas as paróquias Católicas formam o Corpo de Cristo na terra. O corpo visível da Igreja tem uma cabeça visível, o papa. Esta ideia implica que cada paróquia local possui duas cabeças: o papa e o bispo local. Mas um corpo com duas cabeças não passa de um monstro. Assim, o bispo local é extirpado de sua autoridade apostólica, pois o papa pode contradizer suas ordens. Na verdade, ele não é bispo se o papa não o permitir. 

A Ortodoxia ensina que todo Bispo, “o ícone vivo de Cristo”, e seu rebanho constituem a Igreja em um certo local, ou, como disse Santo Ignácio da Antioquia, a Igreja de Cristo está nos Bispos, nos padres e diáconos, e com os fiéis que participam da Eucaristia na verdadeira fé. Todos os Bispos e rebanhos constituem e compõem a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. 

Em outras palavras, não há Igreja sem bispo, não existe bispo sem Eucaristia, e não há bispo e eucaristia onde não existe a verdadeira fé, a Fé Apostólica; “confiada de uma vez para sempre aos santos” (Judas 1:3). “A Igreja está no bispo e o bispo na Igreja” escreveu São Cipriano de Cartago. Por outro lado, não há Igreja sem bispo, e não há Bispo onde não existe a sucessão apostólica, e não há esta sucessão onde não existe a Fé dos Apóstolos.

Também não há Igreja sem Eucaristia, o Sacramento da unidade, porque a Igreja é formada por ele. O Corpo e o Sangue de Cristo unem o fiel a Deus. Esta comunhão ou koinonia é o grande propósito do Cristianismo. Ao mesmo tempo, não há Eucaristia – ou outros mistérios – sem um bispo que ensine a verdade aos batizados. 


6. Os Santos Cânones 

O cânone é uma “regra” ou um “guia” para o governo da Igreja. Os cânones são compostos por Apóstolos, Padres, e pelo Concílio (em latim) ou Sínodo (em Grego), local ou ecumênico. Somente o bispo, como líder da igreja, pode aplicá-los. Ele pode utilizá-los “estritamente” (akreveia) ou “estritamente” (economia). O normal é “estritamente”. 

Ao contrário dos latinos, a Igreja Ortodoxa não pensa nos Cânones como leis, isto é, como reguladores de direitos humanos ou seculares, pelo contrário, a Ortodoxia enxerga os cânones como uma maneira de se criar um “novo homem” ou uma “nova criatura”, utilizando a obediência. São treinadores para a virtude. Devem ser utilizados para produzir santidade. 

De acordo com o ensinamento católico romano sobre os sacramentos (mistagogia), a pessoa vira um membro da Igreja pelo Batismo. É quando o “pecado original” é lavado. A Ortodoxia ensina o mesmo, mas a ideia de “pecado original” ou “culpa inerente” (de Adão) não fazem parte do nosso pensamento. Falaremos sobre isso mais à frente. 

Os católicos romanos chamam de “Confirmação” o que a Ortodoxia chama de “Crisma”. A “Confirmação” é separada do batismo e é feita pelo bispo, e não pelo padre, mas a “Crisma” é feita pelo padre, que já recebeu a “crisma” do bispo. O Sacramento da “Crisma” e da “Confirmação” representam o recebimento do Espírito Santo. Os latinos adiam a "confirmação" (com a "primeira comunhão") das crianças batizadas não mais que sete anos, antes que tenham alguma noção do dom de Deus. 

A Igreja Ortodoxa une o Batismo, a Crisma e a Santa Comunhão, primeiramente há a tripla imersão em água benta, assim o “Novo Cristão” sai da água com a companhia do Espírito Santo, que o conduzirá à união com Deus. Este é o propósito dos membros da Igreja. 

A Ordenação é a cerimônia na qual pela graça e chamado de Deus o homem é elevado ao sacerdócio. O sacerdócio possui três ordens: bispo, padre (ancião) e diácono. Todos cristãos são sacerdotes em virtude do batismo em Cristo, que é o Sumo Sacerdote, Profeta e Rei - por isso São Pedro se refere a Igreja como /“nobre sacerdócio”/ (I Pedro 2:9). O bispo é o “sumo sacerdote”, o “presidente da Eucaristia e dos Mistérios”. Os padres e diáconos são seus assistentes. Os latinos asseguram que o padre “age na pessoa de Cristo”, quando na verdade, ele não faz mais do que representar o bispo, que é o “ícone vivo de Cristo”. 

No sentido exato, a Penitência – às vezes chamada de “Confissão” – só deveria ser recebida pelo fiel re-admitido na Igreja. Durante algum tempo, a Penitência, ou confissão dos pecados, juntamente com as orações e o jejum, só eram aplicadas aos excomungados e apóstatas. 

Para os Católicos Romanos, o Sagrado Matrimônio é uma ligação, um contrato inquebrável. O homem e a mulher ministram o casamento, e a “Igreja” (bispo ou padre) serve apenas como uma testemunha do ato. Conseqüentemente, não há a possibilidade de divórcio, mas sim a de anulação do contrato do matrimônio, caso haja algum vício canônico que lhe faça nulo e sem efeito (como se isso nunca acontecesse).

Na Ortodoxia, o Sagrado Matrimônio não é um contrato, mas sim um mistério ou a união mística que une o homem e a mulher, – uma imitação da união de Cristo com a Igreja -, na presença de “todo povo de Deus”, representado pelo bispo ou padre. O divórcio também é proibido, mas, como uma concessão à fraqueza humana, é permitido em casos de adultério. É permitido um segundo ou terceiro matrimônio – não como uma questão legal –, mas como um ato de misericórdia, uma concessão à fraqueza humana (v.g., após a morte de um cônjuge). Este Sacramento, como todos os outros, é completado pela Eucaristia, como disse São Dionísio, o Aeropagita.

Como mencionado acima, os latinos só concedem a Extrema Unção como último sacramento, que prepara o fiel para morte, purgatório e para o Século que há de vir. Na Ortodoxia, o Santo Óleo é usado para cura. Freqüentemente, a doença é fruto do pecado, então o Óleo é envolvido na confissão dos pecados. Após o final do rito, o ungido recebe a Santa Comunhão.

A Igreja Ortodoxa também reconhece como mistérios o episcopado, monasticismo, benção das águas, etc... 


8. A Natureza do Homem

A natureza humana foi criada boa, em comunhão com a Santíssima Trindade, que a “criou”. Homem e mulher foram criados “à imagem e semelhança” (Gn 1:26) de Deus: “semelhança” em virtude, e “imagem” significa reger a terra de maneira racional, agindo com sabedoria e liberdade. A mulher foi feita para ser a “companheira” do homem (Gn. 2:18, ICor. 11:8-9).

Ambos devem viver em harmonia e respeito mútuo.

Seguindo os Santos Padres, a Igreja Ortodoxa ensina que Adão introduziu a morte no mundo quando pecou contra Deus. Considerando que todos nascem nas mesmas condições de Adão, todos os homens herdam a morte. A morte significa o fim de todo ser humano (mortalidade), mas a morte também gera sentimentos como as paixões (raiva, ódio, luxúria, ganância, etc.), doenças e envelhecimento. 

O catolicismo romano deu pouca atenção para a concepção Ortodoxa, de que o homem é escravo da morte através das paixões, que são controladas pelo diabo. Na verdade, o diabo foi “jogado fora”. Os latinos compreendem a Crucificação de outra forma, como Cristo sofrendo um castigo pela raça humana (“sacrifício propiciatório”), quando na verdade, Cristo sofreu na Cruz para vencer o diabo e destruir todo seu poder, a morte. Em todo caso, a Ortodoxia dá muita atenção ao “domínio das paixões”, através das orações (louvações públicas e devoções privadas), jejum (auto-penitência), obediência voluntária e participação regular na Eucaristia (chamados algumas vezes de “os Mistérios)”. Assim, a melhor forma de vida Cristã (“a suprema filosofia”), é o monasticismo. Nele toda energia humana é voltada para perfeição.

Desta maneira, o monasticismo vem desaparecendo entre os Católicos Romanos. A chamada “religião sobrenatural” está ficando cada vez mais “mundana”. Com isso, eles abandonaram suas heranças medievais, e sua natureza vai ficando cada vez mais secular. 


9. A Mãe de Deus 

A doutrina e o lugar de Maria na Igreja é chamado de “mariologia”. Ortodoxos e Católicos Romanos acreditam que ela é a “Mãe de Deus” (Theotokos) e a “Sempre Virgem Maria”. 

Porém, os Ortodoxos rejeitam o dogma Católico Romano da “Imaculada Conceição de Maria”, definido como dogma de fé pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854. Este dogma assegura que: “a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.” (Bula Ineffabilis Deus, Cap. 41). 

Tal teoria não possui nenhuma base Bíblica ou patrística. Ela contém muitas idéias (como os “méritos de Cristo”), sem nenhuma fundamentação apostólica. A ideia de que Deus e seus Santos produzem mais graças do que o necessário. Tal excesso foi aplicado outras vezes, até mesmo no purgatório (veja abaixo).

Voltando ao assunto: a Igreja não aceita a idéia de que a Mãe de Deus tenha nascido com a culpa de Adão, pois ninguém nasce assim. Porém, ela herdou a mortalidade devido à queda de Adão. 

Portanto, não há necessidade da criação deste dogma pelos latinos. Não há razão para inventar uma teoria que fundamente o dogma da Imaculada Conceição. Não há necessidade em ensinar, por causa dos “méritos de Cristo”, o Espírito Santo a impediu de herdar a culpa de Adão. 

Na verdade, ela nasceu como todo ser humano. O Espírito Santo lhe preparou para ser a Mãe de Deus. Ela estava cheia da energia incriada do Espírito Santo de Deus, para que pudesse ser merecedora do nascimento de Cristo. Além de que, muitos padres, observam que ela pecou antes da ressurreição do Filho. São João Crisóstomo ensina que pode-se presumir isso nas Bodas de Caná (João 2:3-4). Aí está uma prova de sua mortalidade.

Após receber o Espírito Santo mais uma vez, em Pentecostes, ela pôde morrer sem pecado. Devido a seu papel especial no Plano Divino (“economia” ou “dispensação”), ela foi levada ao Céu, de corpo e alma. Agora ela está sentada aos pés do Filho, fazendo intercessões por todos que imploram por sua misericórdia. A Igreja Ortodoxa honra sua milagrosa “assunção” com uma festa no dia 15 de agosto, como os seguidores do Papa. Ambos acreditam na intercessão da Virgem Maria e de todos os Santos. A intercessão é um reflexo da unidade da Igreja do céu com a Igreja da terra.

Mas ambos acreditam que a Mãe de Deus é a Igreja. A Igreja é o Corpo de Cristo. Os que pertencem a Igreja são identificados com Ele. Mas ele também é nosso “irmão” (Ro. 8:29). Se Cristo é nosso irmão, a Virgem Maria é nossa Mãe. A Igreja é nossa Mãe pelo Batismo. Então, a Virgem Maria é a Igreja. 


10. Ícones 

O ícone é uma representação artística de Cristo, da Mãe de Deus e dos Santos. O Deus Pai nunca pode ser representado, pois Ele nunca foi visto. O Espírito Santo de Deus aparece como uma pomba, ou em forma de “línguas de fogo”. Ele pode ser demonstrado destas formas. O Deus Filho Se fez homem, e pode ser pintado em Sua forma humana. Os ícones são mais do que um quadro sagrado. Tudo sobre eles é teológico. Por exemplo, sempre são planos, para que entendamos com a experiência física o mundo espiritual de Cristo, Sua Mãe, os Anjos e os Santos, é um mundo de mistérios, que não podemos adentrar com os nossos cinco sentidos.

Historicamente, o Catolicismo Romano emprega estátuas em suas louvações. As estátuas são feitas em três dimensões. Normalmente imitam a arte da antiga Grécia. Ambas são naturalistas. Os latinos colocam Cristo, a Mãe de Deus, os Santos e anjos em estado natural. Este naturalismo” é proveniente da idéia medieval de que “a graça aperfeiçoa a natureza”. As pessoas representadas nos ícones estão deificadas. Não são representadas como seres humanos normais, mas muito além disso. Estão transfiguradas e glorificadas. Com uma humanidade nova e cheia de graça. 

Repetindo, os ícones são necessários à devoção Ortodoxa. A veneração e o beijo dado nos ícones, é uma devoção que passa do ícone à pessoa nele representada. Os ícones não são ídolos, e os ortodoxos não os adoram. A adoração é reservada exclusivamente a Deus. As estátuas dos templos católicos romanos normalmente não são veneradas, são apenas decorações visuais. 


11. Purgatório 

O purgatório é um estado que antecede o juízo final. De acordo com a teologia católica romana, as almas destinadas ao céu (com algumas exceções) devem suportar um estado de purgação, ou purificação. Elas precisam limpar os pecados feitos na terra. Os outros vão para o inferno, para um castigo interno. Além disso, há uma “riqueza” de méritos ou graças extras, acumuladas pela virtude de Cristo, da Virgem Maria e dos santos, que podem conceder indulgências. Tais graças são concedidas aos que estão no purgatório, para encurtar a estadia dos que lá estão.

A Ortodoxia ensina que, após o corpo deixar a alma, inicia-se uma nova jornada pelo mundo dos mortos (Hades). Há algumas exceções, como a Theotokos, que foi levada por anjos diretamente para o Céu. O resto deve permanecer nesta condição de espera. Alguns possuem a previsão da glória que há de vir, e outros sofrem de antemão, esperando o chamado “Juízo Particular”. 

Quando Cristo retornar, a alma voltará ao corpo para o julgamento Dele. O “bom e fiel servo” terá a vida eterna, e o infiel e incrédulo passará a eternidade no inferno. Seus pecados e sua descrença serão sua tortura no fogo. 


12. Outras Diferenças 

Há outras pequenas diferenças entre a Ortodoxia e o Catolicismo Romano. 

Os ortodoxos não jejuam aos sábados (somente no Sábado Santo) e domingos. Os Católicos Romanos não possuem restrições desse tipo. 

Ortodoxos não se ajoelham aos domingos, os católicos romanos sim. Os ortodoxos não possuem a “Via Crucis”, como os católicos romanos. Os presbíteros e diáconos ortodoxos podem casar antes da ordenação, já o clero católico romano é celibatário*. 

Os ortodoxos fazem suas louvações em direção ao oriente (onde o sol nasce), os católicos romanos não. 

Na Liturgia Ortodoxa, o “pão” da Eucaristia é fermentado (levedado); na Missa Católica é não-fermentado (ázimo). 

O fiel Ortodoxo recebe o “Corpo” e o “Sangue de Cristo” na Santa Comunhão, os Católicos Romanos recebem apenas o pão, a hóstia**. 

Não há ordens monásticas na Ortodoxia (homens e mulheres), como no Catolicismo Romano (Jesuítas, Dominicanos, Beneditinos, Carmelitas, etc.). Recentemente, freiras e monges católicoa abandonaram seus hábitos tradicionais. 

O clero ortodoxo usa barba, o clero papista normalmente não. Há ainda outras diferenças, normalmente frutos da cultura. Também, é importante notar que tais diferenças, grandes ou não, não se aplicam à situação religiosa atual. O ecumenismo causou uma grande bagunça, ficando difícil até dizer de maneira precisa a crença dos católicos romanos, e enquanto isso, muitos que se denominam ortodoxos abandonam os ensinamentos tradicionais da Igreja.

* atualmente, o Vaticano autoriza a ordenação de diáconos casados. 

** mas os católicos romanos acreditam que comungam o Corpo *e* o Sangue de Cristo

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Um Debate entre um Cristão e três Muçulmanos no século XII

Medieval Sourcebook:
Um Debate entre um Cristão e três Muçulmanos no século XII


Traduzido para o inglês por Karim Hakkoum e Pe. Dale A. Johnson em 1989

Traduzido do inglês para o português por Fabio Lins em 2006

Tradução inglesa copiada com permissão de
http://www.teleport.com/~hamarabi/posts.html, dalej@colubs.com

Tradução em português feita a partir da inglesa que se encontra em:
http://www.fordham.edu/halsall/source/christ-muslim-debate.html

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Este documento notável é parte de um gênero mais amplo de literatura cristã. Embora datado de 1165, o documento está nas mãos da família do falecido Karim Hakkoum de Portland, Oregon, foi obtido e aparentemente copiado por seu pai em 1914 em Aleppo, Síria.

Publicamos a primeira das três seções deste registro de um debate entre o abade cristão Jorge e os clérigos muçulmanos sob a proteção de Saladino.

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Introdução

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, um só Deus, amém. Com o auxílio de Deus, começamos a registrar o debate que ocorreu entre o monge Jorge e três teólogos muçulmanos, na presença do príncipe Al-Khana, Al-Mushar Abul-Mulk, Gazi Al-Zaher Usef Ibn Ayub Al-Salah, o rei muçulmano de Alepo e Síria, e durante o reinado de Leão, o Armeno, filho de Etienne, Rei da Tribo Armênia, em outubro de 6615 do nosso Pai Adão e 1165 do ano do Senhor. Que Deus nos ajude! A história conta que o abade do convento de "S. Simão Pescador" fez uma visita ao rei de Alepo em sua moradia. O abade estava acompanhado de alguns monges. O rei lhes deu boas-vindas e ordenou que se lhes providenciassem todas as necessidades e permitiu que ficassem na tenda de seu pai. Entre os seguidores do abade estava um velho monge muito versado em conhecimento. Falava bem também. Todos gostavam dele. Entrara para o
convento na infância e aproveitara os livros de lá, adqüirindo as virtudes e boas maneiras dos monges. Tinha sido o abade por muitos anos até ficar velho e chamava-se monge Jorge. Quando encontrou com o príncipe, invocou Deus sobre ele.

O príncipe ficou agradecido e pediu-lhe que sentasse. Quando o abade foi convocado pelo rei para realizar suas ordens, o príncipe pediu ao monge Jorge para ficar e continuou a conversar com ele, perguntando sobre o convento e o modo de vida dos monges. Vamos relatar agora as perguntas do príncipe:

Debate sobre a natureza da vida monástica

O príncipe – Ó monge, vocês não comem carne nunca?

O monge – Não. Não comemos nenhuma carne.

O príncipe – Vocês não se casam?

O monge – Não, príncipe; ao contrário, evitamos as mulheres.

O príncipe – Por que? Isso é de Deus? Mas ele criou a humanidade como homem e mulher. Ele disse também: "....tenham carne para comer". Você pode comer a carne.

O monge – Não proibimos a carne. Mas tencionamos ter uma vida leve, não material, com objetivo de estarmos próximos de Deus deixando nossos corpos mais leves. O ferro é purificado de suas impurezas ficando perto do fogo. E assim como a água se torna mais clara, a água
permite que os raios do sol a penetrem – Não percebe que os raios permitem que a luz atravesse desde que seja leve e transparente? A razão, Ó príncipe, que está dentro de nós é de Deus, e torna-se escura com uma vida de luxos, e nos mantém distantes de Deus na proporção de
sua escuridão. E com a distância de Deus, nos apegamos às coisas materiais e à vida presente. Não evitamos apenas carne e mulheres, mas todo tipo de deleite corporal e todas as seduções dos cinco sentidos.

Esperamos, pelo uso de tais privações, obter a Graça de Deus em Seu reino eterno. Ele disse "você não obterá a alegria no mundo eterno, se não suportar as tristezas e dificuldades do mundo perecível."

O príncipe – Ó monge, você está bem certo. Mas, Deus nos concedeu este e aqueles.

O monge – Nosso Deus permitiu-te que faças como quiserdes e deu-te a liberdade de desfrutar as felicidades corporais quando Ele disse: "Irei dar-te no Céu um rio de leite, um rio de mel e mulheres bonitas".

O príncipe e o monge assim falavam quando três teólogos vieram ao príncipe e o saudaram. Ele ordenou que se sentassem. E quando viram o monge, eles falaram com o príncipe em turco, dizendo "De onde é este monge? Com que propósito está em vossa presença?"

O príncipe: Este monge é do convento de São Simão e veio até nós com outros monges para resolver alguns problemas com o Sultão. O que acham da aparência dele?

Um deles, chamado Abu-Zaher, de Bagdá, disse: "Que eu seja vosso resgate, Ó príncipe, pois ele possui uma boca sorridente e um belo rosto. Que lástima que seja cristão."

O príncipe: Vocês gostariam de ter um debate com ele sobre religião?

Eles responderam que sim.

Debate sobre a natureza salvífica de Deus

Então, eles se entreolharam. Um deles, chamado Abu-Salamah Ibn Saad, de Mossul disse:

Abu-Salamah --"Ó monge, reverenciamos e honramos vosso Cristo e O colocamos acima de todos os profetas exceto Maomé, profeta e apóstolo de Deus. Mas vós, cristãos, o menosprezam e não o honram, enquanto Deus o honrou e inspirou com o Corão, como uma luz e misericórdia. Não concordais que ele é o Profeta de Deus; por isso ele os irá confrontar na Ressurreição.

O monge – Abu-Salamah, toda pergunta tem resposta. Mas não viemos à vossa casa para ter um debate religioso convosco, mas como pedintes. Não precisamos conversar convosco senão sobre o que vos agrada; porque sabemos que a fúria é vossa e que contais vantagem sobre tal fato. Um
homem sábio disse: "Seja cuidadoso com eles enquanto viver na casa deles".

O muçulmano – Temei a Deus, ó monge, por causa do que falastes. Somos um povo de lei e justiça; e ninguém aqui deseja discutir contigo com má-fé.

Então, o príncipe olhou para o monge e disse: "Ó monge, sou nascido de uma mulher grega (N.T. significando cristã). Então, respondas como quiser, sem medo.

Então ele tirou seu próprio selo do dedo e o pôs no dedo do monge.

O monge – Abu-Salamah, não queremos falar mentiras ao invés da verdade. Mas tememos que tragas mentiras seguindo a grosseria da tua natureza. Não disseste tu que nós não everenciamos Maomé, nem confessamos que ele é Apóstolo de Deus? Pois bem, pois iremos dar-te
provas de Deus claras disto.

O muçulmano – Tu jamais terias sucesso algum nisto, mesmo que tentasses tais tarefas impossíveis.

O monge – A verdade irá aparecer. Abu-Salamah, não confessas que Deus criou todas as criaturas?

O muçulmano – Sim todas as que existem no céu e na terra, tudo que é visível e invisível foi criado por Deus, por Sua vontade.

O monge – Há algum povo criado por Deus e algum povo criado por outro Deus?

O muçulmano – Não! O criador os criou, Ele é o Único Deus que adoro e não há outro Deus!

O monge – Pensas que Deus deseja a salvação de todo o mundo ou que Ele quer salvar apenas um povo específico entre as Suas criaturas e destruir o resto? Não confessas que Deus é rico, generoso e magnânimo? Se não, então atribuis avareza a Deus; como o homem que preparasse
comida para cem pessoas mas quando elas chegassem, ele as expulsasse dizendo: "Vão embora, não tenho comida para vós!", deste modo demonstrando sua avareza.

O muçulmano – Confesso que Deus é rico, generoso, magnânimo e o Criador de todas as criaturas e que Ele deseja a salvação de todas.

O monge – Se Deus quer a salvação de todo o mundo, Seus mensageiros devem ser enviados ao mundo todo, também. E qualquer um que pretenda ser um mensageiro de Deus precisa corroborar esta asserção; ele precisa de um poder de Deus para confirmar sua mensagem.

O muçulmano – Qual é este poder e sinal?

O monge – Aqueles que possuíam os Apóstolos de Cristo

O muçulmano – Qual é esse poder?

O monge – São três: fazer milagres, falar várias línguas e evitar as coisas mundanas. Vós porém possuís as três características opostas.

O muçulmano – Como o quê?

O monge – A ameaça com a espada, os tributos e a culpabilidade. Estes traços podem ser vistos em Maomé. A evidência da autoridade de Deus está nos Apóstolos.

Então, o monge virou-se para o príncipe e disse: "Por Deus, Ó príncipe, se alguém viesse a ti agora fingindo ser um mensageiro do Rei perante ti com tal e tal propósito, e não encontrasses nele nem carta nem selo do Rei, acreditarias que ele é o mensageiro do Rei?"

O príncipe – Por Deus, não! Ao contrário, eu o consideraria como um mentiroso e um traidor.

O muçulmano – Quais são os sinais e provas dos Apóstolos de Cristo atestando sua aquisição do poder de fazer milagres, de falar várias línguas e de pregar para o mundo inteiro?

O monge – O sinal está perante vós e a prova é evidente: em qualquer direção em que olhardes, leste, oeste, sul ou norte, encontrarás a devoção ao Cristo nas regiões mais longínquas do mundo. Nenhuma região está sem tal devoção. Isto é uma prova evidente de que os Apóstolos de
Cristo viajaram através do mundo inteiro e falavam todas as línguas.
Não podeis encontrar um povo, uma língua ou boca sem o conhecimento de Cristo. O profeta Davi predisse isto quando disse "Eles foram por todo o mundo e suas falas cresceram nas regiões do mundo". Isto também é uma prova evidente de que os Apóstolos falavam todas as línguas.
Tendes vós, Abu-Salamah, alguma dúvida sobre estas duas coisas?

Abu-Salamah – Isto é evidente, sem dúvida. O sermão do Poder e do Sinal.

O monge – Provarei, agora, que faziam milagres, não pela força de suas palavras, mas pelo poder dO que os enviou, a partir da submissão dos povos bárbaros a eles. A pregação deles não era dependente da tolerância, nem da ameaça, nem da espada. Eles não tomavam dinheiro.
Eram, na maioria, pescadores analfabetos e fazedores de tendas. Mas os poderes recebidos de Cristo os ajudaram a governar este mundo. Quando o Cristo os enviou para pregar ao mundo, Ele entrou na sala onde se encontravam após Sua Ressurreição, enquanto as portas estavam
fechadas.Ele lhes deu a paz, primeiro porque estavam temendo os judeus. Então ele assoprou neles e disse, "recebam o Espírito Santo.
Este Espírito será a sua voz. Por esta voz, irão levantar os mortos, curar os doentes e derrotar reis. Se remirdes os pecados do povo, eles serão perdoados, mas se os renegarem, eles o serão. Dêem de graça o que de graça recebestes". Ele lhes disse também "Não levem cajado, nem
sacola, nem comida, nem tenham duas roupas ou dois sapatos. Não levem cobre em sua bolsa" Agora, digam-me o que é mais forte do que tais sinais? Se me disserdes que as ordens deles foram suaves demais, responderei que não foram deles, mas de Cristo, seu Mestre e aqui
estão: "Quando lhe baterem na face direita, oferecei também a esquerda" e "se alguém quiser sua roupa, dê o casaco também"; e " se alguém vos fizer andar uma milha, vá com ele duas milhas. Amem vossos inimigos. Abençoem os que os perseguem. Façam o bem aos que vos
afligem". Diga-me, quem poderia escutar tais ordens e aceitá-las, se milagres não assombrassem o mundo inteiro? Então, eles acreditaram nos Apóstolos e confiaram na sua pregação. Vede, Ó Muçulmanos, na pregação dos Apóstolos, como pregavam para os oradores, sábios e reis dizendo:
"acreditem em Deus. Ele nasceu de uma mulher; Ele comia comida e bebia água; foi surrado e chicoteado; as pessoas debochavam Dele e cuspiam na face Dele; eles O esbofetearam e colocaram em Sua cabeça uma coroa de espinhos; Ele foi crucificado e enterrado; mas levantou-se dos mortos". Ninguém acreditava neles. As pessoas debochavam deles,
negavam o que diziam, batiam neles e os expulsavam. O Apóstolo disse: "Povo, se negais nossa pregação, iremos provar a verdade. De fato, levem-nos aos aleijados, cegos e leprosos, e também aos loucos, perturbados e mortos". Eles diziam. "Em nome de Jesus Cristo de Nazaré, levanta-te, ó falecido!" E a pessoa levantava dos mortos. Assim como outras doenças, que também eram curadas. Então, o povo acreditava neles e adoravam ao Deus deles, pois seus atos testemunhavam por eles. Alguns fechavam os olhos e os ouvidos, como a cobra que fecha a audição para evitar escutar a voz do mágico. Mas os que adoravam a Satã, através do adultério, da voluptuosidade, do vício, da avidez e cujo objetivo era satisfazerem os desejos de seus
corpos, todos estes tornaram-se como fumaça e suas adorações idólatras se acabaram. Os céus, a terra, Deus e seus anjos testemunham que os Apóstolos eram os mensageiros de Cristo e que a religião deles é a correta. E vosso profeta, Maomé também testemunhou por eles, dizendo
no Corão: "Nós inspiramos o Corão como uma luz e uma orientação e confirmando o que está nas mãos deles (cristãos) da Bíblia e do Evangelho". Então, se vosso profeta e vosso livro confirmam o Evangelho, vós também deveis fazer o mesmo, ou estarão tratando vosso profeta e vosso livro como mentirosos.

Debate sobre a integridade dos Evangelhos

O Muçulmano – Eu confio no Evangelho e no seu conteúdo, mas vós o alteraram de conformidade com vossos interesses.

O monge – Não digam algo que não podem provar, porque, no fim, ficarão envergonhados, como aquele que prefere cobrir a luz do sol. Diga-me, Abu-Salamah, quantos anos se passaram de Cristo até Maomé?

O muçulmano – Não sei.

O monge – Eu respondo: de Cristo até Maomé, seiscentos e alguns anos se passaram.

O príncipe – Estás certo monge. É o que encontramos na história.

O monge – Haviam, então, Cristãos em todo o mundo?

O muçulmano – Sim, haviam.

O monge – Assim como hoje?

O muçulmano – Sim e mais do que hoje.

O monge – Poderíeis vós contar o número de Evangelhos que existiam naquela época no mundo nas várias línguas?

O muçulmano – Não poderíamos.

O monge – Vamos supor que algumas pessoas no Ocidente tenham alterado seus Evangelhos. Então, como eles poderiam comunicar-se com os que estavam no fim do mundo no Oriente? O mesmo serve para os que estavam no Norte em relação ao Sul. É impossível. Se tal fosse possível, estaríeis defrontando-vos com os Evangelhos apócrifos de parte dos cristãos. Porém, se fizerdes uma viagem ao redor do mundo, encontrarás os Evangelhos em vários lugares análogos aos que foram recebidos dos Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sem diferença nenhuma entre eles, nem mesmo em uma letra, a não ser pelas particularidades de cada língua. Presto-vos, então, um exemplo que permitirá que acrediteis em mim: Se alguém vos mostrasse um Corão diferente do que conheceis, e dissesse, "este é o Corão inspirado pelo Profeta", sem sê-lo, vós o aceitarias?

O príncipe – Não, ao contrário, nós o mataríamos e queimaríamos o seu livro.

O monge – Como podeis comparar o Mestre e o servo, o Criador e a criatura ou Deus e o homem?


Debate sobre a integridade de Maomé

O muçulmano – Não sabeis, monge, que Maomé governou os árabes e que é o Profeta e Mensageiro de Deus, porque guiou os descendentes de Ismael e os converteu da idolatria à adoração do Deus Vivo, como fez o Cristo e seus Apóstolos?

O monge – Eu sei que Maomé governou os árabes e os passou da idolatria tendo-os feito ouvir falar de Deus, mas não ao verdadeiro conhecimento, porque seu objetivo era governa-los para possuí-los sob sua jurisdição, muito mais do que lhes dar informações sobre o Criador. Se puderdes ser um pouco pacientes e acalmar-vos, dar-vos-ei um testemunho em meu nome e de todos os cristãos a respeito do seu profeta Maomé, para deixar-vos sabe porque não o honramos, nem o chamamos de Profeta ou Mensageiro.

O muçulmano – Já que o príncipe permitiu que falásseis como quiserdes e vos deu proteção e permissão para falardes do Islã, podeis dizer o que quiserdes.

O príncipe – Abu-Salamah, o monge falou em acordo com a verdade e como aceitável pela razão.

Abu-Salamah – Diga-nos o que tendes sobre Maomé.

O monge – Deveis saber, Abu-Salamah, que Maomé era da tribo dos Coraixitas e descedente de Ismael, filho de Hagar, a egípcia, escrava de Sara e esposa de Abraão. Ele era um árabe nômade e mercador de camelos. Em suas viagens, veio a Jerusalém onde foi bem recebido por um cristão nestoriano chamado Buheira. Quando perguntou a Maomé sobre sua religião, descobriu que ele era um pagão. Estes eram os filhos de Ismael. Eles idolatravam um ídolo chamado Al-Akbar (o maior). Costumavam por em volta dele poemas de desejo e amor escritos em tabuinhas que suspendiam em volta do ídolo. Eles serviam de preces e foram chamados de os sete "usudallakat" (suspensos). Quando Buheira descobriu que Maomé era daquela tribo, teve simpatia por ele, devido a similaridade das línguas, a amizade e o desejo de conhecimento. Então leu para ele alguns capítulos do Evangelho, da Bíblia e dos Salmos. Quando voltou para casa, ele disse para os amigos: " Ai de vós! Estais em grande erro e vossa adoração é nada e sem objetivo". Eles lhe
disseram: "Qual seu problema, Maomé?" Ele respondeu: "Encontrei o verdadeiro Deus". Eles perguntaram: "Qual o nome dele?" Ele respondeu "Seu nome é Allah(A Divindade). Ele criou o céu e a terra e todas as criaturas entre eles. Ele me enviou a vós como uma luz e sinal de compaixão". Eles disseram: "Poderias mostra-lo a nós para sabermos onde Ele está?" Ele disse"Ele mora no céu e vê tudo, mas é invisível".

Eles lhe responderam: "Temos uma divindade que adoramos e honramos. Herdamos esse culto de nossos ancestrais que nos deram a liberdade de satisfazer nossos desejos com tudo que possuímos". Então Maomé lhes disse: "O que me enviou a vós disse-me que concede-vos o que é melhor e maior do que o que dizes". Eles perguntaram: "O que é?" Ele disse "É um paraíso para onde Ele vos leva após a morte. Lá há comida, bebida e mulheres". Eles perguntaram: "Qual é a forma dessa bebida, comida e mulheres?" Ele respondeu: "Rios de mel, leite e vinho, com lindas
mulheres; lá não sentireis sede nem tereis lágrimas". Eles disseram "Sois o Mensageiro de Deus?" Ele respondeu "Sou." Eles disseram "Tememos nosso deus Al-Akbar" Ele disse "Adorem a Deus e honrem Al-Akbar". Alguns deles disseram: "Acreditamos em Deus, dissestes a
verdade." Então ele passou para outro grupo de coraixitas, a tribo de Maomé. Ele, mais tarde encontrou outro grupo. Tais pessoas deixavam que seus homens casassem com as filhas. Tais eram seus costumes, antes de conhecer a Deus. Maomé escreveu a Buheira tudo que lhe tinha
ocorido. Buheira proibiu aqueles costumes e, com grandes esforços, teve sucesso em leva-los às primas. Quando obteve aderentes suficientes dos árabes e de sua aristocracia, alguns continuaram reticentes. Ele então desejou a monarquia para si e formou um destacamento armado para lutar com quem o contradizia e disse : "Os que entrarem no Islã estarão seguros" e disse "Os habitantes do céu e da terra entrarão no Islã por vontade própria e alguns pela força."
Então, atacou um grupo, convenceu o outro com palavras adornadas e argumentos. Seu objetivo era governá-los e apressá-los a alcançar as mulheres, pois ele era muito ávido delas. Ele as desejava intensamente. Confirmando isto, ele não se sentia satisfeito com suas numerosas mulheres, mas desejou a esposa de Zeid quando a viu e a tomou dele pela força, fingindo que Deus a deu a ele por esposa e não a Zeid. Ele falou a seus seguidores sobre isto assim " Depois que Zeid atingiu seus desejos com ela, Nós (Deus) a demos a ti como esposa, Maomé". Ele fingiu que Deus o inspirou a fazê-lo. Mas seus seguidores disseram: "Mensageiro de Deus, o que Deus vos concedeu não é permitido a mais ninguém".

O muçulmano – Maldição sobre tu, incircunciso! Zeid pedira a ele que a tomasse e jurou que ela seria desleal por ele.

O monge – Ele fora obrigado, ou teria o mesmo destino que outros.

O muçulmano – O que ocorreu então?

O monge – Não ouvistes sobre o beduíno assassinado por seu profeta, na cama, enquanto Deus proíbe até que matemos os pássaros em seus ninhos? E quando perguntado por seus seguidores "Quem matou o escravo?" respondeu "Minha espada".

O muçulmano – Se encontras alguns defeitos na vida de Maomé para acusá-lo, então deveis confessar que ele teve a maior e mais importante honra e o maior crédito perante Deus pelo que fez aos descendentes de Ismael.

O monge – Ele os guiou seguindo sua vontade própria, não como Deus gostaria. E Maomé não ignorava que ele e vós estão longe da verdade e do caminho correto, dizendo "Eu não sei o que é de mim ou de vós. Estamos na claridade ou na escuridão?" Ele disse também: "Temam Deus o
mais que puderdes, talvez alcançareis sucesso". E ele determinou que em cada oração vós peçais que sejam guiados ao caminho correto, "Guia-nos, Ó Deus, ao caminho correto". Então, se estais corretos, não precisais pedirdes pela correção. Mas ele pede a Deus por ajuda. Mas desconsideremos o que foi dito. Vejam este exemplo. Suponha, Ó príncipe, que eu deixasse vossa presença em busca de sem sair do caminho para a pátria-mãe. Não precisarei de orientação mas de ajuda para chegar na Pátria-Mãe.

O príncipe – Certamente.

O monge – Se Maomé sabia que vós estáveis caminhando no caminho correto, não vos ordenaria pedir a Deus orientação e maturidade. Além disto, sabendo que sua oração não era aceita por Deus, ele ordenou a vós que orásseis por ele, e vos disse, "Vós, crentes, orai por ele, e lhe garantam a salvação".

O muçulmano – Não sabeis vós que Deus e Seus anjos oram por Maomé? Não teríamos nós que orar por ele também?

O monge – Deveríeis preferencialmente orar por vós mesmos e pedirdes perdão para vós mesmos para não serdes como o que tem fome e pede comida para outros; ou como o que sofre um ferimento e pede medicina para outra pessoa. Então, se vós, com Deus e Seus anjos, oram por
Maomé, quem irá aceitar vossas orações? Se tal é vossa opinião, igualais Deus e os anjos com a humanidade.

O muçulmano – A oração de Deus é uma graça concedida aos seus adoradores.

O monge – Quem se beneficiou da graça de Deus e de seus anjos não precisa de orações. Fazeis melhor em orar por vós mesmos.

O muçulmano –Não oram vós, Cristãos, pelo vosso Cristo?

O monge – Absolutamente não! –Ao contrário, oramos para Ele, porque ele é nosso Deus e Criador, e Ele aceita nossas orações como Seus servos se eles as fazem, e perdoa nossas faltas.

O muçulmano – Mas que blasfêmia mais evidente e péssima idéia! Vós adorais a um homem criado, nascido de mulher, que sofreu ignomínia. Tal é o que vós confessais, e tu, monge, não o negas. Debochais com insolência de nosso Profeta Maomé, o Escolhido.

O monge – Sobre minha vida, não falei de nada de mim mesmo, mas de vosso Livro e vosso Corão. Não confessais que Maomé era beduíno e coraxaíta?

O muçulmano – Sim.

O monge – Não sabeis que ele possuía muitas mulheres, algumas contra e algumas concubinas? Não concordais que ele era desejoso de mulheres e que usava a espada para matar os que o desobedeciam, e que tomou a esposa de Zeid?

O muçulmano – Sim, era a ordem de Deus, pois Deus o inspirara a fazê-lo.

O monge – Não confessais que ele morreu e que foi enterrado com trinta membros com ele sob o solo? Mencionamos apenas alguns dos atributos do vosso Profeta, os quais admitis. Por que contestais então?

O muçulmano – Maldito sejas! Contestamos que fazeis de Deus uma criança, e que Cristo é filho de Deus e que ele seja o Deus Eterno e Criador das criaturas enquanto ele é humano e nascido de uma mulher e Deus o considera como Adão a quem disse: "Seja!" e ele foi.

O monge – Então, Abu-Salamah, acreditais em tudo que vosso Profeta mencionou em vosso livro e que foi inspirado por Deus?

O muçulmano – Sim, tudo escrito no Corão foi inspirado a Maomé.

O monge – O Corão não menciona que Cristo é o Espírito de Deus e Sua Palavra dada por Deus à Maria?

O muçulmano – Mas não palavra eterna e sim criada.

O monge – Já foi Deus, em algum tempo, mudo, surdo ou vazio de qualquer palavra ou espírito?

O muçulmano – Deus me livre! Deus, sua Palavra e Espírito sempre foram presentes.

O monge – É a palavra de Deus Criadora ou criada?

O muçulmano – Criadora.

O monge – Vós adorais a Deus junto com seu Espírito e Palavra, não é?

O muçulmano – Eu adoro Deus, Sua Palavra e Seu Espírito.

O monge – Diga agora, então, "Eu acredito em Deus, em Seu Espírito e
em Sua Palavra".

O muçulmano – Eu acredito em Deus e em Seu Espírito e em Sua Palavra. Mas eu não faço deles três, mas um Deus.

O monge – Tal é minha opinião também; e minha crença e aquela de todos os cristãos de fé Ortodoxa. Eu gostaria agora de explicar os significados da Santa Eternidade: o Pai é Deus; o Filho é Sua Palavra; e o terceiro é o Santo Espírito.

O príncipe estava deitado. Então levantou-se, olhou o muçulmano, deu uma gargalhada e disse: "Abu-Salamah, o monge o cristianizou e o introduziu na religião cristã; és então um cristão!"

Abu-Salamah estava furioso. Então, um jurisprudente chamado Abul-Fadl Al-Halabi, disse a seus amigos: Se tivésseis me permitido desde o início, eu teria dialogado com o monge e vos mostrado sua derrota.

Então, ele olhou para o príncipe e disse: "Estejais informado, Ó príncipe, que os não-crentes estão no fogo do inferno e que quem quer que se lhes aproxime queima a si mesmo e Satã, que é o espírito da tirania, fala pelas bocas deles".

O monge – Por que nos insultais? Por que atribuís a nós o que vos é próprio e ao vosso profeta? Não falamos e provamos que Cristo é o Espírito de Deus e Sua Palavra a partir de vosso Corão e vosso Profeta? Se tendes certeza que o que mencionamos é satânico, é de vosso Profeta e Livro que falamos.

O príncipe – Que vergonha, Abul-Fadl! Teu silêncio era melhor e mais produtivo que tua fala. Desejara eu que Deus o provesse de mudez e silêncio; então estaríamos mais à vontade.

Então Abdul-Fadl, envergonhado, partiu.




Medieval Sourcebook
Paul Halsall November 1996
halsall@murray.fordham.edu

Israel e Gaza

"A Hospitalidade de Abraão"

Amigos,

diante dos tristes acontecimentos que todos testemunhamos recentemente, creio que é uma questão de honestidade e caráter me posicionar de forma clara quanto a isso, em face da do chamamento de amor do Cristo, mas também de que nosso dizer seja "sim, sim, não, não", ou seja, direto e claro e não com subterfúgios.

Israel está certo. O Hamas está errado.

Durante os anos de trégua o Hamas não parou de lançar mísseis em Israel. E lá também tem criancinhas mortas que a mídia não mostra.

O Hamas, de propósito, utiliza áreas civis para lançar seus ataques conra Israel para que, em caso de reação, eles possam mostrar as vítimas civis na TV.Vítimas civis, sim, mas vítimas do Hamas que não hesita em matar seus co-cidadãos pela sua "causa".

A Palestina tem uma política de lavagem cerebral *pesada* das crianças para que elas se coloquem em situação de risco e morram. A Palestina pede na TV para as crianças para que elas se deixem matar para que possam fazer showzinho com o sangue delas nas mídias internacionais. Vejam os links aqui:

Crianças de Gaza:
http://www.youtube.com/watch?v=TkwthDpeZWk&feature=channel

E quando, a despeito de colocarem os filhos na frente de si para que morram e virem "notícia", ele não conseguem isso, os covardes, encenam a morte de crianças para compensar, como pode ser visto aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=DzsCBFhCsyY

O que passa na TV Palestina
http://www.pmw.org.il/

Personagens infantis palestinos ensinando às crianças que matar é bom e que muçulmanos são superiores ao resto da humanidade e destinados a dominar o mundo:
http://www.youtube.com/watch?v=p-SA4nk5uds&feature=channel_page
http://www.youtube.com/watch?v=lZEGsnWZKh8&feature=channel
http://www.youtube.com/watch?v=lZEGsnWZKh8&feature=channel
http://www.youtube.com/watch?v=TAqtDxTW9ho

Vale lembrar que esse negócio de ensinar as próximas gerações que devem matar os judeus não fica restritos aos judeus. Eles não estão sequer defendendo a supremacia "árabe", porque o Islã não é apenas árabe. Os árabes cristãos são convidados a ajudar contra a "opressão de Israel", mas tão logo as pessoas que produzem esses vídeos tenham poder total, vão matar *também* os cristãos que se encontram no Oriente Médio.

E ainda, a confissão de que colocam mulheres e crianças na frente do fogo inimigo como verdadeira indústria da morte para mostrar ao mundo desenvolvido:

http://www.youtube.com/watch?v=g0wJXf2nt4Y


Aqui, os covardes arrastam as crianças para a linha de tiro:

http://www.youtube.com/watch?v=J08GqXMr3YE


Não é aceitável que um cristão apóie a "causa palestina" de modo algum. São pessoas que odeiam judeus *e* cristãos, pregam o ódio, colocam suas próprias crianças na linha de fogo para poder aparecer na mídia e desejam, qual os nazistas, dominar o mundo. E pouco importa se "dominar o mundo" é algo que dá para fazer ou não. Como vimos com os nazistas, os loucos que acham que é possível matam muita gente antes de falharem em seu propósito.

Um povo que utiliza suas próprias crianças como escudos humanos é um povo doente e de *covardes*. Um povo que trai acordos de paz jogando mísseis na "encolha" para depois ficar chorando feito uma menininha quando reagem é um povo doente e de *covardes*.

Se os palestinos realmente querem respeito, que cresçam como seres humanos. Em Israel, existem palestinos nos cargos públicos, politicamente organizados, protegidos pelas leis democráticas daquele país. E eles também morrem pelos mísseis covardes de seus "compatriotas". Quando houverem judeus no governo palestino, assim como há palestinos no governo de Israel, aí falaremos de respeito igual. Até lá, são *covardes* que se valem do poder das armas, da inocência das crianças e da mídia. *Covardes*.

Eu sei que a maioria dos muçulmanos são pessoas de bem e querem a paz tanto quanto nós. Mas assim como eu sei que existem pessoas ruins no Brasil, não posso me calar quanto às pessoas ruins de outros países só para ser politicamente correto ou corromper o amor cristão com condescendência com o pecado.

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Que Deus permita que os palestinos falhem vigorosamente antes que causem algo como uma nova guerra.
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E também quero registrar algumas palavras a respeito de como um cristao deve lidar com os judeus. Mas como sou menos que pó, vou deixar que a própria palavra de Deus, o Espírito Santo, através de São Paulo em sua epístola aos Romanos, nos ensine o que Deus quer dos cristãos sobre os judeus:


Deus é fiel ao povo judeu apesar da incredulidade deles. A incredulidade deles não cancela a fidelidade de Deus quanto às promessas que fizera aos patriarcas judeus.

Romanos 3
1 Qual é pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?
2 Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas.
3 Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus?
4 De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado.


São Paulo aceitaria se separar de Cristo se isso ajudasse a salvar os judeus

Romanos 9

1 Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo):
2 Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração.
3 Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;
4 Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas;
5 Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém.


Os Judeus convertidos são o ramo que sustenta os gentios (todos os não judeus) batizados no Corpo de Cristo. Eles são os ramos naturais, nós os enxertados por misericórdia.

Romanos 11

18 Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.

19 Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.

20 Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme.

21 Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.

22 Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.

23 E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.

24 Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!

25 Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.

26 E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o
Libertador, E desviará de Jacó as impiedades.

27 E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.

Apesar de alguns serem inimigos do evangelho, Deus ainda ama o povo judeu como um todo:

28 Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais.


E isso acontece porque Deus não se arrepende das promessas feitas ao povo judeu. Ele mantém e manterá todas.

29 Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.
E ainda há esta Encíclica do Patriarca de Constantinopla Metrófanes III, no século 16:

Os judeus residentes da ilha de Creta nos relataram em alto e bom som e com muitas lágrimas que alguns cristãos os têm tratado mal. Às vezes os cristãos os entregam injusta e caluniosamente aos honoráveis governantes da ilha. Às vezes os cristãos fazem planos injustos contra eles, assim como os ferem e perturbam. Às vezes, os cristãos os atacam veementemente.

Além disso, os cristãos irracionalmente apressam-se em maltratar os judeus, pensando que receberão uma recompensa do Deus de todos. Por esta razão, escrevo esta carta em nome do Espírito Santo, para declarar a todos os cristãos que cometem tais ações injustas e levantam falsas acusações contra os judeus e causam todo esse mal e destruição injustos e irracionais contra eles... esses cristãos que cometem tais ações insolentes contra os judeus estão excomungados do Deus Todo-Poderoso e estão amaldiçoados e permanecem sem perdão mesmo depois da morte.

Injustiça e calúnia, a despeito de contra quem sejam feitas ou atiradas contra, são, ainda, injustiça. A pessoa injusta não é nunca aliviada da responsabilidade de tais ações sob o pretexto de que sejam realizadas contra uma pessoa heterodoxa e um não-crente. Como Nosso Senhor Jesus Cristo diz nos Evangelhos, não oprima ninguém, nem acuse falsamente...

Essays on Orthodox Christian-Jewish Relations, Cap. 05, por Pe. George C. Papademetriou


E ainda:

A única figura proeminente a condenar as perseguições contra os judeus durante a guerra civil que se seguiu à Revolução Bolshevik, aberta e diretamente, foi o cabeça da Igreja Ortodoxa, Patriarca Tikhon.

Richard Pipes, Russia Under the Bolshevik Regime (Harville Press, 1994)

domingo, 11 de janeiro de 2009

O Que é a Igreja Ortodoxa



Amigos,

realizamos um estudo no dia 10 de janeiro de 2009 sobre o que é a Igreja Ortodoxa e gostaria de compartilhar aqui com vocês.

O estudo foi fundamentado na definição que o Evangelho e Credo dão da Santa Igreja e foi também baseado no livro "A Mentalidade da Igreja Ortodoxa" do Bispo Hieorotheos de Nafptakos, cujos primeiros capítulos estão traduzidos e resumidos aqui.

Segundo o Novo Testamento, a Igreja é o Corpo de Cristo. Não como metáfora, mas literalmente. Isto foi a revelação de Nosso Senhor Jesus a São Paulo.

Quando ainda se chamava Saulo e era fariseu, o futuro apóstolo perseguia os cristãos onde quer que estivessem, levando-os a julgamento e mesmo a morte. Quando estava a caminho de Damasco, Jesus Cristo aparece para ele e diz: "Saulo, Saulo. Por que me persegues?"(ênfase minha).

O significado disto é que a Igreja é o Corpo de Cristo, persegui-la é perseguir o próprio Jesus Cristo, agredir um cristão é, literalmente, repetir o que os soldados romanos fizeram durante Sua Paixão.

Não por outro motivo, São Paulo repete inúmeras vezes em suas epístolas que os cristãos ortodoxos somos os membros do Corpo de Cristo e o Espírito Santo habita a Igreja, ou seja todos os cristãos ortodoxos e essa é natureza da Comunhão, como nosso próprio espírito habita em nosso corpo.

O modo dessa participação corporal na natureza de Cristo está plenamente revelada ao longo de todo o Novo Testamento e mais discretamente no Antigo. Mais evidentemente na Segunda Epístola de Pedro, capítulo 1, versículos 3 e 4:

3 Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude;
4 Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.

mas também da boca do próprio Jesus Cristo quando ele diz em São João 8:12

Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.


e, ao mesmo tempo, em São Mateus 5:14

Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;

Ou seja, ele é a Luz do mundo, como dizemos no Credo "Luz de Luz". E ao mesmo tempo, o cristão é "luz do mundo" também. Ou seja, o Cristão Ortodoxo, quando realmente participa do Corpo de Cristo, isto é, da Igreja, é participante da natureza deste corpo, da natureza de Cristo. A Luz que é o Cristo, brilha através de nós.

Nós participamos da energia de Deus assim como a lâmpada da nossa casa participa da energia da usina hidroelétrica que a produz.

A energia não é da lâmpada, ela não teria como produzi-la, mas é a *mesma* energia que está lá na usina.

Assim é com as energias de Deus (o Amor, a Graça, a Glória, a Misericórdia, a Justiça, a Luz, a Presença, etc., etc.). Ele é a "usina" sendo que de energias infinitas, e nós somos as lâmpadas. Não há realmente, literalmente, virtude em nós, pois apenas o Pai é Bom. Se abrimos a visão espiritual (chamada na Igreja Ortodoxa de 'nous') essas energias de Deus nos inundam o coração e todo nosso ser e, como uma esponja no mar, ficamos cheios delas. E esse é nosso estado natural, "cheios de Graça", que Jesus Cristo veio resgatar. E isso é "participar da natureza Divina", ser Corpo de Cristo, assim como as lâmpadas são corpo da usina estando ligadas a ela, e a esponja é corpo da água que está nela, sem que a lâmpada seja a usina ou a esponja seja o mar.

Uma questão de tradução
(ou "O trecho que você pode pular se não gosta de detalhes" :) )

Como nota adicional, vale lembrar que o Novo Testamento afirma inúmera vezes que somos "energizados" por Deus, que uma "energia" sai dEle, que devemos viver a Energia dEle, mas isso não fica transparente nas traduções ocidentais. As palavras gregas "dynamis", "energon", "energematon" podiam significar tanto a energia do trabalho, quanto o trabalho em si mesmo, ou o resultado do trabalho.

Vejamos dois exemplos, o primeiro com a palavra energon e o segundo com dynamis.

I Coríntios 12:06

Original
καὶ διαιρέσεις νεργημάτων εἰσίν, δὲ αὐτὸς θεός, ἐνεργῶν τὰ πάντα ἐν πᾶσιν.

Transliteração
ki diaresis energemáton issín, o de avtos Teós, o energon ta pánta en pãssin.

Tradução Vulgata Latina tradicional:
6 et divisiones operationum sunt idem vero Deus qui operatur omnia in omnibus

Tradução Modernas

Protestante Almeida Corrigida e Revisada Fiel:
6 E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

Católica Ave Maria
6 Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

Vale lembrar que "operações", palavra derivada de "operationum", provavelmente no Latim original tinha a mesma ambiguidade de "energemáton", significando tanto a energia do trabalho, quanto o trabalho em si mesmo.

Tradução moderna correta:
6. E há diversidade de energias, mas é o mesmo Deus que energiza tudo em todos.

E o segundo exemplo, com a palavra dynamis.

São Lucas 08:46

Original:
δὲ Ἰησοῦς εἶπεν, Ηψατό μού τις, ἐγὼ γὰρ ἔγνων δύναμιν ἐξεληλυθυῖαν ἀπ' ἐμοῦ.

Transliteração
o de Iesus ipen, Epsató mi tis, ego gar egnon dynamin ekselelythyan ap' emi.

Tradução Vulgata Latina tradicional
46.et dixit Jesus tetigit me aliquis nam ego novi virtutem de me exisse

Nota: "virtude" no Latim, era mais do que simples um elemento do bom caráter moral. Era literalmente uma "força".

Traduções modernas:

Protestante Almeida Corrigida e Revisada Fiel:
46 E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude.

Católica Ave Maria:
46. Jesus replicou: Alguém me tocou, porque percebi sair de mim uma força.

Como vemos a protestante preservou a versão latina na qual "virtude" significa "força". Já a versão católica, mais atenta ao fato de que a palavra "virtude" hoje já não é entendida como "força", porém como uma "característica moral boa", resgatou o sentindo, realizando uma tradução correta.

Ou seja, em diversos trechos do Novo Testamento em que vemos "virtude", "obra", "operação", a melhor tradução seria "força", "energia" e as palavras delas derivadas, especialmente nos contextos em que se dá a relação Deus-Homem.

Una, Santa, Católica, Apostólica

Entendendo que a Igreja Ortodoxa é o Corpo de Cristo através da participação na natureza divina pela participação do Cristão Ortodoxo nas energias de Deus, tornada possível pela Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, unindo a natureza humana e a natureza divina em Sua Pessoa, fica mais fácil compreender as quatro características da Igreja que encontramos no Credo. São as quatro características do Corpo de Cristo.

O Corpo de Cristo é Uno

Jesus Cristo verdadeiramente encarnou-se e teve um corpo de carne como o nosso. Esse corpo teve as mesmas características que qualquer corpo.

A única diferença é que foi o primeiro corpo a ser restaurado, pela Ressurreição, à forma original pretendida pelo Pai.

O Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após a Ressurreição é chamado "glorioso" porque não é um corpo como o que temos, que fica doente, se fere e morre. É um corpo que não se corrompe.

Ao mesmo tempo que é como o corpo de Adão antes da Queda, o Corpo de Nosso Senhor após a Ressurreição é ainda "melhorado" porque é um corpo humano, restaurado, mas também "pós-Encarnação". É Adão restaurado e plenificado.

É neste Corpo que participamos. Todos seremos ressuscitados, mas o que ressuscitarem como Corpo de Cristo, estarão com Ele que é a Vida, a Verdade, o Verbo, o Caminho. Os que não... não. Estarão fora do Corpo da Vida, da Verdade, do Verbo, fora do Caminho. Tal estado é o inferno.

O Corpo de Cristo, como vimos, é um corpo de carne em tudo menos na corruptibilidade. É a carne original, santa, gloriosa, imaculada e glorificada.

Sendo um Corpo de Carne ele só pode ser um. Não existe uma pessoa com vários corpos, a não ser em filmes de ficção científica e gibis. Se a Igreja é o Corpo de Cristo e o Corpo de Cristo é um Corpo, então só há uma Igreja.

Sendo um Corpo de Carne ele é visível e delimitado. Não pode haver "igreja invisível" ou "impossível de definir qual é a verdadeira", porque é impossível tanto existir um corpo invisível quanto é impossível imaginar que não dá para dizer onde o "Zé" começa e acaba. Quando não conseguimos ver os limites de um corpo, vendo tudo borrado, não é porque o corpo é borrado. É porque nossos olhos estão doentes.

Sendo um Corpo de Carne e não podendo ser invisível, também não pode ser apenas parcialmente invisível. Não pode haver no corpo uma cabeça invisível de Cristo e uma segunda cabeça visível. Não existem corpos com duas cabeças, nem com cabeças invisíveis. A cabeça visível do Corpo de Cristo é aquela "barbuda e de cabelos longos" que vemos no ícone e está, muito adequadamente, ainda presa e visivelmente ao pescoço dEle. A administração da Igreja não precisa recorrer a distorções teológica para simplesmente escolher um moderador ou presidente da assembléia de bispos, seja este homem um bispo ou um rei.

Sendo um Corpo de Carne, e pela promessa de Cristo que as forças do Inferno não prevaleceriam sobre o Seu Corpo, o Corpo de Cristo não pode ser um amontoado de pedaços separados uns dos outros, como se os pedaços esquartejados de um corpo pudessem continuar vivos e saltitantes por aí. Um corpo que fosse dividido em muitos "corpos" menores, simplesmente morreria, e todos os pedaços seriam apenas pedaços mortos de um corpo outrora vivo. Ser um, para um corpo, simplesmente significa que ele está vivo. Os que crêem que o Corpo de Cristo, a Igreja, está dividido, sem perceberem, defendem que Deus morreu na carne e que a promessa de Cristo de que as forças do Inferno não prevaleceriam, não se cumpriu. É assim que o demônio nos seduz com idéias elegantes a blasfemar contra Deus.

O Corpo de Cristo continua sendo Um, Indiviso no corpo e na cabeça, Visível no corpo e na cabeça, a Cabeça de Cristo continua sendo exclusivamente a que Ele possui sobre os ombros, o corpo ainda é Contínuo e Delimitado. Ou seja, continua estando Vivo e sendo um Corpo.

O Corpo de Cristo é Santo

A Santidade, propriamente, é exclusiva de Deus. Como vimos quando estudamos as energias de Deus qualquer santidade que vejamos em um ser humano, os chamados "santos", nada mais é que a própria Santidade de Deus apenas brilhando através deles por terem se aberto, através do amor, ao próprio Deus.

Tanto "sanctus" quanto "agyos", que significam "santo" respectivamente em latim e grego, passam a idéia de algo colocado a parte, separado, diferente.

Só Deus é realmente "separado" de toda a Criação. Sendo o Criador de tudo, inclusive das leis da Criação, não está submetido a elas e portanto em nada se assemelha a Criação como um todo. Tanto que na Criação, um indivíduo só pode ser uma pessoa. Deus, entretanto, é individual, só é um, mas é, ao mesmo tempo, três pessoas. Isso só é possível porque, sendo o criador da regra de que um só pode ser um, Deus não está submetido a ela, pois a regra não existia antes dEle.

Sendo assim, toda essa busca de "identidade", "originalidade", "individualidade" que vemos no mundo, e os seus meios: afirmação profissional, artística, "ser feliz" é completamente fútil, pois a única forma de atingir verdadeiramente o "ser diferente" não é participar de algum grupo com roupas e hábitos exclusivos ou exóticos. O único jeito de ser "diferente", "a parte" ou "santo" é participando na única verdadeira diferença, a única verdadeira santidade, que é a de Deus.

Nosso estado natural é participar da "diferença" de Deus, de Sua Santidade. Isso é possível porque, diferente do resto da Criação, seja natural ou sobrenatural, nós somos a parte da Criação que foi feita à imagem e semelhança dEle. Então podemos participar, pelos meios já explicados, das energias dEle, inclusive a Santidade, de forma subsidiária, limitada e absolutamente dependente e sem mistura.

Por isso é que Nosso Senhor Jesus Cristo diz que devemos ser perfeitos como o Pai é perfeito, e também pede que sejamos Santos. Isso não significa nem tornar-se Deus, nem é uma metáfora que seria, na literalidade, impossível.

Ser perfeito como o Pai é, deixando-se ensopar pelas energias de Deus, deixando-se imergir no reino, domínio de Deus, restaurar a semelhança de Deus. Isto é algo que seria impossível com nossas próprias forças, pois o finito em nada se assemelha ao infinito. Mas o infinito, por não conhecer limites, pode superar inclusive esta *nossa* limitação.

Ser santo, portanto, é participar na Santidade do Único que é Santo, pelo Espírito Santo, em Nosso Senhor Jesus Cristo, na Perfeição do Pai. É a única originalidade, individualidade e diferença possível. O resto não passa de "variações sobre o mesmo tema".

O Corpo de Cristo é Católico

Muitos pensam que "católico" é o nome de uma instituição. Entretanto, não é um nome, mas uma qualidade.

Alguns também pensam que "católico" significa "universal" o que não é verdade. O termo grego para o que é universal é "kosmico" que em português deu a palavra "cósmico" e "cosmos" é sinônimo de "universo".

Igualmente, a palavra grega que significa "universal" no sentido geográfico, de englobar o mundo inteiro habitado era "oikumenicos" que vem de "oike" que significa habitação.

Se na definição se quisesse dizer "universal" seria dito "kosmico" e se quisesse dizer "no mundo inteiro" diria "oikumenicos". Mas não é isso que está lá, e sim "kat' holicos".

A palavra "católico" vem do grego "kat' holikos" que significa "de acordo com o todo". "Holikos" vem de "holos" que deu a palavra "holístico" em português. Portanto "kat' holikos" também significa "o que é integral, pleno".

O Corpo de Cristo é integral, pleno. Não é dependente de nenhum povo, país, cidade, bispo, rei ou livro.

O fato de ser integral e pleno significa:

1) que não importa quantas pessoas, cidades, povos, bispos, reis, países ou livros se separem da Santa Igreja, ela continua inteira, plena, completa, sem necessidade balancear ou complementar-se em lugar algum; o Corpo de Cristo não depende de nada nem de ninguém;

2) que cada cristão ortodoxo que participa da Igreja, participa dela inteira, mesmo que nunca saia de sua paróquia;

3) que cada unidade de "bispo, padres, diácones, leigos e monges" é a Igreja inteira;

3.5) Nota: Arcebispos, Metropolitas, Patriarcas e Papas não são ordens superiores a Bispo. A ordem máxima é bispo. Aqueles títulos são apenas nomes diferentes para uma certa *função administrativa*. Por exemplo, é como em um time de futebol. O capitão (seja Arcebispo, Metropolita, Papa ou Patriarca) é um jogador como qualquer outro. Ele tem o privilégio de orientar os demais jogadores, por sua visão tática reconhecida, mas não pode nem deve jogar na posição dos outros. Se o capitão for "fominha" atrapalha o time como qualquer outro jogador faria, pois ser "capitão" não é algo acima de "jogador", é apenas uma função no time.

Vale lembrar também que o "capitão" pode ser qualquer jogador de qualquer posição. É um privilégio concedido pela visão tática. Igualmente, o primaz da Igreja poderia ser qualquer um dos bispos, é um privilégio que ele tem enquanto mantém a Ortodoxia. Assim como a visão tática confere o título de capitão, a Ortodoxia é que confere o título de Primaz. Nunca será o contrário, simplesmente alegar que por ter o título de "capitão" ou de "primaz" ele passa a ser a definição do que é taticamente correto ou do que é ortodoxo. A tática eficiente e a ortodoxia funcionam por si só e não dependem de títulos ou funções administrativas. Portanto, é preciso primeiro ser fiel à Ortodoxia para ser Primaz e se o Bispo que portar este título se afastar da Ortodoxia, deixa de ser, neste exato momento, cristão, quanto mais bispo e primaz.

4) Que a Igreja é plena em todos os lugares e todos os tempos. Se ela fosse se "desenvolvendo" ou se uma região do mundo possuísse parte da verdade e outra região uma outra parte, então o Corpo seria fragmentado. Onde o Corpo está, ele está inteiramente, hoje, ontem, amanhã e em todos os lugares. Por isso o estudo da vida dos santos e dos escritos dos pais da igreja e de outros santos são tão importantes. Deus não mudou e Seu Corpo não tem que se adaptar aos "dias de hoje". Ao contrário, os "dias de hoje" é que, se alterando para integrar o Corpo de Cristo são curados de seus males e se tornam plenos e holísticos.

5) que o Corpo de Cristo é a plenitudade da Vida, da Verdade e da Graça. É um fato observável que outros grupos religiosos possuem verdades parciais. Porém, quando falam de Deus, quando falam de Cristo, esforçam-se pelo intelecto, pela pesquisa, pelo debate, pela emoção, compreender a Verdade. O Corpo de Cristo é o Corpo da Verdade. Nós não temos uma idéia dEle, não O debatemos, não O sentimos nem pesquisamos. Nós participamos nEle. Somos membros da Verdade, como nossa mão é membro de nosso corpo. Não contemplamos com nossa filosofia o Espírito Santo. Ele habita em nós, porque o Espírito Santo de Deus habita o Corpo do Filho de Deus, de modo semelhante como nosso espírito habita nosso corpo. A Verdade Absoluta é algo que nenhum homem jamais terá dentro de seu intelecto ou emoção, mas é algo dentro do qual ele pode entrar, e participar como membro. Jesus Cristo não é um homem que falou a verdade. Ele *é* a Verdade assim como eu sou eu. Todos nós já vimos aquela figura da morte, com capuz e foice. Ninguém diz, ali está um ser que fala da morte, que traz a morte. Quando vemos a figura, sabemos que *é* a morte. Igualmente, Jesus *é* a Vida. Jesus *é* a Verdade. Por isso São Paulo diz que "nEle vivemos e nos movemos" e "já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim". Ele não "apreendeu a Verdade" mas, deixou-se apreender na Verdade, sendo que a Verdade em certo momento histórico tornou-se homem pela Virgem Maria e chamou-se Jesus, foi morto e ressuscitou ao terceiro dia.

6) Um detalhe pouco conhecido é que "católico" e "ortodoxo" eram praticamente sinônimos. Isto porque "ortodoxia" vem de "ortho" e "doxa". "Ortho" significa "correto". O "ortodentista" é quem coloca os dentes na posição correta. O "ortopedista" é quem coloca os pés na posiçã correta e assim por diante. "Doxia" significa tanto "opinião" quanto "louvor". Assim a "ortodoxia" consiste em ter a opinião ou louvor corretos. Comparando com o ortodentista, o dente "pleno", "integral", completo, perfeitamente saudável, é, evidentemente, o dente que está "correto". Um dente podre por dentro logo sairá da posição correta, caindo. Um dente na posição errada estará mais vulnerável às cáries e infecções. Então ser "pleno" e ser "correto" são conceitos semelhantes dentro do Corpo de Cristo. Apenas modernamente "ortodoxia" ficaria sendo o nome da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica e "católico" o nome da comunidade de fé que cerca o "papa".

O Corpo de Cristo é Apostólico

"Apóstolo" significa "enviado". O primeiro motivo de o Corpo de Cristo ser chamado apostólico é porque Jesus Cristo é "apóstolo" do Pai:

Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão,
Hebreus 3:1
Então, o Corpo do Sumo-Apóstolo evidentemente tem que ser apostólico, isto é, cumpridor da função de "ser enviado".

Mas enviado para o quê? Simplesmente ensinar a doutrina de Jesus? Simplesmente divulgar profecias?

Se Deus quisesse simplesmente anunciar uma idéia, uma informação ou mesmo uma atitude ou fazer profecias, não precisaria ter vindo pessoalmente para isso. Ele sempre pôde e de fato gerou profetas, pessoas justas, professores, sábios e filósofos que fizeram e ainda fazem tudo isso.

É evidente que Ele *também* fez isso, mas não foi *apenas* para isso que Ele veio. Deus veio para fazer algo que só Deus poderia fazer: unir a natureza humana à natureza divina na Pessoa de Jesus Cristo, restaurando nossa natureza à condição anterior a da Queda através da infusão do Espírito Santo. Não é por outro motivo que vemos em São João, capítulo 22:

22 E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
O que é isto senão o mesmo Deus do Gênese, agora já encarnado, morto e ressuscitado como homem, repetindo, ali, em todo os Apóstolos, aquilo que Ele mesmo já fizera antes tantos milênios antes, no início:

7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
Gênese 02


Quando Deus primeiramente dera a vida ao homem, soprou no barro e Adão viveu. Agora, o próprio Deus *repete* o ato para, não apenas restituir a vida do Paraíso, porém uma vida ainda mais plena na Glória do Espírito Santo que nem Adão conhecera.

Este ato registrado nas Santas Escrituras e realizado primeiramente por Nosso Senhor é o que repetimos no Mistério do Santo Crisma, no qual, como os Apóstolos e como Adão no Paraíso, o cristão batizado recebe o dom do Espírito Santo. Não como participar plenamente do Corpo de Cristo se não há o dom do Espírito Santo, como o próprio Cristo demonstrou.

O fato de o Pentecostes ter decido sobre os Apóstolos e de Cristo ter soprado sobre os Apóstolos demonstra também que o grupo dos Apóstolos como um todo é a fonte "mediadora" da Apostolicidade do próprio Cristo e do resto da Igreja. A Igreja é Apostólica. Não é "petrina". Não é "bíblica". Não é "papal", "episcopal", "presbiteriana", "metodista", "evangélica", "luterana", "calvinista", "universal", "pastoral", "carismática", "anglicana". O Corpo de Cristo é Apostólico. No que tange a parte doutrinária, é o ensino dos Apóstolos que constitui o ensino da Igreja e não o ensino de bispo, rei, colégio, ou exegetas. A validade de uma análise dos Evangelhos é sempre medida pela comparação com o ensino dos Apóstolos. Quem repete o mesmo ensino, sem desenvolver, nem cortar, faz parte da Igreja Apostólica. Quem não o repete, mas desenvolve ou suprime, não está sendo Apostólico e não está falando em nome do Corpo de Cristo.

Os Pais da Igreja, sejam gregos ou latinos, antigos ou modernos, o são porque souberam expressar bem, sem mudar, o ensino apostólico e não por "criatividade" ou "originalidade" filosófica. E isto só é possível por pessoas que repetiram a mesma experiência dos Apóstolos, isto é, realizaram a fé intensa, o amor, o sacrifício e a vida de Cristo.

O Ensino Apostólico não é fruto de filosofia ou educação, nem tampouco apenas da sucessão de bispos até os apóstolos, embora esta última seja importante porque o Corpo é físico e portanto a transmissão também é.

O Ensino Apostólico é fruto de participar daquilo que os Apóstolos participaram, ou seja, do Corpo de Cristo. O Teólogo não é uma pessoa que "estudou muito" (embora isso nem sempre seja obstáculo). O Teólogo é uma pessoa já "imersa em Cristo", participante da Graça, da Verdade, da Misericórdia e que viu a Luz Incriada de Deus. Quando oramos, somos um pouco teólogos, conforme São Máximo.

Outro aspecto da apostolicidade é o ser "enviado". É através das pessoas que já são Corpo de Cristo que os que estão fora passam a participar dEle. Por isso é que vemos em São João 20, que
após soprar sobre os Apóstolos, Jesus Cristo continua dizendo:

23 Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.
É através de quem participa de Si que Jesus Cristo chama para Si os que ainda não o foram. "Vós sois a luz do mundo", e "Vós sois o sal da terra", disse Jesus Cristo. Jesus Cristo ordena que "anunciemos a Boa Nova" para todos os povos da terra. Ser Cristão é ser missionário.

Isso não significa, porém, proselitismo, isto é, ficar tentando convencer as pessoas a "aceitar Jesus".

Significa, antes de mais nada viver realmente a vida Cristã. Se a Luz que é o Cristo não estiver em nós, não estará em nossas palavras. Como pediremos aos grandes pecadores que se contenham se não conseguimos nem conter nossos pequenos pecados?

Significa que vivendo uma vida cristã de oração, jejum, boas obras e amor ao próximo, a Luz de Cristo brilhará naturalmente através de nós. Estaremos sendo as "lâmpadas" da "energia" da "usina". Não adianta fingir que temos a "energia" com belas palavras. Cedo ou tarde seremos flagrados e mesmo que não o sejamos pelos homens, a Verdadeira Fonte sabe que não estamos ligados a Ela. Ser missionário é tornar-se radiante na luz de Cristo e assim nossos atos e palavras serão radiantes.

Ser apostólica, enviada, significa também que a Igreja coloca a nossa nacionalidade, nossa posição social, familiar e econômica, nosso "ego" em último plano, conforme vemos nos seguintes versículos:

Romanos 10:12 Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.

Gálatas 3:28 Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

Colossenses 3:11 Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.
Na época dos apóstolos havia um preconceito dos gregos contra os judeus, mesmo apesar de serem os judeus que aceitaram o Cristo. Este preconceito existia porque os gregos possuíam toda a cultura clássica da Grécia, enquanto os judeus lhes pareciam pessoas rudes e ignorantes. São Paulo, então, lembra da missão apostólica da Igreja, dizendo que uma vez pertecendo ao Corpo de Cristo, classes sociais, sexos, etnias, nível cultural, e todo tipo de coisa semelhante desaparece. Somos "um em Cristo Jesus", "Cristo é tudo em todos" e Ele é "o Senhor de todos".

Graças a essa admoestação de S. Paulo e de seu esforço na missão apostólica aos gentios, hoje, gregos, árabes, eslavos, escandinavos, africanos, ocidentais e povos do Novo Mundo fazem parte do Corpo de Cristo. E continua sendo missão dos que estão dentro, auxiliar e pregar para os que estão fora.

Deus veio ao mundo para que todos sejam salvos através da participação no Corpo dEle e não para defender ou atacar culturas, ideologias, civilizações, doutrinas, filosofias, etnias, interesses políticos, comerciais ou de familiares.

E o Corpo de Cristo é a Igreja e esta, por ser Una, Santa, Católica e Apostólica, pode legitimamente ser chamada de Orto-doxa, compravado por ter preservado retamente o mais recorrente mandamento dos salmos: Louvai!

Doxa si, o Theos!

Salmos 119:7
Louvar-te-ei com retidão de coração quando tiver aprendido os teus justos juízos.

Salmo 150
1 Louvai ao Senhor. Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder.
2 Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme a excelência da sua grandeza.
3 Louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa.
4 Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos.
5 Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes.
6 Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor.