domingo, 18 de janeiro de 2009
Quais as Diferenças entre a Ortodoxia e o Catolicismo Romano?
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Um Debate entre um Cristão e três Muçulmanos no século XII
Um Debate entre um Cristão e três Muçulmanos no século XII
Traduzido para o inglês por Karim Hakkoum e Pe. Dale A. Johnson em 1989
Traduzido do inglês para o português por Fabio Lins em 2006
Tradução inglesa copiada com permissão de
http://www.teleport.com/~hamarabi/posts.html, dalej@colubs.com
Tradução em português feita a partir da inglesa que se encontra em:
http://www.fordham.edu/halsall/source/christ-muslim-debate.html
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Este documento notável é parte de um gênero mais amplo de literatura cristã. Embora datado de 1165, o documento está nas mãos da família do falecido Karim Hakkoum de Portland, Oregon, foi obtido e aparentemente copiado por seu pai em 1914 em Aleppo, Síria.
Publicamos a primeira das três seções deste registro de um debate entre o abade cristão Jorge e os clérigos muçulmanos sob a proteção de Saladino.
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Introdução
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, um só Deus, amém. Com o auxílio de Deus, começamos a registrar o debate que ocorreu entre o monge Jorge e três teólogos muçulmanos, na presença do príncipe Al-Khana, Al-Mushar Abul-Mulk, Gazi Al-Zaher Usef Ibn Ayub Al-Salah, o rei muçulmano de Alepo e Síria, e durante o reinado de Leão, o Armeno, filho de Etienne, Rei da Tribo Armênia, em outubro de 6615 do nosso Pai Adão e 1165 do ano do Senhor. Que Deus nos ajude! A história conta que o abade do convento de "S. Simão Pescador" fez uma visita ao rei de Alepo em sua moradia. O abade estava acompanhado de alguns monges. O rei lhes deu boas-vindas e ordenou que se lhes providenciassem todas as necessidades e permitiu que ficassem na tenda de seu pai. Entre os seguidores do abade estava um velho monge muito versado em conhecimento. Falava bem também. Todos gostavam dele. Entrara para o
convento na infância e aproveitara os livros de lá, adqüirindo as virtudes e boas maneiras dos monges. Tinha sido o abade por muitos anos até ficar velho e chamava-se monge Jorge. Quando encontrou com o príncipe, invocou Deus sobre ele.
O príncipe ficou agradecido e pediu-lhe que sentasse. Quando o abade foi convocado pelo rei para realizar suas ordens, o príncipe pediu ao monge Jorge para ficar e continuou a conversar com ele, perguntando sobre o convento e o modo de vida dos monges. Vamos relatar agora as perguntas do príncipe:
Debate sobre a natureza da vida monástica
O príncipe – Ó monge, vocês não comem carne nunca?
O monge – Não. Não comemos nenhuma carne.
O príncipe – Vocês não se casam?
O monge – Não, príncipe; ao contrário, evitamos as mulheres.
O príncipe – Por que? Isso é de Deus? Mas ele criou a humanidade como homem e mulher. Ele disse também: "....tenham carne para comer". Você pode comer a carne.
O monge – Não proibimos a carne. Mas tencionamos ter uma vida leve, não material, com objetivo de estarmos próximos de Deus deixando nossos corpos mais leves. O ferro é purificado de suas impurezas ficando perto do fogo. E assim como a água se torna mais clara, a água
permite que os raios do sol a penetrem – Não percebe que os raios permitem que a luz atravesse desde que seja leve e transparente? A razão, Ó príncipe, que está dentro de nós é de Deus, e torna-se escura com uma vida de luxos, e nos mantém distantes de Deus na proporção de
sua escuridão. E com a distância de Deus, nos apegamos às coisas materiais e à vida presente. Não evitamos apenas carne e mulheres, mas todo tipo de deleite corporal e todas as seduções dos cinco sentidos.
Esperamos, pelo uso de tais privações, obter a Graça de Deus em Seu reino eterno. Ele disse "você não obterá a alegria no mundo eterno, se não suportar as tristezas e dificuldades do mundo perecível."
O príncipe – Ó monge, você está bem certo. Mas, Deus nos concedeu este e aqueles.
O monge – Nosso Deus permitiu-te que faças como quiserdes e deu-te a liberdade de desfrutar as felicidades corporais quando Ele disse: "Irei dar-te no Céu um rio de leite, um rio de mel e mulheres bonitas".
O príncipe e o monge assim falavam quando três teólogos vieram ao príncipe e o saudaram. Ele ordenou que se sentassem. E quando viram o monge, eles falaram com o príncipe em turco, dizendo "De onde é este monge? Com que propósito está em vossa presença?"
O príncipe: Este monge é do convento de São Simão e veio até nós com outros monges para resolver alguns problemas com o Sultão. O que acham da aparência dele?
Um deles, chamado Abu-Zaher, de Bagdá, disse: "Que eu seja vosso resgate, Ó príncipe, pois ele possui uma boca sorridente e um belo rosto. Que lástima que seja cristão."
O príncipe: Vocês gostariam de ter um debate com ele sobre religião?
Eles responderam que sim.
Debate sobre a natureza salvífica de Deus
Então, eles se entreolharam. Um deles, chamado Abu-Salamah Ibn Saad, de Mossul disse:
Abu-Salamah --"Ó monge, reverenciamos e honramos vosso Cristo e O colocamos acima de todos os profetas exceto Maomé, profeta e apóstolo de Deus. Mas vós, cristãos, o menosprezam e não o honram, enquanto Deus o honrou e inspirou com o Corão, como uma luz e misericórdia. Não concordais que ele é o Profeta de Deus; por isso ele os irá confrontar na Ressurreição.
O monge – Abu-Salamah, toda pergunta tem resposta. Mas não viemos à vossa casa para ter um debate religioso convosco, mas como pedintes. Não precisamos conversar convosco senão sobre o que vos agrada; porque sabemos que a fúria é vossa e que contais vantagem sobre tal fato. Um
homem sábio disse: "Seja cuidadoso com eles enquanto viver na casa deles".
O muçulmano – Temei a Deus, ó monge, por causa do que falastes. Somos um povo de lei e justiça; e ninguém aqui deseja discutir contigo com má-fé.
Então, o príncipe olhou para o monge e disse: "Ó monge, sou nascido de uma mulher grega (N.T. significando cristã). Então, respondas como quiser, sem medo.
Então ele tirou seu próprio selo do dedo e o pôs no dedo do monge.
O monge – Abu-Salamah, não queremos falar mentiras ao invés da verdade. Mas tememos que tragas mentiras seguindo a grosseria da tua natureza. Não disseste tu que nós não everenciamos Maomé, nem confessamos que ele é Apóstolo de Deus? Pois bem, pois iremos dar-te
provas de Deus claras disto.
O muçulmano – Tu jamais terias sucesso algum nisto, mesmo que tentasses tais tarefas impossíveis.
O monge – A verdade irá aparecer. Abu-Salamah, não confessas que Deus criou todas as criaturas?
O muçulmano – Sim todas as que existem no céu e na terra, tudo que é visível e invisível foi criado por Deus, por Sua vontade.
O monge – Há algum povo criado por Deus e algum povo criado por outro Deus?
O muçulmano – Não! O criador os criou, Ele é o Único Deus que adoro e não há outro Deus!
O monge – Pensas que Deus deseja a salvação de todo o mundo ou que Ele quer salvar apenas um povo específico entre as Suas criaturas e destruir o resto? Não confessas que Deus é rico, generoso e magnânimo? Se não, então atribuis avareza a Deus; como o homem que preparasse
comida para cem pessoas mas quando elas chegassem, ele as expulsasse dizendo: "Vão embora, não tenho comida para vós!", deste modo demonstrando sua avareza.
O muçulmano – Confesso que Deus é rico, generoso, magnânimo e o Criador de todas as criaturas e que Ele deseja a salvação de todas.
O monge – Se Deus quer a salvação de todo o mundo, Seus mensageiros devem ser enviados ao mundo todo, também. E qualquer um que pretenda ser um mensageiro de Deus precisa corroborar esta asserção; ele precisa de um poder de Deus para confirmar sua mensagem.
O muçulmano – Qual é este poder e sinal?
O monge – Aqueles que possuíam os Apóstolos de Cristo
O muçulmano – Qual é esse poder?
O monge – São três: fazer milagres, falar várias línguas e evitar as coisas mundanas. Vós porém possuís as três características opostas.
O muçulmano – Como o quê?
O monge – A ameaça com a espada, os tributos e a culpabilidade. Estes traços podem ser vistos em Maomé. A evidência da autoridade de Deus está nos Apóstolos.
Então, o monge virou-se para o príncipe e disse: "Por Deus, Ó príncipe, se alguém viesse a ti agora fingindo ser um mensageiro do Rei perante ti com tal e tal propósito, e não encontrasses nele nem carta nem selo do Rei, acreditarias que ele é o mensageiro do Rei?"
O príncipe – Por Deus, não! Ao contrário, eu o consideraria como um mentiroso e um traidor.
O muçulmano – Quais são os sinais e provas dos Apóstolos de Cristo atestando sua aquisição do poder de fazer milagres, de falar várias línguas e de pregar para o mundo inteiro?
O monge – O sinal está perante vós e a prova é evidente: em qualquer direção em que olhardes, leste, oeste, sul ou norte, encontrarás a devoção ao Cristo nas regiões mais longínquas do mundo. Nenhuma região está sem tal devoção. Isto é uma prova evidente de que os Apóstolos de
Cristo viajaram através do mundo inteiro e falavam todas as línguas.
Não podeis encontrar um povo, uma língua ou boca sem o conhecimento de Cristo. O profeta Davi predisse isto quando disse "Eles foram por todo o mundo e suas falas cresceram nas regiões do mundo". Isto também é uma prova evidente de que os Apóstolos falavam todas as línguas.
Tendes vós, Abu-Salamah, alguma dúvida sobre estas duas coisas?
Abu-Salamah – Isto é evidente, sem dúvida. O sermão do Poder e do Sinal.
O monge – Provarei, agora, que faziam milagres, não pela força de suas palavras, mas pelo poder dO que os enviou, a partir da submissão dos povos bárbaros a eles. A pregação deles não era dependente da tolerância, nem da ameaça, nem da espada. Eles não tomavam dinheiro.
Eram, na maioria, pescadores analfabetos e fazedores de tendas. Mas os poderes recebidos de Cristo os ajudaram a governar este mundo. Quando o Cristo os enviou para pregar ao mundo, Ele entrou na sala onde se encontravam após Sua Ressurreição, enquanto as portas estavam
fechadas.Ele lhes deu a paz, primeiro porque estavam temendo os judeus. Então ele assoprou neles e disse, "recebam o Espírito Santo.
Este Espírito será a sua voz. Por esta voz, irão levantar os mortos, curar os doentes e derrotar reis. Se remirdes os pecados do povo, eles serão perdoados, mas se os renegarem, eles o serão. Dêem de graça o que de graça recebestes". Ele lhes disse também "Não levem cajado, nem
sacola, nem comida, nem tenham duas roupas ou dois sapatos. Não levem cobre em sua bolsa" Agora, digam-me o que é mais forte do que tais sinais? Se me disserdes que as ordens deles foram suaves demais, responderei que não foram deles, mas de Cristo, seu Mestre e aqui
estão: "Quando lhe baterem na face direita, oferecei também a esquerda" e "se alguém quiser sua roupa, dê o casaco também"; e " se alguém vos fizer andar uma milha, vá com ele duas milhas. Amem vossos inimigos. Abençoem os que os perseguem. Façam o bem aos que vos
afligem". Diga-me, quem poderia escutar tais ordens e aceitá-las, se milagres não assombrassem o mundo inteiro? Então, eles acreditaram nos Apóstolos e confiaram na sua pregação. Vede, Ó Muçulmanos, na pregação dos Apóstolos, como pregavam para os oradores, sábios e reis dizendo:
"acreditem em Deus. Ele nasceu de uma mulher; Ele comia comida e bebia água; foi surrado e chicoteado; as pessoas debochavam Dele e cuspiam na face Dele; eles O esbofetearam e colocaram em Sua cabeça uma coroa de espinhos; Ele foi crucificado e enterrado; mas levantou-se dos mortos". Ninguém acreditava neles. As pessoas debochavam deles,
negavam o que diziam, batiam neles e os expulsavam. O Apóstolo disse: "Povo, se negais nossa pregação, iremos provar a verdade. De fato, levem-nos aos aleijados, cegos e leprosos, e também aos loucos, perturbados e mortos". Eles diziam. "Em nome de Jesus Cristo de Nazaré, levanta-te, ó falecido!" E a pessoa levantava dos mortos. Assim como outras doenças, que também eram curadas. Então, o povo acreditava neles e adoravam ao Deus deles, pois seus atos testemunhavam por eles. Alguns fechavam os olhos e os ouvidos, como a cobra que fecha a audição para evitar escutar a voz do mágico. Mas os que adoravam a Satã, através do adultério, da voluptuosidade, do vício, da avidez e cujo objetivo era satisfazerem os desejos de seus
corpos, todos estes tornaram-se como fumaça e suas adorações idólatras se acabaram. Os céus, a terra, Deus e seus anjos testemunham que os Apóstolos eram os mensageiros de Cristo e que a religião deles é a correta. E vosso profeta, Maomé também testemunhou por eles, dizendo
no Corão: "Nós inspiramos o Corão como uma luz e uma orientação e confirmando o que está nas mãos deles (cristãos) da Bíblia e do Evangelho". Então, se vosso profeta e vosso livro confirmam o Evangelho, vós também deveis fazer o mesmo, ou estarão tratando vosso profeta e vosso livro como mentirosos.
Debate sobre a integridade dos Evangelhos
O Muçulmano – Eu confio no Evangelho e no seu conteúdo, mas vós o alteraram de conformidade com vossos interesses.
O monge – Não digam algo que não podem provar, porque, no fim, ficarão envergonhados, como aquele que prefere cobrir a luz do sol. Diga-me, Abu-Salamah, quantos anos se passaram de Cristo até Maomé?
O muçulmano – Não sei.
O monge – Eu respondo: de Cristo até Maomé, seiscentos e alguns anos se passaram.
O príncipe – Estás certo monge. É o que encontramos na história.
O monge – Haviam, então, Cristãos em todo o mundo?
O muçulmano – Sim, haviam.
O monge – Assim como hoje?
O muçulmano – Sim e mais do que hoje.
O monge – Poderíeis vós contar o número de Evangelhos que existiam naquela época no mundo nas várias línguas?
O muçulmano – Não poderíamos.
O monge – Vamos supor que algumas pessoas no Ocidente tenham alterado seus Evangelhos. Então, como eles poderiam comunicar-se com os que estavam no fim do mundo no Oriente? O mesmo serve para os que estavam no Norte em relação ao Sul. É impossível. Se tal fosse possível, estaríeis defrontando-vos com os Evangelhos apócrifos de parte dos cristãos. Porém, se fizerdes uma viagem ao redor do mundo, encontrarás os Evangelhos em vários lugares análogos aos que foram recebidos dos Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sem diferença nenhuma entre eles, nem mesmo em uma letra, a não ser pelas particularidades de cada língua. Presto-vos, então, um exemplo que permitirá que acrediteis em mim: Se alguém vos mostrasse um Corão diferente do que conheceis, e dissesse, "este é o Corão inspirado pelo Profeta", sem sê-lo, vós o aceitarias?
O príncipe – Não, ao contrário, nós o mataríamos e queimaríamos o seu livro.
O monge – Como podeis comparar o Mestre e o servo, o Criador e a criatura ou Deus e o homem?
Debate sobre a integridade de Maomé
O muçulmano – Não sabeis, monge, que Maomé governou os árabes e que é o Profeta e Mensageiro de Deus, porque guiou os descendentes de Ismael e os converteu da idolatria à adoração do Deus Vivo, como fez o Cristo e seus Apóstolos?
O monge – Eu sei que Maomé governou os árabes e os passou da idolatria tendo-os feito ouvir falar de Deus, mas não ao verdadeiro conhecimento, porque seu objetivo era governa-los para possuí-los sob sua jurisdição, muito mais do que lhes dar informações sobre o Criador. Se puderdes ser um pouco pacientes e acalmar-vos, dar-vos-ei um testemunho em meu nome e de todos os cristãos a respeito do seu profeta Maomé, para deixar-vos sabe porque não o honramos, nem o chamamos de Profeta ou Mensageiro.
O muçulmano – Já que o príncipe permitiu que falásseis como quiserdes e vos deu proteção e permissão para falardes do Islã, podeis dizer o que quiserdes.
O príncipe – Abu-Salamah, o monge falou em acordo com a verdade e como aceitável pela razão.
Abu-Salamah – Diga-nos o que tendes sobre Maomé.
O monge – Deveis saber, Abu-Salamah, que Maomé era da tribo dos Coraixitas e descedente de Ismael, filho de Hagar, a egípcia, escrava de Sara e esposa de Abraão. Ele era um árabe nômade e mercador de camelos. Em suas viagens, veio a Jerusalém onde foi bem recebido por um cristão nestoriano chamado Buheira. Quando perguntou a Maomé sobre sua religião, descobriu que ele era um pagão. Estes eram os filhos de Ismael. Eles idolatravam um ídolo chamado Al-Akbar (o maior). Costumavam por em volta dele poemas de desejo e amor escritos em tabuinhas que suspendiam em volta do ídolo. Eles serviam de preces e foram chamados de os sete "usudallakat" (suspensos). Quando Buheira descobriu que Maomé era daquela tribo, teve simpatia por ele, devido a similaridade das línguas, a amizade e o desejo de conhecimento. Então leu para ele alguns capítulos do Evangelho, da Bíblia e dos Salmos. Quando voltou para casa, ele disse para os amigos: " Ai de vós! Estais em grande erro e vossa adoração é nada e sem objetivo". Eles lhe
disseram: "Qual seu problema, Maomé?" Ele respondeu: "Encontrei o verdadeiro Deus". Eles perguntaram: "Qual o nome dele?" Ele respondeu "Seu nome é Allah(A Divindade). Ele criou o céu e a terra e todas as criaturas entre eles. Ele me enviou a vós como uma luz e sinal de compaixão". Eles disseram: "Poderias mostra-lo a nós para sabermos onde Ele está?" Ele disse"Ele mora no céu e vê tudo, mas é invisível".
Eles lhe responderam: "Temos uma divindade que adoramos e honramos. Herdamos esse culto de nossos ancestrais que nos deram a liberdade de satisfazer nossos desejos com tudo que possuímos". Então Maomé lhes disse: "O que me enviou a vós disse-me que concede-vos o que é melhor e maior do que o que dizes". Eles perguntaram: "O que é?" Ele disse "É um paraíso para onde Ele vos leva após a morte. Lá há comida, bebida e mulheres". Eles perguntaram: "Qual é a forma dessa bebida, comida e mulheres?" Ele respondeu: "Rios de mel, leite e vinho, com lindas
mulheres; lá não sentireis sede nem tereis lágrimas". Eles disseram "Sois o Mensageiro de Deus?" Ele respondeu "Sou." Eles disseram "Tememos nosso deus Al-Akbar" Ele disse "Adorem a Deus e honrem Al-Akbar". Alguns deles disseram: "Acreditamos em Deus, dissestes a
verdade." Então ele passou para outro grupo de coraixitas, a tribo de Maomé. Ele, mais tarde encontrou outro grupo. Tais pessoas deixavam que seus homens casassem com as filhas. Tais eram seus costumes, antes de conhecer a Deus. Maomé escreveu a Buheira tudo que lhe tinha
ocorido. Buheira proibiu aqueles costumes e, com grandes esforços, teve sucesso em leva-los às primas. Quando obteve aderentes suficientes dos árabes e de sua aristocracia, alguns continuaram reticentes. Ele então desejou a monarquia para si e formou um destacamento armado para lutar com quem o contradizia e disse : "Os que entrarem no Islã estarão seguros" e disse "Os habitantes do céu e da terra entrarão no Islã por vontade própria e alguns pela força."
Então, atacou um grupo, convenceu o outro com palavras adornadas e argumentos. Seu objetivo era governá-los e apressá-los a alcançar as mulheres, pois ele era muito ávido delas. Ele as desejava intensamente. Confirmando isto, ele não se sentia satisfeito com suas numerosas mulheres, mas desejou a esposa de Zeid quando a viu e a tomou dele pela força, fingindo que Deus a deu a ele por esposa e não a Zeid. Ele falou a seus seguidores sobre isto assim " Depois que Zeid atingiu seus desejos com ela, Nós (Deus) a demos a ti como esposa, Maomé". Ele fingiu que Deus o inspirou a fazê-lo. Mas seus seguidores disseram: "Mensageiro de Deus, o que Deus vos concedeu não é permitido a mais ninguém".
O muçulmano – Maldição sobre tu, incircunciso! Zeid pedira a ele que a tomasse e jurou que ela seria desleal por ele.
O monge – Ele fora obrigado, ou teria o mesmo destino que outros.
O muçulmano – O que ocorreu então?
O monge – Não ouvistes sobre o beduíno assassinado por seu profeta, na cama, enquanto Deus proíbe até que matemos os pássaros em seus ninhos? E quando perguntado por seus seguidores "Quem matou o escravo?" respondeu "Minha espada".
O muçulmano – Se encontras alguns defeitos na vida de Maomé para acusá-lo, então deveis confessar que ele teve a maior e mais importante honra e o maior crédito perante Deus pelo que fez aos descendentes de Ismael.
O monge – Ele os guiou seguindo sua vontade própria, não como Deus gostaria. E Maomé não ignorava que ele e vós estão longe da verdade e do caminho correto, dizendo "Eu não sei o que é de mim ou de vós. Estamos na claridade ou na escuridão?" Ele disse também: "Temam Deus o
mais que puderdes, talvez alcançareis sucesso". E ele determinou que em cada oração vós peçais que sejam guiados ao caminho correto, "Guia-nos, Ó Deus, ao caminho correto". Então, se estais corretos, não precisais pedirdes pela correção. Mas ele pede a Deus por ajuda. Mas desconsideremos o que foi dito. Vejam este exemplo. Suponha, Ó príncipe, que eu deixasse vossa presença em busca de sem sair do caminho para a pátria-mãe. Não precisarei de orientação mas de ajuda para chegar na Pátria-Mãe.
O príncipe – Certamente.
O monge – Se Maomé sabia que vós estáveis caminhando no caminho correto, não vos ordenaria pedir a Deus orientação e maturidade. Além disto, sabendo que sua oração não era aceita por Deus, ele ordenou a vós que orásseis por ele, e vos disse, "Vós, crentes, orai por ele, e lhe garantam a salvação".
O muçulmano – Não sabeis vós que Deus e Seus anjos oram por Maomé? Não teríamos nós que orar por ele também?
O monge – Deveríeis preferencialmente orar por vós mesmos e pedirdes perdão para vós mesmos para não serdes como o que tem fome e pede comida para outros; ou como o que sofre um ferimento e pede medicina para outra pessoa. Então, se vós, com Deus e Seus anjos, oram por
Maomé, quem irá aceitar vossas orações? Se tal é vossa opinião, igualais Deus e os anjos com a humanidade.
O muçulmano – A oração de Deus é uma graça concedida aos seus adoradores.
O monge – Quem se beneficiou da graça de Deus e de seus anjos não precisa de orações. Fazeis melhor em orar por vós mesmos.
O muçulmano –Não oram vós, Cristãos, pelo vosso Cristo?
O monge – Absolutamente não! –Ao contrário, oramos para Ele, porque ele é nosso Deus e Criador, e Ele aceita nossas orações como Seus servos se eles as fazem, e perdoa nossas faltas.
O muçulmano – Mas que blasfêmia mais evidente e péssima idéia! Vós adorais a um homem criado, nascido de mulher, que sofreu ignomínia. Tal é o que vós confessais, e tu, monge, não o negas. Debochais com insolência de nosso Profeta Maomé, o Escolhido.
O monge – Sobre minha vida, não falei de nada de mim mesmo, mas de vosso Livro e vosso Corão. Não confessais que Maomé era beduíno e coraxaíta?
O muçulmano – Sim.
O monge – Não sabeis que ele possuía muitas mulheres, algumas contra e algumas concubinas? Não concordais que ele era desejoso de mulheres e que usava a espada para matar os que o desobedeciam, e que tomou a esposa de Zeid?
O muçulmano – Sim, era a ordem de Deus, pois Deus o inspirara a fazê-lo.
O monge – Não confessais que ele morreu e que foi enterrado com trinta membros com ele sob o solo? Mencionamos apenas alguns dos atributos do vosso Profeta, os quais admitis. Por que contestais então?
O muçulmano – Maldito sejas! Contestamos que fazeis de Deus uma criança, e que Cristo é filho de Deus e que ele seja o Deus Eterno e Criador das criaturas enquanto ele é humano e nascido de uma mulher e Deus o considera como Adão a quem disse: "Seja!" e ele foi.
O monge – Então, Abu-Salamah, acreditais em tudo que vosso Profeta mencionou em vosso livro e que foi inspirado por Deus?
O muçulmano – Sim, tudo escrito no Corão foi inspirado a Maomé.
O monge – O Corão não menciona que Cristo é o Espírito de Deus e Sua Palavra dada por Deus à Maria?
O muçulmano – Mas não palavra eterna e sim criada.
O monge – Já foi Deus, em algum tempo, mudo, surdo ou vazio de qualquer palavra ou espírito?
O muçulmano – Deus me livre! Deus, sua Palavra e Espírito sempre foram presentes.
O monge – É a palavra de Deus Criadora ou criada?
O muçulmano – Criadora.
O monge – Vós adorais a Deus junto com seu Espírito e Palavra, não é?
O muçulmano – Eu adoro Deus, Sua Palavra e Seu Espírito.
O monge – Diga agora, então, "Eu acredito em Deus, em Seu Espírito e
em Sua Palavra".
O muçulmano – Eu acredito em Deus e em Seu Espírito e em Sua Palavra. Mas eu não faço deles três, mas um Deus.
O monge – Tal é minha opinião também; e minha crença e aquela de todos os cristãos de fé Ortodoxa. Eu gostaria agora de explicar os significados da Santa Eternidade: o Pai é Deus; o Filho é Sua Palavra; e o terceiro é o Santo Espírito.
O príncipe estava deitado. Então levantou-se, olhou o muçulmano, deu uma gargalhada e disse: "Abu-Salamah, o monge o cristianizou e o introduziu na religião cristã; és então um cristão!"
Abu-Salamah estava furioso. Então, um jurisprudente chamado Abul-Fadl Al-Halabi, disse a seus amigos: Se tivésseis me permitido desde o início, eu teria dialogado com o monge e vos mostrado sua derrota.
Então, ele olhou para o príncipe e disse: "Estejais informado, Ó príncipe, que os não-crentes estão no fogo do inferno e que quem quer que se lhes aproxime queima a si mesmo e Satã, que é o espírito da tirania, fala pelas bocas deles".
O monge – Por que nos insultais? Por que atribuís a nós o que vos é próprio e ao vosso profeta? Não falamos e provamos que Cristo é o Espírito de Deus e Sua Palavra a partir de vosso Corão e vosso Profeta? Se tendes certeza que o que mencionamos é satânico, é de vosso Profeta e Livro que falamos.
O príncipe – Que vergonha, Abul-Fadl! Teu silêncio era melhor e mais produtivo que tua fala. Desejara eu que Deus o provesse de mudez e silêncio; então estaríamos mais à vontade.
Então Abdul-Fadl, envergonhado, partiu.
Medieval Sourcebook
Paul Halsall November 1996
halsall@murray.fordham.edu
Israel e Gaza
diante dos tristes acontecimentos que todos testemunhamos recentemente, creio que é uma questão de honestidade e caráter me posicionar de forma clara quanto a isso, em face da do chamamento de amor do Cristo, mas também de que nosso dizer seja "sim, sim, não, não", ou seja, direto e claro e não com subterfúgios.
Israel está certo. O Hamas está errado.
Durante os anos de trégua o Hamas não parou de lançar mísseis em Israel. E lá também tem criancinhas mortas que a mídia não mostra.
O Hamas, de propósito, utiliza áreas civis para lançar seus ataques conra Israel para que, em caso de reação, eles possam mostrar as vítimas civis na TV.Vítimas civis, sim, mas vítimas do Hamas que não hesita em matar seus co-cidadãos pela sua "causa".
A Palestina tem uma política de lavagem cerebral *pesada* das crianças para que elas se coloquem em situação de risco e morram. A Palestina pede na TV para as crianças para que elas se deixem matar para que possam fazer showzinho com o sangue delas nas mídias internacionais. Vejam os links aqui:
Crianças de Gaza:
http://www.youtube.com/watch?v=TkwthDpeZWk&feature=channel
E quando, a despeito de colocarem os filhos na frente de si para que morram e virem "notícia", ele não conseguem isso, os covardes, encenam a morte de crianças para compensar, como pode ser visto aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=DzsCBFhCsyY
O que passa na TV Palestina
http://www.pmw.org.il/
Personagens infantis palestinos ensinando às crianças que matar é bom e que muçulmanos são superiores ao resto da humanidade e destinados a dominar o mundo:
http://www.youtube.com/watch?v=p-SA4nk5uds&feature=channel_page
http://www.youtube.com/watch?v=lZEGsnWZKh8&feature=channel
http://www.youtube.com/watch?v=lZEGsnWZKh8&feature=channel
http://www.youtube.com/watch?v=TAqtDxTW9ho
Vale lembrar que esse negócio de ensinar as próximas gerações que devem matar os judeus não fica restritos aos judeus. Eles não estão sequer defendendo a supremacia "árabe", porque o Islã não é apenas árabe. Os árabes cristãos são convidados a ajudar contra a "opressão de Israel", mas tão logo as pessoas que produzem esses vídeos tenham poder total, vão matar *também* os cristãos que se encontram no Oriente Médio.
E ainda, a confissão de que colocam mulheres e crianças na frente do fogo inimigo como verdadeira indústria da morte para mostrar ao mundo desenvolvido:
http://www.youtube.com/watch?v=g0wJXf2nt4Y
Aqui, os covardes arrastam as crianças para a linha de tiro:
http://www.youtube.com/watch?v=J08GqXMr3YE
Não é aceitável que um cristão apóie a "causa palestina" de modo algum. São pessoas que odeiam judeus *e* cristãos, pregam o ódio, colocam suas próprias crianças na linha de fogo para poder aparecer na mídia e desejam, qual os nazistas, dominar o mundo. E pouco importa se "dominar o mundo" é algo que dá para fazer ou não. Como vimos com os nazistas, os loucos que acham que é possível matam muita gente antes de falharem em seu propósito.
Um povo que utiliza suas próprias crianças como escudos humanos é um povo doente e de *covardes*. Um povo que trai acordos de paz jogando mísseis na "encolha" para depois ficar chorando feito uma menininha quando reagem é um povo doente e de *covardes*.
Se os palestinos realmente querem respeito, que cresçam como seres humanos. Em Israel, existem palestinos nos cargos públicos, politicamente organizados, protegidos pelas leis democráticas daquele país. E eles também morrem pelos mísseis covardes de seus "compatriotas". Quando houverem judeus no governo palestino, assim como há palestinos no governo de Israel, aí falaremos de respeito igual. Até lá, são *covardes* que se valem do poder das armas, da inocência das crianças e da mídia. *Covardes*.
Eu sei que a maioria dos muçulmanos são pessoas de bem e querem a paz tanto quanto nós. Mas assim como eu sei que existem pessoas ruins no Brasil, não posso me calar quanto às pessoas ruins de outros países só para ser politicamente correto ou corromper o amor cristão com condescendência com o pecado.
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Que Deus permita que os palestinos falhem vigorosamente antes que causem algo como uma nova guerra.
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E também quero registrar algumas palavras a respeito de como um cristao deve lidar com os judeus. Mas como sou menos que pó, vou deixar que a própria palavra de Deus, o Espírito Santo, através de São Paulo em sua epístola aos Romanos, nos ensine o que Deus quer dos cristãos sobre os judeus:
Deus é fiel ao povo judeu apesar da incredulidade deles. A incredulidade deles não cancela a fidelidade de Deus quanto às promessas que fizera aos patriarcas judeus.
Romanos 3
1 Qual é pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?
2 Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas.
3 Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus?
4 De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado.
São Paulo aceitaria se separar de Cristo se isso ajudasse a salvar os judeus
Romanos 9
1 Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo):
2 Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração.
3 Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;
4 Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas;
5 Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém.
Os Judeus convertidos são o ramo que sustenta os gentios (todos os não judeus) batizados no Corpo de Cristo. Eles são os ramos naturais, nós os enxertados por misericórdia.
Romanos 11Apesar de alguns serem inimigos do evangelho, Deus ainda ama o povo judeu como um todo:
18 Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.
19 Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.
20 Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme.
21 Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.
22 Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.
23 E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.
24 Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!
25 Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.
26 E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o
Libertador, E desviará de Jacó as impiedades.
27 E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.
28 Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais.
E isso acontece porque Deus não se arrepende das promessas feitas ao povo judeu. Ele mantém e manterá todas.
29 Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.E ainda há esta Encíclica do Patriarca de Constantinopla Metrófanes III, no século 16:
Os judeus residentes da ilha de Creta nos relataram em alto e bom som e com muitas lágrimas que alguns cristãos os têm tratado mal. Às vezes os cristãos os entregam injusta e caluniosamente aos honoráveis governantes da ilha. Às vezes os cristãos fazem planos injustos contra eles, assim como os ferem e perturbam. Às vezes, os cristãos os atacam veementemente.
Além disso, os cristãos irracionalmente apressam-se em maltratar os judeus, pensando que receberão uma recompensa do Deus de todos. Por esta razão, escrevo esta carta em nome do Espírito Santo, para declarar a todos os cristãos que cometem tais ações injustas e levantam falsas acusações contra os judeus e causam todo esse mal e destruição injustos e irracionais contra eles... esses cristãos que cometem tais ações insolentes contra os judeus estão excomungados do Deus Todo-Poderoso e estão amaldiçoados e permanecem sem perdão mesmo depois da morte.
Injustiça e calúnia, a despeito de contra quem sejam feitas ou atiradas contra, são, ainda, injustiça. A pessoa injusta não é nunca aliviada da responsabilidade de tais ações sob o pretexto de que sejam realizadas contra uma pessoa heterodoxa e um não-crente. Como Nosso Senhor Jesus Cristo diz nos Evangelhos, não oprima ninguém, nem acuse falsamente...
Essays on Orthodox Christian-Jewish Relations, Cap. 05, por Pe. George C. Papademetriou
A única figura proeminente a condenar as perseguições contra os judeus durante a guerra civil que se seguiu à Revolução Bolshevik, aberta e diretamente, foi o cabeça da Igreja Ortodoxa, Patriarca Tikhon.
Richard Pipes, Russia Under the Bolshevik Regime (Harville Press, 1994)
domingo, 11 de janeiro de 2009
O Que é a Igreja Ortodoxa
Amigos,
realizamos um estudo no dia 10 de janeiro de 2009 sobre o que é a Igreja Ortodoxa e gostaria de compartilhar aqui com vocês.
O estudo foi fundamentado na definição que o Evangelho e Credo dão da Santa Igreja e foi também baseado no livro "A Mentalidade da Igreja Ortodoxa" do Bispo Hieorotheos de Nafptakos, cujos primeiros capítulos estão traduzidos e resumidos aqui.
Segundo o Novo Testamento, a Igreja é o Corpo de Cristo. Não como metáfora, mas literalmente. Isto foi a revelação de Nosso Senhor Jesus a São Paulo.
Quando ainda se chamava Saulo e era fariseu, o futuro apóstolo perseguia os cristãos onde quer que estivessem, levando-os a julgamento e mesmo a morte. Quando estava a caminho de Damasco, Jesus Cristo aparece para ele e diz: "Saulo, Saulo. Por que me persegues?"(ênfase minha).
O significado disto é que a Igreja é o Corpo de Cristo, persegui-la é perseguir o próprio Jesus Cristo, agredir um cristão é, literalmente, repetir o que os soldados romanos fizeram durante Sua Paixão.
Não por outro motivo, São Paulo repete inúmeras vezes em suas epístolas que os cristãos ortodoxos somos os membros do Corpo de Cristo e o Espírito Santo habita a Igreja, ou seja todos os cristãos ortodoxos e essa é natureza da Comunhão, como nosso próprio espírito habita em nosso corpo.
O modo dessa participação corporal na natureza de Cristo está plenamente revelada ao longo de todo o Novo Testamento e mais discretamente no Antigo. Mais evidentemente na Segunda Epístola de Pedro, capítulo 1, versículos 3 e 4:
3 Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude;
4 Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.
mas também da boca do próprio Jesus Cristo quando ele diz em São João 8:12
Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.
e, ao mesmo tempo, em São Mateus 5:14
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Ou seja, ele é a Luz do mundo, como dizemos no Credo "Luz de Luz". E ao mesmo tempo, o cristão é "luz do mundo" também. Ou seja, o Cristão Ortodoxo, quando realmente participa do Corpo de Cristo, isto é, da Igreja, é participante da natureza deste corpo, da natureza de Cristo. A Luz que é o Cristo, brilha através de nós.
Nós participamos da energia de Deus assim como a lâmpada da nossa casa participa da energia da usina hidroelétrica que a produz.
A energia não é da lâmpada, ela não teria como produzi-la, mas é a *mesma* energia que está lá na usina.
Assim é com as energias de Deus (o Amor, a Graça, a Glória, a Misericórdia, a Justiça, a Luz, a Presença, etc., etc.). Ele é a "usina" sendo que de energias infinitas, e nós somos as lâmpadas. Não há realmente, literalmente, virtude em nós, pois apenas o Pai é Bom. Se abrimos a visão espiritual (chamada na Igreja Ortodoxa de 'nous') essas energias de Deus nos inundam o coração e todo nosso ser e, como uma esponja no mar, ficamos cheios delas. E esse é nosso estado natural, "cheios de Graça", que Jesus Cristo veio resgatar. E isso é "participar da natureza Divina", ser Corpo de Cristo, assim como as lâmpadas são corpo da usina estando ligadas a ela, e a esponja é corpo da água que está nela, sem que a lâmpada seja a usina ou a esponja seja o mar.
(ou "O trecho que você pode pular se não gosta de detalhes" :) )
Como nota adicional, vale lembrar que o Novo Testamento afirma inúmera vezes que somos "energizados" por Deus, que uma "energia" sai dEle, que devemos viver a Energia dEle, mas isso não fica transparente nas traduções ocidentais. As palavras gregas "dynamis", "energon", "energematon" podiam significar tanto a energia do trabalho, quanto o trabalho em si mesmo, ou o resultado do trabalho.
Vejamos dois exemplos, o primeiro com a palavra energon e o segundo com dynamis.
I Coríntios 12:06
Original
καὶ διαιρέσεις ἐνεργημάτων εἰσίν, ὁ δὲ αὐτὸς θεός, ὁ ἐνεργῶν τὰ πάντα ἐν πᾶσιν.
Transliteração
ki diaresis energemáton issín, o de avtos Teós, o energon ta pánta en pãssin.
Tradução Vulgata Latina tradicional:
6 et divisiones operationum sunt idem vero Deus qui operatur omnia in omnibus
Tradução Modernas
Protestante Almeida Corrigida e Revisada Fiel:
6 E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Católica Ave Maria
6 Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Vale lembrar que "operações", palavra derivada de "operationum", provavelmente no Latim original tinha a mesma ambiguidade de "energemáton", significando tanto a energia do trabalho, quanto o trabalho em si mesmo.
Tradução moderna correta:
6. E há diversidade de energias, mas é o mesmo Deus que energiza tudo em todos.
E o segundo exemplo, com a palavra dynamis.
São Lucas 08:46
Original:
ὁ δὲ Ἰησοῦς εἶπεν, Ηψατό μού τις, ἐγὼ γὰρ ἔγνων δύναμιν ἐξεληλυθυῖαν ἀπ' ἐμοῦ.
Transliteração
o de Iesus ipen, Epsató mi tis, ego gar egnon dynamin ekselelythyan ap' emi.
Tradução Vulgata Latina tradicional
46.et dixit Jesus tetigit me aliquis nam ego novi virtutem de me exisse
Nota: "virtude" no Latim, era mais do que simples um elemento do bom caráter moral. Era literalmente uma "força".
Traduções modernas:
Protestante Almeida Corrigida e Revisada Fiel:
46 E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude.
Católica Ave Maria:
46. Jesus replicou: Alguém me tocou, porque percebi sair de mim uma força.
Como vemos a protestante preservou a versão latina na qual "virtude" significa "força". Já a versão católica, mais atenta ao fato de que a palavra "virtude" hoje já não é entendida como "força", porém como uma "característica moral boa", resgatou o sentindo, realizando uma tradução correta.
Ou seja, em diversos trechos do Novo Testamento em que vemos "virtude", "obra", "operação", a melhor tradução seria "força", "energia" e as palavras delas derivadas, especialmente nos contextos em que se dá a relação Deus-Homem.
Entendendo que a Igreja Ortodoxa é o Corpo de Cristo através da participação na natureza divina pela participação do Cristão Ortodoxo nas energias de Deus, tornada possível pela Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, unindo a natureza humana e a natureza divina em Sua Pessoa, fica mais fácil compreender as quatro características da Igreja que encontramos no Credo. São as quatro características do Corpo de Cristo.
O Corpo de Cristo é Uno
Jesus Cristo verdadeiramente encarnou-se e teve um corpo de carne como o nosso. Esse corpo teve as mesmas características que qualquer corpo.
A única diferença é que foi o primeiro corpo a ser restaurado, pela Ressurreição, à forma original pretendida pelo Pai.
O Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após a Ressurreição é chamado "glorioso" porque não é um corpo como o que temos, que fica doente, se fere e morre. É um corpo que não se corrompe.
Ao mesmo tempo que é como o corpo de Adão antes da Queda, o Corpo de Nosso Senhor após a Ressurreição é ainda "melhorado" porque é um corpo humano, restaurado, mas também "pós-Encarnação". É Adão restaurado e plenificado.
É neste Corpo que participamos. Todos seremos ressuscitados, mas o que ressuscitarem como Corpo de Cristo, estarão com Ele que é a Vida, a Verdade, o Verbo, o Caminho. Os que não... não. Estarão fora do Corpo da Vida, da Verdade, do Verbo, fora do Caminho. Tal estado é o inferno.
O Corpo de Cristo, como vimos, é um corpo de carne em tudo menos na corruptibilidade. É a carne original, santa, gloriosa, imaculada e glorificada.
Sendo um Corpo de Carne ele só pode ser um. Não existe uma pessoa com vários corpos, a não ser em filmes de ficção científica e gibis. Se a Igreja é o Corpo de Cristo e o Corpo de Cristo é um Corpo, então só há uma Igreja.
Sendo um Corpo de Carne ele é visível e delimitado. Não pode haver "igreja invisível" ou "impossível de definir qual é a verdadeira", porque é impossível tanto existir um corpo invisível quanto é impossível imaginar que não dá para dizer onde o "Zé" começa e acaba. Quando não conseguimos ver os limites de um corpo, vendo tudo borrado, não é porque o corpo é borrado. É porque nossos olhos estão doentes.
Sendo um Corpo de Carne e não podendo ser invisível, também não pode ser apenas parcialmente invisível. Não pode haver no corpo uma cabeça invisível de Cristo e uma segunda cabeça visível. Não existem corpos com duas cabeças, nem com cabeças invisíveis. A cabeça visível do Corpo de Cristo é aquela "barbuda e de cabelos longos" que vemos no ícone e está, muito adequadamente, ainda presa e visivelmente ao pescoço dEle. A administração da Igreja não precisa recorrer a distorções teológica para simplesmente escolher um moderador ou presidente da assembléia de bispos, seja este homem um bispo ou um rei.
Sendo um Corpo de Carne, e pela promessa de Cristo que as forças do Inferno não prevaleceriam sobre o Seu Corpo, o Corpo de Cristo não pode ser um amontoado de pedaços separados uns dos outros, como se os pedaços esquartejados de um corpo pudessem continuar vivos e saltitantes por aí. Um corpo que fosse dividido em muitos "corpos" menores, simplesmente morreria, e todos os pedaços seriam apenas pedaços mortos de um corpo outrora vivo. Ser um, para um corpo, simplesmente significa que ele está vivo. Os que crêem que o Corpo de Cristo, a Igreja, está dividido, sem perceberem, defendem que Deus morreu na carne e que a promessa de Cristo de que as forças do Inferno não prevaleceriam, não se cumpriu. É assim que o demônio nos seduz com idéias elegantes a blasfemar contra Deus.
O Corpo de Cristo continua sendo Um, Indiviso no corpo e na cabeça, Visível no corpo e na cabeça, a Cabeça de Cristo continua sendo exclusivamente a que Ele possui sobre os ombros, o corpo ainda é Contínuo e Delimitado. Ou seja, continua estando Vivo e sendo um Corpo.
O Corpo de Cristo é Santo
A Santidade, propriamente, é exclusiva de Deus. Como vimos quando estudamos as energias de Deus qualquer santidade que vejamos em um ser humano, os chamados "santos", nada mais é que a própria Santidade de Deus apenas brilhando através deles por terem se aberto, através do amor, ao próprio Deus.
Tanto "sanctus" quanto "agyos", que significam "santo" respectivamente em latim e grego, passam a idéia de algo colocado a parte, separado, diferente.
Só Deus é realmente "separado" de toda a Criação. Sendo o Criador de tudo, inclusive das leis da Criação, não está submetido a elas e portanto em nada se assemelha a Criação como um todo. Tanto que na Criação, um indivíduo só pode ser uma pessoa. Deus, entretanto, é individual, só é um, mas é, ao mesmo tempo, três pessoas. Isso só é possível porque, sendo o criador da regra de que um só pode ser um, Deus não está submetido a ela, pois a regra não existia antes dEle.
Sendo assim, toda essa busca de "identidade", "originalidade", "individualidade" que vemos no mundo, e os seus meios: afirmação profissional, artística, "ser feliz" é completamente fútil, pois a única forma de atingir verdadeiramente o "ser diferente" não é participar de algum grupo com roupas e hábitos exclusivos ou exóticos. O único jeito de ser "diferente", "a parte" ou "santo" é participando na única verdadeira diferença, a única verdadeira santidade, que é a de Deus.
Nosso estado natural é participar da "diferença" de Deus, de Sua Santidade. Isso é possível porque, diferente do resto da Criação, seja natural ou sobrenatural, nós somos a parte da Criação que foi feita à imagem e semelhança dEle. Então podemos participar, pelos meios já explicados, das energias dEle, inclusive a Santidade, de forma subsidiária, limitada e absolutamente dependente e sem mistura.
Por isso é que Nosso Senhor Jesus Cristo diz que devemos ser perfeitos como o Pai é perfeito, e também pede que sejamos Santos. Isso não significa nem tornar-se Deus, nem é uma metáfora que seria, na literalidade, impossível.
Ser perfeito como o Pai é, deixando-se ensopar pelas energias de Deus, deixando-se imergir no reino, domínio de Deus, restaurar a semelhança de Deus. Isto é algo que seria impossível com nossas próprias forças, pois o finito em nada se assemelha ao infinito. Mas o infinito, por não conhecer limites, pode superar inclusive esta *nossa* limitação.
Ser santo, portanto, é participar na Santidade do Único que é Santo, pelo Espírito Santo, em Nosso Senhor Jesus Cristo, na Perfeição do Pai. É a única originalidade, individualidade e diferença possível. O resto não passa de "variações sobre o mesmo tema".
O Corpo de Cristo é Católico
Muitos pensam que "católico" é o nome de uma instituição. Entretanto, não é um nome, mas uma qualidade.
Alguns também pensam que "católico" significa "universal" o que não é verdade. O termo grego para o que é universal é "kosmico" que em português deu a palavra "cósmico" e "cosmos" é sinônimo de "universo".
Igualmente, a palavra grega que significa "universal" no sentido geográfico, de englobar o mundo inteiro habitado era "oikumenicos" que vem de "oike" que significa habitação.
Se na definição se quisesse dizer "universal" seria dito "kosmico" e se quisesse dizer "no mundo inteiro" diria "oikumenicos". Mas não é isso que está lá, e sim "kat' holicos".
A palavra "católico" vem do grego "kat' holikos" que significa "de acordo com o todo". "Holikos" vem de "holos" que deu a palavra "holístico" em português. Portanto "kat' holikos" também significa "o que é integral, pleno".
O Corpo de Cristo é integral, pleno. Não é dependente de nenhum povo, país, cidade, bispo, rei ou livro.
O fato de ser integral e pleno significa:
1) que não importa quantas pessoas, cidades, povos, bispos, reis, países ou livros se separem da Santa Igreja, ela continua inteira, plena, completa, sem necessidade balancear ou complementar-se em lugar algum; o Corpo de Cristo não depende de nada nem de ninguém;
2) que cada cristão ortodoxo que participa da Igreja, participa dela inteira, mesmo que nunca saia de sua paróquia;
3) que cada unidade de "bispo, padres, diácones, leigos e monges" é a Igreja inteira;
3.5) Nota: Arcebispos, Metropolitas, Patriarcas e Papas não são ordens superiores a Bispo. A ordem máxima é bispo. Aqueles títulos são apenas nomes diferentes para uma certa *função administrativa*. Por exemplo, é como em um time de futebol. O capitão (seja Arcebispo, Metropolita, Papa ou Patriarca) é um jogador como qualquer outro. Ele tem o privilégio de orientar os demais jogadores, por sua visão tática reconhecida, mas não pode nem deve jogar na posição dos outros. Se o capitão for "fominha" atrapalha o time como qualquer outro jogador faria, pois ser "capitão" não é algo acima de "jogador", é apenas uma função no time.
Vale lembrar também que o "capitão" pode ser qualquer jogador de qualquer posição. É um privilégio concedido pela visão tática. Igualmente, o primaz da Igreja poderia ser qualquer um dos bispos, é um privilégio que ele tem enquanto mantém a Ortodoxia. Assim como a visão tática confere o título de capitão, a Ortodoxia é que confere o título de Primaz. Nunca será o contrário, simplesmente alegar que por ter o título de "capitão" ou de "primaz" ele passa a ser a definição do que é taticamente correto ou do que é ortodoxo. A tática eficiente e a ortodoxia funcionam por si só e não dependem de títulos ou funções administrativas. Portanto, é preciso primeiro ser fiel à Ortodoxia para ser Primaz e se o Bispo que portar este título se afastar da Ortodoxia, deixa de ser, neste exato momento, cristão, quanto mais bispo e primaz.
4) Que a Igreja é plena em todos os lugares e todos os tempos. Se ela fosse se "desenvolvendo" ou se uma região do mundo possuísse parte da verdade e outra região uma outra parte, então o Corpo seria fragmentado. Onde o Corpo está, ele está inteiramente, hoje, ontem, amanhã e em todos os lugares. Por isso o estudo da vida dos santos e dos escritos dos pais da igreja e de outros santos são tão importantes. Deus não mudou e Seu Corpo não tem que se adaptar aos "dias de hoje". Ao contrário, os "dias de hoje" é que, se alterando para integrar o Corpo de Cristo são curados de seus males e se tornam plenos e holísticos.
5) que o Corpo de Cristo é a plenitudade da Vida, da Verdade e da Graça. É um fato observável que outros grupos religiosos possuem verdades parciais. Porém, quando falam de Deus, quando falam de Cristo, esforçam-se pelo intelecto, pela pesquisa, pelo debate, pela emoção, compreender a Verdade. O Corpo de Cristo é o Corpo da Verdade. Nós não temos uma idéia dEle, não O debatemos, não O sentimos nem pesquisamos. Nós participamos nEle. Somos membros da Verdade, como nossa mão é membro de nosso corpo. Não contemplamos com nossa filosofia o Espírito Santo. Ele habita em nós, porque o Espírito Santo de Deus habita o Corpo do Filho de Deus, de modo semelhante como nosso espírito habita nosso corpo. A Verdade Absoluta é algo que nenhum homem jamais terá dentro de seu intelecto ou emoção, mas é algo dentro do qual ele pode entrar, e participar como membro. Jesus Cristo não é um homem que falou a verdade. Ele *é* a Verdade assim como eu sou eu. Todos nós já vimos aquela figura da morte, com capuz e foice. Ninguém diz, ali está um ser que fala da morte, que traz a morte. Quando vemos a figura, sabemos que *é* a morte. Igualmente, Jesus *é* a Vida. Jesus *é* a Verdade. Por isso São Paulo diz que "nEle vivemos e nos movemos" e "já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim". Ele não "apreendeu a Verdade" mas, deixou-se apreender na Verdade, sendo que a Verdade em certo momento histórico tornou-se homem pela Virgem Maria e chamou-se Jesus, foi morto e ressuscitou ao terceiro dia.
6) Um detalhe pouco conhecido é que "católico" e "ortodoxo" eram praticamente sinônimos. Isto porque "ortodoxia" vem de "ortho" e "doxa". "Ortho" significa "correto". O "ortodentista" é quem coloca os dentes na posição correta. O "ortopedista" é quem coloca os pés na posiçã correta e assim por diante. "Doxia" significa tanto "opinião" quanto "louvor". Assim a "ortodoxia" consiste em ter a opinião ou louvor corretos. Comparando com o ortodentista, o dente "pleno", "integral", completo, perfeitamente saudável, é, evidentemente, o dente que está "correto". Um dente podre por dentro logo sairá da posição correta, caindo. Um dente na posição errada estará mais vulnerável às cáries e infecções. Então ser "pleno" e ser "correto" são conceitos semelhantes dentro do Corpo de Cristo. Apenas modernamente "ortodoxia" ficaria sendo o nome da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica e "católico" o nome da comunidade de fé que cerca o "papa".
O Corpo de Cristo é Apostólico
"Apóstolo" significa "enviado". O primeiro motivo de o Corpo de Cristo ser chamado apostólico é porque Jesus Cristo é "apóstolo" do Pai:
Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão,Então, o Corpo do Sumo-Apóstolo evidentemente tem que ser apostólico, isto é, cumpridor da função de "ser enviado".
Hebreus 3:1
Mas enviado para o quê? Simplesmente ensinar a doutrina de Jesus? Simplesmente divulgar profecias?
Se Deus quisesse simplesmente anunciar uma idéia, uma informação ou mesmo uma atitude ou fazer profecias, não precisaria ter vindo pessoalmente para isso. Ele sempre pôde e de fato gerou profetas, pessoas justas, professores, sábios e filósofos que fizeram e ainda fazem tudo isso.
É evidente que Ele *também* fez isso, mas não foi *apenas* para isso que Ele veio. Deus veio para fazer algo que só Deus poderia fazer: unir a natureza humana à natureza divina na Pessoa de Jesus Cristo, restaurando nossa natureza à condição anterior a da Queda através da infusão do Espírito Santo. Não é por outro motivo que vemos em São João, capítulo 22:
22 E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.O que é isto senão o mesmo Deus do Gênese, agora já encarnado, morto e ressuscitado como homem, repetindo, ali, em todo os Apóstolos, aquilo que Ele mesmo já fizera antes tantos milênios antes, no início:
7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
Gênese 02
Quando Deus primeiramente dera a vida ao homem, soprou no barro e Adão viveu. Agora, o próprio Deus *repete* o ato para, não apenas restituir a vida do Paraíso, porém uma vida ainda mais plena na Glória do Espírito Santo que nem Adão conhecera.
Este ato registrado nas Santas Escrituras e realizado primeiramente por Nosso Senhor é o que repetimos no Mistério do Santo Crisma, no qual, como os Apóstolos e como Adão no Paraíso, o cristão batizado recebe o dom do Espírito Santo. Não como participar plenamente do Corpo de Cristo se não há o dom do Espírito Santo, como o próprio Cristo demonstrou.
O fato de o Pentecostes ter decido sobre os Apóstolos e de Cristo ter soprado sobre os Apóstolos demonstra também que o grupo dos Apóstolos como um todo é a fonte "mediadora" da Apostolicidade do próprio Cristo e do resto da Igreja. A Igreja é Apostólica. Não é "petrina". Não é "bíblica". Não é "papal", "episcopal", "presbiteriana", "metodista", "evangélica", "luterana", "calvinista", "universal", "pastoral", "carismática", "anglicana". O Corpo de Cristo é Apostólico. No que tange a parte doutrinária, é o ensino dos Apóstolos que constitui o ensino da Igreja e não o ensino de bispo, rei, colégio, ou exegetas. A validade de uma análise dos Evangelhos é sempre medida pela comparação com o ensino dos Apóstolos. Quem repete o mesmo ensino, sem desenvolver, nem cortar, faz parte da Igreja Apostólica. Quem não o repete, mas desenvolve ou suprime, não está sendo Apostólico e não está falando em nome do Corpo de Cristo.
Os Pais da Igreja, sejam gregos ou latinos, antigos ou modernos, o são porque souberam expressar bem, sem mudar, o ensino apostólico e não por "criatividade" ou "originalidade" filosófica. E isto só é possível por pessoas que repetiram a mesma experiência dos Apóstolos, isto é, realizaram a fé intensa, o amor, o sacrifício e a vida de Cristo.
O Ensino Apostólico não é fruto de filosofia ou educação, nem tampouco apenas da sucessão de bispos até os apóstolos, embora esta última seja importante porque o Corpo é físico e portanto a transmissão também é.
O Ensino Apostólico é fruto de participar daquilo que os Apóstolos participaram, ou seja, do Corpo de Cristo. O Teólogo não é uma pessoa que "estudou muito" (embora isso nem sempre seja obstáculo). O Teólogo é uma pessoa já "imersa em Cristo", participante da Graça, da Verdade, da Misericórdia e que viu a Luz Incriada de Deus. Quando oramos, somos um pouco teólogos, conforme São Máximo.
Outro aspecto da apostolicidade é o ser "enviado". É através das pessoas que já são Corpo de Cristo que os que estão fora passam a participar dEle. Por isso é que vemos em São João 20, que
após soprar sobre os Apóstolos, Jesus Cristo continua dizendo:
23 Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.É através de quem participa de Si que Jesus Cristo chama para Si os que ainda não o foram. "Vós sois a luz do mundo", e "Vós sois o sal da terra", disse Jesus Cristo. Jesus Cristo ordena que "anunciemos a Boa Nova" para todos os povos da terra. Ser Cristão é ser missionário.
Isso não significa, porém, proselitismo, isto é, ficar tentando convencer as pessoas a "aceitar Jesus".
Significa, antes de mais nada viver realmente a vida Cristã. Se a Luz que é o Cristo não estiver em nós, não estará em nossas palavras. Como pediremos aos grandes pecadores que se contenham se não conseguimos nem conter nossos pequenos pecados?
Significa que vivendo uma vida cristã de oração, jejum, boas obras e amor ao próximo, a Luz de Cristo brilhará naturalmente através de nós. Estaremos sendo as "lâmpadas" da "energia" da "usina". Não adianta fingir que temos a "energia" com belas palavras. Cedo ou tarde seremos flagrados e mesmo que não o sejamos pelos homens, a Verdadeira Fonte sabe que não estamos ligados a Ela. Ser missionário é tornar-se radiante na luz de Cristo e assim nossos atos e palavras serão radiantes.
Ser apostólica, enviada, significa também que a Igreja coloca a nossa nacionalidade, nossa posição social, familiar e econômica, nosso "ego" em último plano, conforme vemos nos seguintes versículos:
Romanos 10:12 Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.Na época dos apóstolos havia um preconceito dos gregos contra os judeus, mesmo apesar de serem os judeus que aceitaram o Cristo. Este preconceito existia porque os gregos possuíam toda a cultura clássica da Grécia, enquanto os judeus lhes pareciam pessoas rudes e ignorantes. São Paulo, então, lembra da missão apostólica da Igreja, dizendo que uma vez pertecendo ao Corpo de Cristo, classes sociais, sexos, etnias, nível cultural, e todo tipo de coisa semelhante desaparece. Somos "um em Cristo Jesus", "Cristo é tudo em todos" e Ele é "o Senhor de todos".
Gálatas 3:28 Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
Colossenses 3:11 Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.
Graças a essa admoestação de S. Paulo e de seu esforço na missão apostólica aos gentios, hoje, gregos, árabes, eslavos, escandinavos, africanos, ocidentais e povos do Novo Mundo fazem parte do Corpo de Cristo. E continua sendo missão dos que estão dentro, auxiliar e pregar para os que estão fora.
Deus veio ao mundo para que todos sejam salvos através da participação no Corpo dEle e não para defender ou atacar culturas, ideologias, civilizações, doutrinas, filosofias, etnias, interesses políticos, comerciais ou de familiares.
E o Corpo de Cristo é a Igreja e esta, por ser Una, Santa, Católica e Apostólica, pode legitimamente ser chamada de Orto-doxa, compravado por ter preservado retamente o mais recorrente mandamento dos salmos: Louvai!
Doxa si, o Theos!
Salmos 119:7Louvar-te-ei com retidão de coração quando tiver aprendido os teus justos juízos.Salmo 1501 Louvai ao Senhor. Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder.
2 Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme a excelência da sua grandeza.
3 Louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa.
4 Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos.
5 Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes.
6 Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor.