Caríssimos,
É comum ouvirmos no Brasil que já foram feitos certos documentos e acordos de união entre as igrejas católicas Ortodoxa e Romana, que existiriam documentos permitindo ortodoxos frequentarem e mesmo comungarem na Igreja Romana, em suma, que seriam basicamente a mesma igreja e que a união seria um fato quase consumado.
Tais informações são rigorosamente falsas.
Confirmaremos isso na exposição do Protopresbítero Pe. Georgio Tsetsis, representante do Patriarcado Ecumênico no Conselho Mundial de Igrejas e veterano de diálogos ecumênicos.
Sobre todos acordos, documentos e declarações conjuntas já realizados, afirma o Protopresbítero:
A agenda das conversas bilaterais é muito cheia. Ela cobre uma gama de questões teológicas, eclesiológicas e pastorais, relacionadas, por exemplo, com fé e dogma, as fontes da revelação divina, tradição apostólica, cristologia, a natureza da missão da Igreja, a unidade da Igreja, os sacramentos, a autoridade da Igreja, a vocação de São Pedro, o testemunho do Cristianismo no mundo moderno e até questões pastorais sobre casamentos inter-religiosos.
Nessa altura, dada a confusão que reina sobre os objetivos dos diálogos e a natureza dos "Documentos Conjuntos" que são escritos nesses encontros, pode ser útil sublinhar uma coisa: que esses diálogos não são "concílios de unidade", e que os textos que publicam não possuem natureza de "acordos", muito menos de "uma confissão comum de fé", como muitos acreditam e persistentemente repetem.
Como o Pe. Theodoros Zisis muito competentemente afirmou na 3a. Conferência Pré-Conciliar, quando ainda era um professor leigo,
"qualquer um que estude as atas dos Sínodos Ecumênicos perceberá que antes de os pais do sínodo chegarem no ponto de formularem os termos, houve um longo período durante o qual os problemas foram esmiuçados e analisados , posicionamentos e estudos foram investigados e então, com base em tal preparo, o sínodo define a formulação dos termos."
(...)
Devemos enfatizar quantas vezes forem necessárias que esses encontros são de natureza exploratória e que os textos preparados neles não são mais que "textos de trabalho" enviados por aqueles que os escreveram para as Igrejas que representam para avaliação e comentário. E naturalmente em ad referendum para o Grande e Santo Sínodo. São meramente textos de apoio na estrada para a unidade cristã, textos que as igrejas têm a liberdade de rejeitar, como já foi demonstrado na prática.
(...)
A questão óbvia que surge quanto a esse ponto é se, e até que ponto, os bispos, padres, professores e teólogos que tomam parte nesses diálogos realmente representam a "linha" oficial de suas respectivas igrejas e até onde o que expressam é meramente suas próprias ideias teológicas pessoais, e com as quais será impossível que as igrejas que os escolheram como representantes se identifiquem. A solução desse problema ajudará muito na prevenção de mal-entendidos quanto a natureza das conversas e do papel que os delegados das igrejas têm nelas.
(...)
O que nossas contrapartes devem cuidadosamente evitar em conversas entre eles, é expressar pontos de vista diametralmente opostos aos que formulam quando conversam com os Ortodoxos. O diálogo ecumênico deve, acima de tudo, ser um "diálogo em verdade". Pelo menos, esse é o sentido que foi entendido pelos Ortodoxos quando, cerca de 35 anos atrás, através de uma decisão Pan-Ortodoxa, inauguramos conversas com várias igrejas heterodoxas, tendo como objetivo uma estrada comum de cristãos em direção a união.
Mas quando nessas conversas, posições contraditórias são expressas por questões de "cortesia ecumênica" ou meramente para que em dado momento haja alguma empatia com a tradição teológica do interlocutor, então não apenas a verdade não foi manifestada, mas também não há promoção da jornada comum pela unidade cristã, que é precisamente o principal objetivo das conversas em primeiro lugar.
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