por Sua Eminência Jeremias (Foundas) de Gortyna e Megalópolis (Grécia)
Fonte: http://oodegr.co/english/istorika/romi/Patristic_theology_vs_Latin_tradition.htm
Tradução: Lr. Fabio L. Leite
Tradução: Lr. Fabio L. Leite
Não para o Fim da Era Patrística
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Mas também temos um outro tipo de plani (ilusão espiritual) dos Franco-Latinos sobre os Pais da Igreja; similar à que mencionamos no item anterior, mas pior: a ilusão de que a era da teologia patrística teria acabado depois de Fócio, o Grande. O pior é que essa ideia do fim da teologia patrística encontrou chão fértil mesmo em solo ortodoxo helênico. A questão é simples e é como segue:
No início do século 9, os francos introduziram o filioque (a tese de que o Espírito Santo procede não apenas do Pai, mas também do Filho) no Símbolo de nossa Fé, o Credo (NT). Nessa época, todos os cinco patriarcados romanos (de Roma, Nova Roma, Alexandria, Antioquia e Jerusalém) condenaram formalmente tal ensino como herético no Oitavo Concílio Ecumênico (879). Como os francos não podiam reconhecer como Pais aqueles que lutaram contra o seu filioque, por essa razão viram-se forçados a alegar que a tradição teológica patrística terminara no século 8. Afinal de contas, os Francos já haviam condenado também o Sétimo Concílio Ecumênico (794); de modo que sequer aceitavam São João Damasceno como um Pai da Igreja. Mais tarde, porém, durante o século 12, sob a pressão de itálo-lombardos e dos romanos ocupados no sul da Itália, os francos foram forçados a finalmente aceitarem o Sétimo Concílio Ecumênico, incluindo assim São João Damasceno entre os seus Pais da Igreja. Até hoje, os ocidentais crêem que o último Pai “Grego” da Igreja foi São João Damasceno.
Esse ponto de vista, ou melhor, essa heresia, sobre o suposto fim da era patrística, também foi aceito pelos russos (10), com a diferença de que para eles o último pai teria sido Fócio, o Grande. Assim, os russos incluem entre os Pais da Igreja aquele que lutou contra o filioque. O problema é que essa heresia também foi aceita por alguns gregos modernos (11), que falam de um antigo “período patrístico” e que não existem mais Santos Pais em nossa época.
Os francos, russos e junto com eles os gregos modernos que pensam que a era patrística terminou foram excomungados por nossa Igreja, já que quando o Concílio de Constantinopla em 1368 proclamou Gregório Palamas não apenas um santo da nossa Igreja, mas também um Pai, excomungando ali todos os que não o aceitam como um Pai da mesma estatura dos Pais mais antigos da Igreja. Entretanto, São Gregório Palamas viveu durante o século 13, em outras palavras, muito depois de São João Damasceno ou de São Fócio, que são considerados pelos grupos acima como os últimos Pais da Igreja.
Ou seja, através do reconhecimento conciliar de São Gregório Palamas como um Pai e da excomunhão de todos os que não o aceitam como de igual status com os Pais anteriores da Igreja, a própria heresia franco-latina do fim da era patrística foi condenada como tal e os franco-latinos foram excomungados.
A despeito dos sofistas tagarelas entre os francos e os russos, nós ortodoxos, até mesmo durante esse duro e tenebroso período da Turcocracia, geramos portadores viventes da genuína teologia e espiritualidade dos antigos Santos Pais, tais como: Nicodemos, o Haguiorita, Eugênio Vulgaris, Nicéforo Theotokis, Atanásio de Paros, Macário Notaras, Cosme da Etólia, Máximo, o Grego, Pacômio Russanus, Genádio Scholarius, Jacó Monachus, Máximo do Peloponeso, Agápio Lardus, além de muitos hierarcas e patriarcas que participaram de tantos concílios entre os séculos 17 e 19.
A plani (ilusão espiritual) de que a teologia patrística teria acabado foi combatida especificamente e no fim derrotada pelo profundo teólogo Pe. Florovsky; e dessa forma, nossa própria Ortodoxia, que fora influenciada pelos francos, foi resgata e aceitou a teologia patrística além de Fócio, o Grande.
De toda forma, para que posssamos confronter com sucesso toda a questão do término da teologia patrística é necessário que estudemos bem o que a Igreja (ecclesia) é (12) e o significado da palavra “Pai”. Um argumento simples mas poderoso contra tal ideia é o seguinte: toda época tem problemas espirituais fundamentais e crises com que lidar, aos quais a Ecclesia, através dos Pais, provê soluções; em outras palavras, sempre precisamos de Pais. Mas sempre encontramos o Espírito Santo na Ecclesia, o Qual designa esses Pais. Se alegamos que o período patrístico encerrou-se, sabendo que sempre necessitamos da presença dos Pais, é como se estivéssemos blasfemando dizendo que o Espírito Santo não mais trabalha ou está presente na Ecclesia.
(Nota do Tradutor): Historicamente a primeira vez que os ocidentais introduziram o filioque no Credo foi tardiamente no fim do século 6, no III Concílio de Toledo em 589, e que marcou a conversão dos Visigodos do Arianismo. Entretanto, o Concílio de Toledo foi um concílio local. A expectativa de aceitação universal do filioque por parte dos Ocidentais, fundamentada na crença errônea (ou propaganda secessionista de Carlos Magno para legitimar seu nascente império) de que o filioque faria parte do Credo original e os “gregos” teriam adulterado a declaração, só manifesta-se consistentemente, de fato, no século 9.
10. Ao que parece, através de Pedro Moghila (AD 1633-1646).
11. O Pe. John Romanides diz: “Com o estabelecimento do Primeiro Estado Helênico depois da revolução de 1821, as poderosas influências da Rússia e da Francocracia invadiram-na, especialmente através da Universidade de Atenas, com resultados desastrosos para a Romanidade, já que a hierarquia de Hellas e a liderança espiritual dos gregos modernos educaram-se sob o espírito da Francocracia (Europa Ocidental) e da Rússia (ibid. p. 75).
O padre teólogo dá, entretanto, em outra seção de seu livro, boas notícias para “hoje”: “Hoje, quando a teologia ocidental está em confusão e decadente, a teologia patrística retornou às universidades helênicas, e assim seu espírito reina em Hellas, para grande benefício da Romanidade” (ibid. p. 80)
12. Cf. nosso periódico “Incense”, número 13
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