domingo, 1 de maio de 2011

Financial Help for Orthodox Monastery in Recife, PB

Friends, please, read with attention the plea of Fr. Pedro I am reposting below. They need help to finish building the monastery. If you can help, please do. If you can't, pass it ahead so the message may find someone who can.


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Father Pedro's plea:

Dear Brothers and Sisters, Christ is Risen! Indeed He is Risen!

God bless you!

A year ago, we have begun to establish a Serbian Orthodox Monastery in Brazil with the blessing of His Grace, Bishop Mitrofan, who is the Serbian Orthodox Bishop of Eastern United States and South America. During the last year many things have been accomplished: an organic garden has been planted that will surround the monastery, the yard has been landscaped, some furniture has been repaired, new church-cloths have been made, a candle-factory room has been built, a back porch has been added, the external walls of the church and the monastery have received a new coat of paint, new books (spiritual readings) have been purchased, a car has been made available to the monastery, etc.

Recently, Bishop Mitrofan visited us. He decided that the property where the monastery is needs to be deeded in the name of the monastery before He blesses the monastery’s ground and formally establishes it as a monastery of the Diocese. Right now we are working to accomplish this.

Our difficulties and needs are many. For example, we need to build two new cells to receive those who want to become monks, a restroom for the needs of our guests, and a small bakery to support the monastery. Those people who want to make a donation toward this cause can do so by making a deposit in the name of the Brazilian monastery fund specified below.

The Saint Herman Brotherhood opened a non-profit account for our monastery. All who want to help us are able to do so and to deduct their donations on their tax returns.

Here is all the information that you need to make a donation:

Account name: Brazilian Monastery Fund

Address: PO box 70
 
Platina, CA 96076

Account No. 5994130523

Bank: Wells Fargo

Address: 1515 Pine Street

Redding, CA 96001

Bank Routing Number for wire transfers: 121000248

BIC (SWIFT code) WFBIUS6S

Please, pray for us and our monastery. May God bless and reward you many times more. Certainly He will never ever forget any good deeds done in His name. “For God is not unjust, to forget your work and labor of love which you showed to His name, ministering to the saints.” Hb. 6:10. Your prayers and support are true proof of your faith and love for God and your neighbor.

God bless you!
In His love,

Abbot Pedro, an unworthy servant of God

( ighumenpedro@yahoo.com )
http://www.igrejaservia.org










sexta-feira, 8 de abril de 2011

Morar Junto Sem Casar Causa Depressão



Vocês querem ser modernos e práticos, deixam todo aquele papo de altar, convites com frufru e bolo de vários andares pra lá, juntam as trouxinhas e vão morar juntos. Pronto: na prática,estão casados. Mas, também na prática, têm chances bem maiores de acabarem de cara feia e sem vontade de sair da cama (pelos motivos errados) do que os casais de papel passado. “Casais que apenas moram juntos reportam níveis mais altos de depressão do que os que são casados”, alertam pesquisadores da Bowling Green State University, em Ohio (EUA). O motivo? Aquele sentimento de falta de estabilidade no relacionamento, que atinge os “juntados” 25% mais do que os casados pela lei. “E isso é especialmente verdade entre os casais que estão juntos há muito tempo”, diz o estudo. E aí, quer repensar essa modernidade toda?
http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/morar-junto-sem-casar-causa-depressao/

segunda-feira, 4 de abril de 2011

São Martinho de Braga

Caríssimos,


como disse em recente entrevista o Patriarca Bartolomeu I, "Antes do Grande Cisma de 1054, toda a Europa era Ortodoxa. "


Portugal, a pátria-mãe do Brasil, e de onde onde herdamos a fé cristã, também era católico ortodoxo durante todo o primeiro milênio.


Um grande santo ortodoxo do século VI, foi São Martinho de Dume, ou São Martinho de Braga. Nascido na Panónia, região onde hoje é a Hungria, recebeu educação romaica (bizantina), tendo viajado para o Oriente Médio onde familiarizou-se com o monaquismo. Compreendendo ter um chamado missionário na região que hoje é o norte de Portugal e parte da Galícia, viajou ao extremo Ocidente. Ali, foi responsável pela conversão dos bárbaros suevos, que até então eram arianos, para o catolicismo ortodoxo, pela primeira tradução para o latim dos "Dizeres dos Padres do Deserto", entre inúmeros outros livros, além de ter sido responsável por criar os nomes dos dias da semana em português, sendo a única língua européia que não dá nome de deuses pagãos para estes dias.


Abaixo, vejam uma das obras deste grande santo, educando os pagãos da região, bem como os cristãos recém-convertidos e que ainda se entregavam a feitiçarias e superstições.



De Correctione Rusticorum
Martinho de Braga – Carta ao Bispo Polémio
Ao digníssimo senhor e para mim muito querido irmão em Cristo, o bispo Polémio, Martinho, bispo.
[1] Recebi de sua santa caridade uma carta na qual me escreve que, para admoestação das gentes rurais, que continuam presas a antigas superstições de pagãos e prestam culto e veneram mais os demónios do que a Deus, te dirigisse por escrito algumas considerações, ao menos um resumo do muito que se poderia dizer, sobre a origem dos ídolos e das suas perversidades. Porém, porque se trata de proporcionar a jeito de exemplo, uma informação que para eles seja pertinente, ainda que breve, começando na criação do mundo, tornou-se-me necessário, em exposição condensada, de ligeiro resumo, abranger a floresta ingente dos momentos do passado e do que então aconteceu e preparar para gente rural alimento em linguagem rústica. Por isso mesmo, com a ajuda de Deus, será este o exórdio da tua pregação:
[2] Desejaríamos, filhos caríssimos, apresentar-vos, em nome do Senhor, algo de que ou nunca ouvistes falar, ou que, se porventura ouvistes, votastes ao esquecimento. Dirigimo-nos, por isso, à vossa caridade a fim de que, quanto vos é proposto para vossa salvação, o escuteis com a devida atenção. É verdade que é largo o desenvolvimento que segue pela via das Sagradas Escrituras, mas, para que retenhais ao menos alguma coisa na memória, dentre muitos ensinamentos confiamo-vos o pouco que se segue.
[3] Depois de, no princípio, ter Deus feito o céu e a terra, fez, naquela morada celeste, criaturas espirituais, isto é, os anjos, para estarem na sua presença e O louvarem. Um de entre eles, que, por ser o primeiro de todos, fora feito arcanjo, ao ver-se em tamanha glória, não prestou honra a Deus, seu criador, mas proclamou-se igual a Ele; foi por causa desta arrogância que, juntamente com outros anjos que lhe deram assentimento, foi derribado daquele assento celestial para o firmamento que fica debaixo do céu; e ele que antes era arcanjo perdeu a luz da sua glória e tornou-se em diabo tenebroso e horrível. De igual modo os outros anjos que lhe tinham dado assentimento foram com ele atirados para fora do céu e, perdendo o esplendor da sua glória, foram transformados em demónios. Porém, os restantes anjos, que se mantiveram submissos a Deus, continuam, na glória da sua claridade, na presença do Senhor, e são chamados anjos santos, enquanto aqueles que, com o seu príncipe Satã, pela sua arrogância foram expulsos, recebem o nome de anjos transviados ou demónios.
[4] Foi, portanto, depois desta queda dos anjos, que aprouve a Deus plasmar o homem do limo da terra; pô-lo no Paraíso e disse-lhe que, se observasse o preceito do Senhor, passaria, sem morrer, para aquele lugar celestial, de onde os anjos rebeldes tinham caído. Se, porém, transgredisse os mandamentos de Deus, teria morte certa. Vendo, pois, o diabo (ou os seus ministros, os demónios) que o homem tinha sido criado com um fim, que era o de ocupar o seu lugar, no reino de Deus de onde caíra, levado pela inveja, persuadiu o homem a transgredir as ordens de Deus. Por esta ofensa foi o homem expulso do Paraíso para o exílio deste mundo, onde haveria de padecer muitos trabalhos e dores.
[5] Ora, teve o primeiro homem o nome de Adão e sua mulher, que Deus criou da carne dele, recebeu o de Eva. Foi a partir destes dois seres humanos que se propagou o género humano. Esquecidos eles de Deus, seu Criador, praticaram muitos crimes e exasperaram a Deus até à indignação. Por tal motivo, Deus enviou o dilúvio e exterminou-os a todos, excepto a um homem justo, chamado Noé, a quem salvaguardou com seus filhos, para restabelecer o género humano. Ora, desde o primeiro homem, Adão, até ao dilúvio, decorreram dois mil duzentos e quarenta e dois anos.
[6] Após o dilúvio, de novo o género humano foi restabelecido pelos três filhos de Noé, preservados juntamente com suas mulheres. E, corno começasse a crescer a multidão, os homens, esquecendo-se outra vez de Deus criador do mundo, abandonaram o criador e começaram a prestar culto às criaturas. Uns adoravam o sol, outros a lua ou as estrelas, uns o fogo, outros a água profunda ou as fontes de água, julgando que todas estas coisas não tinham sido criadas por Deus para os homens delas se servirem, mas que elas próprias, criadas por si mesmas, eram deuses.
[7] Então o diabo e os seus ministros, os demónios, que tinham sido lançados fora do céu, vendo que os homens, na sua ignorância, haviam abandonado o seu Criador e andavam errantes pelas criaturas, começaram a aparecer-lhes em diversas formas, a falar com eles e a reclamar-lhes que lhes oferecessem sacrifícios no cimo dos montes e nas florestas frondosas e lhes prestassem culto como a Deus, disfarçando-se com nomes de homens criminosos, que tinham passado a sua vida em toda a sorte de crimes e delitos, de tal modo que um se dizia Júpiter, o qual tinha sido mago e tinha cometido tantos incestos que tivera por sua esposa a própria irmã, que se dizia Juno, violou as suas filhas, Minerva e Vénus, e, na sua torpeza, cometeu também incestos com netas e com todos os seus aparentados, enquanto que outro demónio se deu o nome de Marte e foi instigador de litígios e de discórdia. De seguida, outro demónio quis tomar para si o nome de Mercúrio, o qual foi um inventor astucioso, em tudo o que era de furto e de fraude; a este, qual deus do lucro, os homens gananciosos ao passarem pelas encruzilhadas, atiram pedradas e oferecem-lhe montões de pedras em sacrifício. Outro demónio ainda aplicou a si próprio o nome de Saturno, o qual, vivendo de todo o género de crueldades, devorava até os seus filhos logo ao nascerem. Outro demónio fingiu também que era Vénus, que tinha sido uma meretriz que não só se prostituiu com um sem número de homens, mas também com Júpiter, seu pai, e com Marte, seu irmão.
[8] Aí está quem foram, naquele tempo, esses homens desgraçados, aos quais, por seus expedientes mais que perniciosos, homens ignorantes dos campos honraram e cujos nomes, pois, os demónios se puseram a si próprios para lhes prestarem culto, como se fossem deuses, e imitarem as acções daqueles cujos nomes invocavam. Persuadiram-nos também os demónios a construírem-lhes templos, a colocarem aí imagens ou estátuas de homens criminosos e a levantarem-lhes altares onde lhes derramassem sangue não só de animais, mas até de seres humanos. Além disso, aliás, muitos demónios dos que foram expulsos do céu figuram como patronos, seja no mar seja nos rios seja nas fontes seja nas florestas, e há homens que, na sua ignorância de Deus, de modo semelhante, lhes prestam culto, como se fossem deuses e lhes oferecem sacrifícios. No mar, realmente, dão-lhes o nome de Neptuno, nos rios o de Lâmias nas fontes o de Ninfas, nos bosques o de Dianas, que tudo são demónios malignos e espíritos nefandos. São eles quem faz mal e atormenta os homens sem fé, que não sabem munir-se do sinal da cruz. Todavia, não lhes fazem mal sem permissão de Deus, porque Deus está irado com eles. E eles não crêem na fé de Cristo com todo o coração, mas vivem de tal forma equivocados que até para cada dia da semana invocam nomes de demónios, chamando-lhes dia de Marte, de Mercúrio, de Júpiter, de Vénus, de Saturno, que nunca fizeram dia algum, mas foram homens muito maus e criminosos entre as gentes dos Gregos.
[9] Ora, foi Deus omnipotente, quando fez o céu e a terra, quem criou então a luz; e foi para diferenciar as obras de Deus que esta foi posta a perfazer sete revoluções. De facto, na primeira, fez Deus a luz, que recebeu o nome de dia; na segunda, foi feito o firmamento do céu; na terceira, a terra foi separada do mar; na quarta, foram feitos o sol, a lua e as estrelas; na quinta, os quadrúpedes, os voláteis e os animais aquáticos; na sexta, foi plasmado o homem; ao sétimo dia, porém, depois de completado o mundo todo e o seu ornamento, deu-lhe Deus o nome de descanso. Uma Única e mesma luz, pois, que foi a primeira a ser criada nas obras de Deus, ao fazer a revolução sete vezes, para diferenciar as obras de Deus, recebeu o nome de se(pti)mana. Que loucura é, pois, essa que um homem baptizado na fé de Cristo não cultua o dia de domingo, em que Cristo ressuscitou, e afirma cultuar o dia de Júpiter, de Mercúrio, de Vénus e de Saturno, que não são senhores de qualquer dia, antes foram adúlteros, magos e iníquos e morreram com má reputação na sua pátria? Pelo contrário, como dissemos, sob o disfarce desses nomes é prestada honra e veneração a demónios, por homens estultos.
[10] De igual modo, um outro embuste se intrometeu em homens ignorantes dos campos para pensarem que o início do ano são as calendas de Janeiro, o que é uma falsidade total e completa. Na verdade, segundo diz a Escritura santa, o início do primeiro ano ocorreu a oito das calendas de Abril no equinócio. Assim, com efeito, se lê: e fez Deus a divisão entre a luz e as trevas. Ora, toda a divisão perfeita pressupõe igualdade, tal como acontece a oito das calendas de Abril em que o dia tem tantas horas como a noite. E por isso é falso que o começo do ano sejam as calendas de Janeiro.
[11] Já agora, que há que dizer, não sem mágoa, de um estultíssimo erro que leva a observarem os dias das lagartas e dos ratos e, se é que é permitido dizê-lo, leva um homem cristão a venerar ratos e lagartas em vez de Deus? Se com o resguardo de uma cuba ou de uma gaveta, não se lhes subtrai um pão ou um pano, de forma alguma, por lhes serem dedicados uns dias de festa, eles pouparão o que encontrarem. Sem razão, aliás, arranja esse pobre homem tais prognósticos, como o de que, por no começo do ano ter em tudo fartura e prosperidade, assim também lhe tocará todo o ano. Todas essas observâncias dos pagãos são maquinadas por estratagemas dos demónios. Mas ai daquele homem a quem Deus não for favorável e não houver dado abastança de pão e segurança de vida! Eis que estas vãs superstições vós as praticais quer às ocultas quer às claras. E nunca cessais de fazer estes sacrifícios dos demónios. Então, porque não vos proporcionam que tenhais sempre fartura, segurança e prosperidade? Porque é que, quando Deus se indigna, esses sacrifícios são inúteis para vos defenderem de gafanhotos, ratos e outras muitas atribulações que Deus vos manda na sua indignação?
[12] Não está claro para a vossa compreensão que os demónios vos mentem nessas vossas observâncias que em vão praticais e que vos enganam com os augúrios a que prestais atenção com tanta frequência? Na verdade, como diz Salomão em sua grande sabedoria: adivinhações e augúrios são coisas vãs; e quanto mais andar inquieto o homem com elas, tanto mais vive no engano o seu coração. Não lances neles o teu coração porque arruinaram a muitos. Eis que é a Escritura Sagrada que o diz, e é bem verdade assim, pois que os demónios tantas vezes persuadem os homens na sua infelicidade através do piar das aves que, por coisas frívolas e vãs perdem a fé de Cristo, e, sem se aperceberem, caem no abismo da sua morte. Não mandou Deus que o homem conhecesse o futuro, mas que, vivendo sempre no seu temor, esperasse d ‘Ele orientação e auxílio para a sua vida. Só a Deus pertence saber algo antes que isso aconteça; aos homens insensatos, porém, os demónios enganam-nos com diversos argumentos até os levarem a ofender a Deus e arrastarem consigo as almas deles para o inferno, como desde o início fizeram por inveja da sua parte, para o homem não entrar no reino dos céus, do qual eles foram expulsos.
[13] Foi também por esta razão que, quando Deus viu os homens na sua infelicidade de tal modo enganados pelo diabo e seus anjos maus que, esquecidos do seu Criador adoravam os demónios por Deus, enviou Ele o seu Filho, isto é, a sua Sabedoria e o seu Verbo, a fim de os retirar do engano diabólico para o culto do verdadeiro Deus. E como a divindade do Filho de Deus não podia ser vista pelos homens, tomou carne humana do seio da Virgem Maria, concebida não da união com um homem, mas do Espírito Santo. Tendo, pois, o Filho de Deus nascido em carne humana, escondendo por dentro a Deus invisível, enquanto por fora ficava visível o homem, pregou aos homens; ensinou-lhes que abandonassem os ídolos e as obras más, saíssem do poder do diabo e voltassem ao culto do seu Criador. Depois de ter completado o seu ensino, quis deixar-se morrer pelo género humano. Sofreu a morte voluntariamente, sem ser forçado; foi crucificado pelos judeus, a julgamento de Pôncio Pilatos, que, sendo originário do Ponto, naquela altura estava à frente da província da Síria; deposto da cruz, foi colocado num sepulcro; ao terceiro dia ressuscitou vivo dos mortos e durante quarenta dias conviveu com os seus doze discípulos, e, para demonstrar bem que era verdadeira a carne que tinha ressuscitado, comeu perante os seus discípulos depois da ressurreição. Passados, porém, quarenta dias, ordenou aos seus discípulos que anunciassem a todos os povos a ressurreição do Filho de Deus e os baptizassem em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, para remissão dos pecados, e ensinassem os que tivessem sido baptizados a afastarem-se das más acções, i.e., dos ídolos, de homicídio, de furtos, de perjúrio, de fornicação, e que aquilo que não queriam que lhes fizessem a eles não o fizessem aos outros. E depois de ter ensinado isto, à vista dos seus discípulos, subiu ao céu e aí está à direita do Pai, e daí, no final deste mundo, há-de vir com a mesma carne que levou consigo para o céu.
[14] Quando, porém, vier o fim deste mundo, todos os povos e todo o homem cuja origem procede dos primeiros seres humanos, isto é, de Adão e Eva, todos ressuscitarão tanto bons como maus; e todos hão de vir ante o tribunal de Cristo. E, nessa altura, aqueles que durante a sua vida foram bons fiéis serão separados dos maus e entrarão no reino de Deus com os santos anjos. E as almas deles ficarão, com a sua carne, no descanso eterno, para não morrerem mais. Aí já não haverá para eles nem fadiga nem dor nem tristeza, não haverá fome ou sede, nem calor ou frio, nem trevas ou noite, mas, viverão sempre na alegria e na abundância. Em luz e glória, serão semelhantes aos anjos de Deus, pois mereceram ter entrada naquele lugar de onde caiu o diabo com os anjos que a ele deram assentimento. Aí, pois, permanecem eternamente todos aqueles que ficaram fiéis a Deus. Com efeito, os que não tiveram fé ou os que não foram baptizados, ou por outro lado os que, tendo-o sido realmente, depois do baptismo de novo voltaram aos ídolos e a homicídios, ou a adultérios e augúrios ou a perjúrios e outras más acções e morreram sem penitência, todos os que assim forem encontrados serão condenados com o diabo, e com todos os demónios a quem cultuaram e cujas obras fizeram, e são metidos, com a sua carne, em fogo eterno, no inferno, onde um braseiro inextinguível está perpetuamente vivo e onde essa carne, já recebida da ressurreição, por entre gemidos, é atormentada eternamente. Deseja morrer de novo, para não sentir os castigos, mas não é permitido morrer, a fim de sofrer torturas eternas. Eis o que diz a lei, o que dizem os profetas, o que o Evangelho de Cristo, o que o Apóstolo e o que a Escritura Santa toda atestam, e é isto que nós agora vos resumimos ao mínimo e com termos simples. A vós, filhos caríssimos, a partir daqui pertence recordar o que por nós acaba de ser dito e, ou, agindo bem, esperar o repouso futuro no reino dos céus, ou (que isso não aconteça!), agindo mal, aguardar que haverá um fogo perpétuo. Com efeito, quer a vida eterna, quer a morte eterna são deixados ao arbítrio do homem. O que cada um escolher para si próprio, isso terá.
[15] Vós, pois, homens crentes, que tivestes acesso ao baptismo, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, considerai que pacto fizestes com Deus nesse mesmo baptismo. Com efeito, quando cada um de vós deu o nome junto das fontes, por exemplo, Pedro ou João ou qualquer outro nome, foi-vos perguntado assim pelo sacerdote: «Como te chamas?» Respondeste ou tu, se já podias responder, ou, ao menos quem por ti testemunhou, quem estava a acolher-te da fonte, dizendo: «Chama-se João». E perguntou o sacerdote: «João, renuncias ao diabo e aos seus anjos, aos seus cultos e ídolos, a roubar e a enganar que são coisas dele, à fornicação e à embriaguez que vêm dele, e a todas as suas obras más?» E respondeste: «Renuncio». Depois desta renúncia ao diabo, de novo foste interrogado pelo sacerdote: «Crês em Deus Pai omnipotente?» respondeste: «Creio». «E em Jesus Cristo, seu único Filho, Senhor nosso, que nasceu, pelo Espírito Santo, da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado e sepultado, ao terceiro dia ressuscitou vivo dos mortos, subiu aos céus, está sentado à direita do Pai de onde há-de vir julgar os vivos e os mortos, crês?» E respondeste: «Creio». E de novo te foi perguntado: «Crês no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na remissão de todos os pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna?» E respondeste: «Creio». Eis, pois! Tende em conta que pacto fizestes com Deus no baptismo: prometestes renunciar ao diabo e aos seus anjos e a todas as suas obras más, e confessastes que acreditáveis no Pai e no Filho e no Espírito Santo e que esperáveis no fim dos séculos a ressurreição e a vida eterna.
[16] Eis qual o vosso penhor e confissão que se guarda junto de Deus! Como é que alguns de vós, que renunciaram ao demónio e aos seus anjos, e aos seus cultos e às suas obras más, agora voltam ao culto do diabo? Pois acender velinhas a pedras, a árvores e a fontes e pelas encruzilhadas, o que é isso senão culto ao diabo? Observar adivinhações, augúrios e dias dos ídolos, que outra coisa é senão cultuar o diabo? Observar Vulcanálias e Calendas, ornar mesas, pôr louros, fazer observância do pé e derramar grãos e vinho no fogo, sobre um tronco, ou atirar com pão para a fonte, que outra coisa é senão culto do diabo? As mulheres invocarem Minerva no tear, e observarem o dia de Vénus para o casamento, e atenderem ao dia em que se sai para viajar, que outra coisa é senão culto do diabo? Fazer encantamentos de ervas para malefícios e invocar os nomes dos demónios com encantamentos, que outra coisa é senão culto ao diabo? E há muito mais que seria demorado enumerar. Eis que tudo isto fazeis depois de renúncia ao diabo, após o baptismo, e, tornando ao culto dos demónios e às más acções da idolatria, já violastes a vossa fé e já rompestes com o pacto que fizestes com Deus. Deixastes de lado o sinal da cruz que recebestes no baptismo e apegais-vos a outros sinais do diabo, por aves e espirros e muitas outras coisas. Porque é que a mim, ou a qualquer outro cristão praticante, não faz mal um augúrio? Porque, onde tiver primazia o sinal da cruz, o sinal do diabo não é nada. Porque vos faz mal a vós? Porque desprezais o sinal da cruz e receais aquilo que vós próprios preparastes como sinal. Do mesmo modo pusestes de lado o encantamento sagrado que é o símbolo que no baptismo recebestes e que é Creio em Deus Pai omnipotente e a oração dominical, i. é, Pai nosso que estás nos céus, e atendes-vos a encantamentos e ensalmos do diabo. Quem quer que despreze o sinal da cruz de Cristo e volte a olhar para esses sinais, já perdeu o sinal da cruz que recebeu no baptismo. O mesmo se passa com aquele que se atém a outros sortilégios congeminados por magos e homens de mal; ao sortilégio do símbolo santo e da oração dominical que recebeu com a fé de Cristo, já o perdeu e calcou aos pés a fé de Cristo, pois não se pode cultuar ao mesmo tempo a Deus a ao diabo.
[17] Se, pois, filhos muito amados, compreendestes tudo isto que vos acabamos de dizer, se alguém reconhece que, depois de recebido o baptismo, fez estas coisas e rompeu com a fé de Cristo, não desespere de si nem diga no seu coração: «Como fiz tantas coisas más depois do baptismo, talvez Deus não me perdoe os meus pecados». Não duvides da misericórdia de Deus. Basta que tu, no teu coração, faças com Deus um pacto de nunca mais cultuar o que é próprio do demónio e não adorar nada a não ser o Deus do céu nem cometer homicídio nem adultério ou fornicação, não praticar furto e não fazer perjúrios. E quando tu de todo o coração prometeres isto a Deus e daí em diante não cometeres estes pecados, espera confiadamente o perdão de Deus, pois assim disse o Senhor pelo texto do Profeta: qualquer que seja o dia em que o pecador esquecer as suas iniquidades e praticar a justiça, também eu esquecerei todas as suas iniquidades. Deus, pois, espera por penitência. Esta é, porém, a verdadeira penitência: que o homem nunca mais cometa os erros que cometeu, mas peça indulgência para os pecados anteriores e se acautele quanto ao futuro para não voltar de novo a eles, mas, antes, pelo contrário, pratique boas obras e dê esmola aos pobres, restaure as forças ao estranho cansado e tudo quanto gostaria que lhe fosse feito a ele por outro ele o faça a outrem e o que não gostaria que lhe fizessem a ele não o faça a outrem, porque nesta palavra se cumprem os mandamentos de Deus.
[18] Por isso vos rogamos, irmãos muito queridos, que retenhais na memória estes preceitos que Deus, por nós, humílimos e exíguos, se digna dar-vos e penseis como haveis de salvar as vossas almas, de tal modo que não trateis unicamente das coisas transitórias, ainda que úteis, deste mundo, mas antes recordeis aquilo em que no símbolo prometestes acreditar, isto é, na ressurreição da carne e na vida eterna. Se, pois, acreditastes e continuais a acreditar que haverá ressurreição da carne e vida eterna no reino dos céus entre os anjos de Deus, como já acima vos dissemos, pensai o mais que puderdes nisso e não sempre na miséria do mundo. Preparai o vosso caminho com boas acções. Sede assíduos a orar a Deus, na igreja ou em locais dedicados aos santos. O dia do Senhor, que, por isso mesmo se chama domingo, dado que o Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, nele ressuscitou dos mortos, não o desrespeiteis mas cultuai-o com reverência. Trabalho servil, i. é, cuidar do campo, do prado, da vinha, ao menos enquanto se trata de trabalho pesado, não o façais em dia de domingo, exceptuando apenas o que respeita aos afazeres da cozinha para satisfazer as necessidades do corpo e a necessidade de uma longa viagem. No dia do Senhor é permitido ir a sítios próximos, mas não para ocasiões de pecado, antes de boas acções, como seja, ir a locais santos, visitar um irmão ou amigo, assistir um doente ou levar um bom conselho a um atribulado ou ajuda para boa causa. É assim, pois, que convém que o homem cristão venere o dia do Senhor. Na verdade seria por demais iníquo e vergonhoso que aqueles que são pagãos e ignoram a fé de Cristo, porque prestam culto aos ídolos dos demónios, cultuem o dia de Júpiter ou de qualquer outro demónio, e se abstenham de trabalhos quando é sabido que nunca os demónios criaram qualquer dia ou ele lhes pertence e nós, que adoramos o verdadeiro Deus e cremos que o Filho de Deus ressuscitou dos mortos, quanto ao dia da sua ressurreição, ou seja, o domingo, não o respeitássemos minimamente! Não façais, pois, injúria à ressurreição do Senhor, mas homai-a e cultuai-a com reverência, pela esperança que temos relativamente a ela. Na verdade, assim como Ele, Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que é a nossa cabeça, ao terceiro dia ressuscitou dos mortos na sua carne, assim também nós, que somos seus membros, esperamos vir a ressuscitar na nossa carne, no fim do mundo, a fim de cada qual receber ou o descanso eterno ou a pena eterna; consoante procedeu com o seu corpo neste século, assim receba.
[19] Eis como nós, tomando como testemunhas a Deus e os santos anjos que nos ouvem, pelo uso que agora fazemos da palavra, satisfazemos a nossa dívida para com a vossa caridade, e como, da riqueza do Senhor, tal como nos está preceituado, vos fazemos penhor. Cabe-vos a vós agora pensar e procurar como cada um a quanto recebeu irá apresentá-lo com juros quando o Senhor vier no dia de juízo. Rogamos, pois, à clemência do Senhor, que vos proteja de todo o mal e vos faça dignos companheiros dos seus santos anjos, no seu reino. Isso vos conceda Aquele que vive e reina pelos séculos dos séculos. Ámen.

sábado, 19 de março de 2011

O que é tão atraente na Ortodoxia?



By Rod Dreher

Tornei-me ortodoxo em 2006 e eu era um homem arrasado. Eu havia sido um devoto e convicto praticante do catolicismo romano por anos, mas minha fé foi estilhaçada em grande parte pelo que eu descobrira como jornalista cobrindo os escândalos de abuso sexual. Eu supunha que minhas convicções teológicas iriam proteger o coração da minha fé sob qualquer teste, mas o conhecimento com o qual eu lutava desgastou minha habilidade de crer nas alegações de verdade eclesiásticas da igreja Romana (eu escrevi em detalhes sobre este drama aqui: http://blog.beliefnet.com/crunchycon/2006/10/orthodoxy-and-me.html ). Para minha esposa e eu, o protestantismo não era uma opção, dado o que sabíamos a respeito de história da igreja, e dadas as nossas convicções sobre teologia sacramental. Isto fazia da Ortodoxia o único porto seguro na tempestade que ameaçava naufragar nosso cristianismo.

Na verdade, eu já aspirava à Ortodoxia por algum tempo, pelas mesmas razões que eu, quando jovem, encontrara meu caminho para a Igreja Católica. Ela me parecia uma rocha de estabilidade em um turbulento mar de relativismo que assola o cristianismo ocidental. E enquanto a igreja romana jogou fora tanto da sua herança artística e litúrgica na violência do Vaticano II, a Ortodoxia ainda mantém a dela. Muitos anos antes de entrarmos para a Ortodoxia, minha esposa e eu visitamos amigos Ortodoxos em sua paróquia em Maryland. Enquanto católicos moral e liturgicamente conservadores, nos comovemos e mesmo sentimos inveja do que vimos lá. Tínhamos que sair cedo para pegar a estrada para paróquia católica em estilo moderno dos anos 70, para atender nossas obrigações dominicais. O contraste entre os ofícios litúrgicos desconexos na paróquia de "Nossa Senhora do Pizza Hut" e o que tínhamos visto na paróquia ortodoxa, literalmente nos levou às lágrimas. Mas a feiúra, até mesmo a sensação de desolação espiritual, não se sobrepõem à verdade, e sabíamos que tínhamos que estar com a verdade - e portanto com Roma - apesar de tudo.

Se o catolicismo nos EUA fosse saudável, talvez pudéssemos ter aguentado os julgamentos por abuso sexual. Mas minha esposa e eu vínhamos nos preocupando por algum tempo sobre como iríamos criar nossos filhos como cristãos fiéis dada a moral ambígua ensinada nas paróquias romanas.  Nos considerávemos católicos ortodoxos, isto é, acreditávamos no que está no catecismo, e tentávemos viver de acordo. Falhávamos - pois todos falham - mas o ponto é que, buscávamos na Igreja uma liderança moral clara e que nos ajudasse a vivermos a nossa fé com integridade e alegria. Mas aí está o problema: existe muito pouca ortodoxia na igreja católica dos EUA, e no nível paroquiano, praticamente nenhum reconhecimento de que existem coisas como "crença correta".  Não é que eu quisesse expulsar todos os que não vivessem com exatidão o ensino católico - eu seria o primeiro a ser expulso se fosse o caso - mas eu não discernia nenhuma direção, e nenhuma convicção real de que as paróquias existiam para alguma outra coisa além de afirmar para nós mesmos que "estamos legais". Embora na época eu não tivesse palavras para descrever, eu estava cansado até os ossos dessa imitação barata de cristianismo que o sociologista Christian Smith chama de "Deísmo Terapêutico Moralista"(*). Eu me sentia tão vazio pelo desespero que isso me causava enquanto católico que quando os fortes ventos dos escândalos de abusos começou a soprar, a estrutura da minha crença católica não aguentou.

Eu digo isto não para denegrir a Igreja Católica Romana – a qual ainda amo, e perante a qual eu serei sempre grato por me apresentar ao Cristianismo antigo e sacramental – mas para mostrar porque a Ortodoxia é tão atraente para mim. Quando o entrevistei para meu livro “Crunchy Cons”, meu amigo Hugh O’Beirne, também convertido do Catolicismo para a Ortodoxia, me disse que para um católico cansado das guerras culturais acontecendo no catolicismo americano, é uma benção e um alívio descobrir que na Ortodoxia não tem esse problema. As questões que estão destruindo muitas outras igrejas nos EUA não sem nem de perto tão problemáticas na prática Ortodoxa. Seria bobagem fingir que esses conflitos não existem em absoluto nas paróquias Ortodoxas, mas eles realmente não chegam a ser uma questão relevante.

E tem a questão da liturgia e da música. Não existe nada comparável nas outras igrejas. É majestosamente belo e profundo, e é predominantemente a mesma Divina Liturgia (embora em língua vernacular) formada por S. João Crisóstomo, o patriarca de Constantinopla do século V. A beleza da Liturgia nos transporta completamente e a reverência que inspira nos dá forças. E embora eu sinta falta de alguns velhos hinos familiares (nos ofícios ortodoxos o que cantamos são orações e salmos), existe maior vantagem em não ter que aturar “On Eagle’s Wings” e outras canções bregas tão endêmicas do culto católico americano.

A principal razão pela qual a Ortodoxia é tão atraente para os convertidos, ou pelo menos para este convertido aqui, é o quão séria ela é sobre o pecado. Não digo que é uma religião de rigorismos – muito longe disso! – mas, ao invés, que a Ortodoxia trata o quebrantamento da humanidade com a devida seriedade. A Ortodoxia não vai dizer que você “está legal”. Na verdade, ela vai exigir que você chame a si mesmo, como S. Paulo o fez, “o maior dos pecadores”. E então a Ortodoxia lhe dará a Boa Nova: Jesus morreu e retornou à vida para que também você possa viver. Mas para poder viver, você mesmo terá que morrer, várias vezes. E isso não será sem dor, e não pode ser, ou não será real.

Por causa disso, por toda sua beleza dramática e rico jejum, a Ortodoxia é muito mais austera e exigente que a maior parte do cristianismo americano. As longas liturgias, as orações frequentes, os jejuns intensos – todos fazem exigências sérias para o fiel, especialmente para americanos acostumados ao conforto da classe média como eu. Ela nos chama para fora de nós e para o arrependimento. A Ortodoxia não está interessada em fazer com que você se sinta confortável nos seus pecados. Ela não quer nada menos que você seja um santo.
É comum ouvir entre os convertidos americanos que os homens são atraídos para a Ortodoxia primeiro, e que suas esposas os seguem. Não é difícil ver porquê. Muitos homens estão cansados de um Cristianismo molenga e burguês que não exige muito deles, porque não pede muito para eles. Homens adoram um desafio, e é exatamente isso que a Ortodoxia lhes dá.

Não se engane. A Ortodoxia não é, fundamentalmente sobre regras e práticas. Quanto mais eu progrido em minha Ortodoxia, mais claro fica para mim que a Ortodoxia é, acima de tudo, um caminho. Não é uma instituição, um conjunto de doutrinas, ou uma coleção de rituais, embora ela contenha tudo isso. Ao invés, é um modo de ver o mundo, e o nosso lugar nele, e um mapa para a santidade que é paradoxalmente antigo e surpreendentemente novo, pelo menos para sensibilidades ocidentais. É o caminho da liberdade.

É verdade que é possível encontrar paróquias na Ortodoxia americana com vidas espirituais secas, normalmente entre as paróquias mais antigas e centradas na questão étnica, pois se vêem como pouco mais do que a tribo se juntando para rezar. E porque as igrejas Ortodoxas estão cheias de pessoas americanas comuns, também estão cheias de problemas americanos comuns. Qualquer um que venha para uma paróquia Ortodoxa esperando a perfeição ficará desapontado. O que você encontrará, entretanto, é a Verdade e o Belo apresentados de uma forma que pode ser de tirar o fôlego para americanos modernos, e um Caminho antigo fundamentado na estabilidade doutrinária, na realidade sacramental, e em misticismo cristão prático – um misticismo que foi marginalizado na maioria das outras igrejas americanas.

Eu encontrei na Ortodoxia aquilo que eu achei que iria encontrar quando me tornei católico. Como meu santo patrono, eu escolhi S. Benedito de Núrsia, querido por ambas as igrejas, e um símbolo da unidade que já tivemos e que poderemos vir a ter um dia. A Igreja Católica precisa se tornar mais Ortodoxa e a igreja Ortodoxa precisa se tornar mais católica. Eu oro, realmente oro, que eu veja esta unidade ainda em vida. Até lá, porém, sou grato a Deus por Ele ter me dado uma segunda chance na Ortodoxia, e me mostrado o Caminho pelo qual eu busquei toda a minha vida. Quando entrei por essa porta, eu estava espiritualmente acabado, e achava que seria impossível para mim aprender a aturar essas liturgias longas, as orações intensas, estas prostrações, o jejum estrito, e – como dizê-lo? – a esquisitice do Cristianismo Ortodoxo em um contexto americano. Cinco anos depois, eu não consigo imaginar como foi que eu vivi tanto tempo sem tudo isso. Não dá para entender a Ortodoxia lendo. Você tem que vir e ver por si mesmo.

Rod Dreher é um escritor da Filadélfia, Estados Unidos.

(*) Deísmo terapêutico moralista – Segundo a Wikipedia,
Deísmo terapêutico moralista é uma expressão criada no livro “Soul Searching: As Vidas Espirituais e Religiosas dos Adolescentes Americanos” (2005 por Christian Smith e Melinda Lundquist Denton. A expressão é utilizada para descrever o que os autores consideram ser as crenças religiosas comuns à juventude americana. O livro é o resultado de um projeto de pesquisa chamado “Estudo Nacional da Juventude e Religião”, financiado pela organização privada Lilly Endowment.

Os autores descobriram que muitos jovens acreditam em diversas afirmações morais não exclusivas de qualquer das grandes religiões do mundo. É esta combinação de crenças que eles rotularam de Deísmo Terapêutico Moralista:

1 – Existe um dues que criou e ordenou o mundo e que guarda a vida humana na terra;
2 – Esse Deus quer que as pessoas sejam boas, gentis e justas umas com as outras, como ensinado na Bíblia e na maioria das religiões do mundo;
3 – O principal objetivo da vida é ser feliz e sentir-se bem a respeito de si mesmo;
4 – Deus não precisa estar envolvido de forma particular na vida de ninguém, exceto quando Deus é necessário para resolver algum problema;
5 – As pessoas boas vão para o céu quando morrem;

Estes pontos de crença foram compilados a partir de entrevistas com aproximadamente 3.000 adolescentes.

Análises dos autores:

Os autores dizem que o sistema é “moralista” porque “é sobre inculcar uma abordagem moral da vida. Ele ensina que o ponto central da vida é viver bem e feliz e que para isso é necessário ser uma pessoa boa e moral”. Os autores descrevem o sistema como sendo “sobre prover benefícios terapêuticos aos seus aderentes”, em contraposição com coisas como “arrependimento do pecado, manter o Sábado, ou viver como um servo de uma divindade soberana, ou persitir em orações, ou observar fielmente dias santos, ou construir o caráter através do sofrimento..” e além disso, como “crença em um tipo particular de Deus: um que existe, criou o mundo, e que define nossa ordem moral geral, mas não um que seja envolvido de forma particular na vida das pessoas – especialmente aqueles que se preferiria que Deus não se involvesse”.

O afastamento de Deus neste tipo de teísmo explica a palavra “deísmo”, embora “o Deísmo aqui seja uma revisão da sua versão clássica do século 18, qualificada pelo seu atributo ‘terapêutico’, fazendo de Deus seletivamente disponível para cuidar de nossas necessidades”. Deus é visto como “um tipo de combinação de um Mordomo Divino e um Terapêuta Cósmico: está sempre a nosso serviçoo, toma conta de todos os problemas que surgem, ajuda profissionalmente as pessoas a se sentirem melhor com elas mesmas, e não se envolve pessoalmente demais nos processo”.

Os autores acreditam que “uma parcela significativa do cristianismo nos Estados Unidos é apenas tenuamente cristão em qualquer sentido da palavra que esteja seriamente ligado à tradição histórica cristã, mas que seja algo substancialmente modificado nesse primo de terceiro grau mal-gerado que é o Deísmo Terapêutico Moralista Cristão.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Anúncio sobre Vassula Ryden pelo Patriarcado Ecumênico



A Igreja Ortodoxa, seguindo estritamente o exemplo e o ensino luminosos dos Santos Apóstolos, o ensino dos Pais da Igreja que sucederam estes Apóstolos, e as decisões divinamente inspiradas dos Sínodos Ecumênicos, resguarda como uma pérola valiosa a fé da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica a qual é vivenciada por todos os cristãos através da participação nos Sacramentos e toda a vida espiritual do divinamente fundado corpo eclesiástico.

Portanto, são rejeitados sempre como uma inovação inaceitável, quaisquer movimentos ou tensões geradas, pessoais ou coletivas, em menosprezo ou ruptura com os dogmas da fé e vida cristã ortodoxa dentro da Igreja como único caminho para a salvação de nossas almas, especialmente as auto-proclamadas personalidades "supostamente carismáticas".

Neste espírito, e para a proteção benéfica da plenitude dos fiéis ortodoxos em face de uma perigosa confusão espiritual, ao não perceberem bem as questões nais quais há risco de ilusão, expulsamos da Igreja Mãe, Vasiliki Paraskevis Pentaki-Ryden, conhecida como "Vassula", e sua organização fundada sob o título "Verdadeira Vida em Deus"(True Life in God) que precipitada e frivolamente prega ensinos baseados no suposto "diálogo direto entre ela(Vassula) e o Fundador da Igreja, Jesus Cristo, Nosso Senhor"; assim como (expulsamos) os que foram conquistados por ela e os apoiadores do "Verdadeira Vida em Cristo", que escandaliza a mentalidade ortodoxa dos crentes piedosos,e se desvia voluntariamente dos ensinos da Igreja, dados por Deus.

Assim, convocamos todos os proponentes destas inovações inaceitáveis e os apoiadores que as mantêm, os quais a partir de agora não são mais aceitos na comunhão eclesiástica,  não somente a não estarem envolvidos no trabalho pastoral da sua Santa Metrópolis local, mas também a não pregarem os ensinos novos, para que se evitem as devidas sanções de acordo com os Santos Cânones.

Expressamos, finalmente, a profunda tristeza do Patriarcado Ecumênico a respeito dos atos de nove membros do clero da Igreja Ortodoxa - felizmente são poucos - que se descobriu estarem em diálogos com a dita "Vassula" e lhe concederam um "certificado de Ortodoxia".

No Patriarcado, 16 de março de 2011
do Secretário-Chefe do Santo e Sagrado Sínodo

Original: http://www.ec-patr.org/docdisplay.php?lang=gr&id=1306&tla=gr
Traduzido do inglês, no site: http://www.johnsanidopoulos.com/2011/03/announcement-on-vassula-ryden-by.html

domingo, 30 de janeiro de 2011

São Savas



Nascido em Mutalaska, perto de Cesaréia na Capadócia de cristãos piedosos chamados João e Sofia, no ano de 439.  Seu pai era um comandante militar. Viajava para Alexandria comumente e como sua esposa ia com ele, o menino ficava com o tio. Quando atingiu oito anos de idade, entrou para o monastério de S. Flaviano, que era ali perto. A criança rapidamente aprendeu a ler e tornou-se um expert nas Santas Escrituras. Foi em vão que seus pais pediram que Retornasse ao mundo para casar-se. Quando fez dezessete anos, recebeu a tonsura monástica e atingiu uma tal perfeição no jejum e na oração que recebeu o dom dos milagres. Em 456, depois de passar dez anos no monastério de S. Flaviano, viajou até Jerusalém, e de lá para o monastério de S. Euthymius, o Grande (20 de Janeiro). Mas S. Euthymius enviou S. Savas para o Pai Theoctistus, líder de um monastério próximo que praticava uma rígida regra cenobita. S. Savas viveu em obediência neste monastério até a idade de trinta anos. 



Depois da morte do Ancião Theoctistus, seu sucessor deu a S. Savas a benção para isolar-se em uma caverna. Nos sábados,ele deixava seu heremitério e vinha ao monastério, onde participava dos ofícios divinos e comia com os irmãos. Depois de certo tempo S. Savas recebeu a permissão para não deixar o seu herimitério nunca, e ali lutou na caverna por cinco anos. S. Euthymius atentamente guiava a vida do jovem monge, e vendo sua maturidade espiritual, começou a levá-lo para o campo selvagem de Rouba. Eles partiram no dia 14 de janeiro e ali permaneceram até o Domingo de Palmas. S. Euthymius chamava S. Savas de criança-ancião,e o encorajava a crescer nas virtudes monásticas. 


Quando S. Euthymius adormeceu no Senhor (+473), S. Savas partiu da lavra e mudou-se para uma caverna perto do monastério de S. Gerasimus do Jordão (4 de março). Em 478, mudou-se novamente para uma caverna nas colinas de Kedron Gorge, ao sudeste de Jerusalém. Seu heremitério foi a base para a fundação do monastério que mais tarde recebeu seu nome (Lavra Mar Saba) e conhecido nas fontes antigas como a Grande Lavra. Depois de muitos anos, discípulos começaram a reunir-se em torno de S. Savas, buscando a vida monástica. Como o número de monges crescia, a lavra surgiu. Quando um pilar de fogo surgiu diante de S. Savas enquanto caminhava, ele encontrou uma caverna espaçosa o suficiente para ali construir uma igreja. 

Em 491, o Patriarca Salustius de Jerusalém ordenou-o padre. Em 494, o patriarca nomeou S. Savas o arquimandrita de todos os monastérios da Palestina. 

S. Savas fundou diversos outros monastérios, incluindo a Nova Lavra, a Lavra de Hepstastomos e Hepstastomos. Muitos milagres ocorreram pelas orações de S. Savas: na Lavra, uma fonte d'água surgiu; durante uma época de seca ocorreu chuva abudante, e também houveram curas de doentes e possessos. S. Savas compôs a primeira regra monástica de ofícios da igreja, o chamado "Typikon de Jerusalém", que se tornou aceito por todos os monastérios palestinos. S. Savas faleceu em sua lavra, no dia 05 de dezembro de 532, e está enterrado em uma tumba no jardim entre duas antigas igrejas no meio do que sobrou do grande monastério Lavra Mar Saba. Suas relíquias foram levadas para a Itália no século XII pelos cruzados, mas foram devolvidas ao monastério pelo Papa Paulo VI em 1965 em gesto de boa- vontade com os Ortodoxos. S. Savas foi um campeão da causa ortodoxa contra os movimentos monofisitas e origenistas de sua época, pessoalmente chamando a atenção dos imperadores em Constantinopla, Anastásio I em 511 e Justiniano em 531, influenciando-os a se oporem aos movimentos heréticos.